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REVISÃO DE DIREITO CIVIL IV

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REVISÃO – DIREITO CIVIL IV
(AV1)
Posse:
 A posse (tanto de coisa móvel quanto de coisa imóvel) é a situação de fato apta a, atendida a certas exigências legais, transformar o possuidor em proprietário.
Ex.: usucapião.
A posse é encarada como um fato enquanto a propriedade é encarada como um direito.
A posse é uma situação de fato enquanto que a propriedade é uma situação de direito podendo ambas, coincidem na mesma pessoa (a mesma pessoa pode ter o poder da coisa em relação à posse e a propriedade).
A posse gera presunção de propriedade a terceiros.
A posse é considerada a exteriorização da propriedade.
Tanto a posse quanto a propriedade são protegidas pelo direito (ação possessória).
Obs.: os direitos reais são taxativos e só podem ser classificados como direito real se estiver na lei (artigo 1.225).
–> Objeto da posse:
 A posse pode incidir tanto sobre bens corpóreos quanto sobre bens incorpóreos (quase posse). A chamada posse de direitos é admitida, desde que tais direitos possam ser apropriáveis e isteriorizáveis.
Ex.: direito de autor, passe de atleta.
–> Sujeitos da posse:
 Toda pessoa pode ter a posse, pessoas humanas, pessoas jurídicas, de direito público ou de direito privado.
–> Teorias:
1) Teoria positivista (Savigny): segundo o autor, a posse resultaria da conjunção de dois elementos o corpus e animus. O primeiro seria o elemento material, traduzindo-se no poder físico da pessoa sobre a coisa. O animus por seu turno representaria o elemento intelectual a vontade de ter esta coisa como sua.
 Ao exigir o elemento subjetivo (animus) como requisito fundamental para a caracterização da posse a doutrina subjetiva considera simples detentores o locatário, o comodatário, o depositário e outros que possuem apenas o poder físico sobre as coisas.
Obs.: detenção (artigo 1.198).
2) Teoria objetiva da posse: a posse é a exteriorização da propriedade e, por isso, para caracterizar a posse basta o exercício em nome próprio do poder de fato sobre a coisa. É dizer, para que exista a posse, é necessário somente o corpus.
(Ihering).
Obs.: Artigo 1.196 do CC (considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade).
–> Distinção entre posse e detenção:
 Posse é o exercício do poder de fato em nome próprio, exteriorizando a propriedade e fazendo uso econômico da coisa.
 Detenção é o exercício do poder de fato sobre a coisa em nome alheio.
– Aquele que adquire a posse de modo contrário ao direito é considerado detentor.
– O detentor pode ter a posse a partir do momento em que acaba a subordinação.
–> Condições da detenção:
 São havidos como detentores:
a) os que exercem o poder de fato sem intenção de agir como beneficiário do direito;
b) os que simplesmente se aproveitam da tolerância do titular do direito;
c) os mandatários ou os representantes do possuidor.
–> Classificação da posse:
 A posse pode ser direta ou indireta em relação a isso o artigo 1.197 descreve isso.
– Posse direta (imediata): exercício direto e imediato do poder sobre a coisa (corpus) decorrente de contrato. O possuidor direto pode defender sua posse contra possuidor indireto.
Ex.: locação.
– Posse indireta (mediata – apenas o animus): ela é exercida a distância é a chamada posse do proprietário. O possuidor indireto pode defender seus direitos de posse contra terceiros.
Obs.1: A posse pode ser justa ou injusta (vícios).
Obs.2: O artigo 1.200 fala que a posse justa não for precária ou clandestina.
Obs.3: A posse clandestina é adquirida a surdina.
– Posse justa: é a posse desprovida de vícios (artigo 1.200 do CC). A posse justa é mansa, pacífica, pública e adquirida sem violência.
– Posse injusta: é aquela maculada por pelo menos um dos vícios da posse.
a) posse violenta: adquirida através do emprego de violência contra a pessoa;
b) posse clandestina: é aquela adquirida as escondidas;
c) posse precária: decorrente da violação da obrigação de restituir (abuso de confiança).
 A posse injusta não deve ser considerada posse jurídica, não produzindo efeitos contra o legítimo possuidor, muito embora o possuidor injusto possa fazer manejos dos interditos possessórios contra os atos de terceiros.
–> Posse de boa-fé (artigos 1.214, 1.217 e 1.219) e posse de má-fé – artigo 1.201:
 É de boa-fé a posse se o possuidor ignora o vício ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
– Parágrafo único – o possuidor de justo título tem por si a boa-fé, salvo prova em contrário.
 Para verificar se a posse é justa ou injusta devemos nos questionar a cerca da existência dos vícios a clandestinidade, a precariedade, a violência? Se a resposta for negativa para todas, a posse é justa.
 Se o possuidor tem consciência do vício que impede a aquisição da coisa, porém, a ignora, este é um possuidor de má-fé.
 A boa-fé não impede que o possuidor de má-fé defenda a posse perante terceiros, apenas impede que a defenda contra o proprietário/possuidor indireto.
– Possuidor de má-fé (artigos 1.216, 1.218 e 1220): o possuidor de má-fé tem conhecimento do vício que macula a posse.
–> Posse originária e posse derivada:
 A posse originária é aquela que não existe vínculo com o possuidor antigo. Não há negociação.
 A posse derivada decorre de negócio jurídico. Há negociação.
–> Posse ad interdicta:
 É aquela que pode ser protegida através de interditos possessórios.
–> Posse ad usucapionem:
 É aquela que pode ser pressuposto de usucapião.
–> Natureza jurídica da posse:
 É estado de fato e não direito real.
–> Com posse:
 Um bem com diferentes possuidores.
 É uma exceção.
 As pessoas a tem de maneira individual.
Esbulho
 Quando tiro a posse do esbulhado, deve agir de má-fé. A medida contra o esbulho é a reiteração de posse.
Turbação
 É a ameaça na posse. A ação é de manutenção de posse.
–> Efeitos da posse:
1º Percepção de frutos, os frutos podem ser:
– Frutos naturais: são frutos produzidos pela natureza, que se renovam periodicamente, em razão da força orgânica da própria natureza, sem a intervenção do homem.
Ex.: colheita
– Frutos industriais (artificiais): são frutos que dependem exclusivamente da intervenção do homem.
– Frutos civis: esses frutos são a renda que o bem pode produzir, rendas provenientes da utilização da coisa.
Ex.: jurus e aluguéis.
	
	Fruto percebido
	Frutos pendentes
	Frutos colhidos por antecipação
	
Possuidor de boa-fé
	✔
	Restituir o possuidor legítimo após ter reavido o dinheiro investido na produção o seu custeio.
	Igual aos pendentes.
Depende de análise pericial técnica
	
Possuidor de má-fé
	X
Devolve ou indeniza.
Direito – despesas de produção e custeio.
	X
Direito – despesas de produção e custeio.
	X
Devolve ou indeniza.
Direito – despesas de produção e custeio.
 O possuidor de má-fé também responde pelos frutos que deixou de perceber por sua culpa.
a) frutos percebidos: são aqueles que foram colhidos;
b) frutos pendentes: são aqueles que não foram colhidos;
c) frutos colhidos por antecipação: são os frutos pendentes e foram percebidos de má-fé (a proteção em relação os frutos colhidos por antecipação protege o esbulho, pois, coíbe eventual prejuízo).
★ Deverá haver análise técnico pericial para verificar se houve a percepção antecipada do fruto.
d) frutos estantes: são frutos colhidos e armazenados para futura venda.
e) frutos percipiendo: os que deveriam ser colhidos, mas não foram.
Obs.1: A boa-fé é cessada quando acaba o contrato ou quando existe um proprietário (no ato de invasão).
Obs.2: AR -> Aviso de Recebimento, normalmente feito pelos correios.
Obs.3: A cessação da boa-fé ocorre com a citação do esbulhado para a ação de reintegração de posse ou a notificação que ele está ilegal no terreno.
A relação com os frutos do possuidor de boa-fé podem ser estipuladas por contrato, não sendo obrigatório então a aplicação doprevisto nos artigos 1.214 d Código Civil.
2º Benfeitorias:
 É toda obra realizada pelo homem na estrutura de uma coisa com o propósito de melhora-la ou embeleza-la (artigo 96 do Código Civil).
Obs.1: Artigo 1.229 -> posse e benfeitoria.
Obs.2: Artigo 578 -> retenção.
	
	Benfeitoria necessária
	Útil
	Voluptária
	
Boa-fé
	Indenização
+
Retenção
	Indenização
+
Retenção
	Levar embora, se for possível, se não forem pagas.
	
Má-fé
	Indenização sem retenção.
	
Nada
	
Nada
Artigo 1.221 do Código Civil
 As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo de evicção ainda existirem.
Súmula 158 do STF
 Salvo estipulação contratual averbada no registro de imóvel não reponde o adquirente pelas benfeitorias do locador.
 Em relação ao direito de retenção e a indenização pelas benfeitorias, estas podem ser acordadas diferente do que expressa a lei no contrato.
3º Interditos possessórios:
 São as ações que podem ser ajuizadas quando há violação iminente a posse.
-> As ações possessórias subdividem-se em:
a) reintegração de posse, quando houver esbulho (perda da posse);
b) manutenção da posse, quando ocorrer turbação, ou seja, atos de agressão da posse sem haver a privação da posse;
c) interdito possessório, quando ainda não existir a agressão da posse (a mais fraca). Ainda não houve a turbação da posse.
-> Característica da posse:
 Fungibilidade.
Obs.: Quando o proprietário nunca tiver tido a posse a ação cabível para ingressa-lo nesta é a imissão na posse.
 É lícito ao autor cumular ao pedido possessório condenação em perdas e danos; e indenização dos frutos; multa, caso ocorra novamente.
Obs.1: Evitar nova turbação ou esbulho.
Obs.2: Cumprir-se tutela provisória ou final.
-> Incumbe ao autor provar (artigo 561 do Novo Código de Processo Civil):
a) sua posse;
b) a turbação ou esbulho praticado pelo réu;
c) a data da turbação ou do esbulho;
d) a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração.
 Se a ação possessória for proposta até um ano e um dia da data do esbulho ou turbação ela seguirá pelo rito especial conferido às ações possessórias.
 Menos de um ano e um dia – posse nova (rito especial).
 Mais de um ano e um dia – posse velha (rito comum).
-> Aquisição da posse: é o momento de início da posse.
Artigo 1.204:
 Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
É possível detenção e posse desde que rompida à subordinação.
-> Curiosidade:
 Os contratos que envolvam hospedagem do efeito não se subordinam as leis do inquilinato, portanto a ação cabível para a retomada do imóvel é a reintegração da posse.
-> Espécies de aquisição:
 Derivada/bilateral e originário.
-> Aquisição originária:
 Não há relação jurídica com o antecessor da posse, a aquisição se da por ato unilateral.
 Nos moldes originários de aquisição não há relação de causalidade entre a posse atual e a anterior.
 Segundo Orlando Gomes, adquire-se a posse por modo originário quando não há consentimento de possuidor precedente.
Obs.: Se o modo de aquisição é originário, a posse apresenta-se livre dos vícios que anteriormente a contaminavam. Assim, se o antigo possuidor era titular de uma posse injusta, tais vícios desaparecem ao ser embulhado.
-> Aquisição derivada:
 Caracteriza-se aquisição derivada ou bilateral quando a posse decorre de um negócio jurídico. Neste caso, existe relação de causalidade entre a posse atual e a anterior.
 O adquirente recebe a posse adquirida com os mesmo vícios que existiam quando estava com o alienante.
 Se a posse anterior era violenta, clandestina ou precária este se conservará nas mãos do novo possuidor.
 A aquisição derivada pode ocorrer pela tradição e pela sucessão.
-> Meios de tradição da posse:
 A tradição pressupõe a existência prévia de um negócio jurídico, podendo este ser oneroso (ex.: compra e venda) ou gratuito (ex.: doação).
 Existem três tipos de tradição:
a) real: é a entrega efetiva e material da coisa;
b) simbólica: ocorre quando traduzida por atitudes, gestos, condutas indicativas da intenção de transferir a posse. Exemplos clássicos são os atos de entrega das chaves do imóvel ou do carro.
 A coisa não é efetivamente entregue, mas o simbolismo do ato é indicativo do propósito de transmitir a posse;
c) consensual: ocorre nas hipóteses de:
1. constituti possessório ou traditio brevi manu.
 Há constituti possessório quando, por exemplo, o vendedor transferindo a propriedade da coisa conserva-se em sua posse na posição de locatário.
 A cláusula de constituti possessório deve estar expressa no contrato.
 A traditio brevi manu é exatamente o inverso do constituti possessório é o caso do locatário que adquire a propriedade.
 Em ambas a hipótese não ocorre exteriorização da tradição, existe simplesmente a inversão do ânimo da vontade.
	Artigo 1.205. A posse pode se adquirida:
I – pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II – por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.
–> Para adquirir a posse é necessária a presença de dois elementos. O elemento interno é a intenção de possuir a coisa como sua (ânimus). O elemento externo é caracterizado pela apreensão física da coisa (corpus) e pela demonstração (exteriorização) de que o possuidor exerce algum dos poderes inerentes à propriedade.
–> Aquisição da posse por terceiro: é possível, desde que o terceiro apreenda a coisa (corpus) para si, mas com intenção de fazê-lo para o adquirente, de quem ele é representante.
 A posse também pode ser adquirida em virtude de sucessão, tanto a título singular quanto universal.
Artigo 1.206:
 A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
	Artigo 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e do sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
–> Delimita a transmissão hereditária da posse restringindo o alcance do artigo 1.206 de acordo com a espécie de sucessão ocorrente.
 Há uma diferenciação entre a sucessão universal e a sucessão testamentária ou singular.
 A primeira se da quando o herdeiro é chamado a suceder na totalidade dos bens do de cujus o mesmo em uma parte deles. Assim, o sucessor se sub roga na posição do falecido, substituindo o seu passivo (sucessor universal).
–> Sucessor singular: ocorre quando o falecido dispõe em testamento que deixará para alguém (legatário) um bem certo e determinado, especificando-o devidamente, como casa, apartamento, joias, quadros, etc. Aqui não há uma universalidade, que pressupõe forma genérica, mas uma disposição certa e particularizada.
 Se a sucessão se der a título universal, ao receber o herdeiro a totalidade do patrimônio ou fração dele, receberá a posse no mesmo estado em que o falecido deixou. Assim, se a posse quantia vícios ou tiver obtida de má-fé, será transmitida com tais defeitos ao herdeiro universal.
 O mesmo não ocorre em se tratando de sucessão a título singular. Nessa hipótese, em que há testamento dispondo sobre o bem certo e determinado o legatário (ou sucessor a título singular) poderá unir sua posse com a do antecessor, de maneira facultativa e não obrigatória.
	Artigo 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
–> Os atos violentos ou clandestinos não autorizam a aquisição da posse, senão cessar a violência ou clandestinidade.
Artigo 1.209:
 A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem.
EXTINÇÃO DA POSSE
Artigo 1.223:
 Perde-se a posse quandocessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o artigo 1.196 (usar, fluir, vender e reaver).
Artigo 1.224:
 Só se considera perdida a posse para que não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retomar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.
 Ocorre a extinção da posse em:
a) perda da coisa: o possuidor se vê privado da posse sem querer;
b) perecimento da coisa: pode ser fato natural ou fortuito (exemplo, morte de um animal), pode ocorrer o fato do possuidor (exemplo, acidente de carro que o proprietário causou) e por fato de terceiro;
c) abandono;
d) transmissão de posse para outra pessoa;
e) tomada da posse por outrem (esbulho).
DIREITO DE PROPRIEDADE (ART. 1228, CC)
O Código Civil não define o que é propriedade apenas, informa suas características essenciais. A saber: uso, gozo/fluir, dispor e reinvindicação, este último deriva do direito de sequela.
Conceito de propriedade (Maria Helena Diniz):
 Direito que a posse física ou jurídica tem, dentro dos limites normativos, de usar, gozar e dispor de um bem corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha (San Tiago Dantas).
§2º A ausência de intenção de causar prejuízo, ou ausência da prova dessa intenção não interfere no reconhecimento da anormalidade do uso da propriedade, porque a doutrina admite a responsabilidade objetiva do proprietário, ou seja, na noção objetiva do abuso.
§3º O proprietário pode perder o imóvel por desapropriação, desde que mediante justa e prévia indenização em dinheiro.
§§4º e 5º desapropriação judicial: é o ato pelo qual o juiz, em ação dominial ajuizado pelo proprietário, acolhendo defesa dos réus que exercem a posse trabalho, fixa na sentença a justa indenização que deve ser paga pelos réus ao proprietário. A sentença valerá como título da propriedade.
★ Requisitos do direito de desapropriação judicial:
a) com relação ao imóvel: propriedade de outrem, área extensa.
b) quanto a posse: se ininterrupta e de boa-fé por 05 anos, ter sido exercida por número considerável de pessoas, ser caracterizada como posse-trabalho, isto é, exercida por pessoas que realizaram no imóvel, em conjunto ou separadamente, obras e serviços de interesse social ou econômico relevante.
 O direito de propriedade é garantido pela Constituição Federal no artigo 5º, XXII, e celebra o princípio do respeito à propriedade (bens móveis ou imóveis).
★ Exemplos de ações:
1 – imissão da posse: ação real de quem tenha título legítimo para imitir-se na posse do bem, decorre do exercício do direito de sequela do direito real, para quem, sendo proprietário, ainda não obteve a posse da coisa.
2 – ação reivindicatória: é a ação real que visa à restituição da posse da coisa para o seu dono. É o mecanismo para viabilizar o direito do proprietário de conserva-la e reavê-la.
 O fundamento deste pedido é a propriedade, pois a reivindicatória é a ação de quem tinha posse de proprietário e a perdeu. Incumbe ao autor o ônus de provas de forma cabal a atualidade de sua propriedade e a individuação perfeita da coisa reivindicada.
3 – Usucapião: ação de quem é proprietário e pretende a declaração judicial desse direito para o fim de obter o registro do objeto de sua propriedade em seu nome.
4 – Confessória: ação do proprietário do prédio dominante (titular de direito de servidão – artigo 1.383), para que o dono do prédio serviente seja condenado a:
a) reconhecer ou confessar a servidão;
b) respeitar o seu exercício;
c) pagar perdas e danos;
d) demolir a obra que impede o exercício da servidão.
LIMITAÇÃO À PROPRIEDADE
 A Constituição Federal estabelece como garantia fundamental e como princípio da ordem econômica a função social da propriedade.
–> Natureza jurídica da função social da propriedade: é princípio de ordem pública, isto significa que não pode ser revogado.
 A função social da propriedade significa dar destinação útil, tendo-se em conta sua função própria e, por conseguinte, para que cumpram efetivamente a função econômica-social de que se reveste o direito de propriedade.
 O proprietário vivencia situação jurídica positiva que lhe permite usar, gozar, dispor daquilo que é seu e reavê-lo de quem quer que injustamente o possua. Essa qualidade de proprietário se sujeita a restrições de ordem pública e de caráter privado.
 Pode-se afirmar que o exercício do direito real de propriedade impõe ao proprietário o cumprimento de deveres próprios do chamado direito de vizinhança (artigo 1.277 a 1.313 do Código Civil), bem como conduta coerente com a função da propriedade.
–> Artigo 1.229 (Conceito): a propriedade do solo possui efetivamente limites superiores (espaço aéreo) e inferiores (subsolo).
 O proprietário do terreno não é proprietário do espaço correspondente à projeção desta casa ao infinito, bem como não o é da projeção dela ao centro da terra.
 Incide, na espécie o princípio da razoabilidade a determinar que a propriedade ao solo se projeta superior e inferiormente dentro de um limite razoável, necessária para a fruição da coisa.
Limitação inferior:
 Bens da união – o artigo 20 da Constituição Federal arroga os bens de propriedade da união.
–> Artigos 1.230 e 1.231: a propriedade é considerada plena quando se encontrarem nas mãos do proprietário todas as faculdades que lhe são inerentes, estando o mesmo sujeito apenas às limitações impostas no interesse público.
 A exclusividade significa que a mesma coisa não pode pertencer com exclusividade e simultaneamente a duas ou mais pessoas.
 A propriedade é perpétua, não se extingue pelo não uso e é transmissível aos herdeiros
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL
–> Artigo 1.245: para que haja transferência da propriedade do bem imóvel é necessário o Registro do Título no Cartório de Imóveis, enquanto isso não ocorrer o alienante (vendedor) continuará sendo o proprietário.
 Para a invalidação ou cancelamento do registro é necessário ingressar com ação própria para isso.
–> Artigo 1.246: prenotar – a prenotação é o protocolo de apresentação do título para o registro.
 Os efeitos do registro retroagem até a data da prenotação.
–> Artigo 1.247: a legislação pertinente – lei de registros públicos (LRP 6.015 de 1073).
–> Finalidade do registro imobiliário: conferir publicidade ao estado do imóvel para que este adquira eficácia perante terceiros. Adquirindo assim, a condição de direito real.
–> Atributos do registro:
1º publicidade;
2º presunção da fé pública que confere ao documento força probante;
3º no caso de registro de imóveis, possui a obrigatoriedade.
–> Atos do registro de imóveis:
1º matrícula: é o registro inaugural do imóvel, está prevista nos artigos 227 a 235 d a lei de registros públicos, e conseguintes na especificação do estado de um imóvel, tanto em seu aspecto físico como locação, dimensões, quanto jurídicos (proprietário, forma de aquisição).
 A matrícula só pode ser cancelada por decisão judicial ou pelo desdobro (subdivisão dos lotes) ou pela fusão.
2º registro: devem ser registrados todos os atos que influenciem o uso, gozo e disposição de um imóvel, ou seja, o registro será feito sempre que houver alteração na titularidade de um imóvel ou quando houver limitação da propriedade.
Ex.: instituição do bem de família, hipoteca, servidão, usufruto, superfície etc.
3º averbação: é através da averbação que é feita a alteração em registro já existente como mudança de numeração de prédios, desmembramento e loteamento de imóveis, divórcio, contrato de locação etc.
4º Acessões imobiliárias (artigo 1249): a acessão pode se dar:
a) por formação de ilhas (artigo 1.249): é a espécie de aquisição de propriedade por acessão natural, consiste em se considerar dono na formação de terra acessória o dono do terreno ribeirinho, fronteiriço a sua formação.
 As ilhas formadas em águas públicas pertenceram ao Poder Público.
 O conceito de águas comuns e águasprivadas são encontradas no Código de Águas.
– águas públicas: são de uso comum ou dominial.
– águas comuns: correntes não navegáveis.
– águas particulares: são particulares as nascentes e todas as águas situadas em terrenos que também o sejam.
b) por aluvião (1.250): é o aumento que as correntes dos rios depositam pouco a pouco nas terras das margens.
 A aluvião própria decorre do acumulo de resíduos na margem da sua propriedade, já a aluvião imprópria decorre da alteração do curso do rio advinda de uma aluvião própria.
c) por avulsão (artigo 1.251): é a espécie de aquisição de propriedade por acessão natural. É o aumento de terra que as correntes dos rios trazem para as terras das margens, em virtude de ter sido violentamente arrastada pela força das águas, com deslocamento de parte considerável de um prédio (terreno), que pode ser reclamada pelo antigo proprietário.
d) por abandono de álveo (leito de rio; artigo 1.252): o álveo abandonado deve originar-se de força natural, se oriundo de motivo de utilidade pública passa a pertencer o álveo abandonado a pessoa de direito público que tiver desapropriado.
e) por plantações ou construções (artigo 1.253, ss): 
1ª situação – pessoa que planta/constrói em solo próprio com matéria prima alheia.
 Se há boa-fé ocorre à aquisição da propriedade, das construções e plantações, com ressarcimento do valor da matéria prima. Se há má-fé acresce ao ressarcimento perdas e danos.
2ª situação – pessoa que planta/constrói com matéria prima própria em solo alheio.
 Se de boa-fé o proprietário do imóvel adquire as construções ou plantações, devendo ressarcir o proprietário da matéria prima. Se de má-fé, não terá direito a indenização.
Obs.: se o valor da construção exceder consideravelmente valor do terreno, aquele de boa-fé terá direito de adquirir a propriedade do solo, mediante pagamento.
 Há a má-fé do proprietário quando ele tem ciência que estão sendo realizados construções/plantações no seu terreno e se mantem inerente/calado.
3ª situação – pessoa que planta/constrói com matéria prima alheia e terreno alheio.
 Se o proprietário estiver de boa-fé ele adquirirá a propriedade das construções/plantações e deverá o plantador/construtor ressarcir o valor da matéria prima. Se o proprietário estiver de má-fé deverá indenizar por perdas e danos mais a matéria prima.
 Acessão é o modo de adquirir a propriedade.
 O sistema jurídico ainda admite ao senhor da coisa principal adquirir a propriedade das coisas acessórias que a ela aderem e que se lhe incorporem de maneira definitiva.
USUCAPIÃO (ARTIGO 1.238)
 Usucapião é forma originária de aquisição da propriedade pelo exercício da posse com animus domini, na forma e pelo tempo exigido pela lei.
Obs.: o artigo 1238 trata-se da usucapião extraordinário.
 A usucapião extraordinária ocorre só pelo fato da posse, preenchido o requisito temporal (15 anos), sem interrupção nem oposição, independentemente de título e boa-fé.
 A posse considerada hábil para aquisição da propriedade através da usucapião é chamada de posse ad usucapionem.
 Decorrido o prazo o possuidor adquire a propriedade, extinguindo-se o domínio anterior do proprietário, bem como todos os direitos reais que eventualmente haja constituído sobre o imóvel.
 A clausula de inalienabilidade, imposta por ato de vontade não constitui impedimento para a consumação da usucapião extraordinária, porque não se exige o justo título: ele não adquire do antigo proprietário, mas contra o antigo proprietário.
 A aquisição da propriedade pela usucapião independe de sentença. Uma vez adquirida à propriedade o sujeito poderá exercer todas as prerrogativas inerentes a propriedade.
 A usucapião alegada em defesa, ainda que acolhida, não faz coisa julgada material. Isto significa que se forme a coisa julgada em torno da prescrição aquisitiva, o prescribente deverá ajuizar ação de usucapião ou se réu em ação judicial ajuizar reconvenção.
 Ingressando a sentença no registro de imóveis tem se o registro imobiliário como forma originária de aquisição da propriedade, sem que incida imposto de transmissão, exigível apenas nas aquisições derivadas.
Obs.: a sentença tem natureza declaratória.
 A usucapião possui como condição a alienabilidade do bem, portanto, em regra, os bens públicos não podem sofrer a usucapião.
Exceção:
a) bens dominicais – os bens dominicais ou do patrimônio disponível são aqueles que apesar de constituírem o patrimônio público, não possuem uma destinação pública determinada ou um fim administrativo específico, exemplo, prédio público desativado.
Parágrafo único:
 O prazo de 15 anos exigidos na usucapião extraordinária poderá ser reduzido para 10 anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
–> Artigo 1.239 do Código Civil:
Conceito de imóvel rural:
 É o prédio localizado tanto em área rural quanto urbana, que se destina a exploração extrativa agrícola, pecuária ou agroindustrial.
 No caso da usucapião prevista no artigo 1.239 há especificamente o critério da localização, deverá o imóvel estar em zona rural e não poderá ser superior a 50 hectares.
Requisitos da usucapião de imóvel rural:
a) prazo – 05 anos ininterruptos e sem oposição;
b) área de terra em zona rural – não superior a 50 hectares;
c) deve ser produtiva por seu trabalho ou de sua família;
d) deve ser sua moradia;
e) não pode possuir outro imóvel seja rural ou urbano.
–> Artigo 1.240 do Código Civil:
 O estudo das cidades prevê duas espécies de usucapião especial, residencial e urbana.
1ª Individual;
2ª Coletiva.
 Usucapião urbana especial residencial individual, artigo 9º do Estatuto das Cidades.
Requisitos:
a) que o interessado tenha posse ad uso capionem (vontade de seu proprietário) de do artigo 250 metros quadrados por 05 anos ininterruptos.
b) utiliza-se para sua moradia ou de sua família;
c) não seja proprietário de imóvel urbano ou rural;
d) que utiliza os benefícios deste instituto pela 1ª vez.
 O direito a essa espécie de usucapião, se transmite dos herdeiros do possuidor, desde que este já decidisse no imóvel por ocasião da abertura da sucessão, ou seja,
 A usucapião residencial especial e coletiva (artigo 10 do Estatuto da Cidade).
Requisitos:
a) que população de baixa renda tenha posse a usu capionem imóvel com mais de 250 metros quadrados por 05 anos ininterruptos;
b) que os terrenos ocupados não possam ser identificados por cada possuidor;
c) que não sejam proprietários de imóveis urbanos ou rurais.
Obs.: a usucapião coletiva permite a soma da posse.
–> Usucapião decorrente de abandono de lar
Requisitos:
a) exercer por mais de 02 anos initerruptamente e sem oposição initerruptamente posse direta com exclusividade;
b) imóvel urbano de até 250 metros quadrados cuja propriedade divida com o ex-cônjuge que abandonou o lar;
c) deve utilizar como moradia sua ou de sua família;
d) não possuir outro imóvel urbano ou rural.
 Abandono de lar configura-se pelo abandono efetivo do imóvel, ou seja, pagar os tributos inerentes, por exemplo, IPTU.
 Este tipo de usucapião só pode ser requerido uma única vez pelo mesmo possuidor.
–> Artigo 1.241 do Código Civil:
Usucapião ordinária (artigo 1.242)
 Para que a propriedade seja adquirida por usucapião ordinária o seu possuidor tem de exercer posse incontestada pelo prazo de 10 anos fundado em justo título e boa-fé.
Justo título:
 Abrange todo e qualquer ato jurídico hábil, em tese, a transferir a propriedade, independentemente de registro.
 Esta modalidade de usucapião poderá ter o prazo de 05 anos, se o imóvel houver sido adquirido onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente e os possuidores tiverem estabelecido sua moradia ou realizado investimentos de interesse e econômico.
Obs.: os artigos 1.243 e 1.244 são autoexplicativos:Artigo 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art.1.207), contando que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé.
	Artigo 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião.
	
AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL
(Artigo 1.260)
–> Usucapião de bem móvel: aquela que possui coisa móvel como sua coisa móvel como sua contínua e incontestadamente durante 03 anos, com justo título e boa-fé adquirida à propriedade.
 Se a posse durante 05 anos produzirá usucapião independentemente de título ou boa-fé.
–> Bem furtado/roubado não pode ser objeto de usucapião: no caso de usucapião de bem furtado/roubado o Direito não admite que isso ocorra, possibilitando a exceção nos caos de terceiro de boa-fé, mais se encontram decisões judiciais a favor e contra esta possibilidade.
Artigo 1.262
 Em relação ao cálculo do tempo de posse para a usucapião de bem móvel, no que concerne o acréscimo de tempo entre herdeiros, e a interrupção, suspensa óbice da prescrição serão utilizados os mesmos artigos para usucapião de bem imóvel, a saber: artigos 1.243 e 1.244.

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