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Oficina de Língua Portuguesa

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2
oficina
Oficina
Língua Portuguesa IV 
Autora
Profª Daniela Vitor Ferreira
 
3
oficina
LÍNGUA PORTUGUESA IV – Escrita de textos acadêmicos
Sumário
Aula 1
Academia e importância do texto acadêmico
Aula 2
Aspectos formais de textos acadêmicos
Aula 3
Leitura e desconstrução de um texto acadêmico
Aula 4
Aspectos do conteúdo teórico do texto acadêmico
Aula 5
Estratégias discursivas do texto acadêmico
Aula 6 
Procedimento textual introdutório
Aula 7
Aspectos de organização discursiva
4
oficina
Introdução
Caro estudante,
Seja bem-vindo!
As três oficinas anteriores proporcionaram, respectivamente, a oportunidade de aprender a respeito 
de: revisão dos principais conteúdos de ortografia e gramática tratados no ensino médio; melhoria 
da competência de leitor de textos científicos e técnicos; elaboração de resumo e resenha.
Esta oficina, a quarta, tem como objetivo o entendimento a respeito dos textos acadêmicos e sua 
elaboração. Atenção às dicas da teoria e execução desses textos, pois esse conhecimento pode 
significar seu diferencial no mercado de trabalho, que é extremamente competitivo.
É importante ressaltar que, apesar da sequência sugerida, as oficinas são independentes e poderão 
ser cursadas segundo o seu interesse.
Aproveite para aprender e aperfeiçoar seus conhecimentos, tanto de leitor quanto de futuro autor 
de textos acadêmicos.
Bons estudos!
Aula 1: Academia e importância dos textos acadêmicos
O entendimento a respeito da origem da Academia é essencial para o estudo dos aspecos formais e 
elaboração dos textos acadêmicos, pois proporciona elementos relevantes a aprendizagem acerca 
da estrutura e organização desse tipo de produção.
Origem da Academia
Academus é um personagem da mitologia grega
A academia cresceu. Temos agora universidades.
5
oficina
Academia vem da palavra grega Academia, do grego antigo Ακαδήμεια. 
É o nome dado, no Ocidente, a várias instituições direcionadas para o ensino, para a promoção de 
atividades artísticas, literárias, científicas e físicas, sobretudo universitárias. 
A Academia original provém de uma escola fundada por Platão, filósofo grego, em 387 a.C. Essa 
escola ficava num jardim, próximo a Atenas, onde o filósofo ensinava de modo informal os jovens 
sobre filosofia, matemática, música, astronomia e legislação. A escola possuía uma biblioteca e uma 
residência. Esse jardim, onde Platão pretendeu reunir diversos campos do saber, teria pertencido a 
Academus – um herói ateniense da guerra de Troia (século XII 
a.C.) – e, por isso era chamado Academia. Essa escola pode ser entendida como a primeira 
Universidade. 
No Brasil, a universidade mais antiga é a Universidade de Manaus (Amazonas, 1909).
Nas Academias, ou seja, nas Universidades, é sempre solicitada a escrita de textos acadêmicos. 
Desta forma, é imprescindível ter conhecimento a respeito de como um texto acadêmico deve ser 
estruturado, além de entender todos os componentes necessários para realizar esta atividade.
Texto Acadêmico
O texto acadêmico, normalmente utilizado nas universidades, caracteriza-se pelo objetivo de 
veicular o resultado de uma investigação científica, filosófica ou artística. Deve ser um texto crítico, 
suficientemente argumentado e preocupado com a clareza e a objetividade.
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oficina
O universitário, estudante do ensino superior, tem o dever social de compartilhar com as demais 
pessoas seus conhecimentos, não só os específicos, mas também os de cultura geral. Daí a grande 
necessidade de intensa leitura dos autores clássicos, da literatura, dos teóricos e de atualidades. 
Para isso, o estudante acadêmico deve opinar sobre temas de relevância social e argumentar 
solidamente sobre seu posicionamento crítico. É importante lembrar que talvez um de seus textos 
traga importantes e necessárias mudanças na área social ou ambiental, por isso precisa ser 
consistente.
Para escrever um texto com qualidade é necessário ler muito, vários autores, inclusive com visões 
até antagônicas para que seu posicionamento e argumentos sejam sólidos. 
É necessário estabelecer um elo entre a academia e a sociedade.
O texto acadêmico é escrito em linguagem formal, com conteúdo devidamente fundamentado para 
que seus interlocutores não tenham dúvidas ao lê-lo. Para tanto, a forma estética é tão importante 
quanto o conteúdo. 
Não há regras absolutamente rígidas para escrever um texto acadêmico, mas a tradição acadêmica 
acabou delimitando as formas típicas de expressar diversas modalidades de textos acadêmicos.
O posicionamento crítico de um acadêmico, resultado de várias leituras e expresso numa pesquisa 
ou atividade acadêmica, pode ser veiculado de diferentes formas. Algumas delas são: 
1. Livro: forma clássica de registro e divulgação da produção acadêmica. Contém capítulos, 
7
oficina
coletâneas, sínteses, enfim, uma apresentação sistemática do conhecimento de uma 
determinada área, num determinado momento. Existem, também, os livros denominados 
didáticos. São organizados de outra maneira, mas são igualmente utilizados em uma 
universidade, (chamados Livros-Textos).
2. Artigo: é uma forma mais ágil de comunicação para a ciência e suas pesquisas. São 
encontrados em periódicos e revistas especializadas. São textos menores com o objetivo de 
explorar pontos mais específicos de pesquisadores.
3. Outros: teses, dissertações, monografias, ensaios, relatórios de pesquisa, trabalhos de 
formação de cursos, que são textos mais específicos, com objetivos mais restritos que, não 
necessariamente, se destinam à publicação.
Aula 2: Aspectos formais de textos acadêmicos
Os textos acadêmicos são muito solicitados na graduação. Para que sejam textos bem escritos, é 
essencial que se entenda a respeito de sua estrutura e elaboração. 
O início do texto deve conter as seguintes informações de identificação: 
a) Título do trabalho, subtítulo (se necessário), nome completo do autor/ universitário e seu 
registro geral de matrícula, assim como semestre e ano do trabalho.
b) Disciplina, nome do professor, série, curso, instituição.
c) Local e data.
Para outras informações visuais, acesse o link disponível em: 
http://www.google.com.br/search?q=pr%C3%A9-textuais%20e%20p%C3%B3s%20
textuais%20de%20TCC%20modelos%20imagens&ie=utf-8&oe=utf-8&aq=t&rls=org.mozilla:pt-
BR:official&client=firefox-a&source=hp&channel=np
Acesso em: 17 ago. 2012.
8
oficina
A seleção de aspectos formais dependerá do tipo de texto solicitado. De forma geral, são considerados 
os seguintes aspectos formais: 
• Introdução: é apresentado o assunto. Informa-se o tema e a linha de pesquisa; anuncia-se 
a ideia básica e delimita-se o foco, ou seja, é contextualizada a problemática que envolve as 
questões do trabalho. Esta apresentação inicial deve ser realizada de forma clara, objetiva e 
rica em detalhes, contendo as razões de ordem teórica ou prática que justificam a realização 
da pesquisa. 
• Notas: utilizadas para comentários e referências. Podem ser acrescentadas no rodapé da 
página, se necessário. 
• Referências: lista das obras citadas, de acordo com as normas da ABNT.
• Glossários: aparecem, principalmente, em livros didáticos e tem a função de auxiliar a 
compreensão dos termos técnicos utilizados no trabalho em questão. 
Para os artigos, especificamente, há outros aspectos formais relevantes:
• Resumo: antecede o “corpo” do trabalho e é independente do artigo, ou seja, deve conter um 
conjunto de informações que permita, ao leitor, inteirar-se do artigo antes de lê-lo, inclusive 
para definir as opções de leitura. Tornou-se comum também aparecer em outras línguas, 
especialmente em inglês (abstract).
• Palavras-chave: lista de mais ou menos seis palavras que são designadas para o leitor obter 
noções básicas a respeito do artigo.
• Citações:em um texto acadêmico devem-se indicar claramente todas as citações feitas. Há 
dois casos a considerar:
a) Se a citação for pequena (algumas palavras, ou frases curtas): é recomendável que seja 
feita no próprio parágrafo em que está sendo comentada, entre aspas (simples ou duplas). 
Exemplo: No seu livro Metafísica, Aristóteles afirmou que “todos os homens têm, por natureza, o 
desejo de conhecer”.
b) Se a citação for extensa: deve-se colocá-la em parágrafo especial, sem aspas, porém 
identado, ou seja, deslocado para a direita. Costumeiramente, utiliza-se também um tipo 
menor que do restante do texto. Por exemplo, utiliza-se fonte tamanho 10, se o texto estiver 
9
oficina
com tamanho 12 e/ou um espaçamento mais apertado. 
Exemplo: Na seção IV, parte 1, de seu livro An Enquiry concerning Human Understanding, Hume 
compara a filosofia natural com a filosofia moral de forma eloquente:
A mais perfeita filosofia da espécie natural apenas detém por algum tempo nossa ignorância, 
assim como a mais perfeita filosofia da espécie moral ou metafísica serve talvez apenas 
para revelar porções mais vastas dessa mesma ignorância. Assim, o resultado de toda 
filosofia é a constatação da cegueira e debilidade humanas, com a qual nos deparamos por 
toda parte apesar de nossos esforços para evitá-la ou dela nos esquivarmos.
• Uso de aspas: as aspas podem ser simples (‘ ’), duplas (“ ”) ou francesas (« »). Em um texto 
acadêmico, as aspas podem realizar as seguintes funções: 
a) Marcar citações: se houver citação dentro de citação, devem-se usar aspas simples para a 
interna e duplas para a externa (ou vice-versa).
b) Marcar sentidos não literais: como ironias, neologismos, ênfases, estrangeirismos.
• Uso de itálicos e outros estilos:
O itálico é utilizado, principalmente, para:
•	 Ênfase
 Exemplo: A presença às aulas é fundamental para o bom acompanhamento do curso. A 
verdade das premissas não é condição necessária para a validade do argumento.
•	 Menção: opcionalmente às aspas.
•	 Palavras estrangeiras
 Exemplos: Copiar websites é comum. 
 A decisão foi adiada sine dia. 
 Oeufs tout court, disse o gourmet entendido do assunto.
•	 Destaques: utilizado para destacar tópicos.
• Negrito: em certos sistemas de referências, utiliza-se para marcar os volumes de periódicos. 
10
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Exemplo: Philosophy of Science 44: 1-42, 1977. Além disso, é utilizado quase que 
exclusivamente para destaque. Seu uso no meio dos parágrafos, entretanto, é condenável 
por sobrecarregar a aparência do texto.
ü	 Maiúsculas: são utilizadas para os sobrenomes dos autores, em alguns sistemas de referências. 
Em artigos e livros, podem ser utilizados para destacar o título e seções. Não devem ser 
empregadas para destacar palavras no meio dos parágrafos, assim como acontece para a 
utilização do negrito. Além disso, empregam-se letras maiúsculas no início de parágrafos para 
identificar siglas e nomes próprios.
Demais explicações a respeito dos aspectos formais de textos acadêmicos, você pode encontrar 
em: 
CHIBENI, Silvio Seno. O Texto Acadêmico. Disponível em: <http://www.unicamp.br/~chibeni/
textosdidaticos/textoacademico.pdf>. Acesso em: 1 jul. 2012.
Aula 3: Leitura e desconstrução de um texto acadêmico
O artigo abaixo foi desconstruído para a percepção das estratégias discursivas e argumentativas 
empregadas pelo autor.
Trata-se de um texto acadêmico, teórico, a respeito de um assunto que interessa a todos os seres 
humanos: a capacidade de comunicação e linguagem.
Há um texto explicativo para cada parágrafo, com o intuito de facilitar essa percepção, que pode ser 
lido em paralelo ou após a leitura final do artigo.
BENVENISTE, E. (1966) Problemas de linguística geral I. 4 ed. Capítulo 5, Comunicação animal e 
linguagem humana, pp. 60 a 67, Campinas, SP: Pontes, 1995.
(1) Aplicada ao mundo animal, a noção de linguagem só tem crédito por um abuso de termos. 
Sabemos que foi impossível até aqui estabelecer que os animais disponham, mesmo sob uma 
forma rudimentar, de um modo de expressão que tenha os caracteres e as funções da linguagem 
humana. Falharam todas as observações sérias praticadas sobre as comunidades animais, todas 
as tentativas postas em prática mediante técnicas variadas para provocar ou controlar uma forma 
qualquer de linguagem que se assemelhasse a dos homens. Não parece que os animais que 
emitem gritos variados manifestem, no momento dessas emissões vocais, comportamentos dos 
quais possamos inferir que se transmitem mensagens “faladas”. As condições fundamentais de uma 
comunicação propriamente linguística parecem faltar no mundo dos animais, mesmo superiores.
11
oficina
(2) A questão apresenta-se de forma diferente para as abelhas ou, pelo menos, devemos 
encarar o fato de que possa vir a apresentar-se. Tudo leva a crer – e o fato se observa há muito 
tempo – que as abelhas têm um modo de comunicar-se. A organização prodigiosa das suas colônias, 
as suas atividades diferenciadas e coordenadas, a sua capacidade de reagir coletivamente diante 
de situações imprevistas, fazem supor que têm aptidões para trocar verdadeiras mensagens. A 
atenção dos observadores dirigiu-se particularmente para a maneira pela qual as abelhas são 
avisadas quando uma dentre elas descobre uma fonte de alimento. Uma abelha operária colhedora, 
encontrando, por exemplo, durante o voo uma solução açucarada por meio da qual cai numa 
armadilha, imediatamente se alimenta. Enquanto se alimenta, o experimentador cuida em marcá-la. 
A abelha volta depois à sua colmeia. Alguns instantes mais tarde veem-se chegar ao mesmo lugar 
um grupo de abelhas entre as quais não se encontra a abelha marcada e que vem todas da mesma 
colmeia. Esta deve haver prevenido as companheiras. É realmente necessário que estas hajam 
sido informadas com precisão, pois chegam sem guia ao local, que se encontra, frequentemente, a 
grande distância da colmeia e sempre fora da sua vista. Não há erro nem hesitação na localização: 
se a primeira escolheu uma flor entre outras que poderiam igualmente atraí-la, as abelhas que vêm 
após a sua volta se atirarão a essa e abandonarão as outras. Aparentemente, a abelha exploradora 
indicou às companheiras o lugar de onde veio. Mas de que modo?
(3) Esse problema fascinante desafiou por muito tempo os observadores. Deve-se a Karl von 
Frisch (professor de Zoologia na Universidade de Munique), pelas experiências que realiza há 
uns trinta anos, o haver estabelecido os princípios de uma solução. As suas pesquisas fizeram 
conhecer o processo da comunicação entre as abelhas. Observou, numa colmeia transparente, 
o comportamento da abelha que volta depois de uma descoberta de alimento. É imediatamente 
rodeada pelas companheiras no meio de grande efervescência, e essas estendem na sua direção 
as antenas para recolher o pólen de que vem carregada, ou absorvem o néctar que vomita. Depois, 
seguida das companheiras, executa danças. É este o momento essencial do processo e o próprio 
ato da comunicação. A abelha entrega-se, de acordo com o caso, a uma de suas danças diferentes. 
Uma consiste em traçar círculos horizontais da direita à esquerda, depois da esquerda à direita 
sucessivamente. A outra, acompanhada por uma vibração continua do abdômen (wagging-dance, 
“dança do ventre”), imita mais ou menos a figura de um 8: a abelha voa reto, depois descreve uma 
volta completa para a esquerda, novamente voa reto, recomeça uma volta completa para a direita, 
e assim por diante. Após as danças, uma ou mais abelhas deixam a colmeia e partem diretamente 
para a fonte que a primeira havia visitado, e depois de saciar-se, voltam à colmeia onde, por sua vez, 
se entregam às mesmas danças, o que provoca novas partidas, de modo que depois de algumas 
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oficina
idas e vindas, centenas de abelhas já acorreram ao local onde a primeira descobriuo alimento. 
A dança em círculos e a dança em oito evidenciam-se, pois, como verdadeiras mensagens pelas 
quais a descoberta é assinalada à colmeia. Faltava encontrar a diferença entre as duas danças. K. 
von Frisch pensou que versasse sobre a natureza do alimento: a dança circular anunciaria o néctar, 
a dança em oito, o pólen. Esses dados, com a sua interpretação, apresentados em 1923, são hoje 
noções correntes e já vulgarizadas1. 1Compreende-se que hajam suscitado vivo interesse. Mesmo 
demonstradas, porém, não nos permitem falar de uma verdadeira linguagem.
(4) Esses aspectos estão agora completamente renovados pelas experiências que Karl von 
Frisch realizou depois, ampliando e retificando as suas primeiras observações. Tornou-as conhecidas 
em 1948 em publicações técnicas e, resumidas muito claramente, em 1950, num pequeno volume que 
reproduz conferências feitas nos Estados Unidos2. Após milhares de experiências de uma paciência 
e de uma engenhosidade verdadeiramente admiráveis, conseguiu determinar a significação das 
danças. A novidade fundamental consiste em que se reportam não, como ele o havia inicialmente 
pensado, à natureza do achado, mas a distância que separa esse achado da colmeia. A dança 
em círculo anuncia que o local do alimento deve ser procurado a pequena distância, num raio de 
cem metros aproximadamente ao redor da colmeia. As abelhas saem então e se espalham ao 
redor da colmeia até que a tenham encontrado. A outra dança que a operária colhedora executa, 
vibrando e descrevendo oitos (wagging-dance), indica que o ponto está situado a uma distância 
superior, além de cem metros e até seis quilômetros. Essa mensagem comporta duas indicações 
distintas – uma sobre a distância, outra sobre a direção. A distância está implícita pelo número de 
figuras desenhadas num tempo determinado; varia sempre na razão inversa da sua frequência. Por 
exemplo, a abelha descreve nove a dez “oitos” completos em quinze segundos quando a distância 
é de cem metros, sete para duzentos metros, quatro e meio para um quilômetro, e dois somente 
para seis quilômetros. Quanto maior é a distância, mais lenta é a dança. Quanto à direção em que 
se deve procurar o achado, é o eixo do “oito” que assinala, em direção ao sol; segundo se incline 
para a direita ou para a esquerda, esse eixo indica o ângulo que o local da descoberta forma com 
o sol. As abelhas são capazes de orientar-se mesmo com o tempo encoberto, em virtude de uma 
sensibilidade particular à luz polarizada. Na prática, há ligeiras variações de uma abelha a outra ou 
de uma colmeia a outra, na avaliação da distância, mas não na escolha de uma ou de outra dança. 
Esses resultados são o produto de aproximadamente quatro mil experiências, que outros zoólogos, 
a princípio céticos, repetiram na Europa e nos Estados Unidos, e finalmente confirmaram3. Temos 
agora o meio de nos assegurarmos de que é mesmo a dança, nas suas duas modalidades, que 
serve às abelhas para informar às companheiras sobre os seus achados e guiá-las por meio de 
1 Assim Maurice Mathis, Le peuple des abeilIes, p. 70: “O doutor K. von Frisch havia descoberto o comportamento da abelha fisgada 
à sua volta à colmeia. Segundo a natureza do achado a explorar, mel ou pólen, a abelha fisgada executará sobre os bolos de cera 
uma verdadeira dança de demonstração, girando em circulo para uma substância açucarada, descrevendo oitos para o pólen”.
2 Karl von Frisch, Bees, their vision, chemical senses and language, Ithaca, N.Y., Cornell University Press, 1950.
3 Ver a introdução de Donald R. Griflin ao livro de K. Von Frisch, p. VII.
13
oficina
indicações sobre a direção e a distância. As abelhas, percebendo o odor da colhedora ou absorvendo 
o néctar que engoliu, descobrem além do mais a natureza do achado. Empreendem por sua vez o 
seu voo e atingem com certeza o local. O observador pode, a partir daí, segundo o tipo e o ritmo da 
dança, prever o comportamento da colmeia e verificar as indicações transmitidas. 
(5) A importância dessas descobertas para os estudos de psicologia animal não precisa ser 
sublinhada. Gostaríamos de insistir aqui sobre um aspecto menos visível do problema em que K. 
von Frisch, preocupado em descrever objetivamente as suas experiências, não tocou. Estamos, 
pela primeira vez, em situação de especificar com alguma precisão o modo de comunicação 
empregado numa colônia de insetos; e pela primeira vez podemos imaginar o funcionamento 
de uma “linguagem” animal. Pode ser útil assinalar de leve aquilo em que ela é ou não é uma 
linguagem, e o modo como essas observações sobre as abelhas ajudam a definir, por semelhança 
ou por contraste, a linguagem humana.
(6) As abelhas mostram-se capazes de produzir e de compreender uma verdadeira mensagem, 
que encerra inúmeros dados. Podem, pois, registrar relações de posição e de distância; podem 
conservá-las na “memória”; podem comunicá-las, simbolizando-as por diversos comportamentos 
somáticos. O fato notável consiste, inicialmente, em que manifestam aptidão para simbolizar: há 
mesmo uma correspondência “convencional” entre seu comportamento e o dado que traduz. Essa 
correspondência é percebida pelas outras abelhas nos termos em que lhes é transmitida e se 
torna em motor de ação. Até aqui encontramos, nas abelhas, as próprias condições sem as quais 
nenhuma linguagem é possível a capacidade de formular e de interpretar um “signo” que remete a 
uma certa ‘“realidade”, a memória da experiência e a aptidão para decompô-la.
 (7) A mensagem transmitida contém três dados, os únicos identificáveis até aqui: a existência 
de uma fonte de alimento, a sua distância e a sua direção. Esses elementos poderiam ordenar-se 
de maneira um pouco diferente. A dança em círculo indica simplesmente a presença do achado, 
determinando que esteja a pequena distância. Funda-se sobre o princípio mecânico do “tudo ou 
nada”. A outra dança formula verdadeiramente uma comunicação; desta vez, é a existência do 
alimento que está implícita nos dois dados (distância, direção) expressamente enunciados. Veem-
se aqui muitos pontos de semelhança com a linguagem humana. Esses processos põem em ação 
um simbolismo verdadeiro embora rudimentar, pelo qual dos objetivos são transpostos em gestos 
formalizados, que comportam elementos variáveis e de “significação” constante. Além disso, a 
situação e a função são as de uma linguagem, no sentido de que o sistema é válido no interior 
de uma comunidade determinada e de que cada membro dessa comunidade tem aptidões para 
empregá-lo ou compreendê-lo nos mesmos termos.
(8) As diferenças são, porém, consideráveis e ajudam a tomar consciência do que caracteriza 
realmente a linguagem humana. A primeira, essencial, está em que a mensagem das abelhas 
14
oficina
consiste inteiramente na dança, sem intervenção de um aparelho “vocal”, enquanto não há linguagem 
sem voz. Daí surge outra diferença, que é de ordem física. A comunicação nas abelhas, não sendo 
vocal, mas gestual, efetua-se necessariamente em condições que permitem percepção visual, sob 
a luz do dia; não pode ocorrer na obscuridade. A linguagem humana não conhece essa limitação.
(9) Uma diferença capital aparece também na situação em que se dá a comunicação. A 
mensagem das abelhas não provoca nenhuma resposta do ambiente, mas apenas uma certa 
conduta, que não é uma resposta. Isso significa que as abelhas não conhecem o diálogo, que é a 
condição da linguagem humana. Falamos com outros que falam, essa é a realidade humana. Isso 
revela um novo contraste. Porque não há diálogo para as abelhas, a comunicação se refere apenas 
a um certo dado objetivo. Não pode haver comunicação, se refere apenas a um certo dado objetivo. 
Não pode haver comunicação relativa a um dado “linguístico”; não só por não haver respostas, 
sendo a resposta uma reação linguística a outra manifestação linguística; mas também no sentido 
de quea mensagem de uma abelha não pode ser produzida por outra que não tenha visto ela 
mesma os fatos que a primeira anuncia. Não se comprovou que uma abelha vá, por exemplo, 
levar à outra colmeia a mensagem que recebeu na sua, o que seria uma forma de transmissão 
ou de retransmissão. Vê-se a diferença da linguagem humana em que, no diálogo, a referência 
á experiência objetiva e a reação à manifestação linguística se misturam livremente, ao infinito. A 
abelha não constrói uma mensagem a partir de outra mensagem. Cada uma das que, alertadas pela 
dança da primeira, saem e vão alimentar-se no ponto indicado, reproduz quando volta a mesma 
informação, não a partir da primeira mensagem, mas a partir da realidade que acaba de comprovar. 
Ora, o caráter da linguagem é o de propiciar um substituto da experiência que seja adequado para 
ser transmitido sem fim no tempo e no espaço, o que é o típico do nosso símbolo e o fundamento 
da tradição linguística.
(10) Se considerarmos agora o conteúdo da mensagem, será fácil observarmos que se refere 
sempre e somente a um dado, o alimento, e que as únicas variantes que comporta são relativas 
a dados especiais. É evidente o contraste com o ilimitado dos conteúdos da linguagem humana. 
Além disso, a conduta que significa a mensagem das abelhas denota um simbolismo particular 
que consiste num decalque da situação objetiva, da única situação que possibilita uma mensagem, 
sem nenhuma variação ou transposição possível. Ora, na linguagem humana, o símbolo em geral 
não configura os dados das experiências, no sentido de que não há relação necessária entre a 
referência objetiva e a forma linguística. Haveria muitas distinções para fazer aqui sob o aspecto 
do simbolismo humano, cuja natureza e cujo funcionamento foram pouco estudados. A diferença, 
porém, subsiste. Um último caráter da comunicação das abelhas a opõe fortemente às línguas 
humanas. A mensagem das abelhas não se deixa analisar. Não podemos ver senão um conteúdo 
global, ligando-se a única diferença à posição espacial do objeto relatado. É impossível, porém, 
decompor esse conteúdo nos seus elementos formadores, nos seus “morfemas”, de maneira a 
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fazer corresponder cada um desses morfemas a um elemento do enunciado. A linguagem humana 
caracteriza-se justamente aí. Cada enunciado se reduz a elementos que se deixam combinar 
livremente segundo regras definidas, de modo que um número bastante reduzido de morfemas 
permite um número considerável de combinações - de onde nasce a variedade da linguagem 
humana, que é a capacidade de dizer tudo. Uma análise mais aprofundada da linguagem mostra 
que esses morfemas, elementos de significação, se resolvem, por sua vez, em fonemas, elementos 
articulatórios destituídos de significação, ainda menos numerosos, cuja reunião seletiva e distintiva 
fornece as unidades significantes. Esses fonemas “vazios”, organizados em sistemas, formam a 
base de todas as línguas. Está claro que a linguagem das abelhas não permite isolar semelhantes 
constituintes; não se reduz a elementos identificáveis e distintivos.
(11) O conjunto dessas observações faz surgir a diferença essencial entre os processos de 
comunicação descobertos entre as abelhas e a nossa linguagem. Essa diferença resume-se no 
termo que parece-nos o mais apropriado para definir o modo de comunicação empregado pelas 
abelhas; não é uma linguagem, é um código de sinais. Todos os caracteres resultam disso: a 
fixidez do conteúdo, a invariabilidade da mensagem, a referência a uma única situação, a natureza 
indecomponível do enunciado, a sua transmissão unilateral. É, no entanto, significativo o fato de 
que esse código, única forma de “linguagem” que se pôde até hoje descobrir entre os animais, 
seja próprio de insetos que vivem em sociedades. É também a sociedade que é a condição da 
linguagem. Esclarecer indiretamente as condições da linguagem humana e do simbolismo que 
supõe não é o menor interesse das descobertas de K. Von Frisch, além das revelações que nos 
trazem sobre o mundo dos insetos. É possível que o progresso das pesquisas nos faça penetrar 
mais fundo na compreensão dos impulsos e das modalidades desse tipo de comunicação, mas o 
haver estabelecido que ele exista, qual é e como funciona, já significa que veremos melhor onde 
começa a linguagem e como se delimita o homem4.
Primeiro parágrafo: há a apresentação do posicionamento do produtor do texto, Emile Benveniste, 
que é a de a noção de linguagem não pode ser aplicada ao mundo animal. Este parágrafo traz 
implícito o fato de haver pessoas que já denominaram a comunicação animal como se fosse 
linguagem, posição com a qual o autor não concorda.
Segundo parágrafo: o autor imagina que algum leitor possa pensar diferentemente dele (a 
linguagem se aplicaria ao reino animal não humano) e, por isso, já inicia neste parágrafo uma 
possível argumentação deste contra-argumento generalizado entre muitas pessoas de que os 
4 [1965] Para uma visão de conjunto das pesquisas recentes sobre a comunicação animal e sobre a linguagem das abelhas em 
particular, ver um artigo de T. A. Sebeok, publicado em Science, 1965, p. 1006 ss.
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animais não racionais também teriam linguagem. A redação do texto deixa de ser linear. O produtor 
do texto, aos poucos, derruba possíveis argumentos contrários a seu posicionamento inicial e real, 
que é o seguinte: “Aplicada ao mundo animal, a noção de linguagem só tem crédito por um abuso de 
termos”. O autor faz isso referindo-se a uma experiência realizada com abelhas, na qual verificou-
se comunicação de uma com outras a respeito das coordenadas do pólen.
Terceiro parágrafo: como o produtor do texto referiu-se a uma experiência com abelhas, neste 
parágrafo, resgata a experiência científica seguida por Karl Von Frisch (professor de Zoologia 
da Universidade de Munique), descrevendo-a minuciosamente. Em todo artigo acadêmico, 
especialmente aqueles que serão expostos ao público, as comprovações científicas empregadas 
dão consistência à argumentação do produtor do texto. É importante observar que no último período, 
final do parágrafo, o autor emprega um elemento concessivo-opositivo (mesmo – porém), que lhe 
permite remontar a seu posicionamento inicial, ou seja, manter a coesão e a coerência. 
Veja: “Mesmo demonstradas, porém, não nos permitem falar de uma verdadeira linguagem”. 
O posicionamento inicial é de que o termo linguagem não pode ser aplicado aos animais não 
racionais.
Quarto parágrafo: este é o maior parágrafo por ser aquele em que são detalhadas as experiências 
realizadas para demonstrar que os animais poderiam possuir linguagem. Muitas experiências 
demonstraram que “temos agora o meio de nos assegurarmos de que é mesmo a dança [...] que 
serve às abelhas para informar às companheiras [...] guiá-las [...] sobre a direção e a distância.”
Note-se que, aparentemente, este parágrafo é um reforço da tese contrária (os animais têm 
linguagem) ao posicionamento do autor (a noção de linguagem não pode ser aplicada ao 
mundo animal).
Quinto parágrafo: o produtor do texto evidencia o significado da experiência com as abelhas, isto é, 
o ser humano poderia especificar, com alguma precisão, o modo de comunicação empregado numa 
colônia de insetos. E, pela primeira vez, imaginar o funcionamento de uma “linguagem” animal. O 
termo “linguagem” continua a ser empregado entre aspas quando se refere a animais (reforço da 
tese/posicionamento inicial do autor). Indica para o próximo parágrafo a possibilidade de se referir 
a diferenças/semelhanças entre a linguagem humana e a “linguagem” dos animais. É importante 
notar que o autor do texto, aos poucos, disponibiliza “pistas” para que o leitor não se perca e o texto 
lido não seja uma obra impenetrável, hermética aos leitores. 
Sexto parágrafo: o autor expressa a capacidade da abelha de produzir e compreender mensagens, 
de registrar relaçõesde posição e de distância, de conservar registros de “memória”, de comunicar 
esses registros por meio de comportamentos somáticos. O autor entra no aspecto da simbolização: 
correspondência “convencional” entre o comportamento (no caso das abelhas, a dança) e o dado 
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que a traduz (a posição e a distância). Observa-se novamente o uso de aspas nas palavras que 
contém a tese/posicionamento do autor.
Sétimo parágrafo: resgata o processo de comunicação entre as abelhas e aponta os seguintes 
dados de semelhança com a linguagem humana:
- Uso de um simbolismo verdadeiro, embora rudimentar.
- Transmissão de dados objetivos em gestos formalizados, que comportam elementos variados 
de “significação” constante.
- Validade do sistema no interior de uma dada comunidade.
- Capacidade de cada membro da comunidade entender e empregar o sistema nos mesmos 
termos.
Nesse momento do texto, o leitor poderia estar surpreso com a tese do autor, que é a de que não 
há linguagem além da humana. Isto porque até este parágrafo, o autor parece estar defendendo o 
posicionamento contrário ao seu. 
Oitavo parágrafo: o conectivo, porém, neste parágrafo, já é uma preparação para o leitor de que 
uma argumentação forte sobre o posicionamento/tese inicial (Aplicada ao mundo animal a noção 
de linguagem só tem crédito por um abuso de termos) virá, e realmente isso ocorre quando o autor 
apresenta as diferenças de ordem física entre os seres humanos e as abelhas das experiências. 
A mensagem das abelhas é uma dança sem a intervenção de um aparelho vocal e, além disso, é 
uma mensagem limitada à luz do dia, ou seja, é uma reação ao dado físico. A linguagem humana 
não conhece essa limitação.
Nono parágrafo: neste parágrafo, o autor argumenta definitiva e inequivocamente sua tese/
posicionamento do primeiro parágrafo (Aplicada ao mundo animal a noção de linguagem só tem 
crédito por um abuso de termos) ao apontar as seguintes diferenças, sob o aspecto da comunicação, 
com relação a mensagem das abelhas:
1.	 Refere-se apenas a um dado objetivo; não pode ser reproduzida por outra abelha que não 
tenha visto ela mesma os fatos da experiência. A linguagem humana, ao contrário, reprocessa 
informações, não opera só a partir de relação direta com o dado objetivo da experiência. Em 
outras palavras, a linguagem humana tem capacidade de transmissão e de retransmissão.
2.	 Não conhece o diálogo, que é a condição fundamental da linguagem humana; o ser humano 
refere-se a signos; a referência à experiência objetiva e a reação à manifestação linguística se 
misturam livremente.
3.	 A abelha apresenta reação, que é uma conduta em referência a um dado objetivo.
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4.	 O ser humano apresenta uma resposta linguística à outra manifestação linguística, portanto, 
simbólica. É a possibilidade de construção de mensagem a partir de outra mensagem.
O autor apresenta as primeiras pistas para a conclusão do conceito de linguagem, o que significa 
uma retomada importantíssima para a defesa da tese/posicionamento inicial.
O caráter da linguagem é o de propiciar um substituto da experiência que seja adequado 
para ser transmitido infinitamente no tempo e no espaço, o que é típico do nosso simbolismo 
e é o fundamento da tradição linguística.
Décimo parágrafo: o autor continua a explanar diferenças entre a linguagem humana e a 
comunicação animal, sob a perspectiva de conteúdo das mensagens:
•	 Abelhas: conteúdo restrito; há relação necessária entre a referência objetiva e a simbolização.
•	 O simbolismo das abelhas é o decalque de uma situação objetiva, sem variação ou transposição 
possível, enquanto que o simbolismo dos humanos é ilimitado, não havendo relação necessária 
entre a referência objetiva e a forma linguística (símbolo).
Décimo primeiro parágrafo: este parágrafo 
apresenta, como última distinção, porém 
não menos fundamental, que não existe 
possibilidade de análise das mensagens das 
abelhas. Isso porque as mensagens não são 
segmentáveis, não possuem possibilidades 
combinatórias, não se reduzem a elementos 
identificáveis e distintivos, ou seja, a mensagem 
das abelhas não permite variabilidade, só 
apresenta um conteúdo global.
A linguagem humana, no entanto, apresenta 
grande variedade, redução a elementos 
identificáveis e distintivos, possibilidades 
combinatórias, enfim, capacidade de dizer tudo 
o que se quiser (transmissão e retransmissão 
ao infinito). A “linguagem” das abelhas é tão somente um sistema de sinais; somente os seres 
humanos possuem linguagem no sentido global.
Fonte: http://www.sempre tops.com/estudo/funcoes-da-linguagem/ 
Acesso em: 17 ago. 2012. 
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Exercícios de leitura e compreensão
1.	 Levando em consideração que o texto acadêmico veicula alguma investigação científica, é 
possível afirmar que:
a) O texto “Comunicação animal e linguagem humana” não é acadêmico, por ser tendencioso 
e, continuamente, defender a tese, já ultrapassada, de que a linguagem é única e 
exclusivamente humana.
b) Émile Benveniste, o produtor do texto, não recorreu a outros autores para corroborar seu 
posicionamento/tese.
c) Para o produtor do texto, o que torna a linguagem exclusivamente humana é sua infinita 
capacidade de transmissão e retransmissão. 
d) A experiência citada de Karl Von Firsch não teve repercussão na época por não se tratar 
de uma experiência que tenha seguido os protocolos científicos necessários.
e) Tanto a linguagem humana como a comunicação animal são dependentes do dado físico 
e da luz exterior.
2. Escreva dois argumentos, utilizados por Karl Firsch, a respeito de ações das abelhas que provam 
que podem se comunicar.
3. Escreva dois argumentos que justifiquem, para Émile Benveniste, a seguinte afirmação: “a noção 
de linguagem não pode ser aplicada ao mundo animal”.
Aula 4: Aspectos do conteúdo teórico do texto acadêmico
Neste módulo há a leitura e desvendamento de dois textos acadêmicos que enfocam o mesmo 
assunto: a vida. Além disso, há também o levantamento a respeito de aspectos de conteúdo 
teórico, convergente e/ou divergente; de estratégias discursivas empregadas pelos produtores para 
organização de seus respectivos textos.
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Texto 1
DAVIES,P. O quinto milagre: em busca da origem da vida. Capítulo 1. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2001 (pp 34-40).
O que é vida? – capítulo I do livro O quinto milagre
O que é a vida? 
Antes de atacar o problema da sua origem, é importante ter uma ideia clara do que é vida. Há 
cinquenta anos, muitos cientistas estavam convencidos de que o mistério da vida estava prestes 
a ser resolvido. Os biólogos reconheciam que a chave estava entre os componentes moleculares 
dentro da célula. Àquela altura, os físicos tinham dado passos notáveis que elucidavam a estrutura 
da matéria no nível atômico, e parecia que logo esclareceriam igualmente o problema da vida. A 
agenda foi estabelecida pela publicação do livro de Erwin Schrödinger, What is life?, em 1944. Os 
organismos vivos, assim pareciam na época, acabariam se revelando nada mais que máquinas 
elaboradas com partes microscópicas que podiam ser estudadas usando as técnicas da física 
experimental. Uma investigação cuidadosa fundamentou essa visão. A célula viva está de fato 
apinhada de máquinas em miniatura. Tudo o que se fazia necessário era um manual de montagem 
e o problema estaria resolvido. Hoje em dia, entretanto, a imagem da célula como apenas um 
mecanismo muito complicado parece bastante ingênua. Sem dúvida, a biologia molecular obteve 
sucessos deslumbrantes, mas os cientistas ainda não sabem apontar exatamente o que separa 
um organismo vivo de outros tipos de objetos físicos. Tratar os organismos tem-se mostrado um 
método muito frutífero, sem dúvida alguma, mas é importante não ficar hipnotizado pelo seu charme 
simplista. A explicação mecanicista é umaparte importante da compreensão da vida, mas não é 
toda a história. 
Permita-me dar um exemplo surpreendente de onde reside o problema. Imagine jogar para 
o ar um pássaro morto e um pássaro vivo. O pássaro morto vai aterrissar com uma pancada 
surda, previsivelmente, a alguns metros de distância. O pássaro vivo pode acabar empoleirado, 
improvavelmente, numa antena de televisão no outro lado da cidade, ou no galho de uma árvore, 
em cima de um telhado, uma cerca viva ou um ninho. Seria difícil adivinhar de antemão o lugar 
exato.
Como físico, estou acostumado a pensar a matéria como algo passivo, inerte e insensível como 
um torrão de terra, reagindo apenas quando pressionada por forças externas – como quando o 
pássaro morto cai ao chão sob a força da gravidade. Mas as criaturas vivas têm, literalmente, uma 
vida própria. É como se contivessem uma faísca interior que lhes dá autonomia para que possam 
21
oficina
(dentro de certos limites) fazer o que desejam. Até as bactérias fazem o que querem de forma 
restrita. Essa liberdade, essa espontaneidade, implica que a vida desafia as leis da física, ou os 
organismos vivos apenas aproveitam essas leis para seus próprios fins? E de onde vem esses 
“fins”, num mundo aparentemente governado por forças cegas e sem propósito?
Essa propriedade da autonomia, ou autodeterminação, parece tocar o aspecto mais enigmático que 
distingue os seres vivos dos não vivos, mas é difícil saber qual é sua origem. Que propriedades 
físicas dos organismos vivos lhes conferem autonomia? Ninguém sabe.
Autonomia é uma característica importante da vida. Mas há muitas outras, inclusive as seguintes: 
Reprodução, Metabolismo, Nutrição, Complexidade, Organização, Crescimento e Desenvolvimennto, 
Conteúdo de informação, Emanharamento hardware/ software, Permanência e mudança.
(...) É óbvio que não há resposta para a pergunta 
de Schrödinger: o que é vida? Nenhuma qualidade 
definidora simples distingue o vivo do não vivo. É 
talvez bom que assim seja, porque a ciência apresenta 
o mundo natural como uma unidade. Qualquer coisa 
que introduz uma cunha entre os domínios do vivo e 
do não vivo corre o risco de nos predispor à crença 
de que a vida é mágica ou mística, em vez de algo 
inteiramente natural. É um erro procurar uma linha 
divisória nítida entre os sistemas vivo e não vivo. Não 
se pode eliminar os enfeites e identificar um núcleo 
irredutível da vida, como uma molécula particular. Não 
se pode dizer que existe molécula viva, apenas um sistema de processos moleculares que, tomados 
coletivamente, pode ser considerado vivo.
Posso resumir essa lista de qualidades afirmando que, de um modo geral, a vida parece envolver 
dois fatores cruciais: o metabolismo e a reprodução. É o que podemos observar em nossas próprias 
vidas. Os atos mais básicos de todo ser humano são: respirar, comer, beber, excretar e fazer sexo. 
As primeiras quatro atividades são necessárias para o metabolismo, enquanto a última é necessária 
para a reprodução. É duvidoso se considerarmos viva, no pleno sentido do termo, uma população 
de entidades com metabolismo, mas sem reprodução; ou com reprodução, mas sem metabolismo. 
O autor desenvolve cada uma das 
caraterísticas que cita a respeito dos 
organismos vivos. Para saber mais, 
leia o capítulo 1 da obra citada. 
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Texto 2
(EL-HANI, Charbel Nino; VIDEIRA Antonio Augusto Passos (org.). O que é vida? Para entender a 
biologia do século XXI. Capítulo 8 (PP.187-188) Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000).
Entropia e vida: a questão do tempo linear
Henrique Lins de Barros
A morte é destino de todos os seres vivos. A vida é, assim, um fenômeno efêmero e, além disso, 
aberto. Mesmo o mais solitário indivíduo de qualquer espécie está em permanente contato com sua 
vizinhança, recebendo informações e modificando o meio. A integração de um ser vivo com o meio 
é um processo dinâmico, no qual as mudanças produzidas pelo organismo alteram as propriedades 
físico-químicas do sistema. Dessa forma, as noções de interior e exterior de um ser vivo perdem 
parcialmente o sentido, pois um depende do outro, em um processo de interação no qual o exterior 
também possui uma história e uma evolução temporal. No entanto, as escalas mudam. Todas as 
espécies estão destinadas à extinção, assim como cada indivíduo está condenado a morrer. Nesse 
imbricado contexto, torna-se difícil construir fronteiras entre o que é um organismo e o que constitui 
o ambiente externo. O que permite à vida persistir são os mecanismos de seleção que fazem com 
que variantes novas possam aparecer.
Campos externos, períodos de claro e escuro, variações periódicas de temperatura, marés e outros 
fatores físicos são elementos essenciais para a compreensão de como uma espécie particular 
adapta-se.
O protagonista escondido dessa história é o tempo. O tempo linear que evolui e se propaga e que 
resiste a qualquer tentativa de conceitualização. 
Aqui chegamos a um dos pontos mais importantes do estudo da vida. Resume-se em uma pergunta 
que pode parecer ingênua, mas que esconde uma quantidade enorme de implicações. Ela é 
simplesmente: o que é a vida? Ou seja, por mais elaborada que seja a biologia e o estudo dos seres 
vivos, não sabemos definir um conjunto de propriedades que nos diga, a priori, se um determinado 
sistema é vivo ou não. Utilizaremos a proposta de John Maynard Smith (1986) que, como vários 
outros, está preocupado com as possibilidades de vida fora do ambiente terrestre que as viagens 
espaciais permitem imaginar.
 “Como vamos decidir se algo está vivo?
 ...Creio haver duas propriedades relevantes:
1-	 Ainda que a forma dos organismos vivos permaneça constante, os átomos ou moléculas 
que os constituem variam constantemente, ou seja, existe um metabolismo.
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2-	 As diferentes partes dos organismos têm funções, quer dizer, as partes contribuem para 
a sobrevivência e reprodução do todo. As pernas são para caminhar, o coração é para 
bombear o sangue em todo o corpo, e as abecas cobertas de plumas do dente-de-leão 
ajudam a dispersão da semente.”
Embora na formulação proposta por Smith possamos ficar pensando somente na vida dos animais 
ou vegetais (pois ele faz uso de órgãos como pernas, coração e plumas de uma flor), sua proposição 
é geral e aplica-se a todos os reinos, incluindo células procariotas. Assim, podemos perceber que 
um dos aspectos mais importantes de um ser vivo, essencial para a preservação da vida, é a 
troca de material em todos os níveis, mantendo, entretanto, as funções. Essa característica é rara 
em outros sistemas físicos e não devemos ignorá-la para que possamos tentar entender, com 
base na termodinâmica, os processos biológicos. Outro aspecto que deve ser logo enfatizado é 
o caráter orgânico que, como a palavra indica, está relacionado com a vida. Não existe vida de 
partes, embora possamos ter partes isoladas capazes de realizar processos bioquímicos comuns 
em sistemas vivos. Nossa imediata conclusão é a de que não devemos esperar resultados sempre 
positivos se dedicarmos nosso estudo a partes isoladas de sistemas vivos, pois a vida parece ser 
um imperativo do todo, que só pode ser compreendida nas suas relações com o meio extracelular.
Retomando:
Após as duas leituras, há alguns dados sobre a organização do texto acadêmico que podem ser 
levantados e discutidos. É preciso lembrar que um texto acadêmico, como o próprio nome diz, 
circula em academias/ universidades, lugares de produção e transmissão do conhecimento e não 
apenas da informação. O texto revela informações, mas essas informações precisam de reflexão 
para serem transformadas em conhecimento. É nesse sentido que os textos “O que é vida?“ e 
“Entropia e vida: a questão do tempo linear” serão aproximados.
Modos de organização dos textos
A questão da vida é o assunto abordado nos textos. Por esse motivo,é encontrada a seguinte 
questão: o que é vida? Esta é uma questão retórica, ou seja, uma questão que o próprio autor utiliza 
para enfatizar o que considera essencial em sua produção e que depois será respondida por ele. 
Uma questão retórica pode ajudar a escrever um texto acadêmico, mas não é obrigatória. O texto 
acadêmico admite o uso da primeira ou da terceira pessoa, desde que seja mantida a objetividade. 
O texto “O que é vida?“ é totalmente objetivo. O autor tece comentários a respeito do julgamento 
realizado pelos biólogos, há algum tempo, sobre o entendimento do significado da vida. Além disso, 
ressalta o fato de que este mistério permanece e não é redutível a uma explicação mecanicista. 
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Para proporcionar ao leitor mais elementos que permitam o entendimento do texto, o autor ressalta 
que, para ele, a matéria é algo inerte. Além disso, exemplifica que, ao contrário da matéria, a 
vida não é inerte. A vida é um sistema dinâmico e, por isso, fora do alcance da compreensão da 
completude de sua natureza. Desta forma, o produtor do texto revela humildade científica, mesmo 
em sua posição de físico, quando busca compreender a função dos organismos vivos sob as leis 
da biologia.
Em seguida, o autor retoma a questão da retórica. Este tipo de questão é essencial no desenvolvimento 
do fluxo do pensamento e, desta forma, na organização do texto. Exemplo: Que propriedades físicas 
dos organismos vivos lhes conferem autonomia? A resposta é surpreendente: Ninguém sabe.
Há um momento no texto, em que o autor atribui um conjunto de características aos organismos 
vivos. A intenção é realizar uma organização, de certa forma didática, com separação, identificação 
e explicação a respeito das propriedades físicas dos organismos vivos. Trata-se de um recurso, 
dentro da organização do texto acadêmico, para facilitar a leitura e compreensão das ideias expostas 
pelo autor. Por este motivo, é fundamental reler tais informações que foram elaboradas para auxiliar 
o entendimento do assunto proposto.
A conclusão apresentada no texto “O que é a vida?” refere-se a uma qualidade simples, que é 
a definição do que é vivo e não vivo. Embora o texto seja científico e acadêmico, o autor deixa 
clara sua visão, inclusive utilizando julgamento de valor: é talvez bom que assim seja. Mostrar a 
necessidade de questionamentos e continuidade de pesquisas é uma característica marcante nos 
textos científicos. 
No texto “Entropia e vida: a questão do tempo linear”, embora discuta também a respeito do que é 
vida, o produtor do texto assume uma perspectiva mais filosófica e familiar, comum ao pensamento 
de qualquer leitor. A morte, única certeza sobre o destino das pessoas, não é argumentável. Talvez 
o autor tenha iniciado dessa forma para poder contrapor o fato de que ninguém tem certeza diante 
do significado da vida. Além de tratar da morte, o autor acrescenta a ideia de que a vida é efêmera 
e aberta, ou seja, o contato entre os indivíduos e o meio em que vivem é inevitável. Desse modo, 
o produtor do texto cria um caminho textual para chegar à questão, também retórica: o que é vida?
Para isso, recorre também a John Maynard Smith para discutir as propriedades dos seres vivos.
Ao apresentar as dificuldades relacionadas à definição do significado da vida, o autor objetiva 
proporcionar elementos que auxiliem o leitor a refletir sobre o assunto de forma mais profunda. 
Desta forma, pode-se notar que o texto acadêmico deve ser organizado de acordo com o que se 
deseja proporcionar ao leitor. 
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Aula 5: Estratégias discursivas do texto acadêmico
Ao escrever um texto acadêmico, o “diálogo” entre autores é comum e praticamente 
obrigatório. As ideias do produtor do texto devem estar em consonância com os temas 
em circulação, com as propostas de outros teóricos. Por este motivo, é importante que se 
aprenda a elaborar resenhas acadêmicas – assunto tratado na Oficina de Língua Portuguesa 
III – que são extremamente úteis quando se organiza um trabalho acadêmico, pois permitem 
exatamente essa linguagem dialógica, mostrando que o produtor do texto não tirou suas 
ideias do nada, nem está trabalhando com opinião própria sem fundamentação teórica.
No texto “Entropia e vida: a questão do tempo linear”, o autor discute a respeito do que é vivo ou não 
vivo, que é a proposta citada, e apresenta sua própria conclusão. Desta forma, pode-se dizer que o 
texto tem começo (a morte), desenvolvimento (o que é vida) e conclusão (... a vida parece ser um 
imperativo do todo...). É interessante observar que ideia de conclusão do autor utiliza como recurso 
o procedimento metodológico de analisar a vida como um todo orgânico e não como partes. Isso 
leva à conclusão de que realmente não há uma definição fechada sobre o que é vida.
Escrever é um ato de responsabilidade. Quando expressa suas ideias no papel, o autor coloca 
no mundo algo novo, ou seja, contribui de algum modo para que haja os mais diversos tipos 
de transformações. O texto acadêmico é ainda mais responsável com relação ao impacto das 
transformações que pode proporcionar ao mundo. Como já mencionado, seu objeto é a divulgação de 
uma investigação científica, teórica ou de campo, mas sempre com a intenção de produzir e divulgar 
conhecimento. Por isso mesmo, deve ser resultado de pesquisa; escrito de forma ordenada, com 
preparação de um roteiro anterior; e apresentação de argumentos consistentes. Não se esperam 
respostas aos enigmas fornecidos pelos fenômenos do universo, mas sim a tentativa de equacioná-
los e dar continuidade às pesquisas.
Exercícios de leitura e compreensão
1. Nos textos “O que é vida? Para entender a biologia do século XXI” e “O quinto Milagre - Em busca 
da origem da vida” há uma discussão teórica sobre a definição da vida. Comparando os dois textos, 
assinale o que é correto deduzir da leitura. 
I.	 No texto “O que é vida? Para entender a biologia do século XXI”, escrito por um 
biólogo, além do enfoque científico, há uma preocupação social e até íntima com o 
assunto. No texto “O quinto Milagre – Em busca da origem da vida”, o autor, que é 
26
oficina
físico, posiciona-se de forma mais objetiva e menos filosófica.
II.	 Os dois autores tratam a respeito do significado da vida, porém sob perspectivas 
diferentes: o que é vida social e o que é vida biológica.
III.	 O dois autores corroboram suas respectivas posições, por meio de citações de autores 
e de suas obras.
IV.	 Os dois autores utilizam exemplos para ilustrar seus posicionamentos.
a)	 Só a I está correta.
b)	 Todas estão corretas.
c)	 Só a I, II e III estão corretas.
d)	 Só a II, III e IV estão corretas.
e)	 Só a I, III e IV estão corretas.
2. Assinale a alternativa correta:
a)	 O autor do texto “O que é vida? Para entender a biologia do século XXI” utiliza a primeira 
pessoa do singular.
b)	 O autor do texto “O quinto Milagre – Em busca da origem da vida” utiliza uma “conversa” 
com o leitor, que pode ser reconhecível em alguns tempos verbais.
c)	 O autor do texto “O que é vida? Para entender a biologia do século XXI” chega a uma 
conclusão imediata.
d)	 Ambos o autores consideram difícil, em seu campo, responder à pergunta proposta ”o 
que é vida?”, mas respondem.
e)	 O autor do texto “O quinto Milagre – Em busca da origem da vida” utiliza a primeira 
pessoa do plural.
3. Nos textos “O que é vida? Para entender a biologia do século XXI” e “O quinto Milagre – Em 
busca da origem da vida”, os autores empregam estratégias bem nítidas de escrita de textos 
acadêmicos. Comparando os dois textos, assinale o que é correto deduzir da leitura. 
I.	 Os autores recorrem a outras obras para corroborarem seus posicionamentos; 
trabalham, portanto, com citações – elemento praticamente obrigatório em 
textos acadêmicos e científicos.
II.	 Os textos teóricos estudados contêm argumentos sólidos, justificados27
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racionalmente por seus autores.
III.	 Os textos lidos possuem uma introdução, apresentando um posicionamento, um 
desenvolvimento argumentado, explanando com consistência o posicionamento 
inicial e uma conclusão não necessariamente definitiva.
IV.	 Ambos os textos possuem linguagem formal e os autores utilizam-se da norma 
culta para expressarem suas opiniões.
a)	 Todas as alternativas estão corretas.
b)	 Só a I e a II estão corretas.
c)	 Só a II e III estão corretas.
d)	 Só a III e IV estão corretas.
e)	 Só a I e IV estão corretas.
4. Assinale a(s) alternativa(s) que contenha(m) texto(s) coerente(s) com a dificuldade em definir 
a respeito do mistério do significado da vida. Tome como base a leitura dos dois textos de 
estímulo e apoio.
I.	 De acordo com os pesquisadores Henrique Lins de Barros e Paul Davies, 
respectivamente renomados biólogo e físico, a definição do fenômeno da vida 
permanece um mistério, pois organismos vivos são complexos e não podem ser 
reduzidos a uma explicação reducionista.
II.	 O que é vida? Como defini-la? Como a vida se originou? Como ocorre a evolução? 
Existirá vida em outras regiões do universo? Será possível criar vida no computador? 
Muitos especialistas se reúnem para discutir esses fatos, mas até hoje as respostas 
não parecem ser tão fáceis de serem encontradas.
III.	 Uma parte poderia ser considerada viva? A vida não pode ser considerada a não ser 
em seu todo, como fenômeno complexo, que só pode ser compreendida nas suas 
relações com o meio extracelular (BARROS, 2001, p. 188).
IV.	 Os organismos vivos são complexos e tem, literalmente, uma vida própria, uma 
centelha que desafia as leis da física. Paul Davies, físico e escritor, não se detêm 
diante dos desafios dessa questão e em seu livro “O quinto milagre – Em busca da 
origem da vida”, onde questiona tais aspectos físicos e biológicos.
V.	 O núcleo irredutível da vida, à semelhança do átomo, pode ser identificado pelos físicos 
desde que a física einsteiniana desvendou as possibilidades de fissão do átomo. É a 
vida, possivelmente, um conjunto imbricado de elétrons e nêutrons.
a)	 Todas as alternativas estão corretas.
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b)	 Só a I e a II estão corretas.
c)	 Só a II e III estão corretas.
d)	 Só a I, III e IV estão corretas.
e)	 Só a I e IV estão corretas.
Aula 6: Procedimento textual introdutório 
Esta aula trata da análise do procedimento textual introdutório de um determinado assunto, por 
meio da introdução ao assunto “Direitos Humanos”.
Há também a leitura e desconstrução de textos acadêmicos sobre os direitos humanos, conceitos, 
aplicação e desrespeitos com o objetivo de ampliar o repertório do leitor sobre tal conteúdo. Além 
disso, apresenta identificação de estratégias discursivas de organização de textos sobre o assunto, 
mesmo que sejam de diferentes gêneros, que circulam na academia/universidade. Por meio dessa 
análise, serão tratadas as melhores estratégias para produção de textos acadêmicos.
Texto 1
O que são Direitos Humanos?
Disponível em: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações 
Programáticas Estratégicas. Direitos sexuais, direitos reprodutivos e métodos anticoncepcionais/ 
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas 
Estratégicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/
arquivos/pdf/cartilha_direitos_sexuais_2006.pdf. 
Acesso em: 24 ago. 2012.
Os Direitos Humanos são direitos fundamentais da pessoa humana. Esses direitos são considerados 
fundamentais porque, sem eles, a pessoa não é capaz de se desenvolver e de participar plenamente 
da vida.
O direito à vida, à alimentação, à saúde, à moradia, à educação, o direito ao afeto e à livre expressão 
da sexualidade estão entre os Direitos Humanos fundamentais.
Não existe um direito mais importante que o outro. Para o pleno exercício da cidadania, é preciso 
a garantia do conjunto dos Direitos Humanos. Cada cidadão deve ter garantidos todos os Direitos 
Humanos, nenhum deve ser esquecido.
Respeitar os Direitos Humanos é promover a vida em sociedade, sem discriminação de classe 
social, de cultura, de religião, de raça, de etnia, de orientação sexual. Para que exista a igualdade 
de direitos, é preciso respeito às diferenças.
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A igualdade racial entre homens e mulheres é fundamental para o 
desenvolvimento da humanidade e para tornar reais os Direitos Humanos.
Saiba mais!
Direitos Humanos 
A entrevista abaixo, com Vincent Défourny, representante da Unesco em nosso país, aborda 
as contradições da teoria e prática dos Direitos Humanos no Brasil. Vale lembrar que a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos comemora em 2008 o seu sexagésimo aniversário. 
Teoria e prática dos Direitos Humanos no Brasil
Por Luis Pellegrini
Entrevista disponível em:
<http://www.terra.com.br/revistaplaneta/edicoes/427/
artigo77131-1.htm>. Acesso em: 14 set. 2012
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade 
e direitos. Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e 
à segurança pessoal. Todos são iguais perante a lei e têm 
direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Esses 
são apenas alguns excertos da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos, adotada pela Assembleia das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948.
O momento era propício para a promulgação de um documento do gênero. Na memória de todos 
ainda permanecia bem fresca a lembrança dos horrores cometidos durante a Segunda Guerra 
Mundial. Era preciso delinear balizas bem definidas a respeito dos direitos e deveres de todas as 
pessoas, indivíduos e sociedades, pais de família e detentores do poder.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é, nesse sentido, a síntese do que de melhor 
foi elaborado pela consciência ética da humanidade até aquela data. O resumo de tudo que foi 
mastigado e digerido pelos filósofos e todos os demais gêneros de pensadores ao longo das eras. 
Seus termos aí estão, hoje, à disposição de todos os interessados. Basta procurá-los no site da 
ONU, em português: http://www.onu.org.br/a-onu-em-acao/a-onu-e-os-direitos-humanos/ 
Acesso em: 27 ago. 2012.
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Mais difícil é encontrar lugares onde esses direitos sejam 
devidamente respeitados. A cada instante, no Brasil e 
no mundo, alguém comete alguma infração contra os 
direitos humanos, alguém é vítima desses deslizes. A 
humanidade, como um todo, ainda está longe de possuir 
uma consciência clara o bastante desses direitos para 
respeitá-los e para fazer com que eles sejam respeitados.
Aproveitando as comemorações dos 60 anos de 
promulgação da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, PLANETA foi procurar, em Brasília, o 
representante da Unesco no Brasil, Vincent Défourny. 
Apaixonado pelo tema – que é uma das principais bandeiras de atuação da Unesco no Brasil e 
no mundo –, Défourny disseca, nesta entrevista, a questão dos direitos humanos na atualidade 
brasileira. Para ele, existe uma séria defasagem entre os ideais apresentados na declaração e a 
realidade social do País.
PLANETA – Há 60 anos, as Nações Unidas proclamaram a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos. A Unesco, desde o primeiro momento, se engajou na sua defesa e se transformou 
quase num braço da ONU para a questão dos direitos humanos.
Vincent Defourny – A Declaração Universal dos Direitos Humanos é, sem dúvida, uma das matrizes 
do trabalho das Nações Unidas e da Unesco. É muito interessante lembrar o contexto em que ela 
foi elaborada, há 60 anos, logo após os horrores que caracterizaram a Segunda Guerra Mundial. O 
mundo vivia um momento difícil, no qual se buscava uma redefinição dos eixos e das bases éticas 
que deviam ser declaradas invioláveis. Era necessário recriar uma noção dos direitos fundamentais 
de todos os seres humanos,baseados nos conceitos gerais da igualdade.
Mas, 60 anos depois de proclamada, a declaração ainda precisa ser trabalhada e implementada. 
Ela implica um plano de trabalho e uma agenda para todos aqueles que se preocupam com uma 
justiça social maior e com a igualdade entre as diferentes pessoas. No caso do Brasil, a declaração 
adquire uma relevância muito grande porque muitos dos seus artigos não têm sido aplicados a 
Vincent Défourny, representante da 
Unesco no Brasil.
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todos os brasileiros. O que podemos verificar aqui é uma defasagem entre os ideais apresentados 
na declaração e a realidade social do país. De um lado, temos no Brasil um país que assinou 
a declaração e que, teoricamente, a assume, mas que, de outro lado, ainda carece da sua real 
implementação.
Um sociólogo à frente da Unesco no Brasil
 Vincent Défourny nasceu na Bélgica, em 1959. É doutor em comunicação 
pela Universidade Católica de Louvain; tem licenciatura em comunicação 
social pela mesma universidade; possui diploma para o ensino de ciências 
sociais e formação universitária de base em ciências econômicas, políticas e 
sociais.
De 2002 até abril de 2006, foi redator-chefe da Unesco para web, sendo 
responsável pela reformulação e unificação da linguagem do site (em 
processo) da Unesco. Nesse período foi redator-chefe da revista Correio da 
Unesco. Assumiu a direção interina do escritório da organização no Brasil em 
maio de 2006, sendo confirmado no posto pelo diretor-geral, em 22 de agosto 
de 2007.
P – O que a Unesco tem feito concretamente para eliminar ou pelo menos reduzir essa 
dicotomia entre a teoria e a prática dos direitos humanos no Brasil? 
 
R – Estamos desenvolvendo vários projetos e ações nesse sentido, muitos dos quais embutidos no 
âmbito de ações internacionais similares da Unesco. Alguns desses projetos começarão neste ano e 
terão continuidade no futuro. Eles culminarão ao redor de 10 de dezembro, data oficial do aniversário 
da declaração. O Dia Mundial da Filosofia, 10 de novembro, também dará particular relevância à 
filosofia sobre os direitos humanos. Desde agora, já estamos trabalhando com parceiros, entre 
eles as redes das faculdades brasileiras de filosofia e as escolas que se preocupam em promover 
seminários, conferências e outras atividades.
Um bom jeito de celebrar a filosofia é convidar as pessoas a pensar na lógica da filosofia. Isso não 
está reservado só aos que se graduaram nessa disciplina, mas sim a todos os que se interessam 
pela arte do pensamento e da reflexão, inclusive as crianças.
Publicaremos uma tradução para o português de um excelente estudo comparativo sobre as 
diferentes formas de se ensinar filosofia, desde a escola maternal até a universidade. E, é claro, 
vamos inserir nesse documento algo sobre o ensino dos direitos humanos.
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Também estamos negociando com a Imprensa Oficial de São Paulo a impressão de cartazes, que 
serão colocados em todas as salas das mais de seis mil escolas de São Paulo sobre o tema da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos. O objetivo é deixar nas paredes das escolas as ideias 
da declaração.
P – Ou seja, plantar na mente das crianças o germe da ideia de direitos humanos, e deixar 
que essa semente germine com o tempo. 
R – Exato. Com a vantagem de que é relativamente barato confeccionar esses cartazes. Eles 
permanecerão meses e meses nas paredes das escolas. As crianças poderão lê-los a toda hora, e 
inclusive aprender a refletir sobre seus direitos no dia a dia da escola.
 
No Brasil, existe uma defasagem entre os ideais apresentados na 
declaração e a realidade social do país
P – Na sociedade brasileira ainda é muito pequena a consciência dos direitos e dos deveres. 
A grande massa da nossa população nem sequer sabe que existe uma Carta Universal dos 
Direitos Humanos, nem que existe no país uma Constituição Nacional que estipula com 
clareza os direitos e os deveres do cidadão. É muito importante, portanto, esse trabalho de 
formiga, como o que você acaba de descrever, no qual se planta desde cedo uma semente 
na cabeça da criança para que ela a desenvolva ao longo do tempo e, um dia, produza frutos.
 
R – O Brasil é um Estado de Direito. O que falta em grande medida é a real implementação dos 
direitos, e essa tarefa não deve ser deixada apenas para os políticos de Brasília. É responsabilidade 
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de todos nós. É preciso desenvolver a consciência de que, se meu comportamento no cotidiano for 
justo e correto, já estou colaborando para que os direitos humanos sejam realmente implantados. É 
preciso que em todos os momentos de nossas vidas, nas salas de aula, nos locais de trabalho e em 
casa, esses direitos se tornem realidade prática. Sabemos que a violência e a violação dos direitos 
humanos começam em casa, entre os jovens, os adultos, dentro da escola, no trabalho.
P – Muitos estrangeiros, que moram ou visitam o Brasil, se espantam “porque o brasileiro 
não reclama”. É espoliado pelos impostos, achacado pelos juros, roubado na fila do 
supermercado, nos ônibus e metrôs. No entanto, 
todos ficam quietos, passivos. É como se nós, 
brasileiros, não tivéssemos consciência de que 
temos direitos e que um deles é o de reclamar e 
cobrar quando somos vítimas de uma injustiça. 
R – É verdade. Dizem que existe no Brasil uma cultura 
da não reclamação. Mas temos de ir com muito cuidado. 
Acho importante que as pessoas cobrem os seus direitos, 
que lutem para que eles sejam reconhecidos. Mas, em 
países que possuem uma noção muito desenvolvida de 
direito, – os Estados Unidos, por exemplo – essa lógica, 
se levada ao extremo, termina criando uma grande 
quantidade de problemas que conduzem à jurisdição da 
vida cotidiana.
Você não pode tocar ou fazer um carinho numa criança sem correr o risco de ser acusado de abuso 
sexual.
E tudo se resolve com advogados e em tribunais. É muito importante tentar equilibrar esse discurso. 
Posso e devo lutar pelos meus direitos, mas é meu dever me responsabilizar pela implementação 
desses direitos.
No que diz respeito ao Brasil, concordo que para a maioria dos cidadãos a consciência dos direitos 
é muito fraca e tem de ser desenvolvida. Mas há sinais animadores, como a implementação da 
Lei Maria da Penha, sobre os direitos das mulheres, por exemplo. Essa lei assinala uma mudança 
interessante, pois o poder constituído diz às mulheres: “Vocês têm direitos.”
P – Outro sinal animador é a promulgação de leis relacionadas à igualdade racial no Brasil. 
Uma terra arrasada. Que futuro 
estamos preparando para nossas 
crianças? Elas têm direito a 
herdar um planeta habitável.
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R – Sem dúvida, mas, por enquanto, são leis muito pouco implementadas. Existe por exemplo a Lei 
nº 10.639, de 2003, que obriga o ensino da cultura e da história africanas nas escolas, mas temos 
uma extrema escassez de material didático específico. Onde estão os livros e o material didático 
sobre história e cultura da África? Onde estão os professores realmente preparados para tratar do 
tema?
Exercício de leitura e compreensão
1.	 Responda as questões abaixo, após leitura do texto: 
BANCO MUNDIAL. Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 2011. Disponível em: <http://
www.teleios.com.br/wp-content/uploads/2011/04/Relatorio-Desenvolvimento-Mundial-2011_
Resumo.pdf>. Acesso em: 14 set. 2012.
Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 2011
Visão geral - Abril de 2011
BANCO MUNDIAL
O Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 2011 examina disciplinas e experiências extraídas 
de todo o mundo para oferecer algumas ideias e recomendações práticas sobre como transpor os 
conflitos e a fragilidade e assegurar o desenvolvimento. As principais mensagens são importantes 
para todos os países — de renda baixa, média e alta — bem como para as instituições regionais e 
globais.
Em primeiro lugar,a legitimidade das instituições é a chave para a estabilidade. Quando as 
instituições do Estado não protegem adequadamente os cidadãos, elas não evitam a corrupção 
nem fornecem acesso à justiça; quando os mercados não oferecem oportunidades de trabalho; ou 
quando as comunidades já não têm coesão social — a probabilidade de conflitos violentos aumenta. 
Nos estágios iniciais, os países muitas vezes precisam recuperar a confiança da população na ação 
coletiva básica antes mesmo que se possa transformar as instituições. As vitórias preliminares — 
ações capazes de gerar resultados rápidos e tangíveis — são fundamentais.
Segundo, é essencial investir em segurança cidadã e empregos para reduzir a violência. Mas 
existem grandes lacunas estruturais na nossa capacidade coletiva para apoiar essas áreas. Há 
lugares onde os Estados frágeis podem buscar ajuda para construir um exército, mas ainda não 
dispomos de recursos semelhantes para criar forças policiais ou sistemas de correção. Precisamos 
dar mais ênfase aos projetos preliminares de criação de empregos, especialmente por intermédio 
do setor privado. 
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O Relatório apresenta percepções sobre a importância da participação das mulheres nas coalizões 
políticas, reforma da segurança e da justiça e empoderamento econômico.
Terceiro, o confronto efetivo desses desafios significa que as instituições precisam mudar. Os 
órgãos internacionais e parceiros de outros países devem adaptar seus procedimentos para 
poderem responder com agilidade e rapidez, a uma perspectiva de longo prazo e maior poder de 
permanência. A assistência precisa ser integrada e coordenada; os fundos fiduciários de múltiplos 
doadores demonstraram ser úteis no alcance desses objetivos ao mesmo tempo em que diminuem 
o ônus dos novos governos com pouca capacidade. Precisamos de uma melhor conexão entre 
os órgãos humanitários e os órgãos de desenvolvimento. E precisamos aceitar um nível maior de 
risco: se as legislaturas e os inspetores esperarem somente os bons momentos e se limitarem a 
punir os fracassos, as instituições se afastarão dos problemas mais difíceis e se sufocarão em 
procedimentos e comitês para evitar a responsabilidade. Este Relatório sugere algumas ações 
específicas e maneiras de medir os resultados.
Quarto, precisamos adotar uma abordagem em camadas. Alguns problemas podem ser tratados 
no nível nacional, mas outros precisam ser abordados no âmbito regional, tais como os mercados 
em desenvolvimento que integram áreas de insegurança e o compartilhamento de recursos para 
formular a capacidade. São necessárias algumas ações de âmbito global, tais como a geração 
de novas capacidades para apoiar a reforma da justiça e a geração de empregos; a criação de 
parcerias entre os países produtores e países consumidores para conter o tráfico ilegal de drogas; 
e a ação para reduzir as tensões causadas pela volatilidade dos preços dos alimentos.
Quinto, ao adotar essas abordagens, precisamos ter consciência de que o panorama global 
está mudando. As instituições regionais e os países de renda média estão desempenhando um 
papel maior. Isso significa que devemos prestar 
mais atenção às trocas sul-sul e sul-norte e às 
recentes experiências de transição dos países 
de renda média.
Os riscos são elevados. Um conflito civil custa 
a um país em desenvolvimento típico cerca de 
30 anos de crescimento do PIB e os países que 
enfrentam crises prolongadas podem perder mais 
de 20 pontos percentuais no combate à pobreza. 
É fundamental para a segurança e o desenvolvimento globais que encontremos maneiras eficazes 
de ajudar as sociedades a escaparem de novos ataques ou de ciclos repetidos de violência — mas, 
para tanto, é preciso reformular o pensamento inclusive sobre como avaliamos e administramos 
o risco. Qualquer uma dessas mudanças deve estar fundamentada num roteiro claro e iniciativas 
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fortes. Espero que este Relatório ajude outras pessoas e nós mesmos a desenhar esse roteiro.
Robert B. Zoellick
Presidente
Grupo Banco Mundial
Assinale (V) para as afirmações verdadeiras e (F) para as afirmações falsas sobre a 
organização geral do texto.
 
a) ( ) Pode-se afirmar que a introdução deste texto inicia-se em “O Relatório sobre o Desenvolvimento 
Mundial 2011 examina disciplinas... “e termina em “...para as instituições regionais e globais”.
b) ( ) O autor não optou por organizar seus argumentos em forma de enumeração, o que facilitaria 
a leitura.
c) ( ) A disposição dos argumentos parte de ações concretas – segurança, trabalho, justiça, 
emprego, parceria entre os países, observância dos níveis de regionalização, nacionalização e 
internacionalização - para a noção abstrata de consciência da mudança de valoração das relações 
entre os países.
d) ( ) Pode-se afirmar que o desenvolvimento/argumentação deste texto se inicia em “Em primeiro 
lugar, a legitimidade das instituições é a chave para a estabilidade...” e termina em “...Isso significa 
que devemos prestar mais atenção às trocas sul-sul e sul-norte e às recentes experiências de 
transição dos países de renda média”.
e) ( ) Um dos argumentos, utilizados pelo autor, diz respeito à melhoria das relações de parcerias e 
países produtores e países consumidores. No caso das drogas, por exemplo, esta atitude mitigaria 
a violência.
f) ( ) Na introdução, o autor apresenta o assunto sobre o qual tem algum posicionamento; no 
desenvolvimento, o autor utiliza argumentos que substanciem este posicionamento; na conclusão, 
o autor propõe alternativas para que se tentem soluções para o problema discutido no texto.
Aula 7: Aspectos de organização discursiva
Nesta aula serão explicados os mecanismos enunciativos, ou seja, estratégias que o autor 
utiliza para organizar o texto e provocar determinados efeitos de sentido. São eles: modalização 
e intertextualidade; metacomentário; utilização de pronomes e de sua relação com a esfera de 
locução do produtor do texto; leitura e compreensão de texto.
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Modalização: quando um autor escreve um texto e argumenta sobre um posicionamento em 
relação a um determinado assunto, pode organizar seu texto de modo mais ou menos assertivo, ou 
seja, mostrar o grau de certeza que quer ou não expressar (efeito de sentido), com palavras mais 
ou menos taxativas. Dessa forma, pode-se dizer que:
a) Palavras/texto mais assertivo: é sustentável e está fadado ao sucesso.
b) Palavras/texto menos assertivo: verbo poder ao invés de dever, verbo parecer no lugar 
de ser; empregar o futuro do pretérito; utilizar a expressão “se fosse” para indicar hipóteses 
e não certezas; empregar palavras como talvez, possivelmente, provavelmente.
Intertextualidade: referências a outros autores ou obras são comuns em textos científicos/
acadêmicos. Quando um texto é escrito, pressupõe-se que o autor organizou esse produto com 
base no conhecimento de mundo que possui, aliado às leituras que realizou ao longo de sua vida. 
A intertextualidade aparece na superfície do texto marcada como uma citação, entre aspas, por verbos 
dicendi (verbos de dizer), itálico, sublinhado. Além disso, pode-se dizer que a intertextualidade é uma 
forma de diálogo com outros textos, autores, obras, conhecimento de mundo; que se estabelecem 
de forma implícita. Quando um autor descreve a respeito da necessidade de quem vive em um 
paraíso, por exemplo, o simples fato de empregar o conceito de paraíso estabelece uma relação 
intertextual com a tradição da ideia de paraíso que a maioria das pessoas tem, e que é originária 
do conteúdo da Bíblia.
Metacomentário: quando um autor escreve um texto, muitas vezes precisa explicar suas próprias 
palavras; ou seja, explicar novamente e de outra forma algo que já havia mencionado no texto. Esta 
explicação aqui realizada, por exemplo, é um metacomentário. Normalmente, o metacomentário é 
precedido das expressões isto é,

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