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ALIENACAO PARENTAL

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ 
 
ANDRESA LEITE DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2016 
 
 
ANDRESA LEITE DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao 
Curso de Direito da Faculdade de Ciências 
Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como 
requisito parcial para a obtenção do grau de 
Bacharel. 
Orientador: Professora Geórgia Sabbag Malucelli 
Niederheitmann. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2016 
 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
Andresa Leite da Silva 
 
 
 
SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do grau de Bacharel no 
Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná. 
 
 
 
 
Curitiba, de de 2.016. 
 
 
 
 
 
Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leite 
Coordenador do Núcleo de Monografia 
Universidade Tuiuti do Paraná 
 
 
 
Orientador: ___________ 
Profª. Drª Geórgia Sabbag Malucelli Niederheitmann. 
Universidade Tuiuti do Paraná 
Curso de Direito 
 
 
 
 
Supervisor: Prof. Dr. 
Universidade Tuiuti do Paraná 
Curso de Direito 
 
 
 
 
Supervisor: Prof. Dr. 
Universidade Tuiuti do Paraná 
Curso de Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus pais que 
sempre estiveram ao meu lado me 
apoiando em tudo, ao meu irmão Felipe, 
e ao meu namorado William que sempre 
me apoiou e acreditou em mim, e à minha 
orientadora Geórgia, tendo em vista a sua 
dedicação e toda paciência comigo. 
 
RESUMO 
 
O objetivo deste trabalho é, a partir de pesquisas, divulgar e conhecer com mais 
detalhe o conceito da “Síndrome de Alienação Parental”, também chamada de falsas 
memórias ou abuso do poder parental. 
Reconhecida como forma de abuso emocional, pode causar à criança ou ao 
adolescente, distúrbios psicológicos. Pretende-se identificar os instrumentos jurídicos 
existente na legislação brasileira capazes de inibir ou atenuarem os seus efeitos. O 
comportamento desencadeado pelo genitor guardião tem por objetivo limitar ou 
impedir o convívio do outro genitor com o filho comum após o rompimento do vínculo 
conjugal. Busca-se referir eventuais motivos que possam desencadear a síndrome, 
bem como propor algumas soluções através da via judicial que podem ser adotadas 
pelo genitor alienado em benefício dele e da criança envolvida. Neste contexto, busca-
se demonstrar que a mediação familiar pode servir como instrumento de solução da 
síndrome da alienação parental. Demonstrando essas ações por alguns motivos 
como: ciúmes, inveja, possessividade e até mesmo influência de familiares, na qual a 
criança é usada para atingir um dos pais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 6 
2 FAMÍLIA ............................................................................................................. 7 
2.1 EVOLUÇÃO FAMILIAR ...................................................................................... 7 
2.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA FAMÍLIA ................................................ 8 
2.2.1 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e Família ....................................... 9 
2.2.2 Princípio da Solidariedade Familiar .................................................................... 9 
2.2.3 Princípio da Igualdade Familiar e Direito à Diferença ...................................... 10 
2.2.4 Princípio da Liberdade Familiar ........................................................................ 10 
2.2.5 Princípio da Afetividade .................................................................................... 11 
2.2.6 Princípio da Convivência Familiar .................................................................... 11 
2.2.7 Princípio do Melhor Interesse da Criança......................................................... 12 
3. PODER FAMILIAR........................................................................................... 13 
3.1 TENTATIVA CONCEITUAL .............................................................................. 13 
3.2 CARACTERÍSTICAS ........................................................................................ 14 
3.3 EXTINÇÃO E SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR ....................................... 15 
4. PROTEÇÃO À PESSOA DOS FILHOS NA SEPARAÇÃO JUDICIAL, 
DIVÓRCIO OU DISSOLUÇÃO DA UNIAO ESTÁVEL ............................................. 18 
4.1 DA GUARDA .................................................................................................... 19 
4.1.1 Conceito de Guarda ......................................................................................... 19 
4.1.2 Guarda Unilateral ............................................................................................. 20 
4.1.3 Guarda Compartilhada ..................................................................................... 21 
5. SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL .................................................... 24 
5.1 DIFERENÇA ENTRE A SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL E 
ALIENAÇÃO PARENTAL ......................................................................................... 25 
5.2 PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES DA SAP ........................................................ 27 
5.2.1 Campanha de difamação. ................................................................................ 27 
 
 
5.2.2 Razões fracas, frívolas ou absurdas para a depreciação. ................................ 27 
5.2.3 Falta de ambivalência....................................................................................... 28 
5.2.4 O fenômeno do “pensador independente”. ....................................................... 29 
5.2.5 Apoio reflexivo ao genitor alienador no conflito parental. ................................. 30 
5.2.6 Ausência de culpa sobre a difamação e/ou exploração do genitor odiado. ...... 30 
5.2.7 Presença de “encenações” encomendadas. .................................................... 30 
5.2.8 Propagação da animosidade aos amigos e/ou à família extensa do genitor 
odiado. ...................................................................................................................... 30 
5.3 ESTÁGIOS DA SÍNDROME ............................................................................ 31 
5.4 LEI 12.318/2010 ............................................................................................... 31 
5.5 IDENTIFICAÇÃO DO GENITOR ALIENADOR ................................................ 36 
5.6 COMPORTAMENTO DO GENITOR ALIENADOR .......................................... 37 
5.7 AS CONSEQUÊNCIAS PARA AS CRIANÇAS E OS ADOLESCENTES ......... 38 
5.8 FALSAS MEMÓRIAS ....................................................................................... 40 
6. CONCLUSÃO .................................................................................................. 44 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Com a dissolução do casamento, de uma união estável ou de um 
relacionamento fica a questão: quem vai ficar com a guarda da criança? 
Oproblema dessa questão é que muitas vezes, após o rompimento de um 
relacionamento, os genitores ficam brigados, fazendo com que eles não entrem em 
acordo nenhum com relação a guarda. 
Com a guarda resolvida por meio de uma ação, em alguns casos começam a 
ocorrer outros problemas, pois o genitor guardião começa a atacar o outro genitor por 
meio de seu filho, pois em sua cabeça ele precisa se vingar. Aí começa a Síndrome 
da Alienação Parental. 
A Síndrome da Alienação Parental nada mais é do que uma ação psicológica 
do genitor guardião em relação a prole, ou seja, é através de meios psicológicos que 
o genitor induz a criança a um sentimento de ódio, recusa e algumas vezes com 
induções a atos praticados pelo outro genitor, tais como o abuso sexual, em que a 
criança, através de seu imaginário, acaba por acreditar que realmente houve o abuso. 
Uma das premissas da Síndrome da Alienação Parental é o caráter 
interdisciplinar, pois há necessidade não só da intervenção jurídica, mas também 
psicológica, psiquiátrica, bem como social. 
Como pode ser resolvido esse problema? 
Tendo em vista essa dificuldade, o presente trabalho trabalhará toda a parte 
histórica da família, bem como sua evolução, para que possamos adentrar na 
Síndrome da Alienação Parental, concluindo, no último capítulo, como está sendo 
julgado esse tipo de ação no Paraná. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
2. FAMÍLIA 
 
 
2.1 EVOLUÇÃO FAMILIAR 
 
 
Primeiramente, antes de adentrarmos no assunto principal, é de suma 
importância entender a evolução da família. 
A palavra família é de origem romana, famulus, que significa escravo. 
O termo família se referia ao conjunto de escravos, servos que eram 
subordinados a seu superior, ou seja, havia um “senhor”, o pater familias, que 
mandava em seus súditos, bem diferente do conceito que conhecemos hoje. 
O doutrinador Paulo Lôbo, citando o autor Engels, diz que: 
 
Engels (1944, p. 80-5) esclarece que a palavra família não pode ser aplicada, 
a princípio, nos romanos antigos, ao casal e aos filhos, mas somente aos 
escravos. Famulus queria dizer escravo e família era o conjunto de escravos 
pertencentes a um mesmo homem. Ainda no tempo de Caio, a família id est 
patrimonium (quer dizer, parte da herança) era transmitida 
testamentariamente. Segundo esse autor, a expressão foi inventada pelos 
romanos para designar um novo organismo social cujo chefe tinha sob suas 
ordens a mulher, os filhos e certo número de escravos, submetidos ao poder 
paterno romano, com direito de vida e morte sobre todos eles. Essa família 
seria baseada no domínio do homem, com expressa finalidade de procriar 
filhos de paternidade incontestável, inclusive para fins de sucessão. Foi a 
primeira forma de família fundada sobre condições não naturais, mas 
econômicas, resultando no triunfo da propriedade individual sobre a 
compropriedade espontânea primitiva. (LÔBO, 2015, p. 20). 
 
Com isso, podemos observar que antigamente o homem detinha o poder 
sobre a mulher e os filhos. Para ele, sua única obrigação era sustentar 
financeiramente a família e em relação aos outros afazeres, bem como cuidar dos 
filhos, era obrigação da mulher. 
Agora, o conceito de família é outro. Com o passar dos anos, houve uma 
grande mudança no comportamento da sociedade, alterando assim o andamento da 
família. Atualmente, o pai, a princípio, atua ativamente na educação dos filhos, bem 
como nos afazeres domésticos. 
Infelizmente, ainda existem pessoas com o pensamento de que o homem é o 
provedor da família, porém, como já mencionado, hoje em dia a palavra família possui 
outros significados. O Dicionário Aurélio define a palavra família como: 
 
8 
 
1. Conjunto de todos os parentes de uma pessoa, e, principalmente, dos que 
moram com ela. 
2. Conjunto formado pelos pais e pelos filhos. 
3. Conjunto formado por duas pessoas ligadas pelo casamento e pelos seus 
eventuais descendentes. 
4. Conjunto de pessoas que têm um ancestral comum. 
5. Conjunto de pessoas que vivem na mesma casa. 
6. Raça, estirpe. 
(disponível em <https://dicionariodoaurelio.com/familia, acesso em 20 ago. 
2016). 
 
Para Eduardo de Oliveira Leite, diversas são as significações jurídicas 
atribuíveis à palavra família: 
 
I – Num sentido amplo (lato sensu) – Família é o conjunto de pessoas ligadas 
por vínculo de sangue, ou seja, todas aquelas pessoas provindas de um 
tronco ancestral comum. É nesse sentido que é empregada pelo art. 1.412, § 
2º, do atual CC. II – Num sentido mais limitado – A família abrangeria os 
consanguíneos em linha reta – por exemplo, pais e filhos – e os colaterais 
sucessíveis, isto é, até o quarto grau (art. 1.839). III – Num sentido restrito 
(stricto sensu) – A família se reduziria aos pais e sua prole. É o que se chama, 
atualmente, “família nuclear”. É nesse sentido que a palavra é empregada 
pelo art. 1.568. (LEITE, 2013, p. 22). 
 
 
 
Já para Maria Berenice Dias, a definição de família está elencada na Lei da 
Maria da Penha: 
Agora – e pela primeira vez – a lei define a família atendendo a seu perfil 
contemporâneo. A Lei Maria da Penha (L 11.340/06), que busca coibir a 
violência doméstica e familiar contra a mulher, identifica como família 
qualquer relação íntima de afeto (LMP 5º III). (DIAS, 2015, p. 132). 
 
Assim, podemos afirmar que a palavra família não tem um único sentido, ao 
contrário, esta expressão varia conforme o tempo e o espaço, na medida em que a 
sociedade vai se modificando. 
 
2.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA FAMÍLIA 
 
No Brasil, há várias interpretações com relação aos princípios constitucionais 
que amparam a família, pois é difícil nominar ou até mesmo quantificar os princípios 
que a norteiam. 
Há vários princípios constitucionais da família, porém, como referência, 
podemos utilizar a divisão feita por Paulo Lôbo que diz que os princípios podem ser 
9 
 
assim agrupados: (LÔBO, 2015, p. 53). 
 
2.2.1 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e Família 
 
Paulo Lôbo acredita que a dignidade da pessoa humana é o núcleo existencial 
que é plenamente comum a todas as pessoas humanas, aquelas do mesmo gênero 
humano, o que impõe a elas um dever geral de respeito, proteção e intocabilidade. 
(LÔBO, 2015, pg. 54). 
Para Maria Berenice Dias, o princípio da dignidade da pessoa humana é: 
 
É o princípio maior, fundante do Estado Democrático de Direito, sendo 
afirmado já no primeiro artigo da Constituição Federal. A preocupação com a 
promoção dos direitos humanos e da justiça social levou o constituinte a 
consagrar a dignidade da pessoa humana como valor nuclear da ordem 
constitucional. (DIAS, 2015, pg. 44) 
 
Sendo assim, podemos destacar o princípio da dignidade humana como o 
principal norteador de todos os outros princípios constitucionais. 
 
2.2.2 Princípio da Solidariedade Familiar 
 
O princípio da solidariedade afeta no modo de pensar e viver da sociedade, 
tendo em vista o predomínio dos interesses individuais que marcaram épocas 
passadas no começo da modernidade, que refletem até a atualidade. (LÔBO, 2015, 
pg. 56) 
Paulo Lôbo ainda complementa: 
 
A regra matriz do princípio da solidariedade é o inciso I do art. 3º da 
Constituição Federal. No Capítulo destinado à família, o princípio é revelado 
incisivamente no dever imposto à sociedade, ao Estado e à família (como 
entidade e na pessoa de cada membro) de proteção ao grupo familiar (art. 
226), à criança e ao adolescente (art. 227) e às pessoas idosas (art. 230). 
(LÔBO, 2015, pg. 57) 
 
Podemos concluir, assim, que o Princípio da Solidariedade Familiar impõe à 
sociedade, ao Estado e à família, que protejam o grupo familiar, ou seja, não é só 
dever dos membros da família.10 
 
2.2.3 Princípio da Igualdade Familiar e Direito à Diferença 
 
A Constituição Federal fala expressamente do princípio da igualdade familiar, 
mais claramente nos preceitos que tratam das três principais situações nas quais a 
desigualdade de direitos foi a constante histórica: os cônjuges, os filhos e as entidades 
familiares. (LÔBO, 2015, pg. 59) 
Como Paulo Lôbo diz: 
 
[...] O simples enunciado do § 5º, do art. 226 traduz intensidade revolucionária 
em se tratando dos direitos e deveres dos cônjuges, significando o fim 
definitivo do poder marital: “Os direitos e deveres referentes à sociedade 
conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher” [...]. (LÔBO, 
2015, pg. 59) 
 
Ainda complementa: 
 
[...] O sentido da sociedade conjugal é mais amplo, pois abrange a igualdade 
de direitos e deveres entre os companheiros da união estável. O §6º do art. 
227, por sua vez, introduziu a máxima igualdade entre os filhos, “havidos ou 
não da relação de casamento, ou por adoção”, em todas as relações jurídicas, 
pondo cobro às discriminações e desigualdade de direitos, muito comuns na 
trajetória do direito de família brasileiro. [...] 
 
Lembrando que, em situações que forem tratados desigualmente os 
desiguais, os pais não poderão ser acusados de discriminação. (LÔBO, 2015. Pg. 61) 
 
2.2.4 Princípio da Liberdade Familiar 
 
Paulo Lôbo explica que: 
 
O princípio da liberdade diz respeito ao livre poder de escolha ou autonomia 
de constituição, realização e extinção de entidade familiar, sem imposição ou 
restrições externas de parentes, da sociedade ou do legislador; à livre 
aquisição e administração do patrimônio familiar; ao livre planejamento 
familiar; à livre formação dos filhos, desde que respeitadas suas dignidades 
como pessoas humanas; à liberdade de agir, assentada no respeito à 
integridade física, mental e moral. (LÔBO, 2015, pg. 64) 
 
Tal princípio trata da liberdade da criação, manutenção, extinção constituição 
e reinvenção das famílias, ou seja, o Estado não pode regular deveres que restrinjam 
a liberdade da família, se isso não repercuta em um interesse geral. (LÔBO, 2015, pg. 
65) 
 
11 
 
2.2.5 Princípio da Afetividade 
 
É importante frisar que o princípio da afetividade, tal como princípio jurídico, 
não se confunde com o afeto, como fato psicológico, ou anímico, porquanto pode ser 
presumida quando este faltar na realidade das relações; assim, a afetividade é dever 
imposto aos pais em relação aos filhos e ao contrário também, ainda que haja 
desafeição ou desamor entre eles. (LÔBO, 2015, pg. 66) 
Paulo Lôbo lembra que o princípio da afetividade está elencado no art. 1.593 
do Código Civil, vejamos: 
 
O art. 1.593 do Código Civil enuncia regra geral que comtempla o princípio 
da efetividade, ao estabelecer que o “o parentesco é natural ou civil, conforme 
resulte de consanguinidade ou outra origem”. Essa regra impede que o Poder 
Judiciário apenas considere como real a biológica. Assim, os laços de 
parentesco na família (incluindo a filiação), sejam eles consanguíneos ou de 
outra origem, têm a mesma dignidade e são regidos pelo princípio da 
efetividade. (LÔBO, 2015, 67) 
 
 
Todavia, há duas hipóteses em que o princípio da afetividade entre pais e 
filhos deixa de incidir, são elas: com o falecimento de um dos sujeitos ou se houver 
perda da autoridade parental. (LÔBO, 2015, pg. 66) 
 
 
2.2.6 Princípio da Convivência Familiar 
 
Paulo Lôbo explica que a convivência familiar é: 
 
[...] a relação afetiva diuturna e duradoura entretecida pelas pessoas que 
compõem o grupo familiar, em virtude de laços de parentesco ou não, no 
ambiente comum. É o ninho no qual as pessoas se sentem recíproca e 
solidariamente acolhidas e protegidas, especialmente as crianças. (LÔBO, 
2015, pg. 68) 
 
Lembrando que, o direito à convivência familiar não é limitada somente à 
família nuclear, aquela composta pelos pais e filhos. Em caso de conflito, o Poder 
Judiciário abrange a família, e considera outras famílias também levando em conta 
os valores e costumes daquele lugar. (LÔBO, 2015, pg. 69) 
 
 
12 
 
2.2.7 Princípio do Melhor Interesse da Criança 
 
O princípio do melhor interesse significa que a criança e o adolescente, devem 
ter seus interesses tratados com prioridade, pela família, pela sociedade e pelo 
Estado, tanto na elaboração quanto na aplicação dos seus direitos, notadamente nas 
relações familiares, como pessoa em desenvolvimento e dotada de dignidade. (LÔBO, 
2015, pg. 69) 
Paulo Lôbo salienta que: 
 
No direito brasileiro, o princípio encontra fundamento essencial no art. 227, 
que estabelece ser dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à 
criança e ao adolescente “com a absoluta prioridade” os direitos que enuncia. 
A convenção Internacional dos Direitos da Criança, com força de lei no Brasil 
desde 1990, estabelece em seu art. 3.1 que todas as ações relativas aos 
menores devem considerar, primordialmente, “o interesse maior da criança”. 
LÔBO, 2015, pg. 71) 
 
Ou seja, havendo conflitos de direito, os direitos das crianças e dos 
adolescentes sempre serão tratados como prioridade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
3. PODER FAMILIAR 
 
 
3.1 TENTATIVA CONCEITUAL 
 
Poder familiar é o conjunto de direitos e deveres estabelecidos entre os pais 
e seus filhos menores não emancipados. A expressão, introduzida pelo Código Civil 
Brasileiro de 2002, substitui o termo “pátrio poder” que, como o próprio nome sugere, 
ressalta a predominância paterna e a figura do “chefe de família” na condução dos 
assuntos domésticos e familiares. 
Somente em 2002 que o vestígio de uma sociedade patriarcal foi eliminado 
de nossa legislação. Desde então, perante a lei, pai e mãe partilham igualmente a 
responsabilidade sobre os filhos. 
Segundo o Eduardo de Oliveira Leite, o nome “Poder Familiar” está 
equivocado: 
O “poder parental” (e não “familiar” como, equivocadamente, consta no 
Código Civil de 2002) é a expressão que revela com intensidade esta nova 
ordem de valores que passa a invadir o ambiente familiar. Poder parental, 
dos pais, e não mais pátrio poder que, inevitavelmente, sugeria o conjunto de 
prerrogativas conferidas ao pai (pater), na qualidade de chefe da sociedade 
conjugal. (LEITE, 2013, pg. 255) 
 
Carlos Roberto Gonçalves também critica a expressão “Poder Familiar”, 
mesmo tal expressão sendo tão utilizada pelos doutrinadores: 
 
A denominação “poder familiar” é mais apropriada que “pátrio poder” utilizada 
pelo Código de 1916, mas não é a mais adequada, porque ainda se reporta 
ao “poder”. Algumas legislações estrangeiras, como a francesa e a norte-
americana, optaram por “autoridade parental”, tendo em vista que o conceito 
de autoridade traduz melhor o exercício de função legítima fundada no 
interesse de outro indivíduo, e não em coação física ou psíquica, inerente ao 
poder. (GONÇALVES, 2015, pg. 421) 
 
O poder familiar não se trata do exercício de uma autoridade, mas de um 
encargo imposto por lei aos pais, ou seja, não é uma opção dos pais em ter ou não 
esse poder sobre os filhos, mas sim uma obrigação e dever que devem ser 
respeitados. 
Vale salientar que a autonomia da família não é absoluta, em algumas 
situações poder haver a intervenção subsidiária do Estado. O Código Civil, em seu 
14 
 
artigo 1513, retrata que é defeso de qualquer pessoa de direito público ou privado 
interferir na comunhão da vida instituída pela família, cabendo aos pais o controle 
sobre a família e os filhos devendo agir de forma digna e moral, ao Estado incumbe-
se formular e executar a política de atendimento aos direitos da criança e doadolescente, em parceria com a sociedade, controlando a esfera negativa da atuação 
dos pais, tendo responsabilidade para agir quando os genitores não cumprem o 
disposto em lei. 
 
 
3.2 CARACTERÍSTICAS 
 
O poder parental/familiar não pode ser delegado, renunciado e muito menos 
alienado. Qualquer ato de abdicação feito pelos pais será nulo. 
Maria Berenice Dias esclarece que: 
 
O Poder familiar é irrenunciável, intransferível, inalienável e imprescritível. 
Decorre tanto da paternidade natural como da filiação legal e da socioafetiva. 
As obrigações que dele fluem são personalíssimas. Como os pais não podem 
renunciar aos filhos, os encargos de derivam da paternidade também não 
podem ser transferidos ou alienados. (DIAS, 2015, pg. 462) 
 
Todavia, há uma exceção no art. 166 no Estatuto da Criança e do 
adolescente, in verbis: 
 
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou suspensos 
do poder familiar, ou houverem aderido expressamente ao pedido de 
colocação em família substituta, este poderá ser formulado diretamente em 
cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes, dispensada a 
assistência de advogado. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) 
Vigência. 
§ 1o Na hipótese de concordância dos pais, esses serão ouvidos pela 
autoridade judiciária e pelo representante do Ministério Público, tomando-se 
por termo as declarações. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 
§ 2o O consentimento dos titulares do poder familiar será precedido de 
orientações e esclarecimentos prestados pela equipe interprofissional da 
Justiça da Infância e da Juventude, em especial, no caso de adoção, sobre a 
irrevogabilidade da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 
§ 3o O consentimento dos titulares do poder familiar será colhido pela 
autoridade judiciária competente em audiência, presente o Ministério Público, 
garantida a livre manifestação de vontade e esgotados os esforços para 
manutenção da criança ou do adolescente na família natural ou extensa. 
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 
§ 4o O consentimento prestado por escrito não terá validade se não for 
ratificado na audiência a que se refere o § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei 
nº 12.010, de 2009) Vigência 
§ 5o O consentimento é retratável até a data da publicação da sentença 
constitutiva da adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 
15 
 
§ 6o O consentimento somente terá valor se for dado após o nascimento da 
criança. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 
§ 7o A família substituta receberá a devida orientação por intermédio de 
equipe técnica interprofissional a serviço do Poder Judiciário, 
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da 
política municipal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela 
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência. 
 
O poder familiar/parental é também imprescritível no sentido de que dele o 
genitor não decai pelo fato de não exercitá-lo, somente podendo perdê-lo na forma e 
nos casos expressos em lei. Outrossim, é incompatível com a tutela, não se podendo 
nomear tutor a menor cujos pais não foram suspensos ou destituídos do poder 
familiar. 
O artigo 1.630 do Código Civil preceitua que "Os filhos estão sujeitos ao poder 
familiar, enquanto menores". Assim, temos que a menoridade cessa aos 18 (dezoito) 
anos completos, extinguindo nessa idade o poder familiar, ou antes, se ocorrer a 
emancipação em razão de alguma das causas indicadas no parágrafo único, do artigo 
5º, do Código Civil. 
 
 
3.3 EXTINÇÃO E SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR 
 
Para assegurar o melhor interesse da criança e do adolescente (filhos 
menores não emancipados), o Estado pode intervir no Poder Familiar, já que tal poder 
não é absoluto. 
Existem normas que autorizam o Magistrado privar os pais de seu exercício 
temporariamente, isso acontece na suspensão do poder familiar. 
A suspensão do poder familiar é menos grave, por isso pode haver a revisão 
da mesma. 
Conforme o art. 157 do ECA, o magistrado poderá, liminarmente ou 
incidentalmente, decretar a suspensão da autoridade parental. Esta decisão haverá 
de ser registrada, à margem do registro de nascimento da criança ou do 
adolescente, tendo em vista o § único do art. 163 do ECA. 
Conforme salienta Maria Berenice Dias, a suspensão do poder familiar cabe 
nas hipóteses de abuso de autoridade, conforme o art. 1.637 que diz: 
 
16 
 
Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos 
deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe o juiz, 
requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe 
pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até 
suspendendo o exercício do poder familiar, quando convenha. 
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao 
pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime 
cuja pena exceda a dois anos de prisão. 
 
Os deveres dos pais são de educação, guarda e sustento dos filhos, 
cabendo assegurar-lhes, conforme o art. 227 da Constituição Federal, a vida, a 
saúde, a alimentação, a educação, o lazer, a profissionalização, a cultura, a 
dignidade, o respeito, a liberdade, a convivência familiar e comunitária, além de não 
poder submetê-los a discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
Uma das hipóteses de suspensão do poder familiar está elencada na Lei 
Federal nº 12.318/10, Lei de Alienação Parental. 
De acordo com art. 2º da mencionada Lei, alienação parental é a interferência 
na formação psicológica da criança ou do adolescente, promovida ou induzida por um 
dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou o adolescente sob sua 
autoridade, guarda, ou vigilância, para que repudie genitor, ou lhe causa dano ao 
estabelecimento, ou manutenção do vínculo afetivo. 
Uma vez configurada a alienação, uma das penalidades possível é a 
suspensão do poder familiar. 
Já a extinção do poder familiar é uma medida mais gravosa. 
Dispõe o art. 1.635 do Código Civil: 
 
Art. 1635 - Extingue-se o poder familiar: 
I- morte dos pais ou do filho; 
II- pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único; 
III- pela maioridade; 
IV- pela adoção; 
V- por decisão judicial, na forma do artigo 1.638. 
 
Maria Berenice Dias lembra que: 
 
A extinção do poder familiar não rompe o vínculo de parentesco. Porém, 
destituído o genitor do poder familiar, não dá para admitir que conserve o 
direito sucessório com relação ao filho. No entanto, o filho permanece com 
direito à herança do pai. Ainda que esta distinção não esteja na lei, atende 
a elementar regra de conteúdo ético. (DIAS, 2015, pg. 470) 
 
17 
 
Todavia há uma impropriedade terminológica na lei, mas precisamente no 
inciso V do art. 1.635 do Código Civil, pois tal inciso se refere à perda do poder 
familiar e não a extinção. 
Perda e extinção do poder familiar são expressões distintas, tendo em vista 
que perda é uma sanção imposta por decisão judicial, já a extinção ocorre pela 
morte, emancipação e extinção do sujeito passivo, sendo inapropriado utilizar as 
duas expressões indistintamente. (DIAS, 2015, pg. 472) 
Lembrando que as situações de suspensão, perda ou destituição poder 
familiar sempre haverão de ser estudadas para melhor proteger os filhos não 
emancipados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
4. PROTEÇÃO À PESSOA DOS FILHOS NA SEPARAÇÃO JUDICIAL, DIVÓRCIO 
OU DISSOLUÇÃO DA UNIAO ESTÁVEL 
 
A dissolução de um relacionamento não traz problemas somente para o 
casal, mas também para os filhos, tendo em vista que há a dissolução daquele 
parâmetro de família. 
Muitasvezes os filhos acreditam que perderam a proteção dos pais, 
sentindo-se, assim, abandonados. 
Em se tratando da guarda dos filhos, a legislação infraconstitucional veio para 
resguardar o melhor interesse da criança. É neste sentido que nos fala Eduardo de 
Oliveira Leite: 
 
A situação dos filhos no pós-ruptura, questão das mais fundamentais na 
dissolução da sociedade e do vínculo conjugal, ganha na nova codificação, 
reconhecimento especial e tratamento especial, até então lateral, periférico, 
quase acessório. Agora, na perspectiva perseguida pelo texto constitucional 
de 1988 e da legislação infraconstitucional que se lhe segue – especialmente 
o ECA – é guindada a um reconhecimento próprio do princípio do ‘melhor 
interesse da criança’ que se afasta das normas meramente programáticas e 
adentra no universo da concretude legislativa. (LEITE, 2013, pg. 153) 
 
 
Sendo assim, há dissolução da relação entre o casal e não a relação perante 
os filhos, que deve permanecer. 
Esta premissa também está disposta no art. 1.632 do Código Civil de 2002, in 
verbis: “a separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não alteram 
as relações entre pais e filhos senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de 
terem em sua companhia os segundos”. 
A doutrinadora Maria Berenice Dias ensina que: 
 
Quando existem filhos, a dissolução dos vínculos afetivos dos pais não se 
resolve simplesmente indo um para cada lado. O fim da conjugalidade não 
afeta nem os direitos e nem os deveres de ambos com relação à prole. O 
rompimento do casamento ou da união estável dos genitores não pode 
comprometer a continuidade dos vínculos parentais, pois o exercício do poder 
familiar em nada é afetado. O estado de família é indisponível. (DIAS. 2015, 
pg. 521) 
 
 
Para tentar resolver esses problemas, o Código Civil, em seus artigos 1.583 
a 1590, dispõe sobre a proteção à pessoa dos filhos, definindo a diferença entre 
guarda compartilhada e guarda unilateral. 
19 
 
Maria Helena Diniz explica: 
 
Em boa hora veio a nova normatização, que assegura a ambos os genitores 
a responsabilidade conjunta e o exercício de direitos e deveres concernentes 
ao poder familiar (CC 1.583 § 1º) e a imposição da guarda compartilhada com 
a divisão do tempo de convívio de forma equilibrada entre os pais (CC 1.583 
§ 2º). Ambos os pais persistem com todo o complexo de deveres que 
decorrem do poder familiar, sujeitando-se à pena de multa se agirem dolosa 
ou culposamente (ECA 249). (DIAS, 2015, pg. 522) 
 
Ou seja, anteriormente, a regra era a guarda unilateral que consiste em 
atribuir a um dos cônjuges a guarda dos filhos, sendo que o outro cônjuge poderá 
visitar o filho conforme regulamentado na dissolução do divórcio, porém com o 
advento da Lei 13.058/2014 (Lei da Guarda Compartilhada), a guarda compartilhada 
torna-se a regra quando não houver consenso entre os genitores no que se refere a 
detenção da guarda dos filhos. 
Cabe aos pais, na medida em que são os gerenciadores da família, buscar 
meios para não deixar faltar aos filhos, independentemente da guarda, as relações de 
afeto, carinho, amor e dedicação, imprescindíveis à boa formação da personalidade e 
do caráter da pessoa. 
 
4.1 DA GUARDA 
 
 
4.1.1 Conceito de Guarda 
 
A Guarda dos filhos de até os 18 anos não emancipados, é, ao mesmo tempo, 
dever e direito dos pais. O termo "Guarda" tem origem etimológica no latim Guardare, 
no germânico Wardem (guarda, espera), no inglês Warden (guarda) e no 
francês Garde, sendo utilizado genericamente para designar proteger, conservar, 
olhar, vigiar. 
A guarda compreende a proteção, amparo e vigilância que os pais possuem 
em relação aos filhos menores. 
Maria Berenice Dias nos demonstra que: 
 
A lei cuida da guarda dos filhos em oportunidades distintas. Quando do 
reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento (CC 1.611 e 1.612), 
não dá a mínima atenção para a doutrina da proteção integral consagrada 
pela Constituição, nem para tudo que o ECA dita sobre o melhor interesse de 
crianças e adolescentes. Ao tratar da proteção dos filhos (CC 1.583 a 1.590), 
de forma didática, define o que é guarda unilateral e compartilhada, impondo 
20 
 
o compartilhamento mesmo contra a vontade dos genitores o eventual estado 
de beligerância entre eles (CC 1.584, §2º). (DIAS, 2015, pg. 523) 
 
 
E complementa: 
 
A guarda dos filhos é, implicitamente, conjunta, apenas se individualizando 
quando ocorre a separação de fato ou de direito dos pais. Também quando 
o filho for reconhecido por ambos os pais, não residindo eles sob o mesmo 
teto e não havendo acordo sobre a guarda, o juiz decide atendendo o melhor 
interesse do menor (CC 1.612). (DIAS, 2015, pg. 523) 
 
 
Quando há a dissolução do casamento ou união estável, em não havendo um 
acordo entre o casal, inicia-se o conflito em relação à guarda dos filhos. 
É neste sentido que nos fala Eduardo de Oliveira Leite: 
 
Quando os pais vivem juntos e harmonicamente, ambos exercem 
conjuntamente, a guarda. Mas quando a ruptura interfere na vida conjugal 
surge de imediato, um dos mais complexos problemas do Direito de Família: 
a atribuição da guarda dos filhos, já que a ruptura implica, necessariamente, 
na saída de um dos cônjuges, do lar conjugal. (LEITE, 2013, pg. 155) 
 
 
Lembrando que guarda não significa somente morar com os filhos, é preciso 
haver mais que isso, como afeto, sentimentos, comunicação entre ambos, etc. 
 
4.1.2 Guarda Unilateral 
 
Tem-se por guarda unilateral, segundo dispõe o § 1º do art. 1.583 do Código 
Civil, com a redação dada pela Lei nº 11.698/2008, “a atribuída a um só dos genitores 
ou a alguém que o substitua”. 
É o que nos mostra Carlos Roberto Gonçalves nos seguintes termos: 
 
Essa tem sido a forma mais comum: um dos cônjuges, ou alguém que o 
substitua, tem a guarda, enquanto o outro tem, a seu favor, a regulamentação 
de visitas. Tal modalidade apresenta o inconveniente de privar o menor da 
convivência diária e continua de um dos genitores. Por essa razão, a 
supramencionada Lei n. 11.698/2008 procura incentivar a guarda 
compartilhada, que pode ser requerida por qualquer dos genitores, ou por 
ambos, mediante consenso, bem como pode ser decretada de ofício pelo juiz, 
em atenção a necessidades específicas do filho. (GONÇALVES, 2015, pg. 
293) 
 
O que ocorre na guarda unilateral é que o detentor guarda fica com a 
responsabilidade exclusiva de decidir sobre a vida da criança, restando ao outro 
21 
 
apenas supervisionar tais atribuições, bem como com o direito à visita. 
Todavia, há um grande problema nessa espécie de guarda, pois muitas vezes 
os genitores saem brigados depois do rompimento do relacionamento, assim, o 
detentor da guarda acaba dificultando a visita ou até mesmo a participação do outro 
genitor na vida e rotina do filho. 
Explica Maria Berenice Dias que: 
 
A guarda unilateral afasta, sem dúvida, o laço de paternidade da criança com 
não guardião, pois a este é estipulado o dia de visita, sendo que nem sempre 
esse dia é bom dia – isso porque é previamente marcado, e o guardião 
normalmente impõe regras. Maria Antonieta Pisano Motta afirma que a 
prática tem mostrado, com frequência indesejável, ser a guarda única 
propiciadora de insatisfações, conflitos e barganhas envolvendo os filhos. Na 
verdade, apresenta maiores chances de acarretar insatisfações ao genitor 
não guardião, que tenderá a estar mais queixoso e contrariado quando em 
contato com os filhos. (DIAS, 2015, pg. 525) 
 
Lembrando que, atualmente, se caso não houver consenso dos pais com 
relação a guarda, a regra será a guarda compartilhada como veremos abaixo. 
 
 
4.1.3 Guarda Compartilhada 
 
Anteriormente, a guarda compartilhadaera uma opção, porém, com o advento 
da Lei 13.058, a sua forma de instituição foi alterada, ou seja, atualmente ela não é 
uma opção e sim a regra. 
Apenas não será aplicada em casos excepcionais, como, por exemplo, na 
hipótese de um dos genitores revelar ao juiz que não deseja a guarda do menor. Se 
isso ocorrer, o juiz deve decidir que o outro genitor assuma a guarda unilateral ou 
deferirá a guarda para pessoa que revele compatibilidade. 
Com a guarda compartilhada, ambos os genitores possuem responsabilidade, 
conferindo-lhes, de forma igualitária, o exercício dos direitos e deveres concernentes 
à autoridade parental. Não mais se limita o não guardião a fiscalizar a manutenção e 
educação do filho quando na guarda do outro. 
Ou seja, são obrigações de ambos a criação e a educação; conceder-lhes ou 
negar-lhes consentimento para casar; conceder-lhes ou negar-lhes consentimento 
para viajar ao exterior; representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 anos, nos 
22 
 
atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, 
suprindo-lhes o consentimento; exigir que lhes prestem obediência, respeito e os 
serviços próprios de sua idade e condição; exercer sobre eles a guarda unilateral ou 
compartilhada, dentre outros. 
Lembrando que, a guarda compartilhada não pode ser confundida com guarda 
alternada, em que o filho passa um período com a mãe e o outro com o pai. Na guarda 
compartilhada o filho terá uma casa principal, na qual vive com um dos genitores, 
porém ambos os pais irão estabelecer e planejar a convivência e as rotinas, bem como 
as visitas a qualquer tempo, com isso, o pai e a mãe participam ativamente da vida do 
filho. 
Essa espécie de guarda também garante o princípio da igualdade, conforme 
explica Maria Berenice Diaz: 
 
Compartilhar a guarda de um filho se refere muito mais à garantia de que ele 
terá pais igualmente engajados no atendimento aos deveres inerentes ao 
poder familiar, bem como aos direitos que tal poder lhes confere. Segundo 
Maria Antonieta Pisano Motta, a guarda compartilhada deve ser tomada, 
antes de tudo, como uma postura, como o reflexo de uma mentalidade, 
segundo a qual pai e mãe são igualmente importantes para os filhos de 
qualquer idade e, portanto, essas relações devem ser preservadas para a 
garantia de que o adequado desenvolvimento fisiopsíquico das crianças ou 
adolescentes envolvidos venha a ocorrer. (DIAS, 2015, pg. 525) 
 
O juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se 
em orientação técnica ou até mesmo de equipe interdisciplinar, parara estabelecer as 
atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob a guarda compartilhada. 
Preceitua o art. 1.584 do Código Civil: 
 
Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: 
I – Requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em 
ação autônoma de separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou 
em medida cautelar; 
II – Decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou 
em razão da distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e 
com a mãe. 
§ 1º Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe o significado 
da guarda compartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e direitos 
atribuídos aos genitores e as sanções pelo descumprimento de suas 
cláusulas. 
§ 2º Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, 
encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será 
aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao 
magistrado que não deseja a guarda do menor. 
§ 3º Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de 
23 
 
convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do 
Ministério Público, poderá basear-se em orientação técnico-profissional ou de 
equipe interdisciplinar, que deverá visar à divisão equilibrada do tempo com 
o pai e com a mãe. 
§ 4º A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula 
de guarda unilateral ou compartilhada poderá implicar a redução de 
prerrogativas atribuídas ao seu detentor. 
§ 5º Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai 
ou da mãe, deferirá a guarda a pessoa que revele compatibilidade com a 
natureza da medida, considerados, de preferência, o grau de parentesco e 
as relações de afinidade e afetividade. 
§ 6º Qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a prestar 
informações a qualquer dos genitores sobre os filhos destes, sob pena de 
multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais) por dia 
pelo não atendimento da solicitação. 
 
Sendo assim, a guarda compartilhada pode ser estabelecida mediante 
consenso dos pais ou por determinação judicial. Caso não ajustado na ação de 
separação, divórcio ou dissolução da união estável, pode ser buscada em ação 
autônoma, ou até mesmo em ação própria. (DIAS, 2015, pg. 526) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
5. SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL 
 
Antigamente, não ouvíamos falar muito ou quase nada sobre a alienação 
parental, porém, atualmente, é cada vez mais frequente ouvirmos pessoas, ou até 
mesmo lermos matéria que falem sobre esse assunto, isso ocorre porque o índice de 
divórcio e dissolução de união estável cresceu muito. 
O número de divórcios no país cresceu mais de 160% na última década. 
Dados da pesquisa Estatísticas do Registro Civil 2014, divulgados pelo IBGE, indicam 
que, no ano de 2014, foram homologados 341,1 mil divórcios, um salto significativo 
em relação a 2004, quando foram registrados 130,5 mil divórcios. (disponível em 
<http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2015-11/divorcio-cresce-mais-de-160-
em-uma-decada-, acesso em 23 ago. 2016) 
A síndrome da alienação parental se desencadeia nos movimentos de 
separação ou divórcio do casal, ou seja, com o crescimento do número de divórcios, 
consequentemente também cresceu o número de incidências da citada síndrome. 
A SAP – Síndrome da Alienação Parental – foi apresentada em 1985, pelo 
médico e professor de psiquiatria infantil da Universidade de Colúmbia dos Estados 
Unidos Richard Gardner (1931 – 2003). A sigla SAP foi empregada por Gardner para 
definir situações patológicas de frequência crescente encontráveis em crianças 
expostas as disputas judiciais de divórcios altamente conflituais. 
Gardner constatou que a SAP é um distúrbio da infância da infância e 
adolescente que aparece quase exclusivamente no contexto de disputas de custódia 
de crianças. É um distúrbio em que as crianças programadas pelo alegado genitor 
amado embarcam em uma campanha de difamação contra o alegado genitor odiado. 
Conforme a doutrinadora Maria Berenice Dias, a Síndrome da Alienação 
Parental é: 
 
[...] é um transtorno psicológico que se caracteriza por um conjunto de 
sintomas pelos quais um genitor, denominado cônjuge alienador, transforma 
a consciência de seus filhos, mediante diferentes formas e vínculos com o 
outro genitor, denominado cônjuge alienado, sem que existam motivos reais 
que justifiquem essa condição. Em outras palavras, a alienação parental é 
um processo que consiste em programar uma criança para odiar um de seus 
genitores, sem justificativa, de modo que a própria criança ingressa na 
trajetória de desconstituição desse mesmo genitor. (DIAS, 2013, pg. 22) 
 
25 
 
Juliana Rodrigues de Souza ainda explica: 
Nesse jogo de manipulações, para conseguir êxito nos seus objetivos, o 
guardião dificulta as visitas e cria empecilhos para que elas não ocorram, 
além disso, o filho é convencido daexistência de acontecimentos que não 
existem. Contudo. A criança nem sempre consegue discernir que está sendo 
manipulada e acredita aquilo que lhe é dito de maneira insistente e repetida, 
quer dizer, a criança acaba aceitando como verdadeiro tudo que é lhe 
informado. (SOUZA, 2014, pg. 110) 
 
Com relação a essas falsas informações que o alienante fala para o filho, o 
professor Eduardo de Oliveira Leite complementa: 
 
Se a criança for questionada porque está fazendo aquelas afirmações ou 
alegações, não saberá responder e cairá em manifesta contradicação (em 
razão da ausência de argumentação suficiente a justificar sua repulsa) sem 
se dar conta do absurdo da afirmação. Em verdade, a criança é programada 
para odiar o outro genitor e, utilizada como instrumento de agressividade 
direcionada ao outro parceiro, acaba reproduzindo os sentimentos da mãe, 
em relação ao pai, convicta que a sua conduta é correta. (LEITE, 2015, pg. 
167) 
 
Logo, tem que síndrome da alienação é um conjunto de sintomas de uma 
doença de perturbação mental. 
 
5.1 DIFERENÇA ENTRE A SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL E ALIENAÇÃO 
PARENTAL 
 
Síndrome, do grego "syndromé", cujo significado é "reunião", é um termo 
bastante utilizado em Medicina e Psicologia para caracterizar o conjunto de sinais e 
sintomas que definem uma determinada patologia ou condição em consequência da 
extrema reação emocional ao genitor, cujos os filhos foram vítimas. Já a alienação 
são os atos que desencadeiam verdadeira campanha de desmoralização levada a 
efeito pelo alienante. (DIAS, 2013, pg. 16) 
Em outras palavras, a Alienação Parental não se confunde com a Síndrome 
da Alienação Parental, pois a SAP decorre da Alienação, ou seja, enquanto a 
Alienação Parental se liga ao afastamento do filho de um dos genitores através de 
manobras do titular da guarda, a Síndrome diz respeito às questões emocionais, aos 
danos e sequelas que a criança e o adolescente vêm a padecer. 
Juliana Rodrigues de Souza complementa: 
 
No entanto, é necessário dizer, ainda, que a expressão Síndrome da 
26 
 
Alienação Parental é duramente criticada por não estar prevista nem no CID 
– 10, nem no DSM IV, ou seja, não é reconhecida como uma categoria 
diagnosticada e também não é considerada uma síndrome médica válida. 
Síndrome significa um distúrbio, sintoma que se instalam em consequência 
da extrema reação emocional ao genitor, cujos filhos foram vítimas. Já a 
Alienação são os atos que desencadeiam verdadeira campanha de 
desmoralização levada a efeito pelo alienante. (SOUZA, 2014, pg. 113) 
 
A Síndrome de Alienação Parental (SAP) também é conhecida com 
Implantação de Falsas Memórias, sendo que a criança ou adolescente passa a 
acreditar em tudo que o alienador lhe diz, e passa a repetir o que foi lhe passado, pois 
acaba acreditando que tudo o que o alienador lhe falou é verdade e que tais coisas 
realmente ocorreram. 
Neste sentido Maria Berenice Dias complementa: 
 
O filho é convencido da existência do acontecimento e levado a repetir o que 
lhe é afirmado como tendo realmente ocorrido. A criança nem sempre 
consegue discernir que está sendo manipulada e acredita naquilo que lhe é 
dito de forma insistente e repetida. Com o tempo, nem a mãe consegue 
distinguir a diferença entre verdade e mentira. A sua verdade passa a ser 
verdade para o filho, que vive com falsas personagens de uma falsa 
existência. Implantam-se, assim, falsas memórias. (DIAS, 2013, pg. 22). 
 
Devida a essas falsas memórias, a criança ou adolescente acaba se 
afastando do outro genitor, muitas vezes a criança não é somente afastada do genitor, 
mas também de outras pessoas mais próximas, pois pode ocorrer de a farsa ser 
desmentida se o filho conviver com essas pessoas. 
Ou seja, a finalidade é uma só como explica Maria Berenice Dias: 
 
Mas a finalidade é uma só: levar o filho a afastar-se de quem o ama. Tal gera 
contradição de sentimentos e, muitas vezes, a destruição do vínculo afetivo. 
A criança acaba aceitando como verdadeiro tudo que lhe é informado. 
Identificando-se com o genitor patológico e torna-se órfã do genitor alienado, 
que passa a ser considerado um invasor, um intruso a ser afastado a qualquer 
preço. O alienador, ao destruir a relação do filho com o outro, assume o 
controle total. Tornam-se os dois unos, inseparáveis. Este conjunto de 
manobras confere prazer ao alienador em sua trajetória de promover a 
destruição do antigo parceiro. (DIAS, 2013, pg. 160) 
 
Infelizmente, tendo em vista um divórcio ou uma separação conturbada, há 
uma tendência de gerar em um dos genitores uma tendência vingativa. Quando este 
não consegue superar o término do relacionamento, é desencadeado um processo de 
destruição e desmoralização do ex-cônjuge. Isso faz com que o filho seja utilizado 
como instrumento da agressividade direcionada ao parceiro. 
27 
 
 
5.2 PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES DA SAP 
 
Conforme apontamento de Eduardo de Oliveira Leite, Gardner elenca oito 
manifestações primárias da SAP: 
1. Campanha de difamação; 
2. Razões fracas, frívolas ou absurdas para a depreciação; 
3. Falta de ambivalência; 
4. O fenômeno do “pensador independente”; 
5. Apoio reflexivo ao genitor alienador no conflito parental; 
6. Ausência de culpa sobre a difamação e/ou exploração do genitor odiado; 
7. Presença de encenações “encomendadas”; 
8. Propagação de animosidade aos amigos e/ou família extensa do genitor 
odiado. (LEITE, 2015, pg. 164) 
 
5.2.1 Campanha de difamação. 
 
Na Síndrome da Alienação Parental é de suma importância a contribuição da 
criança em difamar. Ou seja, é essa contribuição da criança ou adolescente em 
desrespeitar e difamar o outro genitor, com o incentivo do genitor alienador que vai 
caracterizar a SAP. 
Vale salientar que na maioria das vezes a Síndrome da Alienação Parental 
ocorre em crianças com baixa faixa etária, tendo em vista a facilidade de manipulação 
sobre elas. (LEITE, 2015, pg. 165) 
A criança depende integralmente do genitor para obter informações e 
conhecimentos, sendo assim, devida a sua vulnerabilidade, ela vai acreditar naquilo 
que o seu genitor guardião disser. 
 
5.2.2 Razões fracas, frívolas ou absurdas para a depreciação. 
 
Se for verificada os depoimentos de crianças alienadas, é possível ser 
observado a desproporção entre o ódio manifestado e o motivo desse ódio, ou seja, 
o ódio manifestado não se equivale aos fatos alegados (LEITE, 2015. pg. 167) 
Segundo Eduardo de Oliveira Leite: 
 
Se a criança for questionada porque está fazendo aquelas afirmações ou 
alegações, não saberá responder e cairá em manifesta contradição (em 
razão da ausência de argumentação suficiente a justificar sua repulsa) sem 
28 
 
se dar conta do absurdo da afirmação. Em verdade, a criança é programada 
para odiar o outro genitor e, utilizada como instrumento da agressividade 
direcionada ao outro parceiro, acaba reproduzindo os sentimentos da mãe, 
em relação ao pai, convicta que a sua conduta é correta. (LEITE, 2015, pg. 
167) 
 
O alienador programa a criança para dizer tais coisas, quando a criança é 
questionada sobre um fato fora daquilo que o alienador a programou, a mesma vai 
ficar sem responde, sendo que muitas vezes a criança olha para o seu genitor 
alienador para tentar “ajudá-la” a resolver tal questão, ou seja, a criança acaba 
entrando em contradição. 
Uma criança com faixa etária baixa não possui discernimento suficiente nem 
um estado crítico desenvolvido para saber se o que o genitor está falando é mentira, 
por isso acredita cegamente no que lhe é transmitido, ou seja, é extremamente 
manipulável. 
Gardner observou que as crianças alienadas apresentam no cotidiano um 
comportamento normal, e não manifestam sinaisde angústia, tristeza ou depressão, 
o que era para ocorrer, tendo em vista que seus pais se divorciaram. (LEITE, 2015, 
pg. 170) 
Com isso, Gardner chamou esse acontecimento de “mimetismo defensivo”, 
isto é, a criança muda a sua postura para ficar de alguma forma parecida com o genitor 
alienador em tirar alguma vantagem disso. Ou seja, para a criança, o alienador é a 
vítima da situação, sendo assim, ela precisa estar forte para enfrentar o “culpado” de 
todo esse sofrimento que o seu guardião está sofrendo. (LEITE, 2015, pg. 170) 
Na maioria das vezes, em dias de visitação, quando a criança fica com o outro 
genitor, a mesma se torna mais agressiva e desobediente, podendo até mesmo gritar 
e jogar objetos. 
 
5.2.3 Falta de ambivalência. 
 
A criança alienada não consegue descrever coisas boas e coisas ruins sobre 
os pais. Geralmente o genitor alienador é de todo bom e o genitor alienado é de todo 
ruim. 
Isso ocorre porque o alienador acaba banindo do pensamento da criança o 
passado bom, onde ela e seus pais viviam felizes, restando agora somente o presente, 
29 
 
onde o genitor alienador é odiado, pois só teria feito coisas ruins. 
O doutrinador e professor Eduardo de Oliveira Leite, nos ensina que: 
 
Na SAP, como Gardner apontou, a falta de ambivalência vai conduzir a 
criança alienada a nutrir pelo genitor alienado um sentimento sempre 
negativo: de desprezo, de rancor, de mágoa e, nos casos extremos, de ódio. 
(LEITE, 2015, pg. 173) 
 
O genitor alienado é sempre visto de forma negativa, ficando impossível de 
ele ter uma postura positiva, conforme o pensamento da criança. (LEITE, 2015, pg. 
173) 
Isso ocorre porque o genitor alienado procura alterar a realidade fática, 
fazendo com que a criança só se lembre das coisas ruins que o outro genitor fez, até 
mesmo inventando algumas situações que não ocorreram na realidade. 
 
5.2.4 O fenômeno do “pensador independente”. 
 
Quando a criança é convencida que o outro genitor é ruim e que não precisa 
dele, a mesma começa a dizer que ninguém a influenciou a ter desprezo em relação 
ao genitor alienado. Isso ocorre porque o alienador convence a criança de aquela 
opinião de fato é dela e que não houve nenhuma influência. (LEITE, 2015, pg. 176) 
A recusa do filho em manter contato com o genitor alienado é o resultado da 
campanha difamatória que o alienador implantou durante tanto tempo na cabeça da 
criança. Ou seja, aquilo que a criança diz é reflexo da opinião e vontade do genitor 
alienador. 
O doutrinador Eduardo de Oliveira Leite explica: 
O fenômeno do “pensador independente”, diz Perissini da Silva acontece 
“quando a criança garante que ninguém disse aquilo a ela, nega que alguém 
a tenha induzido a falar daquele modo, afirma que seus sentimentos e 
verbalizações são autênticos. Quando a própria criança contribui com seu 
relato, a SAP, fecha o seu circuito. (LEITE, 2015, pg. 177) 
 
Assim, é possível afirmar que as crianças não conseguem mais decifrar suas 
vontades ou até mesmo confiar em suas percepções. Elas não conseguem detectar 
se as mensagens que chegam a elas tanto pelo genitor alienador, quanto pelo 
alienado possuem duplo sentido, por isso acabam confiando em seu guardião, ou 
seja, no genitor alienador. 
 
30 
 
5.2.5 Apoio reflexivo ao genitor alienador no conflito parental. 
 
Por causa de sua vulnerabilidade, a criança alienada precisa do apoio de 
alguém, e esse apoio sempre virá do genitor alienador, pois, no pensamento da 
criança, esse genitor é uma pessoa ideal, que só faz coisas boas e que poderá cuidá-
la da melhor forma possível. Por isso a criança sempre vai defender o alienador, pois 
ela vai se agarrar nele, e o que o mesmo falar será sempre verdade. (LEITE, 2015, 
pg. 181) 
 
5.2.6 Ausência de culpa sobre a difamação e/ou exploração do genitor odiado. 
 
A criança alienada não sente nenhuma culpa por difamar o outro genitor, 
muitas vezes pode sentir até prazer em destruir o genitor alienado. (LEITE, 2015, pg. 
183) 
Isso nos leva a concluir que as crianças são tão vulneráveis que podem ser 
programadas a um ponto de crueldade, ficando totalmente alheias aos efeitos da 
satisfação e ver o sofrimento alheio. 
 
5.2.7 Presença de “encenações” encomendadas. 
 
Para fazer com que a criança acredite naquilo que o alienador está falando, o 
mesmo começa a fazer “encenações”, “teatro”, e repete várias vezes aquilo que quer 
que a criança acredite. 
Podemos verificar rapidamente quando houve alguma “encenação”, pois, a 
criança começa a usar expressões que sozinha, sem a ajuda de alguém, não iria 
conseguir mencioná-las, tendo em vista sua falta de estado crítico apurado, bem como 
a falta de conhecimento elevado. (LEITE, 2015, pg. 187) 
 
5.2.8 Propagação da animosidade aos amigos e/ou à família extensa do genitor 
odiado. 
 
Para o alienador, não basta que o filho se afaste somente o genitor alienado, 
a criança precisa se afastar dos parentes e amigos do mesmo, pois assim, há uma 
31 
 
dificuldade maior que essas pessoas descubram o que de fato está ocorrendo. 
(LEITE, 2015, pg. 191) 
Com isso, o alienador afasta a criança das pessoas alegando o abalo 
emocional devido a dissolução do relacionamento conjugal, camuflando, assim, a 
criança. 
 
5.3 ESTÁGIOS DA SÍNDROME 
 
A Síndrome de Alienação Parental possui três estágios, são eles: o estágio 
leve, o médio e o grave. 
No estágio leve, a criança convive com o genitor alienado sem grandes 
dificuldades. São apenas alterações naturais que ocorrem após o divórcio. 
No estágio médio, está a constante provocação do genitor alienante, que se 
utiliza de falsas histórias e sua repetição, bem como da depreciação que faz face o 
genitor alienado, induzem a criança a nutrir por este sentimento de rancor, ódio e 
medo. 
Já no estágio grave, a criança e/ou adolescente sofre de fortes perturbações 
mentais e crises de alucinação, tanto que não mais necessita da figura do genitor 
alienante para induzi-la ao ódio e ao medo pelo genitor alienado, uma vez que esta já 
está totalmente corrompida e nutrida por sentimentos negativos face ao genitor oposto 
da relação de parental, de forma que a visitação nesta fase se torna impossível e/ou 
insuportável, devido à agressividade da criança. 
Nas duas primeiras fases ainda é possível à aproximação do guardião 
alienado, mas na última fase é praticamente impossível devido à lealdade do filho com 
o alienador. 
Conforme o professor Eduardo de Oliveira Leite relata, para as três fases de 
desenvolvimento da SAP, Gardner sugere dois tipos de abordagens, legais e 
terapêuticas, tendo em vista que é de suma importância a colaboração dos 
profissionais da saúde, legais e mentais para lidarem adequadamente com as famílias 
portadoras da síndrome da alienação parental. (LEITE, 2015, pg. 196) 
 
5.4 LEI 12.318/2010 
 
32 
 
O Brasil, quando aprovou a lei 12.318/10, que trata da Síndrome da Alienação 
Parental, tornou-se pioneiro na América Latina, antecipando-se a muitos países. 
A origem da lei da alienação parental tem como autor da proposta inicial o 
Doutor Elizio Luiz Perez, Juiz do 2° TRT de São Paulo. Após consultar alguns 
profissionais como psiquiatras, advogados da área de família além de pessoas que 
vivenciam a alienação, o mesmo tornou o Projeto de lei N° 4.053/08, que teve como 
autor o Deputado Regis de Oliveira (PSC-SP). Aprovado por unanimidade na Câmara 
de Deputados Federal, no Senado tornou-se Projeto de Lei Complementar N° 
20/2010, tendo como relator o Senador gaúcho Paulo Paim (PT-RS), também sendo 
aprovado na íntegra na casa, encaminhado para a sanção do Presidente da 
República. 
O Presidente Luiz Inácio Lulada Silva sancionou a lei no dia 26 de agosto de 
2010. 
Conforme Maria Berenice Dias: 
 
De início, a lei pretendeu definir juridicamente a alienação parental, não 
apenas para afastar a interpretação de que tal, em abstrato, não existe, sob 
o aspecto jurídico, mas também para induzir exame aprofundado em 
hipóteses dessa natureza e permitir maior grau de segurança aos operadores 
do Direito na eventual caracterização de tal fenômeno. É relevante que o 
ordenamento jurídico incorpore a expressão alienação parental, reconheça e 
iniba claramente tal modalidade de abuso, que, em determinados casos, 
corresponde ao próprio núcleo do litígio entre ex-casal. O texto da lei, nesse 
ponto, inspira-se em elementos dados pela psicologia, mas cria instrumento 
com disciplina própria, destinado a viabilizar atuação ágil e segura do Estado 
em casos de abuso assim definidos. (DIAS, 2013, pg. 44) 
 
 
Dispõe o art. 2º da Lei 12.318/10 que: 
Art. 2o Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação 
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos 
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a 
sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause 
prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. 
Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além 
dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados 
diretamente ou com auxílio de terceiros: 
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício 
da paternidade ou maternidade; 
II - dificultar o exercício da autoridade parental; 
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; 
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; 
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre 
a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de 
endereço; 
33 
 
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou 
contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou 
adolescente; 
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a 
dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com 
familiares deste ou com avós. 
 
Como podemos observar com o artigo, a Alienação Parental não se restringe 
apenas aos genitores, podendo ser realizada pelos tios, avós, padrinhos, tutores, 
enfim, todos os que possam valer de sua autoridade parental ou afetiva com o intuito 
de prejudicar um dos genitores. Isso ocorre para impedir que intermediação de 
terceiros possa mascarar a constatação de atos de alienação parental. Ou seja, o rol 
apresentado pelo art. 2º é exemplificativo e não taxativo. 
Lembrando que, a prática do ato, por si só, é um ato ilícito civil, independente 
se esse ato teve ou não seus efeitos. 
Conforme o art. 3º da Lei, “a prática de ato de alienação parental fere direito 
fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica 
a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso 
moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à 
autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda”. 
A doutrinadora Maria Berenice Dias acredita que: 
 
Tal indicação permite ao aplicador da lei inferir claramente, entre outras 
consequências jurídicas, (a) violação a direito previsto no art. 227 da 
Constituição Federal (convivência familiar saudável), (b) critério para 
atribuição de guarda unilateral quando inviável a guarda compartilhada 
(prejuízo à realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo 
familiar) e (c) infração administrativa (descumprimento dos deveres inerentes 
à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda). (DIAS, 2013, pg. 
51) 
 
O professor Eduardo de Oliveira Leite complementa: 
 
O dispositivo legal resgata, primacialmente, o princípio constitucional do 
direito à convivência familiar, estampado no art. 227 da CF que já constava – 
ainda que indiretamente – Código Civil (art. 1.634, II) e foi reafirmado no art. 
19 da Lei 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e, igualmente, 
o princípio do melhor interesse do menor. (LEITE, 2015, pg. 306) 
 
Assim, devida a vulnerabilidade da criança e do adolescente, sempre 
prevalecerá a proteção integral dos mesmos. 
Dispõe o art. 4º da mencionada Lei: 
34 
 
Art. 4o Declarado indício de ato de alienação parental, a requerimento ou de 
ofício, em qualquer momento processual, em ação autônoma ou 
incidentalmente, o processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará, 
com urgência, ouvido o Ministério Público, as medidas provisórias 
necessárias para preservação da integridade psicológica da criança ou do 
adolescente, inclusive para assegurar sua convivência com genitor ou 
viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, se for o caso. 
Parágrafo único. Assegurar-se-á à criança ou adolescente e ao genitor 
garantia mínima de visitação assistida, ressalvados os casos em que há 
iminente risco de prejuízo à integridade física ou psicológica da criança ou do 
adolescente, atestado por profissional eventualmente designado pelo juiz 
para acompanhamento das visitas. 
 
O texto da lei estabelece a necessidade de o juiz adotar medidas cautelares 
para proteger a criança e o adolescente em casos de indício de ato de alienação 
parental. 
Em questão de obter mais agilidade processual, a lei permite que a alienação 
parental seja reconhecida em ação autônoma ou incidental, independentemente de 
requerimento específico. 
O professor Eduardo de Oliveira Leite nos lembra que: 
 
Ressalta-se, em caráter preliminar, que o caput do artigo sob comento se 
desdobra em quatro itens distintos a saber: 
1. Indício de ato de alienação parental; 
2. Tramitação prioritária (em ação autônoma ou incidental); 
3. Medidas provisórias necessárias; 
4. Assegurar a convivência com o genitor alienado. (LEITE, 2015, pg. 328) 
 
 
Sendo assim, a ocorrência da alienação parental será analisada no decorrer 
do processo, mas não pode acontecer que tal alienação se agrave devido a demora 
do processo, ficando permitido ao juiz adotar as medidas cautelares cabíveis para 
garantir a proteção da criança e adolescente. 
No art. 5º o legislador reconhece a validade da perícia como elemento auxiliar 
decisivo na atuação judiciária, para determinação da prática de atos de alienação 
parental, isso porque é preciso de muito mais do que um conhecimento jurídico para 
reconhecer se houve ou não o ato de alienação, é preciso a avaliação de outros 
profissionais, como por exemplo de um psicólogo, para periciar de forma mais eficaz 
esse ato, tendo em vista que esse tipo de identificação não é uma tarefa fácil. 
É importante salientar que são várias as sanções possíveis de serem 
aplicadas ao genitor alienante em um processo judicial, estando listadas no art. 6º da 
lei, in verbis: 
35 
 
Art. 6o Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta 
que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação 
autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo 
da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de 
instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a 
gravidade do caso: 
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; 
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; 
III - estipular multa ao alienador; 
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; 
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua 
inversão; 
VI -determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; 
VII - declarar a suspensão da autoridade parental. 
Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de endereço, 
inviabilização ou obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá 
inverter a obrigação de levar para ou retirar a criança ou adolescente da 
residência do genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos de 
convivência familiar. 
 
O rol de sanções é exemplificativo e não taxativo, ficando permitido ao juiz a 
aplicação de outras medidas para tentar diminuir ou acabar com a alienação parental. 
O artigo em comento permite a efetiva atuação do juiz, viabilizando, assim, a 
rápida intervenção judicial. 
Atualmente, a guarda compartilhada é tida como regra quando os genitores, 
na ruptura do relacionamento, não entram em um acordo com relação a guarda do 
filho, porém, o art. 7º prevê a atribuição ou alteração da guarda compartilhada, se a 
mesma demonstrar inviável. 
E o art. 8º fala que a alteração de domicílio da criança ou adolescente é 
irrelevante para a determinação da competência relacionada às ações fundadas em 
direito de convivência familiar, salvo se decorrente de consenso entre os genitores ou 
de decisão judicial. 
O doutrinador e professor Eduardo de Oliveira Leite salienta que: 
 
A leitura superficial do artigo sob comento parece contrariar toda a estrutura 
processual, [...], entretanto, uma leitura mais atenta, revela que a “alteração 
de domicílio” a que se refere o legislador é aquela decorrente da prática da 
alienação parental, quando já proposta a ação. Ou seja, o que está visando 
o dispositivo é a irrelevância da alteração do domicílio da criança, com o 
objetivo de se furtar às ordens emanadas pelo Poder Judiciário. (LEITE, 2015, 
pg. 429) 
 
Podemos observar isso no acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do 
Paraná, vejamos: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1005645-0, DE PONTA GROSSA - 1ª 
36 
 
VARA DE FAMÍLIA E ANEXOS.AGRAVANTE: R.G.R.AGRAVADO : 
V.G.P.RELATOR: JUIZ SUBSTITUTO EM SEGUNDO GRAU MARCEL 
GUIMARÃES ROTOLI DE MACEDO, EM SUBSTITUIÇÃO À DESª. ROSANA 
AMARA GIRARDI FACHIN.AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE 
GUARDA COM LIMINAR DE BUSCA E APREENSÃO DE MENOR COM 
PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA - PEDIDO DE FIXAÇÃO CAUTELAR 
DO DOMICÍLIO DA CRIANÇA - ALIENAÇÃO PARENTAL DEMONSTRADA 
- DEVER DE ADOÇÃO DE MEDIDAS PROTETIVAS - PARCIAL 
PROVIMENTO.1. Para a concessão da tutela antecipatória é necessária a 
existência de prova inequívoca que convença da verossimilhança das 
alegações e da probabilidade de dano irreparável ou de difícil reparação 
(artigo 273, do Código de Processo Civil). PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL 
DE JUSTIÇA Autos n.º 1005645-02 2. Conforme determina o artigo 4º da nº 
12.318/2010, declarado o indício de alienação parental, deve o Magistrado 
determinar a adoção de medidas provisórias necessárias para preservação 
da integridade psicológica da criança ou do adolescente, inclusive para 
assegurar sua convivência com genitor.RECURSO CONHECIDO E 
PARCIALMENTE PROVIDO (TJPR - 12ª C.Cível - AI - 1005645-0 - Ponta 
Grossa - Rel.: Marcel Guimarães Rotoli de Macedo - Unânime - - J. 
06.08.2014) 
 
 
Ou seja, permite-se que o juiz determine a fixação de cautelar do domicílio da 
criança ou adolescente, tendo caracterizada a alienação parental, conforme o incido 
VI do art. 6º da Lei. 
 
5.5 IDENTIFICAÇÃO DO GENITOR ALIENADOR 
 
Para o genitor alienador, é de suma importância o controle de seus filhos. 
O alienador possui o costume de não respeita regras e não tem o costume de 
obedecer as sentenças dos tribunais, pois ele acha que tais regras não podem ser 
para ele, mas só para outras pessoas. 
Às vezes, o alienador é um sociopata e sem consciência moral. Ele 
geralmente vê as coisas em seu ângulo, jamais nos dos outros, bem como já não 
consegue distinguir o que é verdade ou mentira. 
O genitor alienador busca loucamente controlar o tempo dos filhos quando 
estão com o outro genitor. 
O genitor alienador é muito convincente nas suas mentiras e nas suas 
descrições. Ele consegue, muitas vezes, fazer as pessoas envolvidas acreditarem 
nele (funcionários policiais, assistentes sociais, advogados, e mesmo psicólogos). 
O alienador consegue fingir estar fazendo de tudo para que os dias de visitas 
concordados sejam realizados de forma correta, o que na maioria das vezes não 
ocorre. 
37 
 
Para que ele não seja descoberto, o alienador não coopera quase em nada 
quando está sendo analisado por um profissional independente. 
O alienador fala se baseando em mentiras e teatros, por isso, durante uma 
avaliação, ele pode cometer falhas em seu raciocínio. 
Mesmo quando a presença da insensatez é detectada, a vítima do sistema se 
limita ao genitor alienado. Durante os litígios, a insensatez se estende àqueles que 
defendem o genitor alienado (pais, advogados). 
Segundo a doutrinadora Maria Berenice Dias, ao citar o psicólogo Douglas 
Darnall, há uma classificação de três tipos para identificar o alienador, a saber, o 
ingênuo, o ativo e o obcecado. Vejamos: 
 
Conforme Darnall (2008), é considerado como alienador ingênuo o genitor 
que reconhece o valor da relação do filho com o outro genitor, mas, 
eventualmente, fala ou age de forma a denegrir a imagem daquele. Estas 
ações não seriam conscientes e, muitas vezes, exercidas de forma passiva, 
provocando o afastamento da criança com o genitor alienado. Na 
classificação de alienador ativo, encontramos aqueles pais que perdem o 
controle de seu comportamento, pelos sentimentos de raiva e prejuízo 
decorrentes da separação, agindo de forma mais ativa e incisiva para a 
ruptura do vínculo entre a criança e o genitor alienado. Porém, quando 
repensa sobre o seu comportamento, é capaz de arrepender-se e sentir culpa 
pelo que fez. Por último, o alienador obcecado está determinado a destruir o 
ex-cônjuge e qualquer vínculo deste com a criança. Não há qualquer 
autocontrole e, muito menos, insight, para reconhecer que seu 
comportamento está prejudicando a criança. Suas crenças são irracionais e 
ficam justificadas pela busca do bem-estar e a segurança da criança. De 
maneira geral, estes alienadores costumam buscar suporte em todos os 
serviços de atendimento social e jurídico, abandonando os locais sempre que 
seu comportamento seja questionado. (DIAS, 2013, pg. 90) 
 
Também não há nenhum fundamento científico que comprove que os atos de 
alienação estão associados a um problema de psicológico. 
 
5.6 COMPORTAMENTO DO GENITOR ALIENADOR 
 
Se observa frequentemente os mesmos comportamentos no genitor alienador 
que sabota a relação entre os filhos e o outro genitor. 
Conforme o site Alienação Parental, os principais comportamentos do genitor 
alienador são: 
 
1. Não comunica ao outro genitor fatos importantes relacionados à vida dos 
filhos; 
38 
 
2. Toma decisões importantes sobre a vida dos filhos, sem prévia consulta ao 
outro cônjuge; 
3. Transmite seu desagrado diante da manifestação de contentamento 
externada pela criança em estar com o outro genitor; 
4. Controla excessivamente os horários de visita; 
5. Organiza diversas atividades para o dia de visitas, de modo a torná-las 
desinteressantes ou mesmo inibi-las; 
6. Não permite que a criança esteja com o genitor alienado em ocasiões 
outras que não aquelas prévia e expressamente estipuladas; 
7. Ataca a relação entre filho e o outro genitor; 
8. Recorda à criança, com insistência, motivos ou fatos ocorridos que levem 
ao estranhamento com o outro genitor; 
9. Obriga a criança a optar entre a mãe ou o pai, fazendo-a tomar partido no 
conflito; 
10. Transforma a criança em espiã da vida do ex-cônjuge; 
Quebra, esconde ou cuida mal dos presentes que o genitor alienado dá ao 
filho; 
11. Sugere

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