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Modulo_I - CURSO_DE_TEORIA_DOS_RECURSOS_CIVEIS


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LIGA DE ENSINO DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO UNIVERSITÁRIO DO RIO GRANDE DO NORTE
MÓDULO I – TEORIA GERAL DOS RECURSOS
1. FUNDAMENTOS AUTORIZADORES DOS MEIOS DE IMPUGNAÇÃO.
a) sentimento de justiça (direito subjetivo) – permite ao sucumbente o uso de instrumentos para reverter uma decisão que lhe foi desfavorável. Está ligado ao instintivo inconformismo do ser humano com a derrota. Permite-lhe buscar a justiça em que acredita.
b) uniformização da aplicação do direito objetivo – os meios de impugnação também têm um forte caráter publicista, pois interessa ao sistema que para idênticas situações fáticas haja a mesma aplicação do direito. Revela a necessária segurança jurídica que deve haver na sociedade.
2. TEORIA DOS CAPÍTULOS DE SENTENÇA.
A sentença é uma técnica processual, através da qual o Estado exerce jurisdição, julgando as pretensões deduzidas em juízo. 
A ação pode veicular uma ou mais pretensões. Segundo PONTES DE MIRANDA, pretensão é a posição subjetiva de poder exigir de outrem uma prestação positiva ou negativa.
Embora múltiplas venham a ser as pretensões, apenas um processo é instaurado com a ação, havendo apenas uma citação. Uma apenas será também a sentença, embora dividida em capítulos, os quais apreciarão cada uma das questões deduzidas em juízo.[1: Ponto é o fundamento fático e jurídico em que se fundamenta a pretensão. Já a questão é o ponto controvertido ou duvidoso.]
Os capítulos de sentença, para CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO, definem-se como “unidades autônomas do decisório da sentença”. (p. 35)
No mesmo sentido, leciona LIEBMAN que “capítulo da sentença é toda decisão sobre um objeto autônomo do processo, quer decida sobre sua admissibilidade, quer decida sobre seu mérito.”
Interessante trecho retira-se do clássico livro “Capítulos de Sentença” do professor DINAMARCO:
(...) muito dificilmente uma sentença contém o julgamento de uma só pretensão, ou seja, uma só decisão (...) o interesse em cindir ideologicamente a sentença, isolando as partes mais ou menos autônomas de que ela se compõe e buscando-se, por esse meio, critérios válidos para a solução de uma variadíssima série de questões processuais. (...) são de notória relevância apenas os cortes feitos no decisório da sentença, mediante a identificação e isolamento de capítulos portadores de preceitos concretos e de imperativa eficácia prática. 
O entendimento acerca da ideia de capítulo de sentença é fundamental para a teoria dos recursos, campo no qual tem ampla aplicação prática. 
De início, necessária a compreensão de que cada capítulo da sentença é recorrível autonomamente.
O recurso contra todos os capítulos será chamado de total. Já o recurso contra alguns capítulos, parcial. A ausência de recurso contra um dos capítulos gera a preclusão do capítulo não impugnado.
O trânsito em julgado é único, não havendo que se falar em coisa julgada de um único capítulo da sentença, mas de preclusão.
Observe-se o seguinte exemplo:
Mário ingressou em juízo com ação contra Ana em que postula reparação por danos morais, danos materiais e pede, ainda, a condenação da ré ao pagamento das despesas processuais. A sentença é totalmente procedente. Ana, todavia, apelou apenas do capítulo que a condenou ao ressarcimento de danos morais.
Pergunta-se: 
Os demais capítulos não impugnados transitaram em julgado? São passíveis de execução?
Se cabível execução contra o capítulo não impugnado, será ela provisória ou definitiva?
Vejamos como pensa o STJ acerca dos capítulos de sentença. Na hipótese de recurso contra alguns capítulos, os não impugnados transitam em julgado?
Sim.
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO RESCISÓRIA. INÍCIO DO PRAZO DECADENCIAL. IMPUGNAÇÃO PARCIAL. COISA JULGADA. Nega-se provimento ao agravo regimental, em face das razões que sustentam a decisão recorrida, sendo certo que, se a impugnação do decisum é parcial, forma-se a coisa julgada sobre o que não foi objeto do recurso, iniciando-se o prazo decadencial para a propositura da rescisória quanto a esta parte. (STJ; AgRg no REsp 415551 / DF; 2002/0017662-; FRANCISCO FALCÃO; T1 - PRIMEIRA TURMA; DJ 02/12/2002) (grifos nossos).
Não.
PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO RESCISÓRIA - PRAZO DECADENCIAL - ART. 495 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - TERMO A QUO - TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO PROFERIDA SOBRE O ÚLTIMO RECURSO INTERPOSTO, AINDA QUE DISCUTA APENAS A TEMPESTIVIDADE DE RECURSO - PRECEDENTES – EMBARGOS REJEITADOS. I - Já decidiu esta Colenda Corte Superior que a sentença é una, indivisível e só transita em julgado como um todo após decorrido in albis o prazo para a interposição do último recurso cabível, sendo vedada a propositura de ação rescisória de capítulo do decisum que não foi objeto do recurso. Impossível, portanto, conceber-se a existência de uma ação em curso e, ao mesmo tempo, várias ações rescisória no seu bojo, não se admitindo ações rescisórias em julgados no mesmo processo. II - Sendo assim, na hipótese do processo seguir, mesmo que a matéria a ser apreciada pelas instâncias superiores refira-se tão somente à intempestividade do apelo - existindo controvérsia acerca deste requisito de admissibilidade, não há que se falar no trânsito em julgado da sentença rescindenda até que o último órgão jurisdicional se manifeste sobre o derradeiro recurso. Precedentes. (STJ; EREsp 441252 / CE; 2004/0065582-3; GILSON DIPP; CE - CORTE ESPECIAL; DJ 18/12/2006) (grifos nossos).
RECURSO ESPECIAL - PROCESSO (...) AÇÃO RESCISÓRIA - PRAZO PARA PROPOSITURA - TERMO INICIAL - TRÂNSITO EM JULGADO DA ÚLTIMA DECISÃO PROFERIDA NOS AUTOS - INCIDÊNCIA DA SÚMULA N.º 401/STJ - COISA JULGADA 'POR CAPÍTULOS' - INADMISSIBILIDADE -  SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA - DISTRIBUIÇÃO DOS ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA PROPORCIONALMENTE À PERDA SOFRIDA PELAS PARTES - ESCÓLIO JURISPRUDENCIAL - DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADA - RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO E IMPROVIDO. (...) III - Interpretando-se o disposto no artigo 495 do Código de Processo Civil, o termo inicial da contagem do prazo bienal para a propositura da ação rescisória, será o trânsito em julgado da última decisão posta no último recurso eventualmente interposto, momento em que já não cabe qualquer insurgência quanto à decisão rescindenda. Incidência da recente Súmula nº 401/STJ. Observância, na espécie. IV - Não se admite, por consequência, a chamada "coisa julgada por capítulos", uma vez que tal entendimento resultaria em grave tumulto processual, tornando possíveis inúmeras e indetermináveis quantidade de coisas julgadas em um mesmo feito (...) (STJ; REsp 1004472 / PR; 2007/0264388-2; MASSAMI UYEDA; T3 - TERCEIRA TURMA; DJe 23/11/2010) (grifos nossos).
Conhecendo o NCPC: O §3º do art. 1.034 prevê expressamente o capítulo da sentença: “O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela antecipada é impugnável na apelação.”
3. PRINCÍPIOS RECURSAIS.
3.1. Duplo grau de jurisdição.
Possibilidade de reexame da decisão judicial. A fim de atender uma natural irresignação do sucumbente, bem como abrir uma via para reparação de eventuais erros no julgamento, permite-se um reexame do julgado.
“No Brasil, apenas a Constituição de 1824 (Constituição do Império) previa expressis verbis a garantia do duplo grau de jurisdição. Nenhuma das Cartas posteriores estabeleceu expressamente o duplo grau de jurisdição, inclusive a atual Constituição Federal.
Embora referido princípio não esteja consagrado no texto constitucional de maneira expressa, tem-se considerado o duplo grau ínsito ao sistema constitucional, uma vez que a própria Constituição Federal estabelece a competência recursal dos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais Regionais.” (BARIONI, p. 50).
Pergunta: Para fins do duplo grau de jurisdição, o reexame será realizado necessariamente por órgão hierarquicamente superior?
Sim. A lógica do princípio é a possibilidade de revisão por alguém diferente daquele que apreciou a decisão impugnada. (BARBOSA MOREIRA, ARAKEN DE ASSIS e DANIELNEVES)
Não. O que importa é a possibilidade de a decisão ser revista. (NELSON NERY JR.)
3.1.1. Vantagens e desvantagens do duplo grau de jurisdição.
	Vantagens
	Desvantagens
	1. A irresignação é natural do ser humano;
	1. Afeta o princípio da identidade física do juiz;
	2. Falibilidade humana;
	2. Afeta a celeridade processual;
	3. Faz um controle psicológico no juiz, a fim de que não cometa arbitrariedades, pois sabe que sua decisão pode ser revista, por recurso, pelo tribunal;
	3. Desprestigia a decisão de 1º grau.
	4. Presunção de maior experiência dos membros do tribunal;
	
	5. Possibilita a uniformização da jurisprudência.
	
3.2. Taxatividade.
Apenas os instrumentos de impugnação expressamente previstos em lei podem ser considerados recurso. Advirta-se que não necessitam estar presentes no CPC; basta estar em lei federal.
3.3. Unirrecorribilidade (Singularidade ou unicidade)
Cada legitimado só pode interpor um recurso para cada decisão que pretenda impugnar, salvo as exceções legais, tais como: recursos especial e extraordinário.
Pergunta: Se em uma mesma decisão o juiz julga questões de diferentes naturezas, haverá a possibilidade de interposição de diferentes recursos? Exemplifica-se: Na sentença o juiz decidiu o mérito e, aproveitando a oportunidade, antecipou os efeitos da tutela.
Para o STJ, não. (REsp nº 1.035.169, da rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, j. 20.08.2009). Para fins de saber o recurso cabível contra a decisão, não se analisam os capítulos separadamente, mas o todo indivisível. Assim, no exemplo acima, cabível a apelação. Neste sentido, NELSON NERY JR. e DANIEL NEVES. 
Para BARBOSA MOREIRA, cada capítulo deve ser considerado em separado, cabendo o recurso adequado contra cada capítulo. É uma exceção ao princípio da singularidade. No exemplo, caberia apelação contra o capítulo que resolveu o mérito e agravo por instrumento contra o capítulo que concedeu a antecipação dos efeitos da tutela.
Conhecendo o NCPC: O §3º do art. 1.034 prevê que “O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela antecipada é impugnável na apelação.”
3.4. Dispositivo ou voluntariedade.
O recurso é ato de vontade do sucumbente. Como pondera BARBOSA MOREIRA, nos recursos, “como em relação à propositura da ação, impera o chamado princípio dispositivo: ninguém é obrigado a deduzir em juízo, por inteiro, as pretensões que tenha, nem a insistir naquelas que porventura haja vista repelidas”. (p. 352-353).
Não é dado ao juiz, por exemplo, recorrer da decisão que proferiu. Também por isso, não se admite o reexame necessário como espécie recursal.
Também fundado neste princípio, o recorrente pode desistir a qualquer momento do recurso interposto, independentemente de aquiescência da parte recorrida.
3.5. Complementaridade.
As razões recursais devem ser apresentadas no ato de interposição do recurso. Veda-se a complementação das razões recursais, sob qualquer justificativa. Aplica-se a preclusão consumativa.
3.6. Consumação.
O recurso já interposto não pode ser alterado, em respeito à preclusão consumativa.
3.7. Fungibilidade.
O Código de Processo Civil de 1973 buscou corrigir graves problemas de ordem prática, no que tange à dificuldade, em muitas situações, de se saber qual o recurso cabível contra determinado provimento judicial, em virtude da falta de sistematicidade recursal do Código de 1939.
Tanto é verdade que o Código de 39 previa expressamente, no art. 810, a possibilidade de aplicação da fungibilidade dos recursos. Idêntica previsão não ocorreu no Código de 73, justamente em razão da sistematização ocorrida no então novel código, acreditando-se superar a necessidade de aplicação do princípio da fungibilidade.
Mesmo com um Código científico (1973), muitas situações práticas geram dúvida sobre qual o recurso cabível, sendo adequada, em nome do princípio da instrumentalidade das formas, a substituição/troca do recurso interposto equivocadamente pelo recurso correto.
Todavia, para que o princípio da fungibilidade seja aplicado, mister o preenchimento de três requisitos:
Dúvida objetiva acerca do recurso cabível;
Inexistência de erro grosseiro; e
Inexistência de má-fé.
3.7.1. Dúvida objetiva acerca do recurso cabível.
De se observar que a fungibilidade não será aplicada na hipótese de dúvida pessoal do patrono. A dúvida tem que ser objetiva, ou seja, transcender a espera pessoal do advogado.
Geralmente ocorre quando a doutrina e jurisprudência divergem a respeito do recurso cabível. Todavia, também pode ocorrer, por exemplo, quando o juiz profere uma decisão que induza o advogado a erro. Ex: o juiz ao julgar um incidente processual profere uma sentença. É natural causar dúvida no advogado se apresenta apelação ou agravo.
3.7.2. Inexistência de erro grosseiro.
Se o advogado apresentar recurso que, inicialmente causava dúvida sobre o cabimento, já está pacificado pela jurisprudência, não poderá se aproveitar da fungibilidade.
Na realidade, trata de inexistência de dúvida objetiva, o que, a meu sentir, se confunde com o requisito da dúvida objetiva.
3.7.3. Inexistência de má-fé.
Havendo a dúvida objetiva acerca do recurso cabível, espera-se do recorrente, se o prazo dos recursos é diferente, que apresente o instrumento de impugnação que entende cabível no menor dos prazos, demonstrando, com isso, boa-fé.
Evita-se que o recorrente perca um dos prazos e se valha da dúvida objetiva para manejar o recurso de maior prazo.
No sentido, STJ no EDcl no REsp nº 464.425, da relatoria do Min. CASTRO FILHO, j. 10.08.2006:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROCESSO FALIMENTAR. IMPOSIÇÃO DE MULTA. ARTIGO 695 DO CPC. NATUREZA DO ATO. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. RECURSO CABÍVEL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL. TEMPESTIVIDADE. CONTRADIÇÃO. ERRO MATERIAL. INEXISTÊNCIA.
I - Consoante dispõe o artigo 535 do Código de Processo Civil, destinam-se os embargos de declaração a expungir do julgado eventual omissão, obscuridade ou contradição; não se caracterizam via própria à rediscussão do mérito da causa, tampouco para prequestionar aplicação de dispositivos constitucionais.
II - Conforme já decidiu esta Corte, para aplicação do princípio da fungibilidade recursal, "um dos critérios utilizados tem sido a escorreita verificação da tempestividade; por isso, um recurso com prazo de interposição menor é admissível se interposto no lugar daquele cabível, cujo prazo de oferecimento é mais alongado. A recíproca, contudo, não é verdadeira." No caso, a interposição de apelação ao invés de agravo impede a incidência do princípio da fungibilidade, tendo em vista a extemporaneidade do mesmo. 
Embargos de declaração rejeitados.
3.8. Proibição da reformatio in pejus.
Proíbe-se que o recorrente tenha sua situação prejudicada em decorrência da interposição de seu recurso.
Se a sentença gera sucumbência para ambas as partes, é possível que haja recursos por ambos os litigantes e que um deles tenha sua situação processual prejudicada. Todavia, não em decorrência de seu recurso, mas pelo do seu adversário.
Pergunta: Na hipótese do art. 285-A do CPC, é possível havendo recurso apenas do autor-sucumbente, ser-lhe piorada a situação? 
Sim. Na improcedência de plano, não há condenação para o pagamento dos honorários advocatícios sucumbenciais. Interposto recurso, se mantida a sentença, haverá a condenação.
Pergunta: É possível a aplicação do efeito translativo e haver a piora para o recorrente?
Sim. O efeito translativo permite que as matérias de ordem pública sejam cognoscíveis ex officio pelo juízo ad quem, com base no princípio inquisitivo. A proibição da reforma para pior está intimamente ligada com o princípio dispositivo, com o efeito devolutivo do recurso.
Pergunta: É possível a reformatio in pejus quando se aplica a teria da causa madura?
Sim. Sendo a hipótese de sentença terminativa, a apelação devolverá o conhecimento de toda matéria ao tribunal, hipótese em que, estando madura a causa, poderá ser julgado o mérito,inclusive com a improcedência do pedido.
4. DOS MEIOS DE IMPUGNAÇÃO À DECISÃO JUDICIAL.
4.1. Recursos – remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração de decisão judicial que se impugna. (BARBOSA MOREIRA, Comentários ao Código de Processo Civil, 13ª ed. Forense: Rio de Janeiro, 2006. p. 229).
Voluntariedade – decorre do princípio dispositivo. A vontade é tão importante para o recurso que o recorrente pode desistir do recurso a qualquer momento, independentemente da anuência do recorrido. (Art. 501 do CPC).
Previsão em lei - O agravo regimental, embora tenha o procedimento disciplinado no regimento do tribunal, possui sua previsão em lei;
Mesmo processo – prolonga a relação processual. Retoma o seu curso.
Objetiva a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração.
	CAUSA DE PEDIR
	PEDIDO
	Error in iudicando
	Reforma
	Error in procedendo
	Invalidação
	Obscuridade ou contradição
	Esclarecimento
	Omissão
	Integração
4.2. Ações autônomas de impugnação – diferenciam-se dos recursos por inaugurarem uma nova relação processual, um novo processo. Ex: Ação rescisória, querella nullitatis, etc.
4.3. Sucedâneos recursais – Buscam impugnar as decisões judiciais, dentro do mesmo processo, todavia sem se configurarem em recurso.
a) reexame necessário – trata-se de privilégio legal dado à fazenda pública, em que as sentenças proferidas contra a referida pessoa não produzem efeito enquanto não confirmada pelo tribunal, conforme redação do Art. 475 do CPC.[2: No CPC de 1939, o art. 822 se referia ao reexame necessário como apelação necessária.]
Pergunta: Qual a natureza jurídica do reexame necessário? 
Não se trata de recurso, mas de sucedâneo recursal. Por essa razão, indevida a denominação corrente de “recurso obrigatório” ou “recurso de ofício”. No sentido: FREDIE DIDIER JR., DANIEL NEVES, BARBOSA MOREIRA, NELSON NERY JR., MARCUS VINÍCIUS RIOS GONÇALVES etc. Contra: ARAKEN DE ASSIS e MISAEL MONTENEGRO. 
Súmula nº 423 do STF: Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex officio, que se considera interposto ex lege.
Pergunta: Possui o reexame necessário efeito suspensivo?
 Não é adequado se falar em efeito suspensivo, haja vista não se tratar de recurso. O correto é entendê-lo como condição de eficácia da sentença, impeditiva do trânsito em julgado.
Pergunta: Existem contrarrazões no reexame necessário?
Não. 
Pergunta: Só se aplica o reexame necessário às sentenças condenatórias?
Não. Aplica-se a qualquer tipo de sentença. O texto da norma fala em condenação ou direito controvertido.
Pergunta: Aplica-se a proibição da reformatio in pejus no reexame necessário?
Embora o princípio da reformatio in pejus seja próprio dos recursos, entendeu o STJ pela sua aplicabilidade: “No reexame necessário, é defeso, ao tribunal, agravar a condição imposta à fazenda pública”. (Súmula nº 45)
b) pedido de reconsideração – embora não haja previsão legal, possui ampla aplicação na prática forense. Trata-se de mera petição dirigida ao juiz que proferiu a decisão, em que se requer a sua reconsideração pelas razões declinadas. Não possui efeito suspensivo nem interruptivo do prazo, consoante remansosa jurisprudência do STJ. Ex: REsp 843.450/SP, rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, DJ 02.06.2008:
DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. MILITAR. PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO. INTERRUPÇÃO OU SUSPENSÃO DO PRAZO RECURSAL. NÃO-OCORRÊNCIA. PRECEDENTE. AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO NA ORIGEM. INTEMPESTIVIDADE. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E IMPROVIDO.
1. O pedido de reconsideração não interrompe nem suspende o prazo para interposição de recurso. Precedente.
2. Hipótese em que o prazo para a interposição do agravo de instrumento deve ser contado da data em que o Juízo da execução autorizou a expedição do ofício requisitório, e não do pronunciamento judicial que apenas rejeitou o pedido de reconsideração da recorrente.
3. Recurso especial conhecido e improvido.
Há a possibilidade legal de apresentação de pedido de reconsideração na hipótese do art. 527, parágrafo único do CPC, segundo o qual as decisões monocráticas do relator que converte o agravo de instrumento em retido ou indefere o pedido de tutela de urgência são irrecorríveis, facultando ao relator a sua reconsideração.
c) correição parcial – medida que busca atacar decisões do juiz que cause confusão procedimental. Possui, na verdade, natureza administrativa. No Código de 1939, tinha maior utilidade, haja vista a inexistência de previsão legal de recursos para algumas decisões. Com a amplitude que os agravos têm no atual ordenamento, não mais se justifica a permanência deste sucedâneo.
Entretanto, aponta-se uma hipótese residual para a correição parcial. Trata-se da situação em que o juiz deixa de proferir uma decisão que era devida naquele momento processual. Ante a impossibilidade de agravo, cabível a correição parcial. Ex: a parte formula pedido de antecipação da tutela e o juiz simplesmente não aprecia, ou afirma que apreciará por ocasião da sentença.
HUMBERTO THEODORO JR. defende a manutenção do instituto. Segundo ele, “por mais completo que seja o sistema recursal do Código, hipóteses haverá em que a parte sentirá a iminência de sofrer prejuízo, sem que haja um remédio específico para sanar o dano que o juiz causou a seus interesses em litígio.” Segundo ele, trata-se de uma “providência assemelhada ao recurso, sempre que o ato do juiz for irrecorrível e puder causar dano irreparável para a parte.” (p. 607-608).
5. CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS.
5.1. Quanto ao objeto imediato do recurso.
a) recursos ordinários – são aqueles que buscam proteger o interesse particular do recorrente, o seu direito subjetivo. Atém-se à justiça do caso concreto.
b) recursos extraordinários – são aqueles cuja finalidade é a proteção do direito objetivo. Sua preocupação direta é a segurança jurídica, com a uniformização da jurisprudência. Não se atém à justiça do caso concreto.
5.2. Quanto à fundamentação recursal.
a) fundamentação vinculada – as matérias que podem ser alegadas no recurso são expressamente previstas em lei. Aplica-se aos recursos especial, extraordinário e embargos de declaração.
b) fundamentação livre – não há um limite legal prévio acerca das matérias que podem ser alegadas no recurso. A situação prática, entrementes, irá limitar o que pode ser alegado, ante os limites objetivos da lide.
5.3. Quanto à abrangência da matéria impugnada.
a) recurso total – existem duas acepções. A primeira, de BARBOSA MOREIRA, segundo a qual o recurso é total quando impugna tudo quanto possa ser impugnado. A segunda, de DINAMARCO, que reza que o recurso total é aquele que impugna toda a decisão.
b) recurso parcial – a depender da corrente adotada, será parcial o recurso que impugnar apenas parte daquilo que poderia ter sido impugnado, ou será parcial que impugnar apenas parte da decisão.
“O que determina ser um recurso total ou parcial não é a identidade plena entre o objeto do recurso e da decisão impugnada, mas a identidade do objeto recursal com a sucumbência gerada pela decisão impugnada.” (NEVES, Daniel. p. 576).
5.4. Quanto à independência/subordinação do recurso.
a) recurso independente ou principal – é aquele interposto dentro do prazo legal, para o qual não interessa a postura da parte adversa.
b) recurso subordinado ou adesivo – é aquele oferecido no prazo das contrarrazões do recurso interposto pela parte adversa. Seu fundamento é a vontade inicial de não impugnar a decisão, desejando o trânsito em julgado.
Entenda: Como o propósito inicial do recorrente adesivo era não se insurgir contra a decisão, a fim de permitir o trânsito em julgado, o que não ocorreu em decorrência da interposição do recurso principal, a legislação faculta a possibilidade de apresentação do recurso adesivo, condicionando-o à admissibilidade do recurso principal.
Art. 500 CPC. Cada parte interporá o recurso, independentemente,no prazo e observadas as exigências legais. Sendo, porém, vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir a outra parte. O recurso adesivo fica subordinado ao recurso principal e se rege pelas disposições seguintes:
I - será interposto perante a autoridade competente para admitir o recurso principal, no prazo de que a parte dispõe para responder; 
II - será admissível na apelação, nos embargos infringentes, no recurso extraordinário e no recurso especial; 
III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal, ou se for ele declarado inadmissível ou deserto. 
Parágrafo único. Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior.
NCPC: No art. 1.019, parágrafo único, II, limita-se a hipótese de recurso adesivo à apelação, ao recurso especial e ao recurso extraordinário, por não prever os embargos infringentes como modalidade recursal.
Pergunta: Cabe recurso adesivo no recurso inominado do juizado especial?
Não. Enunciados 88 do FONAJE e 59 do FONAJEF.
Pergunta: O rol dos recursos que permitem o recurso adesivo é taxativo?
Para a maior parte da doutrina, sim. (ARAKEN DE ASSIS e DANIEL NEVES, por exemplo).
Para o STJ, também é taxativo. Ver AgRg no EResp nº 611.395/MG.
Pergunta: Tratando-se de recurso principal parcial, pode o recorrido apresentar recurso adesivo da parte até então não recorrida?
Tendo em vista o que fora esclarecido no que acima chamei de “entenda”, só pode haver o recurso subordinado sobre aquilo que não precluiu, pena de se permitir um recurso intempestivo, premiando quem foi inerte.
A 3ª Turma do STJ tem entendimento diverso. No REsp 203874/SC, rel. Min. WALDEMAR ZVEITER, DJ 09.04.2001, afirmou-se que “O art. 500 do CPC não impõe deva o adesivo contrapor-se unicamente ao tema impugnado no recurso principal, pois a lei faz a referência apenas à sucumbência recíproca, à interposição do recurso principal, ao atendimento do prazo para oferecer as razões e ao conhecimento do recurso principal como condição do exame do adesivo.”
6. EFEITOS DOS RECURSOS.
6.1. Efeito devolutivo.
“A expressão ‘efeito devolutivo’ surgiu no direito romano. O poder de julgar era monopólio do soberano que o delegava a órgãos inferiores. Nada obstante a
 delegação da jurisdição para o julgamento de causas e de alguns recursos, o imperador, em segundo ou terceiro grau, poderia sempre examinar os recursos interpostos.
Assim, por meio do recurso, a jurisdição para o julgamento da causa, inicialmente delegada, era devolvida ao soberano. Daí a ideia de efeito ‘devolutivo’ do recurso: devolve-se a jurisdição àquele que a detinha inicialmente.” (BARIONI, Rodrigo. p. 34)
Nos dias atuais, a jurisdição é atividade exclusiva do Estado. Não há delegação da jurisdição, o que inviabilizaria a utilização de um efeito que devolvesse a jurisdição que fosse – supostamente - anteriormente delegada. O que existe é um efeito que transfere a matéria impugnada a outro juízo, sendo mais adequada a denominação de efeito de transferência. Todavia, por tradição jurídica, mantêm-se a nomenclatura já consagrada pelo tempo.[3: Não se desconhece a delegação de atividade jurisdicional realizada pela Lei de arbitragem, ao afirmar que o título oriundo do procedimento arbitral é judicial.]
Pergunta: Só existe efeito devolutivo se o recurso for ser apreciado por outro órgão julgador?
Sim. (BARBOSA MOREIRA, SEABRA FAGUNDES e CÂNDIDO DINAMARCO). Para este último, o que os embargos declaratórios provocam é o efeito regressivo e não o efeito devolutivo.
Não. O que importa é a transferência da matéria a ser analisada, mesmo que para o juiz/tribunal que proferiu a decisão. (TERESA ARRUDA ALVIM WAMBIER, NELSON NERY JR., DANIEL AMORIM NEVES e FREDIE DIDIER JR.).
6.1.1. Dimensão horizontal do efeito devolutivo.
É a extensão da matéria impugnada. Busca-se saber o que foi impugnado pelo interessado, estando diretamente ligada à ideia de recurso total ou parcial. Aplica-se a máxima tantum devolutum quantum appellatum.
6.1.2. Dimensão vertical do efeito devolutivo.
É a profundidade da matéria impugnada. Determina as questões que devem ser examinadas pelo órgão ad quem. Interessa notar que a dimensão vertical devolve, por força legal, todas as questões e fundamentos que digam respeito ao capítulo impugnado, mesmo que não tenha sido suscitado no recurso.
Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
§ 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro.
§ 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.
§ 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
§ 4o Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que possível prosseguirá o julgamento da apelação. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006)
O STJ tem o entendimento de que o conhecimento pelo tribunal do que reza o art. 515, §§ 1º e 2º, independe de alegação no recurso ou contrarrazões. Vejamos a ementa do REsp 1.201.359/AC, do então Ministro do STJ, hoje no STF, TEORI ZAVASCKI, julgado em 05.04.2011:
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ACÓRDÃO QUE REFORMA SENTENÇA, AFASTANDO UM DOS FUNDAMENTOS INVOCADOS PELA PARTE, SEM ANALISAR OS DEMAIS. EFEITO TRANSLATIVO DOS RECURSOS. CPC, ART. 515, § 2º.
1. Por força do chamado efeito translativo, cumpre ao tribunal de apelação, ao afastar o fundamento adotado pela sentença apelada, examinar os demais fundamentos invocados pela parte para sustentar a procedência ou a improcedência da demanda. É o que estabelece o § 2º do art. 515 do CPC: "Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais". O exame desses demais fundamentos independe de recurso próprio ou de pedido específico formulado em contra-razões. Precedente.
2. Recurso especial provido.
Vejamos um caso hipotético:
João ingressou com ação ordinária com o objetivo de revisar seu benefício previdenciário, sob a justificativa de que sua renda está menor do que lhe seria devido. Na contestação, o INSS alega ausência de interesse de agir, ante a inexistência de prévio requerimento administrativo, e no mérito pleiteia pela improcedência. Após a réplica, foram os autos conclusos. Na sentença, o juiz extinguiu o processo, sem resolução de mérito, por carência da ação, nada mencionando sobre a procedência ou não da revisão. Na apelação, o autor defendeu a tese do afastamento da carência. O INSS, em suas contrarrazões, pugnou pela manutenção da sentença. Indo os autos ao tribunal, se este entender pelo afastamento da carência, poderá apreciar o mérito acerca da correção da renda paga? Ou como o recurso não foi expresso nesse sentido, é vedado ao tribunal conhecer do assunto?
De acordo com o art. 515, §2º, do CPC, poderá o tribunal, afastando a decadência, apreciar o direito à revisão, mesmo sem ser objeto expresso do recurso, com fundamento na dimensão vertical do efeito devolutivo.
Pergunta: Não haveria aí supressão de instância?
O efeito devolutivo entrega todas as questões que digam respeito ao capítulo impugnado, estando, portanto, autorizado o tribunal a julgar o mérito, desde que a causa esteja pronta para julgamento. §3º do art. 515 do CPC.
É o que a doutrina chama de teoria da causa madura.
6.2. Efeito translativo.
Como vimos no tópico anterior, o efeito devolutivo entrega ao órgão ad quem as questões recorridas, bem comoaqueles que embora não recorridas estão interligadas a ela. Estaria a matéria de ordem pública albergada pelo efeito devolutivo? Para parcela considerável da doutrina, sim. Para outra, as matérias de ordem pública possuem conotações distintas, de sorte que trata de efeito diverso do devolutivo.
Entendo que a discussão não se justifica, mas adotarei a segunda corrente apenas por considerá-la mais didática.
O efeito translativo está intimamente ligado, como dito, à transferência das matérias de ordem pública ao tribunal, independentemente de recurso nesse sentido. Se o recurso atacar a matéria de ordem pública, isto será o mérito do recurso e quem o transfere é o efeito devolutivo. Para se configurar o efeito translativo, mister que a matéria de ordem pública seja cognoscível de ofício pelo juízo ad quem.
Pergunta: havendo impugnação parcial contra capítulo de mérito da sentença, poderá o órgão ad quem apreciar as condições da ação e os pressupostos processuais também da parte não recorrida?
Um caso para esclarecer: sentença que condenou o banco X a pagar R$ 10.000,00 a título de danos materiais e R$ 15.000,00 a título de danos morais. O banco recorreu apenas do dano moral. O tribunal, todavia, verificou a ausência de uma das condições da ação. Extinguirá o processo apenas em relação ao pedido de dano moral, ou em relação a todo o processo, ou seja, aos dois pedidos?
Para BARBOSA MOREIRA e DINAMARCO, o efeito translativo apenas se opera em relação ao capítulo da sentença impugnado. Quanto ao outro, há o trânsito em julgado.
Para NELSON NERY, ARAKEN DE ASSIS e RODRIGO BARIONI, a matéria de ordem pública é subtraída do poder dispositivo das partes. O recurso interposto transfere ao órgão ad quem a matéria impugnada e a matéria de ordem pública inclusive da matéria não impugnada.
Pergunta: Permitir que a matéria de ordem pública possa ser conhecida pelo tribunal, mesmo na parte não recorrida da decisão, pode levar ao ferimento da reformatio in pejus?
Segundo os defensores da corrente que autoriza, não. A reformatio in pejus está ligada diretamente ao princípio dispositivo, inerente ao efeito devolutivo. Já o efeito translativo é regido pelo princípio inquisitivo, o que autorizaria a decisão que viesse a prejudicar o recorrente.
Pergunta: No STJ e no STF, o efeito translativo encontra bloqueio no prequestionamento?
Para a primeira corrente, não. Uma vez conhecido o recurso, mesmo que a matéria de ordem pública nunca tenha sido enfrentada nas instâncias inferiores, pode tribunal dela conhecer, em homenagem ao efeito translativo. Sempre foi a posição do STJ, tendo sido alterada em 2012.[4: AgRg no Ag 1.357.618/SP, 4ª Turma, Min. MARIA ISABEL GALLOTTI, DJe 04.05.2011.]
Para a segunda corrente, sim. É necessário o prequestionamento de toda e qualquer matéria, inclusive as matérias de ordem pública. Tal entendimento assenta o pensamento de que não se aplica o efeito translativo aos recursos especial e extraordinário. Tanto o STF quanto o STJ perfilham tal corrente. STF: AI 823.893. STJ: AgRg no REsp 1.271.016/RS, DJe 29.06.2012.
6.3. Efeito expansivo.
6.3.1. Efeito expansivo subjetivo.
Em regra, a interposição de recurso produz efeito apenas para a parte recorrente e recorrida. Todavia, pode o recurso interposto afetar alguém que não é parte do recurso. Isto ocorre principalmente nos casos de litisconsórcio unitário e nos casos de responsabilidade solidária. Os embargos de declaração também interrompem o prazo recursal para todos os participantes, mesmo que o capítulo embargado não lhe diga respeito.
6.3.2. Efeito expansivo objetivo. 
Por uma questão de lógica jurídica, pode ser que uma decisão afete um capítulo não impugnado que com ela guarde relação de prejudicialidade. Assim, mesmo que não impugnado, será atingido pelo que fora decidido.
Ex: A sentença julgou procedente o pedido condenando o réu ao pagamento de dez mil reais, bem como o condenou na verba sucumbencial. O réu apelou atacando apenas a condenação principal de dez mil reais. O tribunal pode, ao dar provimento à apelação, reformar a sentença para afastar a condenação principal, bem como para afastar a condenação de sucumbência.
6.4. Efeito Suspensivo.
A interposição de recurso dotado de efeito suspensivo impede a eficácia da decisão impugnada. A decisão judicial torna-se eficaz com a sua prolação e não com o seu trânsito em julgado. Todavia, em certas situações, entende o legislador discutir melhor o direito deduzido em juízo e, por isso, suspende a eficácia do decisum impugnado até a apreciação do recurso pelo juízo ad quem. Tal postura é muito comum no recurso de apelação, em que a devolução da matéria impugnada ao tribunal reclama um juízo de cautela, razão pela qual se suspende a executoriedade da decisão. Presume-se a necessidade de um duplo grau de jurisdição – uma revisão do julgado de primeiro grau, desde que o sucumbente interponha o recurso cabível.
Nas precisas palavras do professor ARAKEN DE ASSIS,
Enquanto o efeito devolutivo se funda no princípio dispositivo, o suspensivo baseia-se no princípio da segurança. É um ponto de equilíbrio entre dois interesses legítimos: de um lado, o do vencedor, ansioso por ver realizado, na prática, o direito já reconhecido; de outro, o do vencido em impedir que ato decisório injusto produza efeitos irreversíveis. (p. 241)
Importante anotar que, embora a decisão judicial esteja apta a produzir os seus efeitos a partir de sua prolação, na hipótese de ela ser impugnável por recurso para o qual a legislação atribui ope legis, a lógica jurídica exige a suspensão da decisão até o término do prazo legal, a fim de se saber se o recurso foi interposto ou não, pena de se iniciar a execução da decisão e, logo depois, sobrevir recurso com efeito suspensivo, o que certamente seria danoso para o andamento processual. 
Desta forma, prolatada decisão para a qual há a previsão legal de recurso com efeito suspensivo, a eficácia dela fica diferida até o recebimento do recurso ou, na ausência deste, ao trânsito em julgado.
A doutrina majoritária entende de forma diferenciada. Cito, abaixo, trecho da obra do professor DANIEL NEVES que resume bem a ideia corrente:
“Como bem apontado pela melhor doutrina, a afirmação de que o recurso tem efeito suspensivo não pode ser considerada correta, porque na realidade não é o recurso que suspende a eficácia da decisão, mas sim a sua recorribilidade, ou seja, a mera previsão de um recurso que tenha como regra efeito suspensivo. Havendo a previsão em lei de recurso a ser ‘recebido com efeito suspensivo’, a decisão recorrível por tal recurso já surge no mundo jurídico ineficaz, não sendo a interposição do recurso que gera tal suspensão, mas a previsão legal do efeito suspensivo. O recurso, nesse caso, uma vez interposto, prolonga o estado inicial de ineficácia da decisão até seu julgamento. Essa é a razão pela qual não se admite execução provisória de sentença no prazo de interposição do recurso de apelação, porque, sendo esse recurso recebido no efeito suspensivo (art. 520do CPC), dever-se-á aguardar o transcurso do prazo, sendo certo que a interposição da apelação continuará a impedir a geração de efeitos da sentença até o seu final julgamento, ao passo que a não interposição produz o trânsito em julgado, com a liberação dos seus efeitos.” (p. 585/586) (grifos do original)
6.4.1. Modalidades.
a) Efeito suspensivo próprio – é aquele que a própria legislação já prevê para o recurso.
b) Efeito suspensivo impróprio – é aquele que, embora a lei não haja previsto, é possível ser alcançado através de pedido ao juiz que irá julgar o recurso, desde que preenchidos os requisitos, que podem ser resumidos pela fórmula: “sempre que houver risco de lesão grave e de difícil reparação, sendo relevante a fundamentação”.
Art. 558. O relator poderá, a requerimento do agravante, nos casos de prisão civil, adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem caução idônea e em outros casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação,sendo relevante a fundamentação, suspender o cumprimento da decisão até o pronunciamento definitivo da turma ou câmara. 
Parágrafo único. Aplicar-se-á o disposto neste artigo as hipóteses do art. 520. 
Pergunta: No silêncio da lei, presume-se a existência ou a ausência do efeito suspensivo? Tome-se como exemplo os embargos de declaração. A interposição deles suspende a eficácia da decisão?
Na doutrina e na jurisprudência, prevalece o entendimento de que, no silêncio da lei, presume-se o efeito suspensivo. Segundo eles, a regra do sistema jurídico pátrio é a de que os recursos possuem efeito suspensivo. Se o recurso não possuir tal efeito, deve constar expressamente do texto legal. Neste sentido, RIOS GONÇALVES, DANIEL NEVES e FREDIE DIDIER JR.
Para alguns, no silêncio, presume-se a ausência do efeito suspensivo. O efeito próprio de todos os recursos é o devolutivo. Caso o legislador queira atribuir efeito suspensivo, deve fazê-lo expressamente. Neste sentido, TERESA ARRUDA ALVIM WAMBIER, BARBOSA MOREIRA e HUMBERTO THEODORO JR.
Para mim, os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo. O que acontece é o seguinte: como na hipótese de decisão prolatada para a qual a previsão é de impugnação por recurso que se atribui ope legis efeito suspensivo, a hipótese é de diferir a eficácia da decisão, mesmo que na pendência de embargos declaratórios interpostos. Se para a decisão, a previsão é de recurso sem efeito suspensivo ope legis, a decisão é imediatamente eficaz, independentemente de embargos declaratórios. Em suma: os embargos em nada interferem na suspensividade da decisão. O que pode diferir a eficácia de uma decisão é a possibilidade de interposição de recurso com efeito suspensivo. 
Conhecendo o Novo CPC: Art. 1048. Os embargos de declaração não têm efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de outros recursos por qualquer das partes.
Pergunta: No curso do processo foi concedida medida liminar ao autor para receber pensão por morte junto ao INSS. Na sentença, o juiz julgou improcedente o pedido inicial e cassou a liminar anteriormente concedida. Contra a sentença, foi interposta apelação recebida no duplo efeito. Indaga-se: o autor deve continuar recebendo a pensão por morte?
O efeito suspensivo está ligado à executoriedade da sentença pelo vencedor. A sua atribuição a um recurso impede que o vencedor inicie a execução da decisão. 
No caso supra, o capítulo da sentença que cassou a antecipação da tutela tem natureza desconstitutiva, não havendo em se falar em sua execução. O efeito suspensivo não terá repercussão sobre este capítulo, pois não há que se falar de capítulo de natureza constitutiva ou declaratória.
Ademais, não serve o efeito suspensivo para permitir a execução do vencido contra o vencedor. Seria uma aberratio judicis. A suspensividade, além de impedir que o vencedor execute a decisão que lhe fora favorável, teria o condão de ressuscitar o que fora expressamente cassado pelo juiz? Só quem pode modificar o que fora decidido é o juízo ad quem, através do efeito substitutivo.
Desta forma, a resposta é negativa. O raciocínio não deve ser matemático, mas lógico-jurídico!
6.5. Efeito obstativo – A interposição do recurso obsta a geração da preclusão temporal, evitando, com isso, o trânsito em julgado.
6.6. Efeito substitutivo – O julgamento de mérito do órgão ad quem substitui a decisão impugnada, nos limites da impugnação. (Art. 512 do CPC).
6.7. Efeito regressivo – Permite que a causa retorne ao julgamento do juiz que proferiu a decisão. Ocorre no recurso de agravo e na apelação interposta contra indeferimento da petição inicial (art. 296 do CPC) e contra julgamento liminar de improcedência (art. 285-A do CPC).
Reflexão: Diante de tudo o que foi visto, há que se falar em trânsito em julgado de capítulo de sentença, ou somente saberemos se realmente transitou após o julgamento de todos os recursos interpostos? Notadamente em virtude dos efeitos translativos e expansivos.
7. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE.
7.1. Conceito.
Assim como o mérito de uma demanda necessita do preenchimento dos pressupostos processuais e das condições da ação para ser julgado, o mérito recursal também reclama, para ser apreciado, o preenchimento dos pressupostos e condições recursais, denominados de juízo de admissibilidade.
7.2. Natureza jurídica da decisão que não admite o recurso e eficácia da decisão.
Reconhece-se a natureza declaratória da decisão que tem como fundamento o juízo de admissibilidade. Porém, por necessidade de ordem prática, confere-se a eficácia ex nunc, constituindo o trânsito em julgado/preclusão a partir da não admissão do recurso.
No sentido, decisão da Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, j. 17.12.2007, no AgRg nº 958.333:
AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 495 DO CPC. TERMO A QUO. TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO QUE APRECIOU O ÚLTIMO RECURSO INTERPOSTO. PRECEDENTES.
1. De acordo com o artigo 495 do Código de Processo Civil, o direito de propor ação rescisória se extingue após o decurso de dois anos contados a partir do trânsito em julgado da última decisão proferida na ação de conhecimento.
2. "Não há que se falar no trânsito em julgado da sentença rescindenda até que o último órgão jurisdicional se manifeste sobre o derradeiro recurso" (EREsp nº 441.252/CE).
3. O termo inicial para manejo de ação rescisória é o trânsito em julgado da ação de conhecimento, que se opera após o transcurso in albis do prazo para recorrer ou com o julgamento do último recurso interposto, mesmo que este não tenha sido conhecido ante a inobservância de requisito legal, como, in casu, a irregularidade na representação processual. Precedentes.
4. Agravo regimental improvido. (Grifos acrescentados)
7.3. Duplo juízo de admissibilidade.
Tendo em vista que a interposição do recurso, como regra, é feita no juízo a quo, cabe também a este realizar o juízo de admissibilidade, havendo, portanto, um duplo juízo.
Atenção! Ao apreciar o juízo de admissibilidade recursal, o juízo a quo apenas recebe ou não o recurso. Já o juízo ad quem, ao analisar o juízo de admissibilidade, conhece ou não do recurso.
Pergunta: Sendo duplo o juízo de admissibilidade, se o juízo a quo entender presentes os pressupostos recursais, há vinculação ao juízo ad quem?
Sendo matéria de ordem pública, não há preclusão, razão pela qual se conclui pela não vinculação. Ver STJ, no EREsp nº 978.782, da rel. Min. ARI PARGENDLER, j. 20.05.2009.
7.4. Classificação sugerida por BARBOSA MOREIRA.
7.4.1. Pressupostos intrínsecos – referem-se à própria existência do poder de recorrer.
a) cabimento;
b) legitimidade;
c) interesse recursal; e
d) inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer.
7.4.2. Pressupostos extrínsecos – referem-se ao modo de exercer o poder de recorrer.
a) tempestividade;
b) preparo; e 
c) regularidade formal.
7.5. Pressupostos Intrínsecos.
7.5.1. Cabimento.
Previsão legal para interposição de determinado recurso contra o provimento judicial que se deseja impugnar.
A regra geral é que os provimentos judiciais sem carga decisória são irrecorríveis. Por esta razão, a previsão do art. 504 do CPC acerca da irrecorribilidade dos despachos.
Já para as decisões interlocutórias e para a sentença, por exemplo, prevê o legislador, respectivamente, o agravo e a apelação.
Pergunta: Todo pronunciamento judicial com carga decisória é recorrível?
Não. A lei coloca fora do âmbito de recorribilidade alguns provimentos do juiz, mesmo que com carga decisória. Por exemplo, art. 527, parágrafo único, e art. 519, parágrafo único.
A própria jurisprudência, notadamente a do STJ, tem entendido pela irrecorribilidade de alguns provimentos judiciais, os quais possuem indubitavelmente forte carga decisória, como por exemplo: 
Pronunciamento que determina a remessa de um processo a outro juízo, em decorrência da prevenção (AgRg no Ag nº 561.502, da rel. Min. PAULO MEDINA, j. 05.10.2004).
Pronunciamento que deixade analisar o pedido de tutela antecipada (AgRg no REsp nº 1.009.082, da rel. Min. DENISE ARRUDA, j. 24.06.2008)
7.5.2. Legitimidade recursal.
De acordo com o art. 499 do CPC, a parte vencida, o terceiro prejudicado e o Ministério Público, podem interpor recurso.
Tanto o autor, o réu, os terceiros intervenientes, quanto o Ministério Público, mesmo quando atua como fiscal da lei, são tecnicamente considerados parte do processo.
Conhecendo o NCPC: No projeto do Novo CPC, o Ministério Público deixa de ser chamado de fiscal da lei e passa a ser denominado de fiscal da ordem jurídica.
O terceiro prejudicado é aquele que, não sendo parte do processo, tem interesse jurídico que lhe permita a participação no processo. O interesse jurídico se consubstancia na possibilidade de a relação jurídica, da qual é titular, ser afetada pela decisão que se busca impugnar.
Conhecendo o NCPC: No projeto do Novo CPC, mais especificamente no art. 950, parágrafo único, exclui-se a expressão “terceiro prejudicado” e chama apenas de terceiro. O motivo é que quando se fala em “prejudicado”, trata-se mais do interesse recursal do que da legitimidade.
Pergunta: Os auxiliares da justiça (perito, tradutor, intérprete, depositário etc.) podem recorrer das decisões judiciais? Exemplo: O juiz fixou os honorários periciais abaixo do que fora proposto pelo perito. Ele pode recorrer dessa decisão?
A doutrina majoritária e o STJ entendem que não. Segundo entendem, o auxiliar da justiça deve ingressar com a ação própria. Abaixo, REsp nº 259.981, da rel. Min. ELIANA CALMON, j. 18.04.2004.
PROCESSO CIVIL - DEPOSITÁRIO JUDICIAL - LEGITIMIDADE PARA RECORRER - SÚMULA 7/STJ.
1. Segundo o art. 139 do CPC, o depositário judicial é mero auxiliar do Juízo, não tendo, em princípio, legitimidade para recorrer.
2. Violação ao art. 499 do CPC que importa em reexame do contexto fático-probatório (Súmula 7/STJ), ficando prejudicado o exame das demais teses suscitadas no especial.
3. Recurso especial improvido.
O fundamento é que o juiz e os serventuários da justiça, mesmo os eventuais (perito etc.), não têm legitimidade recursal, dada a sua posição no processo.
Mesmo que seja na hipótese de ato atentatório ao exercício da jurisdição (art. 14, V, CPC), não poderá o auxiliar da justiça apresentar recurso.
Pergunta: O advogado pode recorrer em nome próprio do capítulo da sentença que fixa seus honorários?
Sim, na condição de terceiro prejudicado.
Pergunta: A parte representada pelo advogado pode recorrer dos honorários advocatícios concedidos ao seu advogado?
De acordo com o STJ, sim. (REsp nº 440.613/SE). Trata-se de legitimação extraordinária (recorre em nome próprio para defender direito de outrem).
7.5.3. Interesse recursal.
Está associado ao interesse de agir. Assim, a pretensão recursal deve trazer um resultado que seja útil ao recorrente, consubstanciado em uma diminuição de sua sucumbência, ou sua eliminação. Ou seja, por meio do recurso, o recorrente deve alcançar uma situação mais favorável do que a obtida com a decisão que se pretende impugnar.
Exige-se a existência de sucumbência (para as partes) ou prejuízo (terceiro e Ministério Público, este como fiscal da lei).
Pergunta: Há interesse recursal quando há pedido de condenação de dano moral em R$10.000,00 e o juiz profere sentença de procedência para condenar o réu a indenizar o autor em R$8.000,00?
Embora não tenhamos sucumbência formal (o pedido de condenação foi procedente), teremos o que a doutrina/jurisprudência tem chamado de sucumbência material (Resp 844.428/SP). É dizer, embora procedente o pedido, não alcança o autor aquilo que pretendera quando ajuizou a demanda (Resp. 694.271).
Pergunta: É possível o réu recorrer de sentença que extinguir o processo sem resolução de mérito?
Tendo em vista que a sentença que extinguir o processo sem resolução de mérito não é apta a formar a coisa julgada material, permitindo assim a repropositura da demanda, (salvo na hipótese do art. 267, V, CPC), há interesse recursal sim do réu. 
Trata-se de aplicação da tese da sucumbência material, pois formalmente não há sucumbência para o autor que o autorize a manejar o recurso.
Pergunta: É possível recorrer apenas para alterar o fundamento da decisão?
Tendo em vista que o interesse recursal exige que o recurso trouxesse uma melhora para a situação do recorrente, não se permite. 
Pergunta: Em uma sentença com dois fundamentos para julgar improcedente o pedido, se o recorrente impugnar apenas um dos fundamentos há interesse recursal?
Não. Se há dois fundamentos isoladamente aptos a manter a decisão, deve o recorrente impugnar ambas. 
Súmula 283 do STF: “É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos”. 
Súmula 126 do STJ: “É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em fundamento constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficientes, por si só, para mantê-lo, e a parte não manifesta recurso extraordinário”. 
7.5.4. Inexistência de ato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer.
7.5.4.1. Desistência.
É facultado ao recorrente desistir do recurso a qualquer tempo, independentemente e anuência da parte contrária, conforme previsão do art. 501 do CPC. É expressão do princípio do dispositivo. 
Pergunta: Até que momento pode haver a desistência?
Para o STJ, até o encerramento do julgamento do recurso mesmo que o relator já tenha prolatado seu voto (RMS 20.582).
Já para o STF, somente até o início do julgamento de mérito (Rcl/503).
NCPC: No art. 1020, está expresso que o recorrente poderá desistir, a qualquer tempo, até o início da votação, do recurso interposto.
Pergunta: Pode haver desistência se o recurso foi escolhido como paradigma, na hipótese de recurso repetitivo?
Trata-se de ponto polêmico. O STJ tem entendido pela impossibilidade da desistência, ante o forte interesse social no julgamento (QO no REsp 1.063.343/RS). Ver o parágrafo único do art. 952 do NCPC.
7.5.4.2 Renúncia. 
É facultado ao recorrente renunciar ao direito de recorrer, conforme o art.502 do CPC, independentemente de aquiescência da parte adversa.
Perceba-se que a renúncia ocorre antes da interposição do recurso, diferentemente do que ocorre com a desistência. 
7.5.4.3. Aquiescência. 
De acordo com o art. 503 do CPC, a aceitação expressa ou tácita acerca da decisão impede o ato de recorrer. Ocorre uma preclusão lógica. 
Pergunta: Se de uma sentença a Fazenda Pública não apela e os autos vão à segunda instância por força do reexame necessário e o tribunal mantiver a sentença, pode a Fazenda Pública impugná-la ou haverá preclusão lógica?
O STJ entende que a Fazenda Pública pode recorrer às instâncias ordinárias. (EResp 1.119.666/RS).
7.6. Pressupostos Extrínsecos.
7.6.1. Tempestividade.
Todo recurso deve ser interposto dentro do prazo previsto em lei. Caso contrário, será intempestivo e, consequentemente, inadmissível. 
O prazo é peremptório, somente podendo ser prorrogado nos termos do art. 184 do CPC. No atual código, existem diversos prazos recursais, buscando o NCPC uma padronização.
O mesmo art. 184 do CPC disciplina acerca da contagem dos prazos, o que será alterado pelo art. 249, caput do NCPC.
O art. 506 do CPC prevê o termo inicial da contagem do prazo recursal. 
7.6.1.1. Recurso prematuro ou de intempestividade ante tempus. 
O recuso será intempestivo se: apresentando depois do prazo legal ou, antes de iniciado o prazo legal. 
Posição do STF: (AI – AGR 530.544)
Posição do STJ: (AgRg no REsp 1.253.756)
Conhecendo o Novo CPC: Art. 1048, § 2º: Se, ao julgar os embargos de declaração, o juiz, relator ou órgão colegiado não alterar a conclusão do julgamento anterior, o recurso principal interposto pela outra parte antes da publicação do resultado será processado e julgado independente de ratificação.
7.6.1.2. Aplicação do prazo diferenciado em âmbito recursal. 
A Fazenda Pública,o Ministério Público e a Defensoria Pública possuem prazo em dobro para recorrer. Já os litisconsortes com diferentes procuradores terão o prazo em dobro (art. 191) se houver sucumbência para ambos (Súmula 641 STF). 
7.6.2. Preparo. 
O desempenho do serviço público jurisdição, demanda despesas, sendo cobrado daquele que inicia ou reinicia a atividade jurisdicional o pagamento das despesas.
No ato de interposição do recurso, cabe ao recorrente demonstrar o pagamento do preparo, da parte de remessa e retorno.
Na ausência de recolhimento, ocorrerá a deserção do recurso. 
Pergunta: A prova do recolhimento deve ser no ato de interposição do recurso. Se houver a interposição do recurso antes do prazo legal sem o recolhimento do preparo, poderá o recorrente fazer dentro do restante do prazo legal?
Não. Mesmo que as custas tenham sido pagas antes da interposição, se não juntada a prova do recolhimento, restará deserto. (AgRg no Ag 471.502). 
Obs: Nos Juizados Especiais (art.42, §1º, da Lei 9099/95) e na Justiça Federal (art.14, II, da Lei 9289/96), a ausência de preparo na interposição do recurso não causa deserção. O recorrente será intimado para recolher o preparo, pena de deserção. 
De acordo com o art. 511, §2º, do CPC, sendo insuficiente o preparo recursal, será o recorrente intimado para recolher despesas. 
Conhecendo o novo CPC: De acordo com o art. 1.029, II, a insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente, intimado, não vier a supri-lo no prazo de cinco dias.
Pergunta: Há preparo em recurso adesivo?
De acordo com o art.500, parágrafo único, do CPC, ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente. Assim, se o recurso principal recolhe preparo o adesivo também recolherá.
NCPC: O Novo Código, não obstante afirmar textualmente que o recurso adesivo fica subordinado ao recurso principal, aplicando-lhes as mesmas regras (parágrafo único do art. 1.019), determina no inciso IV deste mesmo parágrafo, que está dispensado de preparo o recurso adesivo.
7.6.3. Requisitos formais.
Cada recurso possui seus requisitos específicos, sendo natural tratar de tais requisitos quando tratarmos sobre o recurso em espécie. Neste momento, portanto, veremos alguns requisitos que são genéricos aos recursos.
Necessidade de fundamentação e pedido;
Ser escrito – há duas exceções: o agravo retido interposto em audiência e os embargos de declaração nos Juizados Especiais;
Necessidade de capacidade postulatória – é necessária a presença de advogado para recorrer, mesmo nos casos de Juizados Especiais;
Assinatura do recurso – por óbvio, toda peça deve ser assinada pelo subscritor. A ausência de assinatura não é motivo para o imediato não conhecimento do recurso. Esse o entendimento do STJ. (Ver REsp 1.074.423, da rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, j. 21.10.2008).
Procuração judicial – é necessária a procuração ad juditia. Sua ausência não implica imediato não conhecimento, pois se trata de vício sanável. O STJ tem uma súmula, a de nº 115, que diz que se a ausência de procuração é nas instâncias ordinárias, o vício é sanável, mas se nos tribunais superiores, insanável. 
Súmula nº 115 do STJ: NA INSTANCIA ESPECIAL É INEXISTENTE RECURSO INTERPOSTO POR ADVOGADO SEM PROCURAÇÃO NOS AUTOS.
BIBLIOGRAFIA
ASSIS, Araken de. Manual dos Recursos. 2ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008.
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DINAMARCO, Cândido Rangel. Capítulos de Sentença. 1ª ed, 2ª tiragem. São Paulo: Malheiros, 2004.
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MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de Processo Civil. Processo de Conhecimento. Vol. 02. 10ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011.
MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de Direito Processual Civil. Vol. II. 9ª ed. São Paulo: Atlas, 2013.
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WAMBIER, Luiz Rodrigues, TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil. Vol. 01. 11ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010.
QUESTÕES OBJETIVAS DE DIVERSOS CONCURSOS
(III EXAME UNIFICADO DA OAB – 2010.3) Em um processo que observa o rito comum ordinário, o juiz profere decisão interlocutória contrária aos interesses do réu. É certo que, se a decisão em questão não for rapidamente apreciada e revertida, sofrerá a parte dano grave, de difícil ou impossível reparação. Assim sendo, o advogado do réu prepara o recurso de agravo de instrumento, cuja petição de interposição contém a exposição dos fundamentos de fato e de direito, as razões do pedido de reforma da decisão agravada, além do nome e endereço dos advogados que atuam no processo. A petição está, ainda, instruída com todas as peças obrigatórias que irão formar o instrumento do agravo. Contudo, o agravante deixou de requerer a juntada, no prazo legal, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo de instrumento e do comprovante de sua interposição, assim como a relação dos documentos que instruíram o recurso, fato que foi arguido e provado pelo agravado. Com base no relatado acima, assinale a alternativa correta a respeito da consequência processual decorrente.
(A) Haverá prosseguimento normal do recurso, pois tal juntada caracteriza mera faculdade do agravante. 
(B) Não será admitido o agravo de instrumento. 
(C) O agravo de instrumento será julgado pelo tribunal, inviabilizando-se, apenas, o exercício do juízo de retratação pelo magistrado. 
(D) Estará caracterizada a litigância de má-fé, por força de prática de ato processual manifestamente protelatório, devendo a parte agravante ser sancionada, e o feito, extinto sem resolução do mérito.
(III EXAME UNIFICADO DA OAB – 2010.3) A sentença liminar, acrescida à legislação processual civil por meio da Lei 11.277/06, assegura ao juiz a possibilidade de dispensar a citação e proferir desde logo sentença, nas hipóteses em que o juízo já tenha proferido sentença de total improcedência em casos idênticos. Considerando tal instituto jurídico, assinale a alternativa correta. 
(A) Será facultado ao autor agravar da sentença, caso em que o réu será intimado para oferecer contrarrazões. 
(B) Interposto o recurso de apelação contra a sentença liminar, o juiz poderá exercer juízo de retratação no prazo de cinco dias. 
(C) É cabível a sentença liminar quando a matéria controvertida for de fato e de direito e guardar identidade com outros casos anteriormente julgados pelo juízo. 
(D) Proferida sentença liminar, o réu somente será citado a responder à ação em caso de provimento de eventual recurso.
(IX EXAME UNIFICADO DA OAB – 2012.3) Como forma de prestigiar o princípio da razoável duração do processo e propiciar uma prestação jurisdicional mais célere e eficiente, um legislador promoveu uma série de alterações na sistemática recursal do Processo Civil brasileiro. Nesse sentido, destaca-se a Emenda Constitucional n.45/2004 que introduziu em nosso ordenamento jurídico a figura da repercussão geral.
Acerca deste instituto, assinale a afirmativa correta:
É um pressuposto processual de admissibilidade específico do Recurso Especial que permite que apenas sejam analisados os recursos que tratem de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, e as que ultrapassem os interesses subjetivos da causa.
Sempre que o recurso impugnardecisão contrária à súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, haverá repercussão geral.
Não se admite, quando da análise da existência de repercussão geral pelo Ministro Relator do recurso, a manifestação de terceiros interessados.
A decisão que nega a existência da repercussão geral não tem o condão de atingir outros recursos que tratem de matéria idêntica, apenas gerando efeitos endoprocessuais. 
(XI EXAME UNIFICADO DA OAB – 2013.2) Maria e Pedro, demandados em ação de trâmite sob o rito sumário, são intimados, por seus respectivos procuradores, da sentença de procedência do pedido. No 23º dia seguinte à intimação, Maria ingressa com recurso de apelação: 
Considerando os critérios quanto à tempestividade e efeitos, é correto afirmar que o recurso será: 
Inadmitido por restar extemporâneo e a decisão competirá ao juízo ad quem.
Recebido apenas no efeito devolutivo, já que incabível a atribuição do duplo efeito para o recurso em tela, tempestivo.
Declarado intempestivo pelo juízo a quo, que deixará de intimar o recorrido a apresentar suas contrarrazões;
Admitido por restar tempestivo e recebido no duplo efeito, em regra, face à natureza do recurso, salvo exceções legais.
(Analista Judiciário o TRT 12º Região – 2013) Em relação aos recursos processuais, considere: 
I. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. 
II. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. 
III. Dos despachos não cabe recurso. 
Está correto o que consta em:
I, II E III.
I e II, apenas.
I e III, apenas.
II e III, apenas.
III, apenas. 
(Promotor de Justiça – MPE/RJ – 2012) É correto afirmar em matéria de recursos que:
Os recursos de fundamentação vinculada são incompatíveis com a aplicação do princípio da fungibilidade;
O agravo se diferencia da apelação em virtude de não prestar para impugnar sentença, por possuir efeito suspensivo e ensejar juízo de retratação;
O denominado efeito translativo do recurso, decorrente de sua devolutividade, não pode ser conhecido de ofício;
O efeito expansivo subjetivo do recurso é típico do litisconsórcio unitário, mas pode incidir no litisconsórcio simples;
Cabe ao recorrente a opção pelo agravo retido ou por instrumento, não podendo o julgador converter de ofício um pelo outro.
(DPE – DF – 2006) De acordo com os recursos no processo civil, julgue os próximos itens.
É cabível o recurso de apelação contra a decisão proferida no julgamento liminar de improcedência da ação, sob o argumento de que a matéria controvertida é unicamente de direito ou, quando for de fato, se no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos. Poderá o juiz prolator de a decisão negar seguimento ao recurso quando a sentença estiver em conformidade com as jurisprudências dominantes ou com as súmulas do seu próprio tribunal, do STJ e do STF.
( ) Certo.
( ) Errado.
(DPE – DF – 2006) De acordo com os recursos no processo civil, julgue os próximos itens.
Para a interposição dos recursos extraordinário ou especial, é indispensável a ocorrência de condições específicas, traçadas pela própria Constituição Federal, além do que o objeto de discussão terá de se limitar às questões federais de direito devidamente prequestionadas. Para efeito de prequestionamento, exige-se que o tema suscitado no recurso seja devidamente discutido no voto condutor ou no voto vencido.
( ) Certo.
( ) Errado.
(DPE – DF – 2006) De acordo com os recursos no processo civil, julgue os próximos itens.
O recurso adesivo deve ser interposto no mesmo momento da apresentação das contra-razões, sob pena de preclusão consumativa. Entretanto, a fazenda pública e o Ministério Público têm prazo em dobro para interpor o recurso adesivo e prazo comum para oferecer contra-razões.
( )Certo.
( )Errado.
(MPE –RS – 2008) De acordo com o Código de Processo Civil, o Recurso Adesivo:
Possui regras próprias e distintas do recurso principal quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior.
É autônomo não havendo subordinação ao recurso principal.
Será interposto perante a autoridade competente para admitir o recurso principal no prazo de 10 dias.
Será admissível na apelação, nos embargos infringentes, no recurso extraordinário e no recurso especial.
Não será conhecido se houver desistência do recurso principal, mas poderá ser conhecido na hipótese do recurso principal ser declaro deserto.
(EsFCEx – 2010) Analise as afirmativas abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta.
A orientação do Supremo Tribunal Federal do Brasil atualmente está consolidada no sentido que as alegações de violação ao devido processo legal, à legalidade, à ampla defesa e ao contraditório, quando muito, conduzem a ofensa indireta ou reflexa, o que não autoriza o provimento de Recurso Extraordinário no caso. 
II. O Recurso Extraordinário hoje, já em plena vigência da Emenda Constitucional 45 e com as alterações regimentais do STF, tem de ser interposto com preliminar de repercussão geral necessariamente, sob pena de não conhecimento. Isso não significa que o mesmo será conhecido, pois a análise da repercussão não impede que o Tribunal deixe de avaliar o recurso por outros motivos. 
III. O Supremo reconhece com tranquilidade o cabimento de Recurso Extraordinário contra decisão relacionada a precatórios.
IV. As Súmulas Vinculantes podem ser editadas a pedido dos próprios membros do STF ou por provocação daqueles que tem legitimidade para ajuizar Ações Diretas de Inconstitucionalidade, sendo que a maioria necessária para sua aprovação ou revisão é de dois terços dos membros do Supremo. 
V. Contra decisão judicial que contrarie súmula vinculante cabe Reclamação; contra decisão administrativa que contrarie súmula vinculante faz-se necessário ajuizar ação cautelar e, caso negada a decisão liminar, deve ser interposto Agravo de Instrumento para o tribunal competente, com Recurso Extraordinário ao STF caso não seja restaurado o respeito ao enunciado da referida súmula.
Somente I, II E IV estão corretas.
Somente II, III E V estão corretas.
Somente II, IV, e V estão corretas.
Somente I, II, III e IV estão corretas.
Somente II, III, IV e V estão corretas.
(Juiz do Trabalho – TRT – 2013) Relativamente aos procedimentos e às particularidades dos Recursos Especial e Extraordinário, aponte a afirmativa correta:
Constituem requisitos de admissibilidade dos recursos em destaque, a tempestividade, a adequação, o preparo e a repercussão geral das questões discutidas;
Quando interpostos de decisão interlocutória, proferida em embargos à execução, os recursos extraordinário e especial, em regra, devem assumir a forma retida;
São inerentes aos referidos recursos os efeitos devolutivo e translativo e, portanto, a realização de tais efeitos não depende de requerimento das partes;
Somente o recurso extraordinário é considerado recurso de fundamentação vinculada;
Nos recursos especiais repetitivos, o relator não poderá admitir a manifestação de pessoas ou entidades interessadas, na condição deamicus curiae.
(CEFET/BA – 2006 – TJ/BA) Analise as seguintes assertivas em relação aos recursos no processo civil:
O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal. 
II. Provando o apelante justo impedimento, o juiz relevará a pena de deserção, fixando-lhe prazo para efetuar o preparo, sendo esta decisão irrecorrível. 
III. A apelação interposta de sentença condenatória proferida em ação de alimentos tem efeito apenas devolutivo. 
IV. Da decisão relativa aos efeitos em que a apelação é recebida caberá agravo apenas na sua forma retida. 
V. Interposto o agravo, e ouvido o agravado no prazo de 15 (quinze) dias, o juiz poderá reformar sua decisão. 
São corretas as assertivas:
I, II e III.
I, II e V.
 I, III e IV. 
II, IV e V. 
III, IV e V.
(DPE-AM– 2013) Em relação aos recursos é correto afirmar: 
Em regra, a apelação deve ser recebida apenas no efeito devolutivo.
O agravo de instrumento deve ser interposto diretamente no Tribunal, sendo desnecessário que a parte comunique o juízo de primeira instância acerca da interposição.
 Em regra, os embargos de declaração interrompem o prazo para interposição de outros recursos.
O julgamento de mérito de recurso extraordinário cuja repercussão geral tenha sido reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal possui efeito vinculante.
O recurso adesivo deve ser conhecido mesmo que não se conheça do principal.
(TRT – Juiz do Trabalho – 2007) Considerando a interpretação literal do CPC, assinale a alternativa correta:
Caso a petição inicial seja apta, o juiz sempre deverá determinar a citação do réu;
Publicada a sentença de mérito, o juiz só pode alterá-la para corrigir, de oficio ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou lhe retificar erros de cálculo, bem como por meio de embargos de declaração, inexistindo autorização para o juízo de retratação;
Caso o Tribunal, apreciando apelação, reforme sentença que extinguiu o processo, sem resolução do mérito, deverá, necessariamente, determinar o retorno dos autos à Vara "a quo" para apreciação do mérito, evitando assim a supressão de instância;
Em sede de apelação, constatando o Tribunal a ocorrência de nulidade sanável, poderá converter o julgamento em diligência, determinando a realização ou renovação do ato processual, intimando as partes; cumprida a diligência e sanada a nulidade, o julgamento da apelação deverá prosseguir no próprio Tribunal, sendo desnecessário o retorno dos autos à Vara “a quo" para novo julgamento da lide;
Nenhuma das alternativas acima está correta.
(TRT – Juiz do Trabalho – 2007) Analise as assertivas abaixo e responda:
I - Para recorrer, o terceiro deve demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica "sub judice.
II - O recurso adesivo está subordinado ao recurso principal, sendo admissível no recurso extraordinário.
III - Descabe reexame necessário quando a sentença contrária ao Município, independente do valor condenatório, estiver fundada em súmula do tribunal superior competente.
IV - Na apelação, no recurso especial, no recurso extraordinário e no agravo de instrumento, o prazo para recorrer é de 15 (quinze) dias.
V - A apelação não será recebida quando a sentença estiver em conformidade com súmula do STJ.
Todas as assertivas estão incorretas;
 Apenas quatro assertivas estão incorretas;
Apenas três assertivas estão incorretas;
Apenas duas assertivas estão incorretas;
Apenas uma assertiva está incorreta.
(TRT – Juiz do Trabalho – 2007) Analise as assertivas abaixo e responda:
I - Em se tratando de anulabilidade, o tribunal poderá determinar a realização do ato processual faltante, intimando as partes, e prosseguir no julgamento da apelação.
II - A apelação será recebida somente no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que confirmar a antecipação dos efeitos da tutela.
III - O juiz julgará os embargos de declaração em 5 (cinco) dias, o mesmo ocorrendo nos tribunais.
IV - Os recursos extraordinário e especial são recebidos nos efeitos devolutivo e suspensivo.
V - Compete somente ao juiz relator, ao dar o voto na turma, câmara, ou grupo de câmara, suscitar o incidente de uniformização de jurisprudência.
Todas as assertivas estão incorretas.
Apenas quatro assertivas estão incorretas;
Apenas três assertivas estão incorretas;
Apenas duas assertivas estão incorretas;
Apenas uma assertiva está incorreta
(MPT – 2009) Assinale a alternativa INCORRETA:
De acordo com o princípio da aquisição processual, a regra acerca do ônus da prova é de julgamento e, portanto, deve ser aplicada pelo juiz no momento em que vai proferir sua decisão, não importando quem produziu as provas que, após realizadas, passam a pertencer ao processo; as partes não podem convencionar de maneira diversa a distribuição do ônus da prova, quando tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito;
Apenas nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito, o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão de direito e estiver em condições de imediato julgamento. Trata-se do princípio da “causa madura”, cuja aplicação fica restrita às hipóteses de demandas envolvendo unicamente questões de direito;
Provado o fato, não há necessidade da prova do dano moral, sobretudo quando o dano é in re ipsa, porque a responsabilização do ofensor se opera por força do simples fato da conduta ilícita ou abusiva, cabendo ao agente afastá-la provando o caso fortuito ou a força maior;
O preparo do recurso adesivo só será devido quando também o for para o apelo principal;
Nenhuma está incorreta.
(COPESE – UFT – 2012 – DPE/TO) Com relação aos recursos previstos no Código de Processo Civil, assinale a alternativa INCORRETA: 
O recurso extraordinário e o recurso especial suspendem a execução da sentença; a interposição do agravo de instrumento não obsta o andamento do processo, ressalvado o disposto no art. 558 do CPC. 
O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, cumprindo ao terceiro demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial. 
Na apelação, nos embargos infringentes, no recurso ordinário, no recurso especial, no recurso extraordinário e nos embargos de divergência, o prazo para interpor e para responder é de 15 (quinze) dias; 
São dispensados de preparo os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelos Estados e Municípios e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. 
(VUNESP – 2012 – DPE/MS) A impugnação no cumprimento de sentença, uma vez decidida, é recorrível:
Por agravo de instrumento, mesmo quando importar extinção da execução.
Por apelação, em quaisquer casos.
Por apelação apenas quando importar a extinção da execução.
Por agravo de instrumento, em quaisquer casos.
Assinale a opção INCORRETA:
O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público.
A parte que aceitar, expressa ou tacitamente, a sentença ou a decisão, não poderá recorrer.
O recorrente poderá desistir do recurso, a qualquer tempo, se contar com anuência do recorrido ou dos litisconsortes.
O prazo para interposição de apelação contar-se-á da data da intimação às partes, quando a sentença não for proferida em audiência. 
Em relação a recursos, julgue os seguintes itens como certos ou errados:
De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), o prequestionamento é exigível mesmo em se tratando de matérias de ordem pública e sobre a qual é lícito ao juiz pronunciar-se de ofício, a qualquer momento, tal como condições da ação e pressupostos processuais.
Ainda que a ofensa á Constituição da República tenha surgido com a prolação da decisão recorrida, deverá a parte provocar o prequestionamento da matéria, opondo embargos de declaração, sem o que o recurso extraordinário não será admitido.
Não é cabível recurso extraordinário e especial contra acórdão proferido no julgamento de agravo de instrumento, porque somente as decisões de mérito podem ser objeto daqueles recursos.
A Defensoria Pública, o Ministério Público e a Fazenda Pública possuem prazo em dobro para responder agravo de instrumento interposto contra decisão denegatória de recurso extraordinário.
A apelação contra sentença em mandado de segurança é recebida somente no efeito devolutivo e, de regra, quando denegatória da ordem, torna de imediato sem efeito a liminar anteriormente concedida.