Cultura das Mídias Grotesco

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Cultura das Mídias
Profa. Isabel Spagnolo.
Grotesco
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“A palavra grotesco vem de gruta, porão (grotta, em italiano) – tem data marcada de aparecimento. Em fins do século XV, escavações feitas primeiramente no porão do palácio de Nero (a Domus Aurea) em frente ao Coliseu, depois nos subterrâneos das Termas de Tito e em lugares variados da Itália, 
 
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revelaram ornamentos esquisitos – na forma de vegetais, abismos, caracóis, etc – que fascinaram artistas da época.” Sodré e Paiva (2002:28 e 29).“Durante todo o século XVI, essas figurações espalham-se pela Europa Ocidental, nos mais variados suportes, como tetos, colunas, gravuras, jóias, pratos, tecelagens, etc.” Sodré e Paiva (2002:29)
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Entre os séculos XV e XVI, o grotesco era visto como um reencontro com a Antiguidade. 
“De lá mesmo, porém, do início da era Cristã, partia a condenação àquela combinação estapafúrdia de elementos humanos, animais, vegetais e minerais. Em seu celebrado tratado estético
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De Architectura (27 a.C), Vitrúvio investia acerbamente contra o que classificava de “monstros, em lugar de representações naturais e verdadeiras”. Sustentava ele que só a depravação do gosto poderia dar preferência a “hastes terminadas por flores, de onde saem meias-figuras, umas com rostos de homens, outras com cabeças de animais.
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Ora, são coisas que não existem, não podem existir e não existirão jamais.” Sodré e Paiva (2002:29)
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Na Arte
Um dos exemplos do grotesco na arte é a série de quatorze Pinturas Negras. 
“...época posterior à séria doença que acometera Goya em 1819 e que causara um forte efeito mental. Nas horas em que ficava acordado, assombrado por fantásticos pesadelos que não o deixavam dormir direito, Goya passou a usá-las para 
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registrar imagens pintando-as nas paredes internas de seu quarto. Talvez fosse essa uma forma de catarse que o mantinha são. ... Goya não deu nome a nenhuma delas, mas seus conteúdos lembravam temas de trabalhos anteriores.” Anderson (1997:70,71)
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Saturno devorando seus filhos
 Segundo Janice Anderson é menos uma interpretação da mitologia e mais um símbolo do incômodo da difícil natureza da velhice. 
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Tio Paquette
“Acredita-se que o retratado seja um mendigo, trovador e violinista conhecido em Madri por suas performances musicais. Goya incluiu-o em outra das quatorze pinturas negras.” Anderson (1997:72)
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Peregrinação ao Lago de San Isidro
“O campo de San Isidro (1788) era um quadro alegre, iluminado pelo sol, pessoas se divertindo durante uma festa anual em Madri, dedicada a seu padroeiro, San Isidro. Quarenta anos depois, Goya voltou ao tema e o quadro mostrava uma multidão grotesca, com capas negras, olhos arregalados...” Anderson (1997:73)
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O Sabá das Bruxas
“Goya mostrara interesse por feitiçaria na década de 1790, o que é mais perceptível no quadro Cena de Feitiçaria. Com esta pintura negra, o humor se tornou ainda mais negro, mais ameaçador e inquietante” Anderson (1997:74)
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Imprensa Sensacionalista
No século XIX, o grotesco foi explorado pela imprensa sensacionalista americana com suas representações sobre a nova realidade urbana.
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No Cinema
Filmes como O Corcunda de Notre Dame, Nosferatu, Macunaíma, O nome da Rosa, O Homem Elefante caracterizam alguns de seus personagens ou cenas dentro da estética do grotesco. 
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Na Televisão.
Na década de 50, a televisão brasileira foi classificada como elitista em função da distribuição de poucos aparelhos e, sobretudo, foi marcada pela construção de uma linguagem televisiva que buscou inspiração nos programas de rádio. 
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As décadas de 60 e 70, por sua vez, são marcadas pela popularização da televisão e dos programas de auditório. Entre eles, Flávio Cavalcanti, Chacrinha, Silvio Santos. 
Esses programas passaram a utilizar o grotesco como atração e busca pela audiência. 
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Nesse contexto, o grotesco não se define apenas por imagens, mas se define também por práticas. É marcado por tudo aquilo que possui caráter reducionista. 
Personagens grotescos já eram encontrados no circo como por exemplo, o homem elefante, a mulher de barba, a mulher de três seios. 
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Na TV esses personagens e imagens são retomados reconstruindo o ambiente e as atrações circenses. 
Nos programas de auditório essas práticas tornam-se comuns: Chacrinha é um exemplo do kitsch e grotesco. É o bufão que oferece bacalhau à platéia. 
 
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A partir das décadas de 80 e 90, outros programas de auditório apresentaram a mesma estética. 
Faustão, Programa do Gugu, Ratinho, Wagner Montes, Sônia Abrahão. 
O programa do Faustão apresentava aos domingos o Sushi Erótico. 
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Imprensa Brasileira
Alguns jornais são conhecidos pelo uso de primeiras páginas e imagens sensacionalistas que mais se assemelham ao grotesco. Não apenas primeiras páginas, mas também notícias sobre aberrações e deformidades. 
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As imagens grotescas encontradas na Domus Aurea e nas Termas de Tito lembram as imagens desenhadas nas cavernas da pré-história configurando homens e animais.
Imagens de seres monstruosos aparecem também nas mais diversas mitologias. 
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Percebe-se, portanto, que o grotesco sempre foi uma prática humana, talvez como exteriorização de monstros, medos ou fantasias do inconsciente. 
Na mídia brasileira, o grotesco é explorado de forma recorrente como pão e circo, revelando a predominância, nesse momento, de tudo aquilo que é mais baixo e vulgar. 
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Se comparado à teoria junguiana de Sombra, pode-se pensar que a mídia brasileira explora imagens referentes às experiências mais primitivas ligadas ao inconsciente coletivo.
O bizarro, o vulgar, o baixo, a deformidade, o reducionismo tornam-se recorrentes nos Jornais e TVs representando os valores culturais 
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predominantes nesse momento. 
A mídia, ao mesmo tempo que reflete o ambiente cultural existente num determinado período, também contribuí para a manutenção desses mesmos valores através da repetição de imagens e práticas grotescas. 
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Bibliografia
ANDERSON, Janice. Vida e Obra de Goya. Ediouro, Rio de Janeiro, 1997.
CHARNEY, Leo e SCHWARTZ, Vanessa R. O Cinema e a Invenção da Vida Moderna. Cosac & Naify. São Paulo, 2001
SODRÉ, Muniz e PAIVA, Raquel. O Império do Grotesco. Mauad, Rio de Janeiro, 2002.