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CONC DE PESSOAS PARTE 2 ESTÁCIO

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direito penal II – CONCURSO DE PESSOAS – PARTE 02 - 
	
1. Participação
Já afirmamos que o autor é protagonista da infração penal. É ele quem exerce o papel principal. Contudo, não raras às vezes, o protagonista pode receber o auxilio daqueles que, embora não desenvolvendo atividades principais, exercem papéis secundários, mas que influenciam na prática da infração penal. Estes, que atuam como coadjuvantes na história do crime, são conhecidos como PARTÍCIPES. (ROGÉRIO GRECO).
	O artigo 29 do CP é o dispositivo legal acerca do tema, prevendo:
“Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.”
NATUREZA JURÍDICA - Quanto à natureza jurídica, trata-se de norma de extensão, norma de adequação típica por subordinação mediata por aplicação pessoal. Como exemplo, no crime de homicídio, o tipo penal aplica-se diretamente somente àquele que pratica a conduta idônea a causar o resultado morte; nesse sentido, para se ampliar o alcance da norma, utiliza-se das normas de extensão, que, além deste artigo 29, são também os artigos 13, § 2º e 14, II do CP.
	
1.1. Requisitos
A doutrina destaca Três requisitos. São eles: a) pluralidade de condutas; b) relevância causal e jurídica de cada conduta; c) vínculo subjetivo do partícipe.
01 – O primeiro requisito para haver participação é: pluralidade de condutas. 
02 - O segundo requisito para haver a participação, lato sensu, é o liame subjetivo. Segundo parte da doutrina, a exigência do preenchimento deste requisito faz com que somente seja permitida a participação em sede de crimes dolosos, ou seja, se exige o concurso doloso em crime doloso, exigindo-se que o agente queira participar, aderir, contribuir. 
Em outras palavras, para que se fale em participação, a homogeneidade subjetiva é pressuposto indispensável. Em outras palavras, só há participação dolosa em crime doloso, não sendo possível cogitar da ocorrência de participação culposa em crime doloso, ou, da participação dolosa em crime culposo.[1: “Rogério Greco afirma pela possibilidade de participação culposa em crime culposo, (duas pessoas podem, em um ato conjunto, deixar de observar o dever objetivo de cuidado que lhes cabia e, com a união das duas condutas, produzir um resultado lesivo) rechaçando-se, contudo, a participação dolosa em crime culposo. EX: A querendo chegar mais cedo ao estádio, para assistir uma partida de futebol, induz o motorista do veículo (B) a imprimir velocidade excessiva, deixando, com isso, de observar o seu exigível dever de cuidado, se B, em razão de sua conduta imprudente atropelar alguém e matá-lo, B será considerado autor do delito de homicídio culposo. E aquele que o induziu a imprimir velocidade excessiva (no caso A) será considerado participe, pois instigou B a imprimir velocidade excessiva).A doutrina brasileira, majoritariamente , admite coautoria em crime culposo, rechaçando, contudo, a participação. O que existe é um vínculo subjetivo na realização da conduta, que é voluntária, mas não em relação ao resultado, pois que não é desejado. Os que cooperam na csausa, na falta de dever de cuidado objetivo, agindo sem a atenção devida, são coautores. Para a maioria da doutrina no exemplo acima, ambos (A e B) seriam coautores de homicídio culposo. “Se o motorista imprime velocidade em acordo de vontade com o acompanhante configura-se o concurso de pessoas em crime culposo, bastanto para tanto que haja uma vontade consciente de concorrer para a ação imprudente.”(Miguel Reale Júnior).Conforme Damásio Evangelista de Jesus, “não haverá participação dolosa em crime culposo”.Não há participação dolosa em crime culposo. Ex: Se A, desejando matar C, entrega a B uma arma, fazendo-o supor que, está descarregada e induzindo-o a acionar o gatilho na direção da vítima, B, imprudentemente, aciona o gatilho e mata C. NÃO HÁ PARTICIPAÇÃO CRIMINOSA, mas dois delitos: homicídio doloso em relação a A; homicídio culposo em relação a B. Esse exemplo fornecido traduz, na verdade, um caso de erro determinado por terceiro, previsto no art. 20, parágrafo segundo do CP. Sendo inescusável o erro, o agente deverá responder pelo resulatdo a título de culpa, e o terceiro que o determinou será responsabilizado pelo seu dolo ( tal como no exemplo), mas se for escusável o erro, somente aquele que o provocou responderá pelo resulatdo por ele pretendido inicialmente, a título de dolo. ]
Note-se que não se exige o acordo prévio entre os agentes, bastando a simples adesão do partícipe.
03 – O terceiro requisito inafastável é a relevância causal. Toda a participação deve ser relevante. Não basta querer contribuir, deve efetivamente fazê-lo, e de forma relevante. Como exemplo, o agente que empresta a arma para o executor, a fim de que este pratique subtração. Se o executor realiza o roubo sem empregar a arma emprestada, não terá qualquer relevância causal este empréstimo, e por isso não há participação.
Na prática, tal requisito tem sido deveras ignorado pela jurisprudência, que tem aplicado o dispositivo em situações as quais a contribuição não foi relevante para o nexo causal – o que, de forma implícita, acaba sendo a aplicação do chamado “direito penal do autor”.
Em suma, por tal requisito deve ser analisado não quem a parte é, mas tão-somente o que ela fez.
1.2. Conceito e fundamento do partícipe
Partícipe é aquele que, sem realizar a ação típica, bem como sem deter o domínio final ou funcional do fato (autor ou coautor), concorre de forma relevante para a consecução do delito.
	O fundamento do referido diploma nada mais é senão o de punir alguém por ter colaborado para fato contrário ao ordenamento jurídico.
Aí todo ano o aluno pergunta: Como é que você diz que o partícipe não pratica conduta típica? E o art. 122 do Código penal?
	Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
	Traz o partícipe praticando o núcleo do tipo. O induzir, o auxiliar e o instigar tornaram-se núcleos típicos. No art. 122 o induzir, o auxiliar, o instigar não é uma conduta acessória. Aqui é a conduta principal. Aqui você não é partícipe de um crime. Aqui você é autor de um crime! É muito diferente. Cuidado com isso. O art. 122 não pune partícipe, ele pune o autor de um crime que é participar do suicídio de alguém. 
1.3. Formas de participação
As formas de participação são três: induzimento e instigação (participações morais); e o auxílio (participação material).
Há diferença entre as duas formas de participação moral:
induzir nada mais é senão criar a idéia na mente do agente. Nessa modalidade de participação o autor não tinha a ideia criminosa, cuja semente lhe é lançada pelo partícipe. É fazer nascer a ideia criminosa. (EX;“Ah, eu estou tão chateada com fulano...” E você diz: “vai lá! Dá logo um tiro nele!”). ≠
ao passo que instigar é reforçar, incentivar a idéia já existente (determinação) . A função do partícipe, com sua instigação, é fazer com que o agente fortaleça sua intenção delitiva. ( EX: “Eu vou matar fulano porque ele fez isso” E você responde: “Demorou!”). A atuação do instigador, nas lições de Pierangeli e Zaffaroni, “deve ser decisiva no sentido de orientar e de determinara a execução, pelo autor, de uma conduta típica e antijurídica. Todavia, a punição da instigação decorre de ter levado o autor a decidir pela prática do crime, não pelo fato de ter lhe dado à ideia, que até poderia ter sido dada por outrem.” (Escritos jurídicos-penais. P. 73) 
A participação material, 
o auxílio, é aquela chamada pelo leigo de cumplicidade. O partícpe facilita materialmente a prática da infração penal, por exemplo, cedendo a escada para aquele que deseja adentrar na casada vítima, a fim de levar a efeito uma subtração, ou o que empresta sua arma para que o autor possa causar a morte de seu desafeto. É dar assistência material (você empresa arma, veneno, corda e por aí vai). Obs: Em toda a prestação de auxílios materiais existe embutida uma dose de instigação. Aquele que empresta a escada ou sua arma para o autor do fato está estimulando-o, mesmo que indiretamente, a praticar a infração penal, reforçando, portanto, a ideia criminosa. 
Veja outro exemplo: uma pessoa empresta a outra chave mestra, capaz de abrir qualquer porta, a fim de que seja cometido furto. Será considerado partícipe, auxiliar material, desde que tenha havido a utilização da chave no crime, dada a exigência da relevância causal. Assim, partícipe material seria aquele que se intromete em processo físico na prática do crime cometido por outrem.
A tentativa de participação é impunível. Ora se a conduta do partícipe em nada auxiliar a conduta do autor, realmente não haverá participação. Como atividade meramente acessória o partícipe somente será responsabilizado se o autor, pelo menos, tiver tentado praticar a infração penal. Vide art. 31 do CP: 
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado
Obs- Toda participação deve incidir sobre autores e fatos determinados. Se um agente incita outros agentes INDETERMINADOS ( não se poderá conceber crime doloso com intenção indeterminada), responderá, talvez, pelo artigo 286 do CP, incitação ao crime como AUTOR. No entanto, se este incitador soubesse que alguns dos incitados possuem um sentimento revoltoso acerca do tema, ou seja, que há sério potencial de que estes venham a cometer o crime incitado, poderá responder também pela participação nos crimes cometidos por aqueles, em que pese o limite da responsabilidade penal, que de forma alguma poderá ser objetiva.[2: Art. 286: Incitar, publicamente, a prática do crime:Pena- detenção, de 3 (três) a 6 (seis) meses, ou multa.]
O instigador , seguindo as lições de Zaffaroni e Pierangeli, “deve pretender o cometimento de um fato determinado, isto é, de um delito determinado”, da mesma forma que deve dirigir-se a pessoa ou pessoas determinadas. 
OBS: Se o participe fornecer uma arma ao autor para a realização de crime contra uma pessoa e o autor, intencionalmente, utiliza-se para realizá-lo contra outra, não se poderá reconhecer a participação. Evidentemente, faltará ao partícipe o necessário dolo de participar no crime diverso, o qual efetivamente foi realizado. 
Toda participação é ACESSÓRIA. Sem a conduta principal, não há o que se falar da conduta do partícipe. 
OBS:
Uma observação importantíssima: Reparem que o partícipe induz alguém a praticar o núcleo do verbo do tipo. Ele não pratica nada. Ele só auxiliar alguém a praticar o núcleo do verbo do tipo, mas ele não pratica nada. Essa observação é importante!!!!!!
1.4. Teorias da acessoriedade
1.4.1. Acessoriedade Mínima 
Para esta teoria, a simples ocorrência da tipicidade já seria suficiente para que se possibilite a punição ao partícipe. Haverá participação punível a partir do momento em que o autor já tiver realizado uma conduta típica. Assim, basta que o autor pratique um fato típico, para que possa haver a responsabilização penal do partícipe. Essa teoria é injusta porque se você induz alguém em agir em legítima defesa, quem agiu em legítima defesa não responde pelo crime, mas você que o induziu, sim, porque basta que o fato principal seja típico. Então, ela é injusta porque pune o partícipe nas condutas acobertadas por excludentes de ilicitude.
EX: Imaginemos que A, desempregado e faminto, seja estimulado por B, que não pode ajudá-lo financeiramente, a subtrair um saco de feijão para que possa saciar sua fome e a de sua família. Embora a conduta de A seja típica, jamais poderá ser considerada como ilícita, haja vista ter agido em estado de necessidade, uma vez que seu bem (vida), merece prevalecer em prejuízo do bem atacado (patrimônio). Contudo, embora o autor (A) não pratique uma conduta ilícita, pois que permitida pelo ordenamento jurídico, o partícipe que o estimulou a cometê-la será responsabilizado penalmente, visto que, para a teoria da acessoriedade mínima, basta que o autor tenha praticado uma conduta típica, o que ocorreu no caso em tela. (Rogério Greco). 
	
1.4.2. Acessoriedade Máxima
Para se punir o partícipe ou coautor, o fato deveria ser típico, ilícito e culpável. 
Dessa forma, não responderá por crime algum, se tiver concorrido para a atuação de um inimputável. 
E se o autor tenha agido por erro de proibição escusável, não existiria participação, pois aquela conduta não foi culpável. 
Em suma, nessa perspectiva, se o autor fosse inculpável por qualquer motivo, não seria possível punir-se o particípe. 
1.4.3. Acessoriedade Limitada
Comentário: em relação à participação existe praticamente consenso de que vale a teoria da acessoriedade limitada, que significa o seguinte: a conduta do partícipe é acessória. A conduta do autor é principal
É a teoria adotada pelo ordenamento jurídico pátrio. A teoria da acessoriedade limitada pune a participação se o autor tiver levado a efeito uma conduta típica e ilícita. Portanto, para essa é preciso que o autor tenha cometido um injusto típico, mesmo que não seja culpável, para que o partícipe possa ser penalmente responsabilizado. A culpabilidade se define, como dito na primeira aula, como sendo a reprovabilidade pessoal da conduta típica e antijurídica.
EX: A induz B, que é menor de 16 anos, a esfaquear sua cuidadora C. B cometeu um fato típico e ilícito, mas não é culpável, por ser inimputável. Mesmo assim, A responde por homicídio doloso. 
EX: A induz B a vender lança-perfume no carnaval logo após B recobrar sua consciência do coma. Considerando que o coma durou cerca de cinqüenta anos e que B sempre vendeu lança-perfume quando jovem. B agiu em erro de proibição direto e invencível, logo, afastada está a potencial consciência da ilicitude e, portanto, a culpabilidade (não respondendo por crime algum!). A, entretanto, responderá pelo crime, pois basta que o fato cometido por B seja típico e ilícito. 
EX: Se o partícipe presta auxílio voluntário a quem comete o crime sob coação moral irresistível, sem dela ter conhecimento, certamente haverá responsabilidade para o partícipe. Por exemplo, A faz uma calcinha com um furo (participação material) e entrega a C para que este possa levar cocaína na calcinha de sua filha de sete anos ao presídio. Considerando que A não saiba que C está sendo coagido moralmente e irresistivelmente, ou seja, só sabe que C precisa da calcinha para levar a cocaína com urgência ao presídio. C não responde pelo crime, mas A sim, pois o fato cometido por C, foi típico e ilícito, apesar de não ser culpável. 
Obs: Nem sempre a irresponsabilidade do autor acarreta a responsabilidade para o partícipe. Se a participação dá-se em um fato praticado em estado de necessidade exculpante ou coação moral irresistível, é possível que também ocorra a exculpação do partícipe. Nesses casos a causa de inexigibilidade de conduta diversa que se apresenta para isentar de culpa o autor também pode aplicar-se ao partícipe. Veja-se o exemplo em que o autor realiza a conduta típica sob coação moral irresistível, consistente na séria ameaça de morte de seu filho. Ao partícipe que auxilia a conduta do autor a fim de evitar a morte do filho deste, é também inexigível conduta diversa. Aqui o partícipe tem conhecimento da coação moral que o autor (pai da crianaça) está sofrendo irresistivelmente. 
Então, se o fato principal não é típico e nem ilícito, você não pune nem o autor e nem o partícipe.
Decisão da Quinta Turma do STJ: ABSOLVIÇÃO. LEGÍTIMA DEFESA. EXTENSÃO. O paciente e os corréus foram denunciados como incursos nas penas do art. 121, § 2º, IV, c/c o art. 29, ambos do CP, porque, em concurso e previamente ajustados, ceifaram a vida da vítima.O autor do homicídio foi absolvido pelo Conselho de Sentença em razão do reconhecimento de ter agido sob a excludente de ilicitude do art. 23, II, do CP (legítima defesa), decisão transitada em julgado. O impetrante alega a impossibilidade de condenação do partícipe ante a inexistência de crime. Diante disso, a Turma concedeu a ordem para anular o julgamento do paciente, estendendo-lhe os efeitos da decisão absolutória proferida em favor do autor material do ilícito, ao argumento de que, entendendo o Tribunal do Júri, ainda que erroneamente, que o autor material do crime não cometeu qualquer ato ilícito, o que ocorre quando reconhecida alguma excludente de ilicitude, no caso, a legítima defesa, não pode persistir a condenação contra o mero partícipe, pois a participação, tal como definida no art. 29 do CP, pressupõe a existência de conduta antijurídica. A participação penalmente reprovável há de pressupor a existência de um crime, sem o qual descabe cogitar punir a conduta acessória. Precedentes citados do STF: HC 69.741-DF, DJ 19/2/1993; do STJ: RHC 13.056-RJ, DJe 22/9/2008, e RHC 14.097-MG, DJ 1º/8/2005. HC 129.078-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 25/8/2009.
O partícipe só pode ser punido se a conduta principal for típica e antijurídica. A legítima defesa é excludente da antijuridicidade. Se o autor principal for absolvido por legítima defesa, não existe crime para ele. Se não existe crime para ele não existe também para o partícipe. Correta a decisão do STJ (ora em destaque). 
OBS: É necessário aprofundar a reflexão a respeito dos efeitos da exculpação do autor sobre a responsabilidade do partícipe: 
Vide art. 62, III do CP, que estabelece circunstância agravante em relação aquele que “instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito a sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal.”
1.4.4. Hiperacessoriedade
A teoria da hiperacessoriedade vai mais além e diz que a participação somente será punida se o autor tiver praticado um fato típico, ilícito, culpável e punível. Por esta, eventuais aplicações de causas de extinção da punibilidade ao autor se comunicariam com o partícipe. 
Incide ao partícipe todas as causas de aumento e diminuição de penas, de caráter pessoal relativas ao autor principal. 
Esta tese beira ao ridículo: Ex (01) é só imaginar caso em que o falecimento de um dos agentes seria causa de extinção de punibilidade de todos.
EX (02): Não punição dos partícipes do furto doméstico, mesmo sendo estes absolutamente alheios aos laços de parentesco. O art. 183, II, do CP deixa claro que a imunidade de caráter pessoal estabelecida no art. 181 para os crimes patrimoniais, cometidos sem violência ou grave ameaça, não se aplica ao estranho que participa do crime. 
QUESTÃO 1- 2º FASE – OAB: 
Ricardo, menor inimputável, com 14 anos de idade, disse para Lúcio, maior de idade, que pretendia subtrair aparelhos de som (CD player) do interior de um veículo. Para tanto, Lúcio emprestou-lhe uma chave falsa, plenamente apta a abrir a porta de qualquer automóvel. Utilizando a chave, Ricardo conseguiu seu intento. Na situação acima narrada, quem é partícipe de furto executado por menor de idade responde normalmente por esse crime? Fundamente sua resposta de acordo com teoria adotada pelo Código Penal quanto à natureza jurídica da participação.
A questão requeria do candidato conhecimento a respeito do concurso de agentes, mais precisamente, na modalidade da participação.
Fala-se em participação quando o agente colabora para a prática da conduta criminosa, mas, sem praticar atos executórios.
RESPOSTA (apresentada pela BANCA): De acordo com Luiz Flávio Gomes, em Direito Penal, Parte Geral, volume 02, Ed. Revista dos Tribunais, 2007, p. 509, a participação é acessória (natureza jurídica). Sem a conduta principal, não há que se falar em punição do partícipe.
Quem é partícipe de furto executado por menor responde normalmente pelo crime, porque a conduta principal não precisa ser levada a cabo por agente culpável (basta ser típica e ilícita).
O ponto principal da questão: a responsabilidade penal do partícipe. A sua conduta, conforme destacado na resposta apresentada pela banca examinadora é assessória, dependendo, assim, da conduta principal, que deve ser típica e antijurídica.
Trata-se de aplicação da Teoria da Acessoriedade Limitada, consagrada pelo Código Penal vigente (Artigo 28), segundo a qual, para a caracterização da participação, exige-se que a conduta principal reúna as qualidades da tipicidade e ilicitude.
Diante de todo o exposto, a resposta para a questão formulada (Na situação acima narrada, quem é partícipe de furto executado por menor de idade responde normalmente por esse crime?) é SIM. Ainda que o crime venha a ser praticado por inimputável, o partícipe responderá normalmente, em razão, exatamente, da consagração, pelo Código Penal, da teoria da acessoriedade limitada.
1.5. Momento da Participação e art. 349 do CP
	A participação ocorre no curso do iter criminis, salvo no caso da participação moral por induzimento, caso este em que se daria antes mesmo do início do caminho do crime, antes da cogitação.
Para que possamos concluir se o agente praticou o delito ou não de favorecimento real (art. 349 do CP), é preciso identificar o momento no qual exteriorizou sua vontade no sentido de auxiliar o autor da infração principal a tornar seguro o proveito do crime. 
Art. 349: Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou participação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito de crime.
Em outras palavras quando ocorrerá o crime de favorecimento real e quando será possível a participação mesmo após a consumação do crime? Como diferenciar uma da outra?
	Será partícipe, mesmo que posterior à consumação do crime, quando o partícipe previamente ajustou sua conduta ao crime, previamente aderiu ao crime. Por exemplo, aquele que, antes do homicídio ser cometido, garantiu ao autor que ocultaria o cadáver. Outro exemplo: 
Ex: Suponhamos que A vá ao encontro de B, seu amigo de infância, e exponha-lhe a sua intenção de praticar um delito de furto de vários aparelhos eletrodomésticos. Durante a conversa, A confessa a B que somente não levará adiante o seu intento criminoso em razão de não deixar os bens que seriam objeto de subtração. Nesse instante, B, com a finalidade de ajudar seu amigo de infância, oferece-lhe um galpão, cujo espaço físico seria ideal ao acondicionamento dos bens furtados. Após essa promessa, A sente-se seguro e confiante para levar adiante o seu dolo e, efetivamente, subtrai os aparelhos eletrodomésticos e os acomoda, até serem vendidos a terceiros, no galpão oferecido por B. Pergunta-se: qual o crime praticado por B?
RESPOSTA: B será considerado participe do crime de furto praticado por A. A prestação do seu auxilio material foi fundamental na decisão tomada por A no sentido de levar a efeito a subtração. Lembre-se: B ajustou sua conduta previamente com A, tornando-lhe possível a prática do crime. 
Outro exemplo: Imaginemos que, agora, após subtrair os aludidos aparelhos eletrodomésticos. A vai a procura de B e solicita-lhe auxilio a fim de acondicionar os bens subtraídos, até que deles possa se desfazer, vendendo-os a terceiros para obter lucro ilícito. Pergunta-se: qual o crime praticado por B que atende ao pedido de A?
RESPOSTA: Como o auxilio foi solicitado e prestado após a prática ( a consumação) da infração penal, agora podemos falar em favorecimento real (art. 349 do CP).. Não há participação e sim crime de favorecimento real, B é autor do crime previsto no art. 349 do CP, pois não ajustou sua conduta previamente com A.
1.6 – Participação de menor importância: 
O parágrafo primeiro dispõe que, se a participação for de menor importância, a pena poderá ser diminuída de um sexto a um terço. 
O § 1º deste artigo 29 estabelece uma causa de diminuição de pena quando a participação do agente for considerada de menor importância. A natureza jurídica desta previsão é justamente esta: causade diminuição de pena, incidindo na terceira fase da mensuração da pena.
Esse parágrafo somente terá aplicação nos casos de participação (instigação e cumplicidade), não se aplicando as hipóteses de coautoria. 
Não se poderá falar, portanto, em coautoria de menor importância, a fim de atribuir a redução de pena a um dos coautores. Isso porque, segundo a posição adotada pela teoria do domínio funcional do fato que lhe fora atribuído pelo grupo, sendo sua atuação, assim, relevante para o sucesso da empreitada criminosa. Dessa forma, toda atuação daquele que é considerado coautor é importante para prática da infração penal, não se podendo, falar, portanto, em “participação de menor importância”. 
A leitura deste artigo deixa a seguinte dúvida: pode haver a participação de maior e de menor importância?
Dois entendimentos:
1º ENTD) – doutrina- A participação é, em regra, sempre de menor importância do que a autoria. A pena do partícipe deve, em princípio ser menor que a do autor. O domínio do fato pelo autor revela a maior importância e, consequentemente, induz concluir por sua maior reprovação. 
2º ENTD) – JURISPRUDÊNCIA JÁ JULGOU DIFERENTE: 
“No ordenamento penal em vigor, não há obrigatoriedade de redução de pena para o partícipe, em relação à pena do autor, considerada a participação em si mesma, ou seja; como forma de concorrência diferente da autoria (ou coautoria). A redução obrigatória da pena para o partícipe se dá apenas em face daquela em que a Lei chama de ‘menor importância’ – o que já está a revelar que nem toda participação é de menor importância e que, a princípio, a punição do partícipe é igual a do autor. A diferenciação está na ‘medida da culpabilidade’ e, nessa linha, o partícipe pode, em tese, vir até a merecer pena maior que a do autor, como exemplo, no caso do inciso IV do art. 62 do CP.” (STJ, REsp. 575684/SP, Rel. Min. Paulo Medina, 6º T). 
 Agravantes no caso de concurso de pessoas
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.
1.7 – Participação em cadeia: 
A participação de participação é possível?
RESPOSTA: Sim. Não há qualquer óbice para a chamada participação em cadeia ou participação de participação. Por exemplo, imaginemos que A induza B a induzir C a causar a morte de D. Ou que A induza B a emprestar sua arma a C, para que este venha causar a morte de D. 
O detalhe fundamental da participação, diz respeito ao fato de que a participação, em cadeia ou não, somente será punível se o autor do fato vier a praticar a infração penal para qual fora estimulado pelo partícipe, atendendo-se, portanto, à regra contida no já apontado art. 31 do CP. 
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado
Como atividade meramente acessória e não sendo admitida a tentativa de participação, o partícipe somente será responsabilizado se o autor, pelo menos, tiver tentado praticar a infração penal.
1.8 – Participação sucessiva: 
 Da mesma forma que se admite a coautoria sucessiva, também há a possibilidade de existir a participação sucessiva.
Damásio de Jesus preleciona que: “ a participação sucessiva ocorre quando, presente o induzimento (determinação) ou instigação do executor, sucede outra determinação ou instigação.”
EXEMPLO: A instiga B a matar C. Após essa participação, o agente D, desconhecendo a precedente participação de A, instiga B a matar C. Se a instigação do sujeito D foi eficiente em face do nexo de causalidade, é considerado partícipe em homicídio. 
Importante salientar que a instigação sucessiva, ou seja, aquela que foi realizada após o agente ter sido determinado ou estimulado a praticar a infração penal, deve ter sido capaz de exercer alguma influencia em seu ânimo, pois, caso contrário, isto é, se este já estava completamente determinado a cometer a infração penal, e se a instigação sucessiva nada o estimulou, não terá ela a relevância necessária a fim de ensejar a punição do partícipe. 
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