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TCC Najela Formatado GRAVAR

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Prévia do material em texto

ENGENHARIA CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO E ABSORÇÃO 
DE ÁGUA EM TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO COM 
INCORPORAÇÃO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E 
DEMOLIÇÃO 
 
 
 
 
 
 
NÁJELA KAMILLA PAULA DANTAS 
 
 
 
 
 
 
 
Rio Verde – GO 
2017
 
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA 
GOIANO – CAMPUS RIO VERDE 
 
ENGENHARIA CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO E ABSORÇÃO 
DE ÁGUA EM TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO COM 
INCORPORAÇÃO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E 
DEMOLIÇÃO 
 
 
 
 
 
NÁJELA KAMILLA PAULA DANTAS 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Curso apresentado ao Instituto 
Federal Goiano – Campus Rio Verde, como 
requisito parcial para a obtenção do grau de 
bacharel em Engenharia Civil. 
 
Orientador: Prof. Me. Marcel Willian Reis 
Sales 
Co-orientador: Prof. Me. Fausto Arantes Lobo 
 
 
 
 
Rio Verde – GO 
Novembro de 2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sistema desenvolvido pelo ICMC/USP 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
Sistema Integrado de Bibliotecas - Instituto Federal Goiano 
 
 
Scanned by 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus pela graça de chegar até aqui e por me conceder sabedoria e 
força em todos os momentos. 
 Aos meus pais e a minha irmã, que sempre me apoiaram na realização deste sonho. São por 
eles e para eles que eu cheguei até aqui. 
Ao melhor, Prof. Me. Marcel Willian Reis Sales, orientador deste trabalho, pelas inspirações, 
orientações e incentivo. 
Ao co-orientador deste trabalho, Prof. Me. Fausto Arantes Lobo e todos os demais professores, 
que sempre estiveram à disposição para esclarecer minhas dúvidas e auxiliar na resolução de 
problemas. 
Ao meu namorado, pela compreensão, e por dividir comigo as aflições e os sorrisos que sempre 
me animaram. 
Aos meus amigos presentes durante o curso, em especial a Breenda Vieira, Bruno Hoffmann, 
Caio César, Lara Bosco e Lorran Oliveira, pela assistência no desenvolvimento deste trabalho 
e por dividirem os melhores momentos durante a minha graduação. 
Aos técnicos dos laboratórios, que me auxiliaram no uso das instalações e equipamentos 
necessários para a realização dos ensaios. 
A empresa RNV Resíduos situada em Aparecida de Goiânia pela doação dos resíduos utilizados 
no desenvolvimento desta pesquisa. 
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho, a todos 
vocês, meu muito obrigada! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
DANTAS, N. K. P. Análise da resistência à compressão e absorção de água em tijolos de 
solo-cimento com incorporação de resíduos de construção e demolição. 2017. 62f. 
Monografia (Graduação em Engenharia Civil) – Instituto Federal de Educação, Ciência e 
Tecnologia Goiano – Campus Rio Verde, Rio Verde, 2017. 
 
A preocupação com a sustentabilidade e a tendência de escassez dos recursos naturais têm 
levado ao desenvolvimento de novos materiais, métodos ou processos de produção que 
minimizam os impactos negativos ao meio ambiente. Os resíduos de uso da construção estão 
entre os mais degradadores do meio ambiente, sendo importante o seu reaproveitamento. Uma 
alternativa é sua incorporação na fabricação de tijolos de solo-cimento. O presente trabalho tem 
como objetivo analisar as características físicas e mecânicas de tijolos maciços de solo-cimento 
sem função estrutural com substituição parcial do solo por resíduo de construção e demolição 
(RCD). Foram estudadas duas dosagens de RCD: 40% e 60% em relação a massa de solo. O 
teor de cimento foi de 20% em relação a mistura solo-resíduo. Inicialmente foi feita a 
caracterização física dos materiais e das misturas. Na segunda etapa foram confeccionados os 
tijolos utilizando prensagem manual. Na última etapa foram feitos ensaios de resistência à 
compressão e absorção de água nos tijolos. Os resultados encontrados não foram satisfatórios, 
pois nenhum dos traços analisados adquiriram valores de resistência à compressão e de 
absorção de água que atendem a ABNT NBR 10834 (2013). Apesar dos resultados serem 
insuficientes, a incorporação de RCD proporcionou melhores resultados nas propriedades 
mecânicas dos tijolos. O RCD é constituído de restos de argamassa e materiais cerâmicos que 
corrigiu a granulometria do solo tornando-o mais arenoso e mais propicio a confecção de tijolos 
de solo-cimento. Os resultados demonstram que a técnica de produção dos tijolos pode afetar 
drasticamente as suas propriedades. 
 
Palavras-chave: Solo-cimento, resíduo de construção e demolição, sustentabilidade 
 
LISTA DE QUADROS 
Quadro 1: Critério para escolha do solo ................................................................................. 17 
Quadro 2: Valores de resistência à compressão e absorção de água de tijolos de solo-cimento 
com incorporação de resíduos .................................................................................................. 19 
Quadro 3: Participação dos RCD no total de resíduos sólidos ............................................... 23 
Quadro 4: Resíduos gerados na cidade de São Paulo ............................................................. 25 
Quadro 5: Composição das dosagens de solo-cimento com adição de RCD.......................... 33 
Quadro 6: Quantitativo de materiais para fabricação das amostras de tijolo solo-cimento com 
adição de RCD .......................................................................................................................... 33 
Quadro 7: Valores de resistência à compressão e absorção de água de tijolos de solo-cimento 
com incorporação de resíduos .................................................................................................. 34 
Quadro 8: Quantidade de água utilizada em cada traço .......................................................... 34 
Quadro 9: Análise granulométrica do solo, RCD e misturas .................................................. 41 
Quadro 10: Composição granulométrica do solo natural ....................................................... 41 
Quadro 11: Composição granulométrica do RCD .................................................................. 42 
Quadro 12: Composição granulométrica solo + 40% RCD .................................................... 42 
Quadro 13: Composição granulométrica do solo + 60% RCD ............................................... 42 
Quadro 14: Limites de consistência do solo natural ............................................................... 46 
Quadro 15: Limites de consistência dos resíduos ................................................................... 47 
Quadro 16: Massa específica do solo natural.......................................................................... 47 
Quadro 17: Massa específica dos resíduos ............................................................................. 47 
Quadro 18: Massa específica do Cimento Portland ................................................................ 48 
Quadro 19: Absorção de água dos tijolos ............................................................................... 48 
Quadro 20: Massa específica dos tijolos ................................................................................. 49 
Quadro 21: Resistência a compressão dos tijolos ................................................................... 50 
Quadro 22: Fator A/C .............................................................................................................54 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1: Disposição de resíduos na cidade de Rio Verde - GO ............................................. 25 
Figura 2: Solo pronto para as moldagens ................................................................................ 27 
Figura 3: RCD peneirados na peneira de malha 4,76 mm ...................................................... 29 
Figura 4: RCD triturados pela empresa RNV Resíduos situada na cidade de Aparecida de 
Goiânia - GO ............................................................................................................................ 29 
Figura 5: Resíduos de construção e demolição – RCD da cidade de Aparecida de Goiânia - GO 
e de outras vizinhas................................................................................................................... 29 
Figura 6: Ensaios de caracterização dos solos: (a) Limite de liquidez; (b) Granulometria;.... 32 
Figura 7: Processo inicial para fabricação dos tijolos de solo-cimento com adição de RCD . 35 
Figura 8: Teste empírico para determinação da umidade ótima ............................................. 36 
Figura 9: Fabricação de tijolo de solo-cimento em prensa manual ......................................... 36 
Figura 10: Tijolos de solo-cimento com adição de RCD em processo de cura úmida ........... 37 
Figura 11: Processo de execução do ensaio de resistência à compressão dos tijolos ............. 38 
Figura 12: Processo de execução do ensaio de absorção de água dos tijolos ......................... 39 
Figura 13: Análise granulométrica do solo, RCD e misturas .................................................. 40 
Figura 14: Curva granulométrica do solo natural .................................................................... 43 
Figura 15: Curva granulométrica do RCD .............................................................................. 44 
Figura 16: Curva granulométrica do solo + 40% RCD ........................................................... 44 
Figura 17: Curva granulométrica do solo + 60% RCD ........................................................... 45 
Figura 18: Massa específica dos tijolos .................................................................................. 49 
Figura 19: Resistências obtidas no ensaio .............................................................................. 51 
Figura 20: Fissuras nos tijolos de solo-cimento com adição de RCD ..................................... 52 
Figura 21: Fator A/C ............................................................................................................... 53 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABCP 
ABNT 
CEPED 
CINVA 
CONAMA 
ICPA 
MAC 
PCA 
Associação Brasileira de Cimento Portland 
Associação Brasileira de Normas Técnicas 
Centro de Pesquisas e Desenvolvimento 
“Centro Interamericano de Vivienda y Planeamiento” 
Conselho Nacional do Meio Ambiente 
“Instituto Del Cemento Portland Argentino” 
“Ministère des Affaires Culturalles” 
“Portland Cement Association” 
 
 
 
 
LISTA DE SÍMBOLOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A/C 
CP II- Z 
CO2 
IP 
LL 
LP 
RCD 
RSU 
SCC 
SCP 
𝜌𝑠 
Fator água/cimento 
Cimento Portland composto com pozolana 
Gás carbônico (dióxido de carbono) 
Índice de plasticidade 
Limite de liquidez 
Limite de plasticidade 
Resíduos de Construção e Demolição 
Resíduos Sólidos Urbanos 
Solo-cimento compactado 
Solo-cimento plástico 
Massa específica dos sólidos 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 12 
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................. 14 
2.1 Solo como Material de Construção .................................................................................... 14 
2.1.1 Estabilização do solo com o cimento .............................................................................. 14 
2.2 Solo-Cimento ..................................................................................................................... 15 
2.2.1 Definição e histórico ....................................................................................................... 15 
2.2.2 Critérios para escolha do solo ......................................................................................... 16 
2.2.3 Qualidade do solo-cimento ............................................................................................. 17 
2.2.4 Dosagem de solo-cimento ............................................................................................... 18 
2.2.5 Relação água/cimento ..................................................................................................... 19 
2.2.6 Custo do solo-cimento .................................................................................................... 20 
2.2.7 Tijolos de solo-cimento ................................................................................................... 20 
2.3 Resíduo de Construção e Demolição (RCD) ..................................................................... 21 
2.3.1 Definição e classificação ................................................................................................. 21 
2.3.2 Geração dos resíduos....................................................................................................... 22 
2.3.3 Composição dos resíduos ................................................................................................ 24 
2.3.4 Reciclagem ...................................................................................................................... 25 
3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................. 27 
3.1 Materiais ............................................................................................................................ 27 
3.1.1 Solo ................................................................................................................................. 27 
3.1.2 Cimento ........................................................................................................................... 28 
3.1.3 Resíduos de construção e demolição - RCD ................................................................... 28 
3.1.4 Equipamentos de laboratório........................................................................................... 29 
3.2 Metodologia ....................................................................................................................... 30 
3.2.1 Caracterização dos materiais da mistura de solo-cimento com adição de RCD ............. 30 
3.2.2 Definição das dosagens das misturas de solo-cimento com adição de RCD .................. 32 
3.2.3 Fabricação dos tijolos ...................................................................................................... 34 
3.2.4 Caracterização mecânica dos tijolos ............................................................................... 37 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 40 
4.1 Caracterização dos Materiais da Mistura de Solo-Cimento com Adição de RCD ......... 40 
4.2 Ensaio de Absorção de Água dos tijolos ............................................................................ 48 
4.3 Ensaio de Resistência à Compressão Simples Aplicado aos Tijolos ................................. 50 
 
5 CONCLUSÕES .....................................................................................................................56 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 58 
7 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 59 
12 
1 INTRODUÇÃO 
À medida em que houve um crescimento econômico no mundo, a sociedade tornou-se 
excessivamente consumista de recursos naturais. A utilização de materiais extraídos de fontes 
não renováveis, além de acarretar perturbações ao meio ambiente, gera uma grande quantidade 
de resíduos, que hoje em dia, tem sido um dos principais desafios enfrentados pela humanidade. 
No contexto ambiental, a preocupação com o meio ambiente e a tendência de escassez dos 
recursos naturais têm levado a sociedade a buscar desenvolver novos conceitos e técnicas de 
crescimento sustentável que minimizam os impactos negativos gerados ao meio ambiente. 
Grande parte desses impactos ambientais é causado pelo descarte inadequado de resíduos 
industriais, que exigem áreas extensas e apropriadas para sua disposição. Dentre esses resíduos, 
os oriundos da indústria da construção civil, uma das atividades mais importantes da economia 
brasileira, estão entre os mais degradadores do meio ambiente, pois é um setor gerador de 
grandes volumes de resíduos, os quais em grande parte são depositados em locais inadequados. 
De acordo com Santos (2015), 50% de todos os resíduos encontrados no mundo são 
oriundos do setor da construção civil, sendo que em cada obra realizada, 30% dos materiais são 
desperdiçados. 
Neste contexto, a sustentabilidade das atividades econômicas é de suma importância 
para a solução de problemas ambientais graves. A reciclagem e o reaproveitamento dos resíduos 
de construção e demolição (RCD) se destacam como alternativas alinhadas a esses novos 
conceitos de desenvolvimento sustentável. 
Os RCD são constituídos por qualquer tipo de material descartado em obra e, portanto, é 
uma mistura bastante variável, dependendo das técnicas construtivas e dos materiais aplicados na 
obra. A grande maioria dos RCD é composta por restos de argamassa, concreto e materiais 
cerâmicos, que podem ser reaproveitados e transformados em matéria-prima para o uso dentro 
da própria indústria da construção civil, de modo a reduzir os impactos gerados ao meio 
ambiente e minimizar os problemas futuros relacionados ao esgotamento dos recursos naturais. 
Uma forma de reutilização desses materiais de descarte é a incorporação dos mesmos 
na fabricação de tijolos de solo-cimento. Estes, por sua vez, são constituídos de uma mistura de 
solo, resíduos de construção e demolição, cimento e água, a qual é compactada, moldada em 
prensa manual ou hidráulica e curada à sombra. Nesse processo, o insumo gerado é de baixo 
custo, dispensando o processo de queima realizado na fabricação da alvenaria cerâmica 
convencional, aliando assim, o desenvolvimento econômico à preservação do meio ambiente. 
13 
Como esses resíduos possuem grande potencial de reciclagem, se reutilizados na 
composição dos tijolos de solo-cimento, os impactos ao meio ambiente são minimizados. 
Conforme Silva et al. (2010), entre os benefícios da reutilização desses resíduos de construção 
e demolição pode-se destacar: redução no consumo de recursos naturais não-renováveis; 
redução de áreas necessárias para aterro; redução do consumo de energia durante o processo de 
produção; e redução da poluição. Além disso, a incorporação parcial desses resíduos na 
confecção de tijolos de solo-cimento pode vir a suprir a demanda de materiais ecologicamente 
corretos, que hoje em dia, estão escassos no mercado. 
Diante disso, o presente trabalho tem como principal objetivo analisar a viabilidade 
técnica da incorporação de RCD na confecção de tijolos maciços de solo-cimento, afim de 
determinar o traço que apresenta as melhores propriedades físicas e mecânicas. Será 
determinado também o fator A/C de cada traço por métodos empíricos durante a fabricação dos 
tijolos. 
Posteriormente, a eficiência dos diferentes tijolos será avaliada por meio de análises das 
características físicas, com ensaios de caracterização dos materiais, e das propriedades 
mecânicas aos 28 dias, através do ensaio de resistência à compressão e absorção de água. 
Desta forma, para a confecção dos tijolos em estudo, serão produzidos três traços 
distintos, sendo: solo natural; solo - 40% de resíduo - 20% de cimento; solo mais 60% resíduo 
– 20% de cimento. A porcentagem de resíduos será em relação à massa de solo, enquanto que 
a do cimento será em relação à massa mistura solo-resíduo. Os tijolos solo-cimento com adição 
de RCD serão confeccionados conforme as recomendações normativas existentes para tijolo 
solo-cimento comum. 
Racionalmente, a alternativa proposta visa o destino final, ecologicamente correto, dos 
resíduos oriundos de construções e demolições, e a reutilização de uma matéria-prima antes 
descartável, para formulação de um novo material de vedação. 
 
14 
2 REVISÃO DE LITERATURA 
2.1 Solo como Material de Construção 
O solo é um dos materiais primordiais na construção civil, é abundante em todo o planeta 
e utilizado em construções antes do que se possa imaginar. Inúmeras criações de eras passadas 
são testemunhos da história e cultura dos povos. A dificuldade de manuseio de pedra e madeira 
fez com que o homem primitivo, construísse abrigos eficientes contra as hostilidades do meio 
ambiente utilizando a terra como principal matéria prima (SOUZA, 2006). 
No Brasil, segundo Souza (2006), a utilização do solo como material de construção 
iniciou-se por intermédio dos exploradores portugueses. Grande parte das cidades históricas 
brasileiras como Ouro Preto, tem o solo como constituinte básico das construções mais antigas. 
Segundo Santiago (2001), o solo é um material denso e resistente composto por uma 
mistura natural de diversos minerais. São originados a partir da desagregação de rochas que 
formam a crosta terrestre, que ao sofrer ação de intemperismos, se decompõem originando o 
solo. Seu uso é bastante difundido com inúmeras formas, pelo menos 1/3 da população do globo 
terrestre habita em construções feitas usando a terra crua como principal material. 
Desse modo, o conhecimento das técnicas do uso do solo como material de construção 
é importante por representar não só uma redução considerável de custos com transporte, energia 
e mão-de-obra se comparado com os materiais de uso corrente hoje em dia, mas também por 
questões ambientais. 
Segundo Pinto (2015), as principais maneiras de se manusear o solo antes de sua 
aplicação na engenharia como material construtivo são: massa plástica ou argamassa de solo; 
solo compactado para fabricação de tijolos por compactação, construção de fundações, paredes 
e muros monolíticos; solo prensado: fabricação de tijolos, blocos e telhas. 
 
2.1.1 Estabilização do solo com o cimento 
O solo é utilizado em diferentes aplicações na engenharia, podendo substituir diversos 
materiais escassos. Por possuir características isolantes, a utilização desse material permite um 
bom comportamento térmico e acústico, além de redução dos custos por ser largamente 
encontrado na natureza. A escolha correta do tipo de solo, o estudo das propriedades e uma 
adequada estabilização, faz dele um material de construção potencialmente satisfatório 
(SANTIAGO, 2001). 
15 
A adequação do solo se faz necessária para obter-se melhorias de suas características 
mecânicas e de sua durabilidade. De acordo com Goularte e Pedreira (2009) essa melhoria é 
alcançada com a estabilização, através dos diferentes processos existentes. Os principais tipos 
são: mecânica, granulométrica, química, elétrica e térmica.A estabilização química se dá por meio de adição de pequenas quantidades de ligantes 
nos pontos de contato dos grãos do solo. Neste tipo de estabilização os aglutinantes 
normalmente empregado são: o cimento, a cal, pozolanas, cinzas volantes, materiais 
betuminosos, ou ainda a mistura de algum destes (GOULARTE E PEDREIRA, 2009). 
Porém, o agente estabilizador de solos mais utilizado é o cimento. A crescente utilização 
das misturas solo e cimento justifica o conhecimento deste método e o da busca por informações 
sobre o melhoramento das suas propriedades (GOULARTE E PEDREIRA, 2009). 
Segundo Souza (2006), a utilização do cimento como estabilizante de solos teve início 
nos Estados Unidos, em 1916, quando foi empregado para solucionar problemas causados pelo 
tráfego de veículos com rodas não pneumáticas. Desde então, passou a ter boa aceitação e a ser 
utilizado em construções por melhorarem sensivelmente as suas características originais de 
resistência mecânica, tornando-as muito superiores às de outros materiais. 
 
2.2 Solo-Cimento 
2.2.1 Definição e histórico 
Segundo a ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland (1986) o solo-cimento é 
o produto endurecido resultante da mistura homogênea de solo, cimento e água, em proporções 
previamente estabelecidas através de dosagem racional, executada de acordo com as normas 
aplicáveis ao solo em estudo. O material resultante deste processo possui boa resistência à 
compressão, boa impermeabilidade, baixo índice de retração volumétrica e boa durabilidade. 
Essas características são alcançadas através das reações de hidratação do cimento. 
O solo-cimento pode ser classificado em dois grupos, que são eles: SCC - solo-cimento 
compactado; e SCP - solo-cimento plástico. “No caso do SCC a água deve ser adicionada em 
quantidade suficiente, de modo a possibilitar a máxima compactação e a ocorrência das reações 
de hidratação do cimento. Para o caso do SCP a água deve ser adicionada até que se obtenha 
um produto de consistência plástica” (SEGANTINI, 2000). 
A conceito de solo-cimento para Souza (2006) teve origem em Sallsburg em 1917, com 
os primeiros trabalhos cientificamente comprovados. No Brasil o interesse pelo assunto se deu 
16 
a partir de 1936, através da ABCP, que regulamentou e pesquisou sua aplicação, levando em 
1941 à pavimentação do Aeroporto de Petrolina-PE. 
O solo-cimento foi utilizado em habitações a partir de 1948, em experiências 
desenvolvidas pela ABCP, com a construção de duas casas em Petrópolis-RJ. Após vários anos 
de utilização, as casas apresentam bom estado de conservação, apontando a qualidade da técnica 
construtiva e do produto. Desde então, a experiência brasileira vem sendo bastante ampliada. 
(FERRAZ E SEGATINI, 2004). 
 
2.2.2 Critérios para escolha do solo 
Para a escolha do solo devem ser observadas suas propriedades físicas como indicativo 
de qualidade: cor, textura, granulometria e plasticidade. E para melhores resultados, a 
estabilização com o cimento e o processo de compactação dos solos são essenciais. 
(SEGANTINI, 2000). 
Segantini (2000) afirma que quanto à granulometria dos solos, os arenosos são 
considerados os mais adequados para a mistura solo-cimento. A existência de areia grossa e 
pedregulho é favorável, pois são materiais inertes com função apenas de enchimento. Isso 
favorece a liberação de quantidades maiores de cimento para aglomerar os grãos menores. Para 
“PCA - Portland Cement Association” (1969 apud SEGANTINI e WADA, 2011), os solos mais 
apropriados devem possuir quantidades de areia entre 45 e 50%. 
No entanto, para a mistura de solo-cimento, os solos devem possuir também um teor 
mínimo da fração fina, composto por cerca de 20 % de silte e argila, pois os trabalhos de 
Segantini (2000) demostraram que essa parcela é necessária para dar coesão suficiente a mistura 
solo-cimento quando umedecida e compactada. O autor complementa que solos que contenham 
mais de 30% passando na peneira de número 200, geralmente são evitados, pois apresentam 
maiores dificuldades para se atingir a consistência plástica. No entanto, para a fabricação de 
tijolos de solo-cimento, a ABNT NBR 10833: 2013 (Procedimento para fabricação de tijolo e 
bloco de solo-cimento com utilização de prensa manual ou hidráulica) recomenda que o solo 
utilizado na mistura seja constituído de uma fração fina com cerca de 10% a 50% na peneira de 
malha 0,075 mm (n° 200), pois a resistência inicial dos tijolos é devida a fração fina 
compactada. 
No Quadro 1 estão apresentadas as faixas granulométricas consideradas ideais para 
alguns autores na composição do solo-cimento. 
17 
 
Quadro 1: Critério para escolha do solo 
Autores Areia (%) Silte (%) Argila (%) Silte + Argila (%) LL (%) 
CINVA (1936) 45-80 - - 20-25 - 
ICPA (1973) 60-80 10-20 5-10 - - 
MAC (1975) 40-70 < 30 20-30 - - 
CEPED (1984) 45-90 - <20 10-55 45-50 
PCA (1969) 65 - - 10-35 - 
Fonte: SEGANTINI (2000). 
 
 
Segundo Souza et al. (2008), o solo ideal deve conter 15% de silte mais argila, 20% de 
areia fina, 30% de areia grossa e 35% de pedregulho, sendo que os solos arenosos bem 
graduados e com razoável quantidade de silte mais argila são os mais indicados para a 
estabilização com cimento. 
Os solos arenosos deficientes em finos são também considerados materiais de boa 
qualidade, havendo apenas maior dificuldade para efetuar-se sua compactação e seu 
acabamento. Em solos sem a presença de argila, a ação cimentante se dá através da hidratação do 
cimento, variando conforme a granulometria do solo, e a uniformidade da mesma (PINTO, 2015). 
 
2.2.3 Qualidade do solo-cimento 
Os principais fatores que influenciam na qualidade do solo-cimento são o tipo do solo, 
teor de cimento, método de mistura e tempo de compactação. Outros fatores como cura, 
densidade adequada, homogeneização da mistura do solo com o cimento, também podem 
influenciar na resistência do solo estabilizado (PINTO, 2015). 
De maneira geral, para a ABCP (2000) o tipo do solo é o fator que exerce maior 
influência na qualidade do produto, e a ABNT NBR 10833 (2013) recomenda que os mais 
adequados para a estabilização com cimento são os seguintes: 
- 100% passando pela peneira 4,75 mm (n° 4); 
- 10% a 50% passando pela peneira 0,075 mm (n° 200); 
- Limite de liquidez (LL) menor ou igual a 45%; 
- Índice de plasticidade (IP) menor ou igual a 18%. 
18 
Embora existam solos que não atendam as recomendações anteriormente mencionadas, 
há possibilidade de se misturar dois ou mais deles para que resulte um solo de características 
recomendáveis nas especificações normativas. 
Outro fator relacionado ao tipo de solo é o teor de matéria orgânica que tende a reduzir a 
resistência do solo-cimento. A ABNT NBR 10833: (2013) recomenda que o mesmo não possua 
matéria orgânica em quantidade que prejudique a hidratação do cimento. Conforme a ABNT 
NBR 7211: 2009 (Agregados para concreto – especificação) não pode ultrapassar 10% da massa 
do agregado. Para Segantini (2000) esse teor de matéria orgânica tem-se limitado a no máximo 
2 %. 
2.2.4 Dosagem de solo-cimento 
De acordo com a ABCP (1986), a dosagem de solo-cimento é uma sequência de ensaios 
realizados, seguida da interpretação dos resultados por meio de critérios preestabelecidos. O 
resultado final consiste na fixação de três variáveis: quantidade de cimento, quantidade de água 
e massa específica aparente seca máxima. Entretanto, os dois últimos são parâmetros sujeitos a 
oscilações em função das variações decorrentes do trabalho de campo que ocorrem nas 
características do solo, passando assim a serem tomadas como elemento de controle do serviço. 
Desta forma, o objetivo principal da dosagem é a fixaçãoda quantidade adequada de cimento. 
O solo deve ser selecionado de modo que possibilite o uso da menor quantidade possível 
de cimento. Segundo a ABCP (2000), os solos arenosos requerem, quase sempre, menores 
quantidades de cimento do que os argilosos e siltosos. A medida que aumenta o teor de argila 
no solo, aumenta a necessidade de consumo do cimento para estabilização. Para Souza (2006), 
a quantidade de cimento deve variar de 5% a 10% da massa do solo, o suficiente para estabilizá-
lo e conferir-lhe as propriedades de resistência desejadas. 
Estudos realizados por Bosco e Sales (2017) demostraram que o teor de cimento de 10% 
não é suficiente para estabilização do solo com 37,42% de areia, 45,72% de argila e 16,85% de 
silte, constatando que essa dosagem da mistura solo-cimento é insuficiente para auferir 
propriedades satisfatórias de resistência à compressão e absorção de água em tijolos prensados, 
havendo assim necessidade de um incremento maior de cimento na mistura. 
 Os resultados encontrados conforme mostram o Quadro 2, foram abaixo dos valores 
mínimos estipulados pela ABNT NBR 10834: 2013 (Bloco de solo-cimento sem função 
estrutural – Requisitos) que estipula valores médios das amostras de 2,0 MPa para resistência à 
compressão e menor ou igual a 20% para ensaio de absorção de água. 
19 
 
Quadro 2: Valores de resistência à compressão e absorção de água de tijolos de solo-cimento 
com incorporação de resíduos 
 
Fonte: Adaptado de BOSCO E SALES (2017). 
2.2.5 Relação água/cimento 
A relação A/C ideal de cada composição do solo-cimento é dada dividindo a quantidade 
de água pela quantidade de cimento, sendo adimensional este valor. 
A umidade adequada para a mistura solo-cimento pode ser determinada pela 
compactação, que é o processo pelo qual se reduz o volume de vazios do material tendo como 
consequência o aumento da massa específica, fator esse que pode influenciar na resistência 
mecânica do mesmo. O teor de umidade no qual o solo atinge sua maior massa específica 
aparente seca é denominado de umidade ótima (SILVA et al., 2010). 
Um material com máxima resistência é o que apresenta menos índices de vazios, que 
neste caso, é quando o solo atinge a umidade ótima. 
No entanto, são poucas as pesquisas envolvendo a umidade ótima de compactação para 
o solo-cimento. Segundo a ABCP (2000), a verificação da umidade correta da mistura pode ser 
realizada por procedimentos práticos da seguinte maneira: apertar com a mão, uma parcela da 
mistura homogeneizada, até que fique as marcas dos dedos. Depois, deve-se soltá-la a uma 
altura de 1 metro. Se a fração não desmanchar com a queda, possui água em excesso, e assim, 
deve ser feita a correção com as proporções adequadas de material sólido. Esse processo deve 
se repetir até que a quantidade de água fique adequada. 
De acordo com Alcântara et al. (2014), para as misturas solo-cimento, a quantidade de 
água e cimento incorporada ao solo tem importância para o processo tecnológico. Algumas 
dificuldades têm sido encontradas em se adotar o fator A/C como variável de estudo e parâmetro 
de dosagem. A isto podem ser atribuídas questões particulares relativas à compactação dos 
solos, como a estrutura do solo, a energia aplicada, e a ação físico-química decorrente da 
presença da água e dos constituintes do solo. 
A resistência mecânica das misturas de solo-cimento é inversamente proporcional ao 
valor do parâmetro A/C. A eficiência da mistura é favorecida com o nível de cimentação interna 
Traço Resistência à compressão (Mpa) Absorção de água (%)
Solo natural 0,35 33,1
Solo + 40% RCD 0,353 25,58
Solo + 40% RCD + Aditivo 0,225 31,89
20 
do material, decorrente das reações de hidratação do cimento. Um aumento do fator A/C faz 
com que a mistura solo-cimento tenha um papel da hidratação do cimento menos relevante. 
Diante disso, para uma dosagem ideal deve-se considerar uma relação A/C < 1,0 
(ALCÂNTARA et al., 2014). 
2.2.6 Custo do solo-cimento 
Segundo a ABCP (1987), a utilização do solo-cimento na construção de habitações 
populares permite uma redução de 40% dos custos. Isto é possível porque o solo é o material 
empregado em maior quantidade na mistura, sendo este, de baixo custo e fácil obtenção. Desta 
forma, as despesas com transporte e os gastos com energia são reduzidos. Existe ainda a 
possibilidade de aproveitamento de mão-de-obra não qualificada, o que diminui ainda mais os 
custos. 
2.2.7 Tijolos de solo-cimento 
Os tijolos de solo-cimento é o resultado da mistura homogênea de solo, cimento e água, 
compactada por prensagem, em prensa manual ou hidráulica, dispensando a queima em fornos. 
Constituem uma das alternativas para diversas aplicações na construção de alvenaria, e após o 
período de cura, garante resistência à compressão simples similar à dos tijolos cerâmicos. 
O processo de fabricação dos tijolos é bastante simples, iniciando com a peneiração dos 
materiais que compõe a mistura solo-cimento. Depois, deve haver a homogeneização dos 
mesmos adicionando água aos poucos. Em seguida, realiza a moldagem dos tijolos com prensa 
manual ou hidráulica, colocando-os em local plano e coberto para receber cura úmida por meio 
de molhagem sucessiva durante os 7 primeiros dias. 
As quantidades de materiais (solo, cimento e água) a serem misturadas podem ser 
medidas em massa. A relação entre as quantidades deve propiciar tijolos com qualidade 
satisfatória após os primeiros sete dias de cura (SOUZA, 2006). 
Há várias vantagens do tijolo de solo-cimento, como por exemplo, na sua produção, 
com a utilização do solo do local da aplicação, reduzindo o custo de transporte. Além disso, 
para fabricação dos tijolos os equipamentos são simples e não necessita de mão-de-obra 
especializada. 
O valor de resistência mínima para o tijolo cerâmico convencional é de 3 Mpa, e o tijolo 
de solo-cimento pode chegar a uma resistência superior a esta. A qualidade e aspecto final das 
21 
peças são visivelmente boas, com regularidade dimensional e com suas faces planas, 
propiciando menor consumo de argamassa de assentamento e de revestimentos. Existe ainda a 
possibilidade de o tijolo de solo-cimento ser empregado em alvenaria aparente, necessitando 
apenas uma pintura impermeável para o seu acabamento (SOUZA, 2006). 
Além das vantagens econômicas, o tijolo de solo-cimento é ambientalmente sustentável, 
por dispensar a queima em fornalhas, processo que libera CO2 no ambiente, como é o caso dos 
tijolos cerâmicos convencionais. Outra vantagem é a redução de desperdícios e geração de 
menor quantidade de entulho, pois quando os tijolos quebram, podem ser reaproveitados, 
moídos e prensados novamente (SOUZA, 2006). 
 “Uma outra vantagem dos tijolos de solo-cimento é a possibilidade de adição de outros 
materiais a sua mistura, em especial material de descarte, que é um fator importante para o 
desenvolvimento sustentável” (PINTO, 2015). Pode ser incorporado na sua composição, 
agregados produzidos de diversos materiais, como exemplo, no estudo desenvolvido por Pinto 
(2015), que foi adicionado Resíduos de Construção e Demolição (RCD) a sua mistura, 
demostrando melhores resultados na resistência final dos tijolos. 
O uso do solo-cimento com aproveitamento dos resíduos de construção pode ser uma 
alternativa bastante viável, pois no Brasil cerca de 50% dos resíduos gerados tem sua origem 
na construção civil. “A reutilização de materiais de descarte provenientes dos diversos meios 
de produção é uma das condições essenciais para o desenvolvimento das nações” (PINTO, 
2015). 
 
2.3 Resíduo de Construção e Demolição (RCD) 
2.3.1 Definição e classificação 
A geração de resíduos pela indústria de construção civil é um problema atualem todos 
os países do mundo, e em muitos deles já existem leis ambientais severas estabelecendo a 
implementação de medidas para a efetiva disposição e gerenciamento destes rejeitos. 
Segundo a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), os 
resíduos de construção e demolição são: 
Os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de 
construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: 
tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, 
tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, 
22 
vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos 
de obras, caliças ou metralha (BRASIL, 2002, p. 95). 
Há basicamente duas formas de geração de RCD: demolições e novas construções. Em 
diversos países, os resíduos de construção representam cerca de 19 a 52 % (m/m), enquanto que 
os resíduos de demolição representam de 50 a 81 % (m/m). No Brasil, estima-se que mais de 
50% do RCD é originado da construção informal e canteiros de obras, provenientes de perdas 
físicas. Independente da fonte de geração, os RCD devem ser classificados do ponto de vista 
do risco ambiental, para que possam sofrer o correto destino ou manuseio (ÂNGULO, 2005). 
A ABNT NBR 10004: 2004 (Resíduos Sólidos – Classificação), classifica os diversos 
tipos de resíduos de acordo com seus riscos oferecidos ao meio ambiente e a saúde pública. Os 
RCD segundo essa norma, podem ser classificados como resíduos classe II B – Inertes, ou seja, 
aqueles que em contato com a água não têm suas propriedades alteradas. Entretanto, segundo 
Zordan (2004) as heterogeneidades destes resíduos variam entre canteiro de obras, podendo 
uma obra fornecer um RCD inerte e outra apresentar elementos que o tornem não-inerte ou até 
mesmo perigoso. 
Os resíduos da construção civil são classificados pela Resolução nº 307 do CONAMA 
(BRASIL, 2002), da seguinte forma: 
- Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: 
componentes cerâmicos, argamassas e concretos; 
- Classe B: são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, 
papel, metais, vidros, madeiras e outros; 
- Classe C: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou 
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem, tal como: o gesso; 
- Classe D: são os resíduos perigosos, oriundos do processo de construção, tais como 
tintas, solventes e óleos, entre outros. 
2.3.2 Geração dos resíduos 
A construção civil é um dos principais setores que contribuem para o crescente aumento 
da geração de resíduos sólidos no país. Segundo John (2000), o RCD representa de 13 a 67% 
em massa dos resíduos sólidos urbanos (RSU) tanto no Brasil como no exterior, cerca de duas 
vezes maior do que o volume de lixo sólido urbano. 
A maioria das atividades desenvolvidas no setor da construção civil são geradoras de 
entulho. No processo construtivo, o alto índice de perdas é a principal causa do volume alto de 
23 
RCD gerado. A falta de cultura de reutilização e reciclagem agrava o problema, pois quando 
são descartados de forma inadequada, esses resíduos ocasionam o aumento de impactos 
ambientais negativos aos meios físico, biótico e antrópico (ZORDAN, 2004; SANTOS, 2015). 
A cidade de Rio Verde - GO é considerada como grande potencial gerador de RCD, 
ocupando a sétima posição no ranking de 25 cidades que passaram por um bom 
desenvolvimento populacional e econômico na última década. Com o aumento da população 
de cerca de 57%, houve agravamento na geração de resíduos na cidade, com um total gerado 
de 74 % (EXAME, 2013; SANTOS, 2015). 
No Quadro 3 são apresentados os valores percentuais de RCD em relação aos resíduos 
sólidos gerado em alguns países. 
Quadro 3: Participação dos RCD no total de resíduos sólidos 
 
Fonte: ÂNGULO (2000). 
 
Conforme pode ser observado no Quadro 3, o Brasil possui um dos maiores percentuais 
de geração de RCD em relação a outros países. Esse crescente aumento está diretamente ligado 
ao desperdício de materiais desde o manejo inadequado até a realização da obra. “Estima-se que 
para cada tonelada de lixo urbano coletado, são recolhidas duas toneladas de resíduos provenientes 
da construção civil” (SANTOS, 2015). Isso ressalta a necessidade de políticas de controle, coleta e 
transporte e disposição final que viabilizem o emprego desses resíduos reciclados como matéria-
prima na confecção de novos materiais. 
Os custos com remoção e aterramento dos resíduos estão cada vez mais altos, e isto se 
deve basicamente à escassez de locais para a sua deposição e ao aumento das distâncias a serem 
percorridas durante essa operação (SOUZA, 2006). 
 
Países RCD (%) em massa Ano
Países Baixos 26 1996
Austrália 20-30 1994
Estados Unidos 20-39 1998
Alemanha 19 1994
Finlândia 13-15 1994
Brasil 54-57 1999
Inglaterra 17 1997
Holanda 13-30 1998
Bélgica 66 1994
Europa Ocidental 66 1996
24 
2.3.3 Composição dos resíduos 
A composição dos RCD segundo Souza (2006) é diferente em cada obra, devido à 
diversidade de tecnologias utilizadas no setor da construção civil. As múltiplas atividades 
desenvolvidas dentro do canteiro de obras, resulta em um resíduo composto por inúmeros tipos 
de materiais que dependem da fonte que o originou. 
Santos (2015) enfatiza que a falta de uniformidade na composição dos RCD, evidencia 
a necessidade da sua caracterização para o reuso ou reciclagem. Estes por sua vez, são os mais 
heterogêneos de todos os resíduos industriais, sua estrutura química está relacionada com a 
composição dos materiais que o compõe, portanto não se pode generalizar esse resíduo. 
Para Segantini e Wada (2011), a parcela composta por concretos, argamassas, materiais 
cerâmicos, solos e gesso, que são de origem mineral, representam cerca de 90 % da massa total 
dos RCD gerados na Europa, no Brasil e em alguns países. 
A composição do RCD proveniente de canteiros de obras, compreende um material 
básico de qualidade, podendo ser caracterizado conforme Zordan (1997) com cerca de 64% do 
material formado por argamassa, 30% por componentes de vedação (tijolo maciço, tijolo 
furado, telhas e blocos) e 6% por outros materiais, como concreto, pedra, areia, metálicos e 
plásticos. 
Segundo Santos (2015), na cidade de Rio Verde - GO de trinta caçambas observadas, 
apenas seis continham somente resíduos de construção civil classe A (solos, componentes 
cerâmicos, argamassa e concreto). Enquanto as outras vinte e quatro possuíam resíduos classe 
B, tais como plástico, papel, papelão, metais e madeiras. Apresenta-se na Figura 1, a foto de 
uma caçamba em Rio Verde - GO com resíduos de construção e demolição, destacando a grande 
quantidade de resíduos de classe B. 
25 
 
 
Figura 1: Disposição de resíduos na cidade de Rio Verde - GO 
Fonte: SANTOS (2015). 
 
Já em São Paulo, uma das maiores cidades brasileiras, o percentual dos resíduos gerados 
pela atividade da construção tem predominância de materiais inertes como cerâmica, pedra, areia 
e aglomerados, conforme pode ser visto na Quadro 4 (OLIVEIRA, 2002). 
Quadro 4: Resíduos gerados na cidade de São Paulo 
 
 
 
Fonte: OLIVEIRA (2002). 
 
 
2.3.4 Reciclagem 
Com a intensa industrialização, os RCD se transformaram em graves problemas 
urbanos. A escassez de áreas para a deposição dos resíduos, causadas pela ocupação 
desordenada, torna o gerenciamento oneroso e complexo (JOHN, 2000). “Nas cidades 
brasileiras a maioria dos resíduos de construção e demolição é depositada em aterros 
Constituintes Porcentagem
Inertes 65Madeira 13
Plástico 8
Outros materiais 14
26 
clandestinos, obstruindo córregos e sistemas de drenagem, causando enchentes que favorecem 
o acúmulo de água e a proliferação de mosquitos e outros vetores” (SOUZA, 2006). 
A implementação de um sistema de gestão ambiental adequada dos RCD, pode ser 
alcançada por meio da reutilização ou reciclagem. A construção civil tem grande potencial para 
o aproveitamento dos resíduos, uma vez que nela se consomem cerca 75% de recursos naturais 
(JOHN, 2000). 
De acordo com a Resolução nº 307 do CONAMA (BRASIL, 2002), o gerador de RCD 
deve garantir que eles sejam acondicionados após a geração até a etapa do transporte, 
assegurando que os mesmos estejam em condições de serem reaproveitados. No entanto, para 
Ângulo (2005), apesar do grande potencial, apenas 25 % dos RCD são reutilizados ou 
reciclados. 
A reciclagem de RCD como material de construção foi iniciada na Europa após a 
Segunda Guerra Mundial. No Brasil, porém, encontra-se muito atrasada se comparada com 
países europeus, onde a fração reciclada pode atingir cerca de 90%. No entanto, quando se 
analisa uma massa de material descartado pelas obras de construção civil, observa-se que, 
“apesar de sua heterogeneidade, a quase totalidade dos materiais são de alto valor agregado e 
de boa resistência mecânica, tais como: areias, pedras-britadas, concretos e argamassas 
endurecidas, tijolos e cacos cerâmicos, madeiras e tantos outros materiais” (SOUZA, 2006). 
Todos esses materiais são potenciais matérias-primas e podem ser incorporados em novos 
materiais e processos. 
De acordo com John (2000), a reciclagem pode ser definida como primária e secundária. 
Na primária, os resíduos são reciclados dentro do próprio processo que deu origem ao produto. 
A secundária é a reciclagem em outro processo, por exemplo, na indústria de cimento, onde se 
utiliza uma gama significativa de resíduos gerados em outra atividade. 
O agregado granular reciclado proveniente do beneficiamento de resíduos de construção 
apresenta boas características técnicas para a aplicação em obras de edificação, de 
infraestrutura, em aterros sanitários ou outras obras de engenharia. (SANTOS, 2015). 
Desta forma, os materiais descartados pelas obras de construção civil são verdadeiras 
jazidas de matérias-primas que são passíveis de serem exploradas. Para Souza (2006), quando 
os RCD são reciclados, geram muitos benefícios, como: redução no consumo de recursos 
naturais não-renováveis; redução de áreas necessárias para aterro; diminuição da poluição 
gerada pelo entulho e de suas consequências negativas como enchentes e assoreamento de rios 
e córregos; e preservação das reservas naturais de matérias-primas. 
 
27 
3 MATERIAIS E MÉTODOS 
Neste tópico será apresentado a fase experimental desta pesquisa, caracterizando os 
materiais, equipamentos e procedimentos adotados durante a realização dos ensaios. Todos os 
experimentos foram realizados nos Laboratórios de Materiais de Construção, de Estruturas e de 
Física dos Solos do Instituto Federal Goiano - Campus Rio Verde. 
Conjuntamente, serão descritos os procedimentos realizados para fabricação dos tijolos 
de solo-cimento com adição parcial de RCD com o objetivo de determinar o traço que apresente 
melhores propriedades físicas e mecânicas. 
 
3.1 Materiais 
3.1.1 Solo 
O solo utilizado (Figura 2) foi coletado no Instituto Federal Goiano - Campus Rio Verde, 
e extraído a uma camada de 40 a 60 cm profundidade, de maneira a evitar a extração de matéria 
orgânica juntamente com o solo. 
 
. 
Figura 2: Solo pronto para as moldagens 
Fonte: A autora. 
 
28 
3.1.2 Cimento 
Para a confecção dos tijolos foi utilizado o Cimento Portland composto com pozolana - 
CP II Z-32. Esse tipo de cimento é o mais comercializado no Brasil, respondendo por 
aproximadamente 75 % da produção industrial do país (ABCP, 2002). Além disso, segundo 
pesquisas realizadas por Souza et al. (2008) possui propriedades satisfatórias para confecção 
de tijolos de solo-cimento com adição de RCD. 
 
3.1.3 Resíduos de construção e demolição - RCD 
Os resíduos de construção e demolição - RCD triturados foram doados pela empresa 
RNV Resíduos, coletora de entulhos, situada em Aparecida de Goiânia - GO. São constituídos 
basicamente de alvenaria e concreto provenientes de demolições e de novas construções da 
cidade e de outras vizinhas. 
Para a fabricação dos tijolos, os RCD foram peneirados em uma peneira de malha 4,76 
mm, visando a sua transformação em material granular de aspecto semelhante a uma areia 
grossa de construção, conforme pode ser visto nas Figuras 3, 4 e 5. 
29 
 
Figura 3: RCD peneirados na peneira de malha 4,76 mm 
Fonte: A autora. 
 
 
3.1.4 Equipamentos de Laboratório 
A seguir a descrição dos equipamentos utilizados para a realização das moldagens e 
ensaios dos tijolos: 
 Máquina para fabricação de tijolos da marca Vimaq, com capacidade de 
fabricação de um tijolo por prensagem; 
Fonte: A autora. 
Figura 5: Resíduos de construção e demolição 
– RCD da cidade de Aparecida de Goiânia - 
GO e de outras vizinhas 
Fonte: A autora. 
Figura 4: RCD triturados pela empresa RNV 
Resíduos situada na cidade de Aparecida de 
Goiânia - GO 
30 
 Prensa universal para ensaio de compressão simples dos tijolos com capacidade 
de 2000 kN, da marca EMIC, com dispositivo de controle de velocidade de 
carregamento e capacidade; 
 Aparelho de Casagrande para determinação dos limites de Atterberg; 
 Agitador de peneiras para ensaio de granulometria; 
 Peneiras de 4,76; 2; 1,68; 0,6; 0,15 e 0,075 mm de abertura das malhas, para 
peneiramento do solo para as moldagens, e para ensaios de granulometria e 
limites de Atterberg; 
 Estufa com temperatura regulável utilizada para a secagem dos tijolos e posterior 
pesagem dos mesmos, parte do procedimento para determinação da absorção de 
água; 
 Balança analítica. 
 
3.2 Metodologia 
Para o desenvolvimento deste trabalho adotou-se quatro etapas experimentais, que estão 
descritas a seguir: 
 
3.2.1 Caracterização dos materiais da mistura de solo-cimento com adição de RCD 
O solo após ser coletado foi passado pela peneira de malha 4,76 mm e, em seguida, 
depositado sobre piso de concreto para secagem ao ar livre, protegido das intempéries. Após 
secagem prévia, separou-se as amostras para realização dos ensaios de caracterização física 
realizados nos laboratórios de materiais de construção e física do Solo. 
Para o RCD já triturado pela empresa RNV Resíduos aplicou-se os mesmos 
procedimentos adotados para o solo. Para as misturas de RCD e solo foram peneirados 
inicialmente na peneira de malha de 4,76 mm. 
A caracterização do solo, dos RCD e das misturas foram realizadas em conformidade 
com as Normas Brasileiras pertinentes, descritas a seguir: 
 Preparação de amostras de solo para ensaio de caracterização conforme a ABNT 
NBR 6457: 2016 (Amostra de solo – Preparação para ensaios de compactação e 
ensaios de caracterização); 
31 
 Análise granulométrica, de acordo com os procedimentos recomendados pela 
ABNT NBR 7181: 2016 (Solo – Análise granulométrica) e ABNT NBR NM 
248: 2003 (Agregados - Determinação da composição granulométrica); 
 Limites de consistência, determinados de acordo com as normas NBR 6459: 
2016 (Solo- Determinação do limite de liquidez) para o limite de liquidez, e 
ABNT NBR 7180: 2016 (Solo – Determinação do limite de plasticidade) para o 
limite de plasticidade; 
 Determinação da massa específica dos sólidos do solo, de acordo com a norma 
ABNT NBR 6458: 2016 (Grãos de Pedregulho retidos na peneira de 4,8 mm - 
Determinação da massaespecífica, da massa específica aparente e da absorção 
de água). 
Para o cimento realizou-se a determinação da massa especifica de acordo com as 
recomendações da ABNT NBR NM 23: 2001 (Cimento Portland e outros materiais em pó - 
Determinação da massa específica). 
A Figura 6 mostra a realização de alguns desses ensaios. 
 
32 
 
(a) (b) 
 
 
 (c) (d) 
Figura 6: Ensaios de caracterização dos solos: (a) Limite de liquidez; (b) Granulometria; 
 (c) Composição granulométrica; (d) Sedimentação. 
Fonte: A autora. 
 
3.2.2 Definição das dosagens das misturas de solo-cimento com adição de RCD 
Para composição dos tijolos de solo-cimento com adição de RCD foram estudadas 
dosagens definidas a partir de estudos semelhantes já realizados, como o de Souza (2006), 
Zanatta (2015), Souza et al. (2008) e Bosco e Sales (2017). Os traços são compostos por solo 
natural (1:5), solo mais 40% de resíduos (1:3:2) e solo mais 60% de resíduos (1:2:3), em relação 
à massa de solo, empregando-se resíduos de construção e demolição constituídos de alvenaria 
33 
e concreto. Para cada uma dessas composições foi utilizado 20% de cimento em relação à massa 
da mistura solo-resíduo. A composição das dosagens pode ser observada no Quadro 5: 
Quadro 5: Composição das dosagens de solo-cimento com adição de RCD 
Traço % (C:S:R) 
Número Traço Cimento % Solo % RCD % 
1 1:5 20 100 0 
2 1:3:2 20 60 40 
3 1:2:3 20 40 60 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
Para o estudo do desempenho das dosagens definidas foram fabricados 8 tijolos para 
cada traço. O quantitativo de materiais em massa necessários para fabricação dos tijolos consta 
no Quadro 6 apresentado a seguir: 
Quadro 6: Quantitativo de materiais para fabricação das amostras de tijolo solo-cimento com 
adição de RCD 
Número Traço Cimento (Kg) Solo(Kg) RCD(Kg) 
1 1:5 7,17 35,85 0 
2 1:3:2 7,17 21,51 14,34 
3 1:2:3 7,17 14,34 21,51 
Total 21,51 71,7 35,85 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
A literatura usualmente indica que teores de 4% a 10% de cimento são suficientes para 
a estabilização do solo-cimento e para alcançar bons resultados de resistência à compressão na 
confecção de tijolos (PINTO, 2015). Para esta pesquisa, optou-se usar um teor de 20% de 
cimento, pois valores menores que este já foram utilizados para estabilização do solo em estudo, 
como a pesquisa realizada por Bosco e Sales (2017) que demostraram que com um teor de 10% 
não é suficiente para conferir propriedades mecânicas satisfatórias para os tijolos de solo-
cimento com adição de RCD. No Quadro 7 estão os valores, encontrados por Bosco e Sales 
(2017), de resistência à compressão e absorção de água dos tijolos, e como pode ser observado 
são abaixo dos mínimos estipulados pela ABNT NBR 10834 (2013) para o sistema de vedação. 
34 
Quadro 7: Valores de resistência à compressão e absorção de água de tijolos de solo-cimento 
com incorporação de resíduos 
Fonte: Adaptado de BOSCO E SALES (2017) 
 
O solo que Bosco e Sales (2017) utilizaram é o mesmo empregado no presente trabalho. 
Desta forma, os valores encontrados por eles serviram de base para a realização dos ensaios e 
para definição do teor de cimento a ser utilizado na confecção dos tijolos desta pesquisa. O teor 
de 20% de cimento em relação à massa da mistura solo-resíduo foi escolhido, a fim de verificar 
se o aumento dessa porcentagem traria melhores resultados nas características mecânicas dos 
tijolos de solo-cimento com adição de RCD. 
Além disso, as quantidades de água utilizada em cada traço podem ser observadas no 
Quadro 8: 
Quadro 8: Quantidade de água utilizada em cada traço 
Número Traço Água (L) 
1 1:5 6,45 
2 1:3:2 5,37 
3 1:2:3 5,37 
Fonte: Fonte: Elaborado pela autora. 
 
3.2.3 Fabricação dos tijolos 
Os tijolos de solo-cimento com adição de RCD foram produzidos de acordo com as 
prescrições normativas de tijolo solo-cimento comum, a ABNT NBR 10833: 2013. Conforme 
esta norma, 100% dos materiais utilizados para a confecção das amostras devem ser passantes na 
peneira de malha 4,75 mm, no entanto, nos laboratórios da instituição só havia a peneira de 4,76 
mm, assim adotou-a para a peneiração dos materiais. 
Desta forma, após os ensaios de caracterização dos materiais, as misturas foram 
preparadas para a confecção dos tijolos, conforme pode ser visto na Figura 7. Inicialmente, o 
solo e os RCD foram espalhados sobre uma lona para secagem ao ar, depois foram peneirados 
e, em seguida, separados de acordo com os valores estipulados para cada traço. Para produção 
da mistura os materiais foram homogeneizados na betoneira. 
Traço Resistência à compressão (Mpa) Absorção de água (%)
Solo natural 0,35 33,1
Solo + 40% RCD 0,353 25,58
Solo + 40% RCD + Aditivo 0,225 31,89
35 
 
 
Figura 7: Processo inicial para fabricação dos tijolos de solo-cimento com adição de RCD 
Fonte: A autora. 
 
A quantidade de água pré-estabelecida antes da mistura dos materiais, com o valor de 
A/C = 0,6. Observou-se que com essa quantidade, os tijolos não adquiriram plasticidade 
satisfatória para moldagem, os quais resultaram em componentes com trincas e posteriormente 
descartados. 
A A/C ideal foi definida durante a mistura dos materiais na betoneira, adicionando a 
água aos poucos, até que a argamassa atingisse uma consistência adequada para a moldagem. 
A quantidade de água necessária para cada traço foi estabelecida através de um teste empírico, 
que conforme a ABCP (2000) consiste em: apertar com a mão uma parcela da mistura 
homogeneizada, até que fique as marcas dos dedos (Figura 8). Depois, deve-se soltá-la a uma 
altura de 1 metro. Se a fração não desmanchar com a queda, possui água em excesso, e assim, 
deve ser feita a correção com as proporções adequadas de material sólido. Esse processo deve 
se repetir até que a quantidade de água fique adequada. 
 
36 
 
Figura 8: Teste empírico para determinação da umidade ótima 
Fonte: A autora. 
 
Após a produção da mistura, a massa de solo-cimento com adição de RCD foi colocada 
no dosador da prensa, para posteriormente ser colocada no molde, e ser realizada a prensagem 
manual (Figura 9). Os tijolos maciços, com dimensões de 25 cm de comprimento, 12,5 cm de 
largura e 6,5 cm de altura, foram moldados segundo as especificações da ABNT NBR 10833 
(2013). 
 
 
 
Figura 9: Fabricação de tijolo de solo-cimento em prensa manual 
Fonte: A autora. 
37 
 
Após a prensagem de cada tijolo, o mesmo era retirado e colocado em pallets para o 
processo de cura (Figura 10). A cura iniciou 2 horas após a fabricação dos tijolos de solo-
cimento com adição de RCD. Durante os 7 primeiros dias, realizou-se as molhagens sucessivas 
dos tijolos 2 vezes ao dia, uma pela manhã e outra no final da tarde. Os tijolos ficaram 
protegidos do vento e da insolação direta, armazenados no local de sua produção. 
 
 
Figura 10: Tijolos de solo-cimento com adição de RCD em processo de cura úmida 
Fonte: A autora. 
 
Para cada traço escolhido foram confeccionadas 8 amostras, sendo que destas, 5 
unidades foram para realização do ensaio de resistência à compressão e 3 para o ensaio de 
absorção de água, ambos ensaiados aos 28 dias. 
 
3.2.4 Caracterização mecânica dos tijolos 
As propriedades mecânicas dos tijolos confeccionados foram obtidas por meio da 
análise da resistência à compressão simples e da absorção de água aos 28 dias de idade. Os 
ensaios foram realizados segundo as prescriçõesda ABNT NBR 8492: 2012 (Análise 
dimensional, determinação da resistência à compressão e da absorção de água — Método de 
ensaio) e ABNT NBR 10834 (2013). 
 
3.2.4.1 Ensaio de resistência à compressão 
 
38 
A preparação para o ensaio de resistência à compressão (Figura 11) iniciou-se com a 
serragem dos tijolos ao meio com o auxílio de uma serra circular. Posteriormente, foi realizado 
o capeamento das faces inferior e superior, utilizando-se argamassa composta de CP II Z-32. A 
etapa seguinte foi à junção das duas partes do corpo de prova utilizando-se a mesma argamassa 
descrita anteriormente, com o auxílio de uma colher de pedreiro. Após o endurecimento da 
massa de capeamento, os corpos de prova foram colocados em imersão em água por um período 
de 24 horas antes de serem submetidos ao ensaio de compressão simples. 
A resistência à compressão simples do corpo de prova foi obtida através da divisão da carga 
de ruptura pela sua área da seção transversal. 
 
 
 
 
Figura 11: Processo de execução do ensaio de resistência à compressão dos tijolos 
Fonte: A autora. 
 
3.2.4.2. Ensaio de absorção de água 
 
39 
Para o ensaio de absorção de água os tijolos inicialmente foram secos em estufa a uma 
temperatura constante dentro da faixa de 105ºC e 110ºC, para que perdessem toda sua umidade, 
por um período de 24 horas, assim se obteve a massa seca da amostra. Posteriormente, os tijolos 
foram imersos em água durante um período de 24 horas (Figura 12). Após a retirada das amostras 
do tanque foi obtida a massa saturada das mesmas. 
 
 
Figura 12: Processo de execução do ensaio de absorção de água dos tijolos 
Fonte: A autora. 
 
Para determinar os valores individuais de absorção de água, em porcentagem, foi utilizada 
a Equação 1 descrita pela ABNT NBR 10834 (2013). 
 
Equação 1: 𝐴 = 
𝑚2 − 𝑚1
𝑚1
 × 100 
Onde, 
 𝑚2 : massa saturada 
𝑚1: massa seca 
 
A absorção média foi obtida pela média aritmética dos valores encontrados. Com os 
procedimentos realizados para o ensaio de absorção de água, determinou-se também a massa 
específica dos tijolos, dividindo a massa seca pelo volume de água que os mesmos absorveram. 
 
 
 
 
40 
 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
4.1 Caracterização dos Materiais da Mistura de Solo-Cimento dom Adição de RCD 
Apresenta-se na figura 13 os resultados obtidos no ensaio de análise granulométrica do 
solo, dos resíduos e das misturas para a confecção dos tijolos de solo-cimento com adição de RCD, 
de acordo com a ABNT NBR 7181 (2016). 
 
 
Figura 13: Análise granulométrica do solo, RCD e misturas 
Os resultados conforme mostram o Quadro 9 demostraram que o solo natural possui mais 
argila em sua composição e os RCD são predominantemente arenosos. O solo não atende às 
recomendações da PCA (1969 apud SEGANTINI e WADA, 2011) e de Souza et al. (2008) que 
designam que os solos mais apropriados para fabricação de solo-cimento devem possuir 
quantidades de areia entre 45 e 50%. Porém a mistura de solo com o RCD propiciou a 
constituição de um novo material, com características granulométricas dentro da faixa 
recomendada para a produção do solo-cimento. 
 
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Solo Natural
Solo + 40% de RCD
Solo + 60% de RCD
RCD
% de material
Silte (%) Argila (%) Areia (%)
41 
Quadro 9: Análise granulométrica do solo, RCD e misturas 
 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
Observa-se na composição do RCD, que o mesmo possui 67,83% de areia, 11,5% argila 
e 20,65% de silte, portanto, sendo um excelente material para corrigir a granulometria do solo 
em estudo, de modo a torná-lo mais arenoso e mais propício à confecção do solo-cimento. 
A composição granulométrica dos materiais isolados e das misturas com as devidas 
proporções foram realizadas de acordo com a ABNT NBR NM 248 (2003). Os resultados do 
ensaio estão presentes nos Quadros 10 a 13. 
 
Quadro 10: Composição granulométrica do solo natural 
 
Fonte: Elaborado pela autora. 
Material Areia (%) Argila (%) Silte (%)
Solo Natural 37,42 45,72 16,85
Solo + 40% de RCD 49,58 32,05 18,37
Solo + 60% de RCD 55,67 25,19 19,13
RCD 67,83 11,5 20,65
Peneiras % Retida % Retida Acumulada
4,76 0 0
2 30 30
1,68 2 32
0,6 25 57
0,15 33 91
0,075 6 97
FUNDO 3 100
Composição 
Solo Natural
Granulometria
Parâmetro
42 
Quadro 11: Composição granulométrica do RCD 
 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
Quadro 12: Composição granulométrica solo + 40% RCD 
 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
Quadro 13: Composição granulométrica do solo + 60% RCD 
 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
Peneiras % Retida % Retida Acumulada
4,76 0 0
2 17 17
1,68 3 20
0,6 36 57
0,15 33 90
0,075 8 98
FUNDO 2 100
Parâmetro
Composição 
RCD
Granulometria
Peneiras % Retida % Retida Acumulada
4,76 0 0
2 15 16
1,68 3 19
0,6 19 38
0,15 50 88
0,075 8 96
FUNDO 4 100
Composição 
Solo Natural + 40% RCD
Granulometria
Parâmetro
Peneiras % Retida % Retida Acumulada
4,76 0 0
2 14 14
1,68 3 17
0,6 22 40
0,15 46 86
0,075 9 95
FUNDO 5 100
Parâmetro
Composição 
Solo Natural + 60% RCD
Granulometria
43 
Nas Figuras 13 a 16 estão as distribuições granulométricas dos materiais, que 
representam os tamanhos e as frações correspondentes de cada tamanho das partículas do solo, 
RCD e misturas. Conjuntamente nas curvas estão os limites estabelecido pela ABNT NBR 7211 
(2009) para produção dos agregados miúdos destinados à produção de argamassas e concretos 
de cimento Portland. 
 
Figura 14: Curva granulométrica do solo natural 
Fonte: Adaptado da NBR 7211 (2009). 
 
 
9,5 6,3 4,75 2,36 1,18 0,6 0,3 0,15 Fundo
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
9,52 6,3 4,76 2 1,68 0,6 0,15 0,075 FUNDO
Abertura Peneira-Limites (mm)
P
o
rc
en
ta
g
em
 R
et
id
a 
A
cu
m
u
la
d
a 
(%
)
Abertura Peneira-Ensaio (mm)
Curva Granulométrica Solo
Amostra
ZU - LI
ZO - LS
ZO - LI
ZU - LS
44 
 
Figura 15: Curva granulométrica do RCD 
Fonte: Adaptado da NBR 7211 (2009). 
 
 
Figura 16: Curva granulométrica do solo + 40% RCD 
Fonte: Adaptado da NBR 7211 (2009). 
9,5 6,3 4,75 2,36 1,18 0,6 0,3 0,15 Fundo
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
9,52 6,3 4,76 2 1,68 0,6 0,15 0,075 FUNDO
Abertura Peneira-Limites (mm)
P
o
rc
en
ta
g
em
 R
et
id
a 
A
cu
m
u
la
d
a 
(%
)
Abertura Peneira-Ensaio (mm)
Curva Granulométrica RCD
Amostra
ZU - LI
ZO - LS
ZO - LI
ZU - LS
9,5 6,3 4,75 2,36 1,18 0,6 0,3 0,15 Fundo
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
9,52 6,3 4,76 2 1,68 0,6 0,15 0,075 FUNDO
Abertura Peneira-Limites (mm)
P
o
rc
en
ta
g
em
 R
et
id
a 
A
cu
m
u
la
d
a 
(%
)
Abertura Peneira-Ensaio (mm)
Curva Granulométrica Solo + 40% RCD
Amostra
ZU - LI
ZO - LS
ZO - LI
ZU - LS
45 
 
Figura 17: Curva granulométrica do solo + 60% RCD 
Fonte: Adaptado da NBR 7211 (2009). 
 
Para confecção de tijolos de solo-cimento, recomenda que os materiais devem ser “100% 
passantes pela peneira malha 4,75 mm (n° 4) e devem possuir de 10% a 50% passante pela 
peneira malha 0,075 mm (n° 200) ” (ABNT NBR 10833, 2013). A parcela de finos 
recomendada pela norma é responsável por dar coesão suficiente a mistura solo-cimento quando 
umedecida e compactada, pois a resistência inicial dos tijolos é devida a fraçãofina compactada. 
A ABNT NBR 7211 (2009) disponibiliza valores de limites inferiores e superiores da 
zona ótima e utilizável para os agregados miúdos, como apresentados nas curvas 
granulométricas dos materiais: solo, RCD e misturas. Pela a norma citada, um agregado para 
ser considerado miúdo e utilizado na confecção de argamassas e concretos deve possuir grãos 
que passam 100% pela peneira de malha 4,75 mm e ficam retidos na peneira de malha 0,015 
mm. 
Materiais dentro dos limites estipulados pela ABNT NBR 7211 (2009) possuem maior 
trabalhabilidade e são materiais que possuem uma curva granulométrica sem descontinuidade, 
ocasionando maior preenchimento dos vazios de argamassas e concretos melhorando a 
resistência e durabilidade. “Além disso, areias muito grossas produzem misturas pouco 
trabalháveis e areias muito finas aumentam a demanda de água para a hidratação do cimento” 
9,5 6,3 4,75 2,36 1,18 0,6 0,3 0,15 Fundo
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
9,52 6,3 4,76 2 1,68 0,6 0,15 0,075 FUNDO
Abertura Peneira-Limites (mm)
P
o
rc
en
ta
g
em
 R
et
id
a 
A
cu
m
u
la
d
a 
(%
)
Abertura Peneira-Ensaio (mm)
Curva Granulométrica Solo + 60% RCD
Amostra
ZU - LI
ZO - LS
ZO - LI
ZU - LS
46 
(MEIER, 2011). Assim, materiais que possuem curvas dentro da zona ótima ou utilizável são 
recomendados para fabricação de artefatos de qualidade. 
Como pode ser observado, o RCD utilizado na confecção dos tijolos de solo-cimento com 
adição de RCD estão dentro dos limites de zona ótima, sendo desta forma, considerado um 
agregado de ótima qualidade para fabricação de produtos mais trabalháveis e resistentes. O solo 
em parte ficou dentro dos limites, mas como a mistura do solo com os RCD os resultados se 
aproximaram do prescrito na ABNT NBR 7211 (2009). 
As especificações exigidas pela ABNT NBR 10833 (2013) para a fabricação dos tijolos 
de solo-cimento apenas contemplam a necessidade de todo o material utilizado ser 100% 
passante pela peneira 4,75 mm (n° 4) e possuir uma parcela fina, responsável pela coesão, de 
10% a 50% passante pela peneira de 0,075 mm (n° 200). 
Portanto, conforme apresentado nos Quadros 10 ao 13, os resultados, quanto à 
distribuição granulométrica, não foram satisfatórios para produção de tijolos de solo-cimento 
com adição de RCD, uma vez que o solo não atendeu a porcentagem suficiente de finos 
recomendado pela ABNT NBR 10833 (2013). Para solucionar este problema, é possível corrigir 
a granulometria do solo com a incorporação de material com grãos mais finos. 
Para a análise dos estados físicos de uma amostra de solo, quando submetida à ação da 
umidade foram determinados os limites de consistência do solo, que são as variáveis que melhor 
expressam as condições de trabalhabilidade dos solos. Determinou-se, portanto, o limite de 
liquidez (LL), que caracteriza a passagem do estado plástico para o estado líquido e o limite de 
plasticidade (LP) que caracteriza o momento em que, se retirada, progressivamente, a umidade 
do solo, este passa do estado plástico para o estado semi-sólido. À diferença entre o LL e o LP 
denomina-se índice de plasticidade (IP) (ZANATTA, 2015). Os resultados dos ensaios para o 
solo e o RCD encontram-se nos Quadros 14 e 15. 
 
Quadro 14: Limites de consistência do solo natural 
 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
31,75
25,45
6,3
Limites de Consistência 
Limite de Liquidez
Limite de Plasticidade
Índice de Plasticidade
Parâmetro
Composição 
Solo Natural
47 
Quadro 15: Limites de consistência dos resíduos 
 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
Estes resultados são decisivos para a melhoria da qualidade do produto final, pois o solo 
considerado adequado para a produção do solo-cimento segundo a ABNT NBR 10833 (2013), 
deve possuir LL ≤ 45% e IP ≤ 18%. Valores elevados dificulta a estabilização do solo com o 
cimento e, segundo Souza et al. (2008), podem conduzir a maiores dificuldades na secagem, e 
também no processo de mistura dos componentes. Conforme pode ser observado nos Quadros 
14 e 15, ambos parâmetros foram alcançados pelo solo e RCD. 
Os ensaios de determinação da massa específica dos sólidos do solo e RCD, realizados 
em conformidade com a ABNT NBR 6458 (2016), estão apresentados nos Quadros 16 e 17. 
Quadro 16: Massa específica do solo natural 
 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
Quadro 17: Massa específica dos resíduos 
 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
O ensaio da massa específica do cimento utilizado na confecção dos tijolos de solo-
cimento com adição de RCD descrito pela NBR NM 23 (2001) está apresentado no Quadro 18. 
Os resultados serviram de base para composição em massa da quantidade de cimento para cada 
traço. 
 
20,35
18,58
1,78
Limites de Consistência
Limite de Liquidez
Limite de Plasticidade
Índice de Plasticidade
Parâmetro
Composição 
RCD
Parâmetro
Composição 
Solo Natural
Massa específica 
dos grãos
(Kg/ m³) 2427,18𝜌𝑠
Massa específica 
dos grãos
(Kg/ m³) 2672,54
Parâmetro
Composição 
RCD
𝜌𝑠
48 
Quadro 18: Massa específica do Cimento Portland 
 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
4.2 Ensaio de Absorção de Água dos tijolos 
Para a absorção de água dos tijolos, a ABNT NBR 10834 (2013) especifica que os valores 
das amostras devem ser menores ou iguais a 20% e os valores individuais menores ou iguais a 
22%, com idade mínima de 7 dias. O Quadro 19 demostra os resultados encontrados para os tijolos 
dos traços em estudo, no qual nenhum dos três alcançaram resultados satisfatórios. 
 
 Quadro 19: Absorção de água dos tijolos 
 
 Fonte: Elaborado pela autora 
 
A Figura 18 apresenta a massa específica média dos tijolos para cada traço analisado: 
 
Parâmetro
Composição 
RCD
Massa específica do 
cimento CP II Z-32
(Kg/ m³) 2900,48𝜌𝑠
Traço Absorção (%)
Solo Natural 31,7
Solo + 40% RCD 28,5
Solo + 60% RCD 28,4
49 
 
Figura 18: Massa específica dos tijolos 
Fonte: Elaborado pela autora 
 
Conforme pode ser visto no Quadro 20, a massa específica aumentou em função do 
aumento da quantidade de resíduos incorporados ao solo, variando de 3156,25 Kg/m³ para 
3517,24 Kg/m³. Certamente, os resíduos proporcionaram uma acomodação melhor das 
partículas na compactação, aumento da massa específica e, portanto, a obtenção de materiais mais 
compactos, mais resistentes, com menor absorção de água e, mais duráveis (SOUZA, 2006). 
 
Quadro 20: Massa específica dos tijolos 
 
Fonte: Elaborado pela autora. 
 
Os resultados com os valores abaixo do exigido pela norma podem ter sido afetados pela 
granulometria inadequada, com baixos índices de materiais finos, causando uma alta porosidade 
no material em estudo. Para Pinto (2006), quanto menores as partículas, menores a quantidades 
de vazios, e consequentemente menores os coeficientes de permeabilidade. Pela composição 
granulométrica dos materiais utilizados na confecção dos tijolos, os mesmos não apresentaram 
quantidade de materiais finos suficiente daqueles recomendados pela ABNT NBR 10833 
(2013), ou seja, de 10% a 50% passantes na peneira nº 200. 
2900
3000
3100
3200
3300
3400
3500
3600
Solo Natural Solo + 40% RCD Solo + 60% RCD
M
as
sa
 e
sp
ec
íf
ic
a 
d
o
s 
ti
jo
lo
s 
(K
g
/³
)
Composição
Solo Natural 3156,25
Solo + 40% RCD 3511,36
Solo + 60% RCD 3517,24
Parâmetro
Massa específica dos 
tijolos (Kg/ m³)
Composição 
50 
Outro fator de grande influência na absorção de água é a umidade, que quando acima da 
ótima, o esforço de compactação

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