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MODELOS CONTEMPORÂNEOS DE GESTÃO AULA 1 Prof.ª Elaine Cristina Hobmeir 2 CONVERSA INICIAL Olá, seja bem-vindo(a)! Esta é a Aula 1 da disciplina Modelos Contemporâneos de Gestão do curso de Administração de Empresas. Aqui, vamos abordar estes assuntos. Confira! Natureza e desafios atuais da Administração Modelos contemporâneos de gestão Você já conhece a professora Elaine? Não? Então, assista o vídeo a seguir para ver também os assuntos que vamos estudar ao longo desta aula e os objetivos de aprendizagem propostos! Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo. Na revista Exame, ed. n. 706, de 2006, um dos maiores gurus da administração foi assim retratado: “O Oráculo Peter Drucker é um provocador”. http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0702/noticias/o-oraculo- drucker-m0053570 Esse texto descreve a visão de um dos maiores nomes da Administração Moderna, falecido em 11 de novembro de 2005. CONTEXTUALIZANDO A crença de que estamos vivendo em uma era de Revolução é verdadeira, mas essa é a quarta na história do mundo, depois da escrita, do livro e da impressão. Qual é a revolução que está acontecendo atualmente? Reflita sobre a questão e confira o feedback a seguir: Tem uma crença usual de que a atual "revolução" não tem precedentes na redução do custo da informação e em sua disseminação. Isso, para Drucker, simplesmente não é verdade - as reduções de custos na terceira revolução da informação foram, no mínimo, tão grandes quanto as da atual. 3 O mesmo para sua velocidade, alcance e disseminação. Depois disso, ele entra no argumento central: a importância-chave da informação como, digamos, "conhecimento comprimido", ou ordenado-colocado em formatos que alavanquem a inovação. Para ele, a raiz está nos veículos da palavra impressa. Editoras cresceram mais rápido do que a IBM nas décadas de 1960 e 1970, e também mais que a Microsoft nos anos de 1980. Mais rápido ainda tem sido o crescimento de revistas segmentadas – tanto para um encanador quanto para um médico, por exemplo. A noção central continua sendo incorporar o de fora. Drucker vê nisso a emergência de um fato novo: o mercado para informação sobre o de fora (bem como o suprimento) existe, mas está desorganizado, e em cerca de duas décadas talvez, os dois vão convergir. Essa será a verdadeira revolução da informação. TEMA 1: NATUREZA E DESAFIOS ATUAIS DA ADMINISTRAÇÃO Ampliação do conceito de Administração Para começarmos, relembre o que é Administração, conforme o dicionário de significados: “[...] o ato de administrar ou gerenciar negócios, pessoas ou recursos, com o objetivo de alcançar metas definidas. É uma palavra com origem no latim administratione, que significa direção, gerência. A administração é um ramo das ciências humanas que se caracteriza pela aplicação prática de um conjunto de princípios, normas e funções dentro das organizações. É praticada especialmente nas empresas, sejam elas públicas, privadas, mistas ou outras.” Esta definição de Administração pode ser empregada de diversas maneiras, pode se referir ao processo pelo qual os gerentes executam para alcançar os objetivos da empresa, pode se fazer referência ao conjunto de conhecimentos, buscando a administração como o conjunto de informações que fornecem noções de como administrar, além disso o termo ainda remete às pessoas que dirigem e lideram às empresas. De maneira direta, Administração é o processo pelo qual se permite alcançar as metas de uma empresa, usando recursos físicos e humanos. As 4 principais características do termo administração, com base em Certo (2003, p. 5), são: É um processo ou uma série de atividades contínuas e relacionadas. Implica alcançar os objetivos da empresa e se concentra nisso. Alcança esses objetivos fazendo uso do trabalho com e por meio de pessoas e outros recursos da empresa. A Administração movimenta toda a organização para chegar ao seu propósito, por meio da definição de metas preestabelecidas e as maneiras pela qual a mesma será cumprida. Essas atividades devem ser organizadas, desenhadas, dirigidas e controladas de maneira adequada a se atingir o propósito principal, que é o lucro, de forma responsável e ética. Antigamente, a Administração estava preocupada em como tornar o trabalho individual cada vez melhor, mais fácil e bem-sucedido. Depois de um tempo passou a ser uma atividade grupal e atualmente é vista como uma atividade organizacional em conjunto. Essa ampliação de conceitos se deu devido às novas teorias aplicadas à Administração, estendendo-se às atividades interorganizacionais e às relações de interdependência entre organizações (CHIAVENATO, 2004). Veja a seguir o cenário ambiental da evolução dos modelos de gestão. 1920 Produção em Massa Administração Científica Relações Humanas 1950 Era da Eficiência Burocracia Modelos Tradicionais 1970 Era da Qualidade Administração Japonesa Reengenharia 5 1990 Era da Competitividade Administração Empreendedora Administração Holística Atualidade Empresa Virtual Gestão do Conhecimento Modelos Biológicos Complexidade Gestão Participativa Toffler criou o conceito de Ondas de Transformação, que abrange momentos históricos da evolução da sociedade humana, e dividiu a Administração em três grandes períodos, da: Revolução Agrícola até 1750 Revolução Industrial de 1750 a 1970 Revolução da Informação, englobando o período pós 1970 A linha do tempo que você viu divide a Administração nas chamadas Eras Empresariais, e dentro da abordagem da Administração, essas Eras foram divididas em partes. Durante a 2ª Revolução Industrial que se iniciou em 1920, a Era da Gestão Empresarial foi dividida em quatro períodos. 1º Período Era da Produção em Massa (1920-1949), com ênfase na quantidade produzida e padronização de processos (linha de montagem). 2º Período Era da Eficiência (1950-1969), com ênfase no controle das organizações (Burocracia). 6 3º Período Era da Qualidade (1970-1989), ficou conhecida como a Era da Satisfação dos Clientes. 4º Período Era da Competitividade (a partir de 1990), ficou conhecida como a busca da excelência empresarial (Eficiência + Eficácia) e do atendimento dos interesses dos stakeholders. Podemos, portanto, explicar que as abordagens tradicionais da administração como a Escola Clássica e a Teoria da Contingência são representadas pelas duas primeiras Eras: Produção em Massa e Eficiência. Já as duas últimas Eras (Qualidade e Competitividade) correspondem às Novas Abordagens da Administração, tais como administração japonesa, participativa, empreendedora, holística e corporação virtual. A Administração de hoje Falar sobre o futuro é um dos maiores desafios da humanidade. Quando buscamos o passado, descobrimos vários exemplos de organizações que podem ser utilizadas no presente e também no futuro. Podemos comparar a administração à ciência, pois, para se explicar um fato, é preciso estudar seu passado e o estágio atual. Às vezes notamos certos modismos e atualidades que influenciam todo o contexto. A moda é aquilo que é aceito ou usado pela maioria, de caráter passageiro. Mas é preciso lembrar que nem todo modismo é algo direcionado ao futuro, muitas vezes ele vem do passado através de fatos que já foram utilizados, apenas alterandoa nomenclatura. Por isso, é importante sempre ter em mente que o que funcionava antigamente pode não funcionar no contexto atual, tal como foi a Reengenharia, que trouxe benefícios a algumas organizações, mas não obteve o mesmo êxito em outras. 7 Portanto, a partir de metas e objetivos podemos desenhar o melhor cenário organizacional. Esse objetivo é a projeção da situação atual da organização em relação a determinados aspectos. As metas devem ser desenvolvidas com prazos e métodos de desenvolvimento, evitando a desistência quando ocorrer o primeiro erro, mas, para isso, é preciso calcular o caminho e o alvo pretendido. E qual é a tendência da administração do futuro? Vamos descobrir? Tentar descobrir o futuro da Administração é complicado, pois depende de fatores além da organização e abrange todas as peculiaridades do cenário macro imprevisível. Já que o mercado está em constante mudança, os fatores externos atingem diretamente a empresa e seus efeitos podem ser danosos, incertos e instáveis, por mais controle que se tenha dos processos internos. Tenha em mente que qualquer mudança pode alterar toda a estrutura da organização. As organizações que se preocupam com o futuro e as respostas que já foram ensaiadas podem ser modificadas a qualquer hora. Depende das circunstâncias históricas e de seu aparato negativo e positivo, sendo acompanhadas com tendências críticas às crises. A nova fase da Administração não está embasada na excelência operacional ou nos novos modelos de negócio, mas sim na inovação da gestão, buscando maneiras de captar e reter talentos, distribuir os recursos e formular as melhores estratégias. As novas empresas procuram um novo modelo de inovação em gestão. Hamel afirma que as empresas precisam, mais do que nunca, de ousada inovação em gestão. O modelo atual, centrado em controle e eficiência, não é mais suficiente em um mundo governado pela adaptabilidade e a criatividade. Hamel ainda cita os desafios cruciais, as crenças herdadas que até hoje impedem que as organizações superem novos desafios. Porque elas devem buscar o sucesso competitivo em uma época que sofre alterações constantes, em que devem ser aplicadas as práticas de gestão anticonvencionais que transforma empresas comuns em pioneiras. A palavra da década é inovação, entretanto, as organizações estão sendo atualmente 8 lideradas por um grupo de teóricos que morreram há muito tempo, mas que criaram regras, modelos e convenções que são seguidas até hoje. Esta gestão deixou seu legado, mas está ultrapassada, então por que continuar seguindo os mesmos princípios, em vez de mudar e trazer algo que seja desta década e que sirva para as necessidades das novas organizações? Pense um pouco sobre esta pergunta e tente lembrar de empresas que já estão inovando, e também de empresas que poderiam mudar de mentalidade para crescerem ainda mais! O Administrador Veja a seguir algumas das perguntas que serão respondidas neste tópico da aula. Quem é o administrador? Quais atividades ele desenvolve? Qual é o perfil desejado à profissão e as suas principais habilidades? A atividade desta função específica é guiar e convergir as organizações para que alcancem os objetivos almejados. O Administrador é o responsável pela realização da combinação e aplicação de recursos que assegurem os propósitos ou objetivos empresariais, pois ele alcança resultados por meio da organização e principalmente por meio das pessoas que nela trabalham. Para que o sucesso ocorra alguns itens são fundamentais, tais como: Planejamento Organização Direção das pessoas Controle de recursos: sejam eles materiais, financeiros, de informação ou de tecnologia O meio pelo qual o Administrador consegue fazer tudo isso é através da ajuda das pessoas que ocupam funções primordiais nas organizações. Elas podem ser denominadas subordinados, trabalhadores, funcionários, empregados ou ainda colaboradores. 9 Nas empresas modernas as denominações mais utilizadas são: parceiros, talentos ou empreendedores internos (CHIAVENATO, 2004, p. 5). O Administrador determina de que maneira pode servir a comunidade na qual está inserido e a utilização de talentos para isso, sem esquecer de controlar os recursos. Ghoshal e Bartlett descreveram o lado humano da administração de empresas orientadas para a mudança e inovação, onde demonstraram que os administradores bem-sucedidos se baseiam, além dos aspectos mecânicos de planejamentos, estratégias e esquemas de trabalho, nos processos que levam as pessoas a focar nas criações da mudança. Para entender melhor os passos que ajudam a focar nas criações da mudança, veja a seguir: 1. O primeiro é o processo empreendedor, onde se refere a atitude que é orientada para fora da organização para buscar oportunidades que motivem as pessoas a desenvolver suas operações como se fossem proprietários delas. 2. O segundo é o processo de construir competências, pois as organizações precisam cada vez mais tornarem-se flexíveis e responsivas, explorando as vantagens de economia de escala e o talento e reconhecimento das pessoas que trabalham nela. 3. O terceiro é o processo de renovação, onde os administradores bem-sucedidos se concentram em um processo de renovação continuada, desenvolvendo hábitos de questionar os porquês e o processos, melhorando-os para tornar as pessoas criativas e inovadoras. Para Drucker “A administração e os administradores constituem necessidades específicas de todas as entidades, da maior à menor.” Afinal, não há empresa que viva sem o Administrador, porque mesmo os pequenos empreendimentos precisam de administração para vingarem. Organização e administração estão diretamente ligadas entre si e aos sujeitos administrativos tais como: a organização, as pessoas e recursos físicos. Drucker descreve que em 1950 surgiram as primeiras respostas às perguntas de que o administrador era o “profissional que presta sua colaboração pessoal” com “oportunidades iguais ou paralelas”. Ainda segundo ele: “O 10 trabalho do administrador pode ser definido como planejar, organizar, ajustar, medir e formar pessoas”. Os profissionais de carreira também atuam com base nessas necessidades. Dentro das organizações, haverá pessoas que detêm a responsabilidade clássica de liderança e outras que têm atribuições específicas. Há ainda um terceiro grupo intermediário: pessoas que são chefes e que acumulam função de assessoria da alta administração. Você conhece ou se identifica com alguma dessas pessoas? Fundamentos da aprendizagem Na Administração moderna muito se ouve falar em aprendizagem organizacional, mas o correto é saber sobre o que está sendo dito antes de entrar no assunto. Para isso é necessário que se aprenda com o passado a fim de formar a base do conhecimento da organização. É a partir da aprendizagem organizacional que é possível compreender as estruturas, os valores, e as iniciativas que foram tomadas para chegar ao resultado final. A aprendizagem gera valor quando a empresa a identifica como inovação e procura conferir os passos que identificam os processos que foram utilizados para a sua aplicação, neste momento é possível identificar os talentos individuais e as ideias que colaboraram para os resultados positivos. O processo é a fonte do conhecimento e as equipes devem identificar o processo de aprendizado, pois não apenas as empresas são beneficiadas pelos resultados positivos, mas também as pessoas podem identificar os fatores positivos e negativos da geraçãode valor e as maneiras de melhorar o nível de aprendizado. Processo de aprendizagem: Organização Equipe Ambiente Externo A grande importância neste processo está baseada nas mudanças e centrada em valores e formas de entendimento da organização e principalmente 11 das pessoas. Dibella e Nevis (1999) entendem que aprendizagem organizacional é um termo empregado para descrever certos tipos de atividades que possam ocorrer em qualquer etapa do processo de mudança organizacional. Ele é tratado como um processo social pelo qual as ideias criadas por um indivíduo ou por um grupo ficam acessíveis a todas as pessoas que trabalham juntas e, assim, aprendem com base na experiência coletiva. Os autores consideram que aprender significa ganhar experiência e competência, e evitar a repetição de enganos, problemas e erros que desperdiçam os recursos da empresa (VALLADARES; LEAL FILHO, 2003). A aprendizagem organizacional está relacionada, portanto, diretamente ao processo de gestão, principalmente a participação, onde as estruturas se tornam mais flexíveis e podem ser compreendidas e analisadas de acordo com o cenário externo, ampliando as possibilidades de implementação de ideias criativas, identificação e resolução de problemas relevantes. A palavra participação é originária do latim participatio, que é a ação e o efeito de participar, tomar parte, intervir, compartilhar, denunciar, ser parte de. Esta definição se complementa com a ideia de Bobbio (1992), que representa um conjunto de regras ou procedimentos para a tomada de decisões coletivas, nas quais são criadas oportunidades para o envolvimento mais amplo possível dos interessados. Agora leia o primeiro capítulo do livro de Idalberto Chiavenato, Administração nos Novos Tempos. http://books.google.com.br/books?id=go-2Ea1O1dQC&pg=PA2&hl=pt- BR&source=gbs_toc_r&cad=3#v=onepage&q&f=false Que tal conferir o vídeo sobre a Gestão Antiga e a Gestão Moderna?! Assista e depois reflita um pouco sobre isso. https://www.youtube.com/watch?v=Q-XiQ9u4FQQ 12 TEMA 2: MODELOS CONTEMPORÂNEOS DE GESTÃO Cenário atual das organizações Você sabe dizer como estão as organizações, atualmente?! A rapidez com que as informações e atividades são desenvolvidas é o grande diferencial da atualidade. A empresa que não acompanha as mudanças perde competitividade e fica para trás, pois o modelo que possuíamos na Era Industrial ficou ultrapassado e a resposta atual para as mais diversas questões tem um nome: organização virtual. Desde a abertura do mercado brasileiro, no início da década de 1990, os demais países e as empresas identificaram o cliente como o principal objetivo a ser atendido e passaram a não focar tanto no produto. As parcerias passaram a ser a peça essencial do quebra-cabeça organizacional e a estratégia passou de algo utilizado apenas no processo produtivo para ser um item de vital importância. Observar a tomada de decisão dos concorrentes, definir estratégias operacionais, criar redes de distribuição e pensar na logística reversa, estudar os ciclos de vida dos produtos/serviços e obter respostas em um tempo reduzido são os diferencias que se tornaram obrigatórios nas organizações. Esquecer o que ocorreu no passado é impossível, portanto as organizações devem olhar para trás e verificar as decisões que foram tomadas, para adaptar e implantar novamente as que deram certo e analisar os erros cometidos para que não sejam repetidos. O mais importante para que a organização consiga fazer isso é estar muito bem estruturada, pois este aprendizado ocorrerá de forma natural, não como um último recurso na hora do desespero. A organização que investir em conhecimento estará à frente de seus concorrentes, portanto é bom ter um ambiente propício para a identificação, a criação e a disseminação disto, porque o conhecimento irá agregar valor à empresa e fazer com que suas metas sejam atingidas de maneira eficiente e eficaz. Elementos intangíveis agregam valor às organizações no que diz respeito aos produtos e serviços baseados no conhecimento, dentre eles podemos citar: 13 Projeto de produto Criatividade Inovação Rede de contatos Know-how técnico Entendimento do cliente Em uma organização tudo é mensurado, como número de funcionários, salários, benefícios, custo do produto, custo de fabricação, despesas operacionais, margem de lucro, lucro líquido, etc., mas você sabe como mensurar o que não pode ser tocado, o que não é visível? Essa é uma das maiores dificuldades das organizações, pois o valor econômico do conhecimento não pode ser medido ou facilmente compreendido, nem classificado, por ser um recurso invisível. Devido à dificuldade de mensurar quanto valem os ativos intangíveis, as organizações estão cada vez mais desvinculadas de seu valor de mercado. Resultado: a dificuldade de mensuração leva o mercado a considerar as taxas de investimento em conhecimento como um indicador importante. Por isso, a explicação de algumas empresas com lucratividade baixa serem preferidas no mercado acionário, porque elas têm baixa taxa de investimento em conhecimento. Mas você pode se perguntar: porque isso ocorre? A resposta é simples: o conhecimento é altamente reutilizável, levando em consideração que, quanto mais for utilizado e difundido, maior o seu valor. O filósofo Handy (1998) identificou nove paradoxos principais no intuito de explicar como a nossa sociedade funciona. Nesses conceitos, o autor explica que esses paradoxos devem ser controlados, já que são companheiros do progresso econômico. Dos nove paradoxos, vale destacar o da inteligência, porque ela não se comporta como os demais, já que não pode ser dada de presente e mesmo que compartilhada ainda é conservada, afinal de contas não se pode possuir a inteligência de outra pessoa. 14 Quer um exemplo disso? Imagina que você é o proprietário de uma empresa e precisa demitir um de seus funcionários, a inteligência dele não ficará na empresa. Seguindo este exemplo, podemos citar a inteligência concentrada, que é a capacidade de adquirir e aplicar o conhecimento, e o know-how, porque são novas fontes de riqueza impossíveis de serem transmitidas às demais pessoas. Pensando nesta situação, o grande desafio organizacional é virtualizar uma estrutura para reutilização do conhecimento existente na organização. Organização virtual Antes de começar, você sabia que a palavra virtual vem do latim medieval virtualis, que por sua vez deriva de virtus, que significa força, potência? Para Pierre Levy, um dos autores mais importantes na construção do significado, o virtual deve ser considerado como algo que existe em potência; “complexo problemático, o nó de tendências ou de forças que acompanha uma situação, um acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer, e que chama um processo de resolução, a atualização” (LEVY, 1996, p. 16). Ainda para o autor, o virtual não se opõe ao real. O conceito de virtual se contrapõe ao conceito de atual, o virtual é o que existe em potência e não em ato (LEVY, 1996). Para compreender como o conceito é empregado, é interessante saber que a virtualidade busca a não presença, porque quebra o aqui e agora. Isso é aplicado nas organizações como virtualização organizacional e deve ser observado de dois pontos de vista distintos, o do cliente e o da empresa. Para Ferreira et al (1998, p. 205) o cliente percebe a virtualização: “(...) como um atendimento instantâneo aos seus desejos. A empresa parece existir a qualquerhora, em qualquer lugar, potencialmente pronta para atendê-lo. (...) Porém, do ponto de vista da empresa, genericamente, virtual é todo o negócio baseado nas informações em tempo real, inclusive suas relações com o meio ambiente onde se insere o seu mercado global.” A empresa deve procurar a desfronteirização advinda da organização virtual e que sugere a eliminação de fronteiras artificiais à comunicação que separavam as pessoas. Martin (1996) descreve estas barreiras: 15 Horizontais (entre funções da empresa) Verticais (diferenças de posições hierárquicas) Externas (distância do ambiente externo) Para Byrne (1993), o modelo virtual é “a inovação organizacional mais importante desde o desenvolvimento dos princípios da descentralização, propostos por Pierre Du Pont e Alfred Sloan, em 1920.” Mas, a grande questão é: o que é uma organização virtual? Reflita sobre isso e não deixe de anotar suas impressões e discuti- las com professores e demais colegas! O desenvolvimento acelerado das tecnologias de informação e da comunicação rápida e dinâmica que começou em 1980 obrigou mudanças drásticas nas organizações. Essa tecnologia foi evoluindo, e na década de 1990 itens como a realidade virtual e a multimídia foram implantadas nas empresas para inovação e competitividade, mesmo assim ao final dos anos de 1990, o conceito de organização virtual ainda não estava bem definido. Cano (1999, p. 47) afirmava que “seu conceito ainda não consolidado plenamente possibilita diversas interpretações, desde simples processos de terceirização de atividades até a adoção de formas de trabalho à distância”. A organização virtual é uma rede temporária que se forma para atender rapidamente oportunidades emergentes (BYRNE, 1993). Pensando nisso, a abordagem estratégica para organizações virtuais busca a criação e o desenvolvimento de recursos intelectuais por meio de uma rede de relacionamentos (VENKATRAMAN; HENDERSON, 1998). Estas redes anteriormente privadas e restritas passaram a fazer parte do cotidiano de organizações e indivíduos, e nesse cenário emergente surgiram as “organizações virtuais”. Foresight Inteligência competitiva e gestão do conhecimento: instrumentos para a gestão da inovação Foresight é um processo contínuo de comunicação e 16 aprendizado que procura ampliar as reflexões sobre o futuro de uma instituição e o ambiente em que se encontra. As empresas devem olhar para o futuro, buscando compreender as implicações de suas ações realizadas no presente. (COSTANZO; MACKAY, 2009). Além da comunicação e do aprendizado, outra característica importante das organizações competitivas é a capacidade de inovar, por isso a busca constante por inovações radicais é constante do mundo corporativo. As organizações procuram inovações que sejam capazes de criar novos mercados, proporcionar rápida expansão e crescimento econômico, e ampliar os processos de melhoria contínua. Essa busca constante de melhoria é resultado direto da globalização, já que o mundo se transformou em uma metamorfose. Os novos modelos gerenciais estão mudando e afetando os processos gerenciais, com isso a competitividade se torna mais acirrada. A diferença entre as organizações é favorável ao cliente, porque ele tem mais opções. Mas, para as empresas isso não é bom, pois essas peculiaridades para implantar a inovação e adaptação perante a construção do conhecimento têm um custo, normalmente alto, pois os padrões das etapas de inovação e implantação não são tão simples e necessitam de tempo, por isso as organizações que já se adequaram ao novo modelo estão à frente dos concorrentes. Os padrões e as etapas de inovação são constantes e visam, portanto, a solução de problemas cotidianos. Independentemente do ramo empresarial, cada um tem seu próprio laboratório de planejamento e desenvolvimento ou o faz por meio de empresas terceirizadas. A competitividade engloba não somente a excelência de desempenho ou eficiência técnica das empresas ou produtos; compreende, também, a capacidade de desenvolver processos sistemáticos de busca por novas oportunidades, e superação de obstáculos técnicos e organizacionais via produção e aplicação de conhecimento. Nesse contexto, o aparecimento da “organização em rede” é emblemático. A “sociedade do conhecimento, sociedade da informação ou economia do conhecimento” (CASTELLS, 1996) foi caracterizada pela 17 disseminação das informações e pelo compartilhamento das competências em redes estruturadas e seus sujeitos podem ser intra e interorganizacional. A importância que a produção do conhecimento está tendo no mercado é vista por meio dos processos de decisão em rede, utilizando a legitimação de ações e processos coordenados, bem como informações transparentes aplicadas pelas organizações. O foresight é, portanto, uma nova forma de executar e interpretar estudos do futuro, que utiliza muitas ferramentas usuais da prospecção tecnológica, mas as coloca a favor da criação de coordenação e compromisso de diferentes atores chaves para viabilizar inovações. Você já tinha ouvido falar em organização virtual? Para saber mais e dividir seus conhecimentos com outras pessoas, clique no botão a seguir e leia com atenção o artigo produzido pela Anapatricia Agustini, mestre em Administração. http://www.ccuec.unicamp.br/revista/infotec/artigos/anapatr.html E para finalizar este tema, e somar conhecimentos... você sabe qual é a marca mais valiosa do mundo? Se pensou na Coca-Cola, errou! Clique no ícone e confira! http://new.d24am.com/noticias/tecnologia/marcas-apple-google-valem- mais-100-bilhoes/121588 NA PRÁTICA Existem diferentes teorias para a análise das organizações. Essas teorias, inclusive, marcaram os diferentes momentos de evolução das estruturas organizacionais. Contudo, o que caracteriza a moderna organização é o uso de todos os modelos teorizados até então, demonstrando, dessa forma, que todos os pressupostos contribuíram para o desenvolvimento da organização enquanto teoria geral. É possível também notar que, para cada nova concepção, existem fundamentações baseadas em pressupostos que deram origem aos estudos das organizações nas sociedades capitalistas. São temas como as necessidades humanas, os interesses e os conflitos, a tecnologia, o trabalho e a especialização 18 que, aliados aos fatores econômicos e políticos, determinam a evolução das estruturas organizacionais (Materko). Neste último século, evoluções importantes marcaram a história do desenvolvimento das organizações. A primeira delas, entre 1895 e 1905, “distinguiu a administração de propriedade e estabeleceu a administração ou gerenciamento com um tipo de trabalho diferenciado” (Drucker, 1992 p. 7). Com base no texto que você acabou de ler e no material apresentado, analise as afirmações a seguir: 1. Surge a figura do gerente profissional, e a organização, longe de ser simplesmente um aglomerado de trabalhadores atuando para um fim institucional, começou a se apresentar como agente propulsor do desenvolvimento social. 2. Outra grande evolução se deu por volta da década de 20, quando foi criada “a organização de comando-e-controle com ênfase na descentralização e sua distinção entre a equipe de planejamento e a equipe executiva”. 3. Ainda hoje não se pode comprovar as evidências dessa evolução na forma de estruturação de grandes organizações, principalmente quando é possível identificarem-se os diversos departamentos e serviços, como os de pessoal, contabilidade, orçamentos, entre outros. 4.O que se pode presenciar na atualidade são as inovações para as estruturas de organização. Baseadas nos estudos de comportamento, relações sociais, tecnologia, economia e política, as organizações já se caracterizam pela especialização, surgindo, assim, a organização de especialistas (Drucker, 1992: 3). 5. A administração burocrática vem trazendo em seu bojo necessidades que determinarão o nascimento e emprego de novas metodologias e técnicas fundamentadas, principalmente, nas informações científicas e na informatização, cujo objetivo é a minimização do esforço físico do homem, o aumento das rendas, a rapidez e uniformidade nos serviços, o melhor aproveitamento do tempo e a qualidade de vida. 19 Agora, assinale a alternativa CORRETA. a) I e II b) III e IV c) I, II e IV d) III, IV e V e) I, II e III Gabarito (C): Na questão III, a verdade é que ainda hoje são notórias as evidências dessa evolução na forma de estruturação de grandes organizações, principalmente quando é possível identificarem-se os diversos departamentos e serviços, como os de pessoal, contabilidade, orçamentos, entre outros. Sobre a resposta V, a atualidade e as inovações para as estruturas da organização vêm trazendo em seu bojo necessidades que determinarão o nascimento e emprego de novas metodologias e técnicas fundamentadas, principalmente, nas informações científicas e na informatização, cujos objetivos são a minimização do esforço físico do homem, o aumento das rendas, a rapidez e uniformidade nos serviços, o melhor aproveitamento do tempo e maior qualidade de vida. SÍNTESE Nesta aula, o objetivo principal foi descrever a Organização, a Administração e a Racionalidade. Foram ampliados os conceitos de Administração, de que maneira é a Administração atualmente e suas diferenças com os princípios Administrativos e suas respectivas escolas. As funções do administrador também foram contempladas e vimos como ele é indispensável para as organizações. Para que se tenha uma base sólida, a administração precisa de uma aprendizagem contínua e isso só é possível quando há uma equipe consolidada. A aprendizagem é fator fundamental tanto para a organização como para seus indivíduos. No que diz respeito ao cenário atual das empresas, descrevemos o cenário mundial levando em consideração a globalização e todas as suas 20 implicações para as corporações e a importância dos novos modelos administrativos, principalmente das organizações virtuais. Foram citados também o Foresigth e seu significado, a importância da inteligência competitiva como diferencial inovador organizacional e a gestão do conhecimento aplicados como instrumentos da gestão da inovação. Antes de conferir o vídeo com a professora Elaine, reflita se você já conhecia o que vimos e se sabe de alguma organização que tenha passado por estas situações. Você pode também, trocar ideias com outras pessoas, assim, irá aprofundar ainda mais seus conhecimentos! REFERÊNCIAS BOBBIO, N. Estado, governo, sociedade: por uma teoria geral da política. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. BYRNE, J. A. The virtual corporation, Business Week, feb. 8, 1993. CANO, Carlos B. Modelo para análise de organizações que operam em espaço cibernético. 1999, 152 p. Tese (Doutorado em Administração) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1999. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/2227/000270671.pdf?sequenc e=1&locale=pt_BR. Acesso em: Acesso em: 25 jun. 2015. CANO, Carlos B.; BECKER, João L.; FREITAS, Henrique M. R. de. Organizações no espaço cibernético: estudo comparativo altavista e amazon books. Revista de Administração de Empresas Eletrônica, v. 1, n. 1, jul-dez, 2002. Disponível em: http://rae.fgv.br/rae-eletronica. Acesso em: Acesso em: 25 jun. 2015. CASTELLS, M. The rise of the Network Society. USA: Blackwell Publications, 1996. CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos Novos Tempos – 2. ed. São Paulo: Elsevier, Campus, 2004. COSTANZO, L. A.; MACKAY, R. B. Handbook of research on strategy and foresight. Northampton: Edgard Elgar, 2009. 21 DIBELLA, A. J.; NEVIS, E. C. Como as organizações aprendem: uma estratégia integrada voltada para a construção da capacidade de aprendizagem. São Paulo: Educator, 1999. 228 p. FERREIRA, Ademir Antônio et al. Gestão Empresarial: de Taylor aos nossos dias. São Paulo: Pioneira, 1998. HANDY, C. The future is now present. Management Today, n. 2 – 45002 0025 – 1925, p. 27-28, Feb. 1998. LEVY, Pierre. O Que é o Virtual. São Paulo: Editora 34, 1996. MARTIN, James. A grande transição. São Paulo: Futura, 1996. NÓBREGA, Clemente de. O oráculo Peter Drucker é um provocador. Revista Exame. Disponível em: http://exame.abril.com.br/revista- exame/edicoes/0702/noticias/o-oraculo-drucker-m0053570. Acesso em: 25 jun. 2015. VALADARES, Angelise; LAL FILHO, José Garcia. Gestão contemporânea de negócios: dimensões para análise das práticas gerenciais à luz da aprendizagem e da participação organizacionais. Rev. FAE, Curitiba, v.6, n.1, p.95-95, maio/dez. 2003. 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