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Responsabilidade dos donos de animais

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® BuscaLegis.ccj.ufsc.br 
 
 
Responsabilidade por danos causados por animais no novo Código 
Civil 
 
 
Paulo Sergio Rosso* 
 
 
SUMÁRIO: Introdução; 1. Responsabilidade pelo Fato da Coisa; 1.1 Dever de 
"Guarda"; 2. Responsabilidade pelo Fato do Animal; 3. Fato do Animal no Novo Código 
Civil; 4. Classificações e Casos Problemáticos; 5. Fato do Animal nos Códigos Civis 
Estrangeiros; Conclusão; Referências. 
RESUMO: Procura demonstrar as conseqüências das alterações legislativas 
ocasionadas pelo novo código civil na responsabilidade pelo "fato do animal". Classifica a 
responsabilidade civil, situando a responsabilidade pelo fato do animal. Conceitua e tece o 
histórico do "fato da coisa", delimitando os fundamentos da responsabilidade do 
proprietário e do detentor. Delimita o conceito de "guarda da coisa", em suas várias teorias, 
bem como a introdução da responsabilidade pelo "fato do animal" no direito brasileiro. 
Tece o histórico da responsabilidade pelo "fato do animal". Analisa a regulamentação da 
matéria tanto no antigo quanto no novo código civil, demonstrando que a matéria 
aproxima-se, hoje, da responsabilidade objetiva. Apresenta diversos problemas idealizados 
pela doutrina e jurisprudência, buscando solucioná-los à luz do novo regramento legal. 
Compara a legislação correlata de diversos países. Conclui pelo acerto do legislador ao 
introduzir mudanças no regramento legal, melhorando a posição da vítima que sofreu danos 
em razão de agressão cometida por animal. 
PALAVRAS-CHAVE: Responsabilidade civil; animais; coisas; indenização. 
 
INTRODUÇÃO 
Basta realizar rápida pesquisa em jornais ou bancos de dados jurisprudenciais para 
se encontrar notícias como essa: 
A menina Indiele Martins da Silva, de um ano e três meses, morreu nesta quarta-
feira em um bairro pobre de Pelotas (263 km de Porto Alegre) supostamente atacada pelo 
cachorro da raça pit bull que pertencia à família. Segundo a Polícia Civil, a menina e outros 
três irmãos dela de 8, 6 e 5 anos estavam sozinhos em casa quando o cachorro, que 
costumava ficar preso no quintal, escapou. 
Segundo o delegado Sandro de Moraes Bandeira, da 3ª Delegacia de Polícia, o pai 
da criança, Cristiano Rodrigues da Silva, 27, contou que foi chamado pelos filhos maiores 
na chácara onde trabalhava e, ao chegar em casa, encontrou a filha caída no chão com 
ferimentos no pescoço e na cabeça. O cachorro estava deitado ao lado do corpo. 
"O pai disse que, quando foi pegar a menina, o cachorro rosnou para ele. Revoltado, 
ele matou o cachorro a pauladas", disse o delegado, que esteve na casa da família logo 
depois da morte. A mãe, Eva Irene Martins de Oliveira, 23, também segundo o delegado, 
aproveitou que a chuva havia parado para ir ao mercado e deixou as crianças em casa. 
"Quando cheguei lá, a criança já tinha sido colocada em um carrinho e o cachorro estava 
morto. Eles estavam esperando a polícia", disse o delegado. (FREIRE, 2007) 
Tais ocorrências terríveis são, com regular constância, veiculadas nos noticiários, 
chocando a população e ocasionando revolta, pela agressividade da situação, pela sempre 
presente evitabilidade do dano e pelos constantes casos de irresponsabilidade dos 
proprietários dos animais. 
Se é verdade que o direito não tem o condão de intimidar os proprietários de cães 
violentos, tem, ao menos, o dever de prever sanções civis e criminais para aquele que, por 
sua conduta omissiva, facilita acidentes. 
Com essa pretensão, o novo Código Civil passou a prever significativa alteração no 
regime de responsabilidade do proprietário ou possuidor de animais que cause danos a 
outrem, merecendo a questão ser agora analisada com maior propriedade. 
O presente artigo tem a intenção de abordar o histórico de aludida responsabilidade 
pelo "fato do animal", enfocando as bases doutrinárias clássicas e o novo regime imposto 
pelo Código Civil, em especial, procurando caracterizar o regime de responsabilidade 
imposto pelo novo regramento legal. 
 
1 RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA 
Segundo Noronha (1993, p. 18), pode-se classificar a responsabilidade civil em: a) 
Responsabilidade por ato pessoal ou fato próprio "quando alguém, com a sua própria 
atuação, pratica fato que causa dano a outrem"; b) Responsabilidade indireta, ou por fato de 
outrem, "quando alguém responde pela atuação de pessoas suas dependentes, sejam 
auxiliares, substitutos ou representantes, sejam outras pessoas de cuja vigilância ela esteja 
incumbida, como filhos, alunos, pacientes e hóspedes"; c) Responsabilidade pelo fato de 
coisas ou de animais, "quando alguém responde pelos danos causados por animais ou 
resultantes de máquinas, aparelhos e produtos, ou ainda da ruína de construções". 
A terceira modalidade, a responsabilidade pelo "fato da coisa" se apresenta sob duas 
espécies, abrangendo a responsabilidade por dano causado por animais e a responsabilidade 
pelo fato de coisa inanimada. (DINIZ, 2006, p. 557) 
A doutrina tradicional está construída sobre a lógica de que sempre é o homem 
quem responde pelos danos que ele causa, mas, em dado momento, passou-se a discutir 
sobre a possibilidade de haver dano causado pelo "fato de uma coisa". (PEREIRA, 1995, p. 
101). 
De plano, há que se questionar a tecnicidade da expressão "fato da coisa", já que, 
em verdade, a responsabilidade pelo dano deverá sempre ser imputada a homem. 
Para Aguiar Dias (2006, p. 578), o uso da expressão é indevido, pois "a coisa não é 
capaz de fato" além do que a expressão abrange também os danos causados por animais: 
Ora, não há nada tão incongruente como expressar em responsabilidade por fato da 
coisa a que deriva de acidentes ocorridos com veículos ou objetos de nossa propriedade ou 
sob nossa guarda, porque a coisa não é capaz de fatos; e todos os que ocorrem, causando 
dano a terceiro, por intermédio de coisas, são realmente, conseqüência ou falta de 
vigilância ou de prudência. Somos decisivamente contrário a essa classificação, que parece 
assimilar as coisas aos animais, quando aquelas são inertes ou pelo menos passivas, e os 
últimos, dotados de sensibilidade e de capacidade para reagir: em suma, o animal pode 
causar dano por si só, a coisa não pode, senão intervindo uma causa estranha, ou o fato do 
homem, que a movimente para o evento danoso. 
O "fato das coisas" ingressou no título da responsabilidade civil através da idéia da 
presunção de culpa. Os clássicos assim interpretavam o Código Napoleônico, o que 
possibilitou a explicação de que pode haver responsabilidade quando o dano provém de 
uma coisa (PEREIRA, 1995, p. 102). Autores franceses, como Josserand utilizavam o art. 
1.384 do Código Civil francês para, em interpretação sistemática, responsabilizar o 
proprietário da coisa inanimada pelos danos por ela ocasionados. (SAVATIER apud 
GONÇALVES, 2006, p. 236). 
Facio (1981, p. 557) refere-se a tais críticas, afirmando que, de qualquer forma, a 
expressão está sedimentada no direito moderno: 
O termo responsabilidade pelo fato das coisas, em si mesmo criticável e criticado 
por muitos autores, possui carta de cidadania no direito moderno em razão de achar-se 
estampado no Código Civil francês, de onde passou à maioria dos códigos 
contemporâneos. [01] (versão nossa) 
Seja como for, num primeiro momento, aceitou-se a responsabilização do 
proprietário ou detentor pelos danos causados pelas coisas e, em segundo instante, passou-
se à presunção de responsabilidade. Essa moderna concepção da responsabilidade 
presumida do proprietário tem nascedouro na França: "A Corte de Cassação francesa 
passou, então, da presunção de culpa à presunção de responsabilidade. Embora muito 
criticada a expressão ‘presunção de responsabilidade’ encontra boa acolhida doutrinária." 
(PEREIRA, 1995, p. 102) 
Autores brasileiros, tais como Aguiar Dias, Alvino Lima, WilsonMelo da Silva e 
Agostinho Alvim, introduziram a tese no Brasil, fazendo uso do pensamento nascido na 
jurisprudência francesa e da interpretação analógica com os artigos 1.527, 1.528 e 1.529 do 
Código Civil de 1916. (GONÇALVES, 2006, p. 237) 
1.1 DEVER DE "GUARDA" 
Porém, mesmo a responsabilização imediata do proprietário da coisa não satisfaz 
em todas as situações, tendo em vista que há casos em que não se afigura justa a imputação 
da responsabilidade àquele que tem a propriedade, mas não tinha, no momento da 
ocorrência do dano, a possibilidade de comandar a utilização da coisa. Daí surge a teoria da 
"responsabilidade do guarda", cuja aceitação em nossa doutrina foi lenta. (GONÇALVES, 
2006, p. 238) 
Numa primeira aproximação, pode-se dizer que guarda é aquele que tem o poder de 
"comandar a coisa", porém: 
A noção de guarda da coisa, em que repousa a responsabilidade pelos danos em 
cujo evento intervém a coisa como instrumento não pode ser a noção comum de obrigação 
de vigiar. RIPERT esclarece bem a questão, ao observar que se deve tomá-la como noção 
nova, criada para definir uma obrigação legal que pesa sobre o possuidor, em razão da 
detenção da coisa: "Se qualificamos uma pessoa de guarda, é para a encarregar dum risco". 
(DIAS, 2006, p. 580). 
Não é, porém, pelo simples fato de uma coisa ocasionar dano que haverá falta na 
guarda: "[...] há falta na guarda cada vez que a coisa escapa ao controle, à guarda material 
daquele sobre quem a lei faz pesar a obrigação de guarda e sabe-se que uma coisa pode 
intervir na realização de um dano sem escapar ao controle de seu guardador." (MAZEAUD 
e MAZEAUD apud DIAS, 2006, p. 581). 
Ora, muito embora a regra seja de que o proprietário detém o poder de guarda, há 
situações em que essa regra não se confirma, como quando a coisa está em poder do 
comodatário, do locatário ou do depositário. Nesses casos, nenhum sentido teria a 
responsabilização do proprietário: 
A lei não pode atribuir a obrigação de guarda senão àqueles que estão em condições 
de desempenhá-la, como capazes de impedir que a coisa escape ao seu controle. Eis por 
que a guarda, o responsável, é aquele que tem sobre a coisa um direito de direção; este 
poder jurídico lhe permite, e somente a ele, exercer ou fazer exercer por outrem a guarda 
material da coisa; somente ele é capaz de praticar a falta na guarda. (MAZEAUD e 
MAZEAUD apud DIAS, 2006, p. 581) 
Jean Liebmann aprofunda-se ainda mais no problema e fundamenta a 
responsabilidade do guardião não em virtude do nem sempre compreensível poder de 
direção sobre a coisa: o guardião seria responsável não por ter poder sobre a coisa, mas 
porque, dela tirando proveitos, é justo que responda pelos danos ocasionados. (DIAS, 2006, 
p. 581). Nesse sentido: "O guardião não é o que se aproveita do animal, nem o que conhece 
seus defeitos, nem o tenedor "lato sensu"; mas sim o que, de fato, tem um poder de mando 
sobre ele. [02] (MAZEAUD et al., 1962, p. 69, versão nossa) 
Em qualquer hipótese, decorrendo a responsabilidade do poder de direção sobre a 
coisa ou do proveito ocasionado por ela, a regra é de que o proprietário é quem possui, 
normalmente, a guarda ou quem tira proveito da coisa, sendo essa a razão das leis 
modernas impingirem-lhe uma presunção de responsabilidade: 
Presume-se a responsabilidade do guarda ou dono da coisa pelos danos que ela 
venha a causar a terceiros. A presunção só é ilidível pela prova, a ser por ele produzida, de 
que o dano adveio de culpa da vítima ou de caso fortuito. Tal concepção representa um 
avanço em relação ao tradicional sistema baseado na idéia de culpa do agente causador do 
dano, a ser demonstrada pela vítima. Isto equivalia, muitas vezes, a deixá-la irressarcida, 
ante a impossibilidade de se produzir tal prova. A teoria da responsabilidade presumida do 
guardião da coisa, animada ou inanimada, veio reverter o ônus da prova, além de limitar a 
elisão da presunção às hipóteses de culpa da vítima e caso fortuito. (GONÇALVES, 2006, 
p. 237) 
Obviamente, essa presunção é apenas juris tantum, sendo certo que se defere ao 
proprietário o direito de fazer prova contrária: 
Temos a impressão de que o problema ganha em simplicidade e fica com sua 
solução facilitada se estabelecermos que, em face daquela presunção de causalidade, ao 
dono da coisa incumbe, ocorrido o dano, suportar os encargos dele decorrentes, restituindo 
o ofendido ao status que ideal, por meio da reparação. Essa presunção não é irrefragável. 
Mas ao dono da coisa cabe provar que, no seu caso, ela não tem cabimento. (DIAS, 2006, 
p. 589) 
Fortifica-se, pois a noção de "guarda", isto é, no caso prático, há que se verificar 
com melhor exatidão quem tinha o poder de guarda sobre a coisa. 
Comentando o pensamento de Mazeaud, Facio (1981, p. 575) destaca: 
[...] tratando-se de uma obrigação de resultado e não de meio, resulta que o fato de 
se violar a obrigação de guarda não faz presumir a culpa do guardião, mas sim prova esta 
culpa, e por isso, não se pode aceitar que se tenda a demonstrar que esta culpa não existe; 
[...]. (Versão nossa) [03] 
A doutrina de Besson aproxima-se da de Mazeaud, salvo numa pequena distinção 
no que toca ao conceito de "guarda". Para Besson, ter a guarda de uma coisa, equivale a ser 
"senhor da coisa", a estar obrigado a cuidar dela e vigiá-la para impedir que cause um 
prejuízo. Para ele, a vítima não tem que provar que o guardião perdeu seu controle sobre a 
coisa, porque o simples fato de ter ocorrido dano, prova que o guardião descumpriu com 
sua obrigação de guarda. (FACIO, 1981, p. 575) 
As críticas lançadas contra a doutrina de Mazeaud e Besson caminham no sentido 
de que eles estabeleceram, em verdade, uma teoria do risco, ainda que sob outro nome 
(FACIO, 1981, p. 576), o que parece ser correta observação. 
Facio (1981, p. 577) informa que Saleilles e Josserand foram partidários da teoria 
do risco, afastando por completo a questão da culpa: 
O ponto de apoio mais firma da doutrina do risco está constituído, no plano do 
direito positivo, pela circunstância – absolutamente indiscutível no atual estádio do direito 
francês – de não poder o guardião de uma coisa livrar sua responsabilidade provando que 
atuou diligentemente; disso se deduz para os partidários dessa concepção, que a culpa não é 
elemento necessário e indispensável desta responsabilidade pelo fatos das coisas, posto que 
ela pode existir sem que dita culpa chegue a confirmar-se. (FACIO, 1981, p. 577, versão 
nossa) [04] 
Modernamente, Starck passou a defender a teoria da garantia, segundo a qual não 
interessa se o ofensor cometeu ou não um erro de conduta. É necessário e suficiente, para 
que ocorra a responsabilidade, que a coisa tenha ocasionado um dano. A doutrina resume-
se, portanto, à causalidade material, o que não satisfaz em muitos aspectos. (FACIO, 1981, 
p. 579) 
Em suma, verifica-se que as eventuais discussões giram em torno do conceito de 
"guarda", mas parece não haver dúvidas que a responsabilidade sempre incidirá sobre ela, 
ainda que, em muitas situações, seja complicada sua conceituação ou identificação. 
 
2 RESPONSABILIDADE PELO FATO DO ANIMAL 
Hoje o direito sequer cogita, por sua óbvia carência de racionalidade, a 
possibilidade de punição do próprio animal que causa o dano. Nem sempre, porém, foi 
assim. Consta que, na antiguidade clássica, gênios como Platão e Demócrito defendiam a 
pena de morte para animais que causassem danos graves. Diocleciano, em certa passagem 
histórica, ordenou a punição de um leão que demonstrou ingratidão para com seu dono. 
(DIAS, 2006, p. 661-662) 
Curiosas passagens são relembradas por Pontes de Miranda: 
Na história da responsabilidade, a cada momento encontramos sanções aplicadas a 
animais e, não raro, a vegetais e a corpos inorgânicos. Tais casos não se confundem com 
aqueles em que o animal apenassuscita a responsabilidade de outrem. A vendetta 
aplicava-se aos animais e às coisas. (WESTERMARCK apud MIRANDA, 1966, p. 301). 
[...]. 
Em muitos povos, os animais são considerados como obrigados por juramento a não 
comer os homens. No caso de faltarem ao juramento, os Antimerinas do planalto central de 
Madagascar punem, por exemplo, o perjúrio dos caimões. Se um Kuki cai da árvore e 
morre, deve ser vingado na árvore: os parentes da vítima cortam-na e despedaçam-na. Entre 
certos Australianos queimam-se as armas com que algum deles foi morto. Xerxes fez 
flagelar o Helesponto e Cirus dispersou as águas do Gindes. (DARMESTETER apud 
MIRANDA, 1966, p. 301) 
Pontes de Miranda (1966, p. 302) chega a mencionar estranhíssimo processo havido 
na França, em 1587, movido por proprietário de vinhedos contra o inseto Rynchites 
auratus. Isso porque as vinhas eram periodicamente lesadas pelo aludido inseto... Relata 
ainda vários outros exemplos em que animais chegaram a ser julgados, como sujeitos de 
direito, e até condenados. Figuraram em processos, como partes, ratos, lagartas, cães, 
sanguessugas e até lesmas. Em alguns casos, animais eram levados para as sessões... 
Como bem observa Pontes de Miranda (1966, p. 307), o fenômeno psicológico pelo 
qual o ser humano procura vingar-se contra objetos ou animais irracionais pode ser 
observado até mesmo em crianças, quando agridem seus próprios brinquedos ou animais: 
Na vingança está o ponto inicial do direito relativo à indenização. Quando o 
primitivo é ofendido pelo animal, o seu impulso é vingar-se. Dá-se a animais, a coisas, o 
mesmo tratamento que aos homens. Daí os processos contra animais, de que falamos. 
Segundo Aguiar Dias (2006, p. 662), "o conceito da responsabilidade penal dos 
animais, apoiado na tradição judaica, passou ao sistema jurídico-penal medievo, onde se 
pode assinalar, como seus dois mais importantes estádios, o exorcismo e a excomunhão." 
Embora o vocábulo "coisa" seja mais costumeiramente usado pelo vulgo como 
objeto inanimado, no sentido jurídico, a expressão abrange também os animais. 
O código civil brasileiro inclui, em seu art. 82 [05], entre os bens móveis, aqueles que 
são "suscetíveis de movimento próprio", fazendo clara menção aos animais, razão pela 
qual, os danos causados por eles são juridicamente regidos pelos pensamentos abordados 
no item anterior. 
Quando trazemos, porém, a doutrina que rege a responsabilidade pelo "fato da 
coisa" para os danos ocasionados por animais, algumas complicações surgem. 
De plano, o conceito zoológico de "animal" é diferente do conceito jurídico. Estão 
excluídos do conceito legal os animais selvagens, que são res nullius. (CARBONNIER, 
1998, p. 429) 
Pode-se dizer que há duas categorias de animais: de um lado, aqueles que são res 
nullius e de outro os que não são. Todo animal que não seja res nullius é suscetível de 
comprometer a responsabilidade de seu guardião. Segundo a doutrina tradicional, uma fera 
aprisionada em zoológico está sob a guarda de alguém, mas escapulindo para as matas e 
sendo abandonada por seu dono, torna-se res nullius. (MAZEAUD et al. 1962, p. 93) 
Poder-se-ia, ainda, classificar os animais apropriados (que não são res nullius) em 
animais domésticos e ferozes, muito embora essa classificação só tenha sentido nas 
legislações onde há uma regulamentação legal específica para cada grupo de animais, o que 
não é o caso do nosso direito, assim como da maioria dos ordenamentos. 
 
3 FATO DO ANIMAL NO NOVO CÓDIGO CIVIL 
Sobre o tema, o antigo Código Civil brasileiro (1916) continha a seguinte previsão: 
Art. 1.527. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se 
não provar: I – que o guardava e vigiava com cuidado preciso; II – que o animal foi 
provocado por outro; III – que houve imprudência do ofendido; IV – que o fato resultou de 
caso fortuito, ou força maior. (BRASIL, 2007b) 
Comentando o dispositivo, Pontes de Miranda (1966, p. 315) informa que na 
expressão "dono ou detentor" há que se entender "dono, possuidor próprio mediato ou 
imediato, possuidor impróprio mediato ou imediato, tenedor". 
Portanto, a regra geral – responsabilidade do dono ou do detentor – comportava 
apenas as quatro exceções previstas nos incisos, as três primeiras bastante específicas e 
uma quarta, contida no último inciso, mais abrangente e subjetiva. 
A responsabilidade antes prevista pelo art. 1.527 do antigo Código Civil era 
presumida. Sendo presunção vencível, ocorria a inversão do ônus da prova. 
Pontes de Miranda (1966, p. 316-317) entendia que o art. 1521 não constituía 
exceção ao princípio da culpa, tampouco criava responsabilidade por culpa alheia. Para ele, 
o artigo regulava "o ônus da prova, estabelecendo, para o lesado, a presunção de que foram 
culpadas as pessoas que ele enumera nos incisos I a IV." 
Porém, o critério de apenas inverter-se o ônus da prova não bastaria, razão pela qual 
o Código Civil antigo agravou um pouco mais a situação do dono ou detentor, impondo-lhe 
a prova de que tomou o "cuidado preciso" (MIRANDA, 1966, p. 318) o que é mais do que 
se dizer que tem que provar que "tomou cuidado". "Cuidado preciso é aquele exigido pelo 
meio social e pelo local (vigilância que o tráfico impõe). Não só se presume a culpa como 
também a relação causal entre a infração do dever de vigilância e o dano causado pelo 
animal." (MIRANDA, 1966, P. 336) 
Regulando num mesmo artigo os danos causados por animais domésticos ou danos 
causados por animais naturalmente agressivos (como feras aprisionadas num zoológico), o 
Código Civil teve de usar a expressão "cuidado preciso", por ser mais genérica e abranger 
ambas as situações: 
A diligência a que se refere o n. I do art. 1.527 não é o cuidado especial, diverso do 
que se deve ter em todos os atos da vida, mas é o cuidado indispensável, como o teria, 
naquele caso e naquela situação, rodeado das mesmas circunstâncias, o homem diligente. 
Tratando-se da guarda de um animal doméstico e manso, não serão necessárias as 
mesmas precauções que devem ser tomadas na hipótese de um animal selvagem ou bravio. 
A expressão - cuidado preciso - não é pois, uma diligência de natureza especial, mas uma 
diligência que deva ser a indispensável para evitar que o animal produza o dano ocasionado 
a terceiro. 
Parece-nos que o legislador pátrio, não querendo distinguir os danos causados pelos 
animais ferozes, daqueles que não o são, como o fizeram certas legislações, encarou a 
solução do problema englobadamente e daí a razão da expressão "cuidados precisos", que 
devem variar segundo as circunstâncias. (LIMA, 1963, p. 316-317) 
Comentando o inciso do art. 1.527, I do Código Civil de 1916, Pontes de Miranda 
(1966, p. 300) assevera: 
O art. 1.527, I, não pode ser interpretado como se fosse habitualmente guardado e 
vigiado o animal. O momento do dano é que importa; e quem guardava e vigiava com todo 
o cuidado, e no momento não tomara a medida necessária (e. g., deixou aberta a porta da 
rua, ou a janela, pela qual pulou o cão), responsável é. [...]. Não faz o réu uma contraprova, 
nem luta contra a presunção; prova algo de positivo – o cuidado preciso. Não prova não ter 
culpa; prova ter tido cuidado preciso. Pode o juiz reconhecer que não houve culpa. Mas, 
fracassada a prova do cuidado preciso, pode ele condenar o réu. 
Contrariamente ao atual Código, a provocação do animal do detentor ou dono, por 
outro (inc. II do art.1.527 do Código de 1916), afetava o regime da responsabilidade. 
Já o inciso III, da antiga redação, não apenas foi mantido no novo código, mas 
ampliado e esclarecido: antes, o Código Civil referia-se à mera "imprudência", esquecendo-
se da hipótese de negligência ou mesmo imperícia da vítima. O novo Código amplia as 
hipóteses para o termo "culpa" que parece ser bem mais adequado. 
O novo Código Civil introduziusensível mudança, ao dispor: "Art. 936. O dono, ou 
detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não prova culpa da vítima ou 
força maior."(BRASIL, 2007a) 
Vê-se que o Código Civil caminhou no sentido de facilitar a situação da vítima, 
tornando a prova mais objetiva. 
Permaneceu, na nova redação, a presunção de responsabilidade do dono ou 
detentor, mas caiu o número de hipóteses previstas em lei como excludentes da 
responsabilidade. Apenas em duas situações poderá o responsável presumido ser eximido 
de suas responsabilidades: culpa da vítima ou força maior. 
Salta aos olhos que de nada valerá ao proprietário ou detentor do animal comprovar 
que o guardava e vigiava com o cuidado preciso, como ocorria no Código revogado (art. 
1.527, inc. I do CC de 1916). Esta não é, pois, uma excludente, no atual regramento. 
Parece que estamos diante de outra cláusula aberta no presente ordenamento, ainda 
que sob o império da responsabilidade objetiva. [...]. Há, no entanto, os que entendem que 
o presente artigo estatui não propriamente uma responsabilidade objetiva, mas uma 
presunção de culpa. (VENOSA, 2006, p. 114) 
No Código Civil de 1916, o inc. I do art. 1.527 funcionava como um dever de prova 
de inexistência de culpa; provando o autor que não teve culpa na fuga do animal, por 
exemplo, porque este estava bem guardado, eximir-se-ia da responsabilidade. Pelo Código 
Civil em vigor, de nada valerá ao responsável produzir tal prova, que tornou-se irrelevante. 
Ao comentar o art. 936, Facchini Neto observa (2002, p. 182): 
Embora se possa entender que se trate de presunção de culpa, ou de simples 
inversão do ônus da prova, entendemos que o novo dispositivo prevê uma autêntica 
responsabilidade objetiva, pois não exige o legislador que se prove a culpa do dono ou 
detentor do animal. O fato de poder tal pessoa excluir sua responsabilidade não significa 
tratar-se de responsabilidade subjetiva, pois ser objetivamente responsável não implica o 
dever de indenizar sempre – significa apenas não ser necessária a demonstração de sua 
culpa. 
Finalmente, interessante se ressaltar a distinção ocasionada sobre o inciso IV da 
antiga redação, com o disposto no art. 936 do atual código: antes, o dono ou detentor 
eximia-se comprovando a ocorrência de "caso fortuito ou força maior". Na nova redação, 
foi suprimida a possibilidade de isenção em razão de "caso fortuito", permanecendo a 
desobrigação apenas na hipótese de "força maior". Separando-se as duas expressões temos: 
Designamos de caso fortuito ou de força maior o acontecimento inevitável e 
independente de qualquer atividade da pessoa de cuja possível responsabilidade civil se 
cogita, que foi causa adequada do dano verificado. [...]. Caso fortuito seria o acontecimento 
(força da natureza ou fato humano) normalmente imprevisível, ainda que pudesse ser 
evitável, em si mesmo ou nas suas conseqüências, se houvesse sido previsto; força maior 
seria algo natural ou humano a que não fosse possível resistir, mesmo quando se pudesse 
prever a ocorrência. Caso fortuito seria um fato acidental, uma fatalidade que acontece; 
força maior seria a "compulsão irresistível" de que fala o Dicionário Aurélio. (NORONHA, 
1993) 
Há ainda outro critério, cuja vantagem reside na maior facilidade de diferenciação: 
o caso fortuito diria respeito à manifestação de forças da natureza (tempestades, terremotos, 
enchentes etc.) enquanto força maior diria respeito a ações humanas (fato do príncipe, 
manifestações populares violentas etc.). (NORONHA, 1993) 
Qual seria, pois, a intenção do novo Código Civil ao não incluir a expressão "caso 
fortuito"? A expressão "força maior" a abrangeria? Se se compreender que a omissão da 
expressão "caso fortuito" foi intencional, isso pode levar à conclusão de que eventuais 
ocorrências "naturais, derivadas da natureza" não servirão para isentar o dono ou 
proprietário. Seria o caso, por exemplo, do animal antes pacífico que, por alguma disfunção 
orgânica, torna-se, repentinamente, sem nenhuma culpa do seu dono, agressivo, causando 
ferimentos a terceiro. Nesta hipótese, ainda que não se possa imputar qualquer culpa ao 
proprietário, estaremos diante de uma clara opção pela teoria do risco integral que vai além 
da responsabilização objetiva. No caso, pode ser que o dono ou detentor tomasse todos os 
cuidados com a saúde do animal; pode ser ainda que prove, com sobras, que não incorreu 
em culpa. Não obstante, sobrevindo a doença e o dano a terceiros dela decorrente, 
responderá o dono ou detentor, porque não seria justo que a vítima arcasse com os danos... 
Essa discussão não ocorria com o antigo regramento do Código Civil revogado: no 
inciso IV do artigo 1.527, havia expressa previsão de que o caso fortuito eximia o dono ou 
detentor. Contrariando o pensamento de que a expressão "força maior", contida no art. 936 
do Código Civil está em sentido amplo (abrangendo o caso fortuito), tem-se que a antiga 
legislação fazia expressa menção a caso fortuito e força maior, o que não foi repetido pelo 
legislador do Código de 2002. 
Caberia, pois, o questionamento sobre a correção da decisão do legislador que, na 
hipótese do caso fortuito, impõe toda a responsabilidade ao dono ou detentor, mas no caso 
da força maior, exime-o por completo. Talvez fosse mais simples e correto atribuir, em 
qualquer hipótese, toda a responsabilidade ao proprietário do animal, salvo na 
comprovação de culpa da vítima, o que representaria uma corajosa aproximação à teoria do 
risco. Evidentemente que as circunstâncias do caso seriam levadas em conta no instante da 
fixação do quantum indenizatório. 
Em qualquer hipótese, permaneceu, claramente, a eximição em razão da ocorrência 
comprovada de força maior. Dessa forma, no caso do policial que, arrombando residência 
de forma atabalhoada, por estar ao encalço de criminoso e que, deixando aberto o portão da 
casa, permite a fuga de animal bravio que, em seqüência, venha a ocasionar dano a 
transeunte, estaremos diante de caso de força maior, podendo, nesta hipótese, o dono ou 
detentor pugnar por sua isenção de responsabilidade. 
 
4 CLASSIFICAÇÕES E CASOS PROBLEMÁTICOS 
Importante distinção doutrinária é a correlação entre "fato de um animal" e "fato do 
homem". Suponhamos o seguinte exemplo: o proprietário de um feroz cão de raça solicita a 
amigo que leve o cão a passeio. Durante o passeio, o amigo, detendo o cão, encontra um 
terceiro, inimigo seu. Desejando feri-lo, permite que o cão o alcance e, mesmo preso à 
coleira, fere o terceiro. Cabe questionar: tratou-se de "fato do animal" ou de "fato 
humano"? A distinção contém importância evidente: se se tratar de simples fato humano, a 
vítima terá de comprovar a culpa do conducente do animal. Tratando-se de "fato do 
animal", a vítima poderá valer-se do art. 936 do Código Civil, que impõe a 
responsabilidade de prova de força maior ou culpa da vítima ao terceiro que conduzia o 
animal. 
Pelo espírito do novo Código Civil, a idéia é simplificar a situação da vítima. Num 
primeiro momento, no âmbito processual, a vítima poderia alegar que se tratou de "fato do 
animal" e processar o proprietário e o detentor, com base no art. 936. Importaria, pois, ao 
proprietário do cão, comprovar que o conducente provocara o dano, e não exatamente o cão 
que, neste caso, foi usado como arma. De qualquer forma, a indenização da vítima estaria 
garantida: provando atitude dolosa do conducente, este responderia. Não provando atitude 
dolosa, da mesma forma, o conducente precisaria indenizar, agora com base no art. 936. 
Outra questão interessante é a distinção entre "fato do animal" e "fato da coisa 
inanimada". No caso de um cavalo que, por uma ação muito brusca e inesperada, derruba 
seu cocheiro, estamos diante de um "fato do animal". (MAZEAUD et al., 1962, p. 97). 
Entretanto, se a queda foi provocada pelo rompimentoda sela de má qualidade, estaremos 
diante de "um fato da coisa" e que, portanto, não seria regulado pelo art. 936 do Código 
Civil. Neste último caso, poderíamos estar diante de um vício do produto, 
responsabilizando-se o fabricante ou comerciante da sela. 
Pode ocorrer que a vítima mantenha com o proprietário algum vínculo contratual, 
situação em que poderá ser afastado completamente o regramento imposto pelo art. 936 do 
Código Civil, salvo se a contratação não tiver relação direta com o animal. É o caso da 
empregada doméstica, atacada pelo cão da família: indubitavelmente, aplicar-se-á o art. 
936. 
Outra solução se daria caso o contratado seja profissional da área veterinária, 
contratado justamente para tratar do animal que, por acidente, o fere. Nesta hipótese, 
aplicar-se-iam as regras contratuais existentes entre as partes, jamais o art. 936. 
Novas situações, lucubradas pela doutrina ou ocorridas na jurisprudência, podem 
ser analisadas, agora tendo-se em vista a nova disposição contida no Código Civil 
brasileiro. 
Por exemplo, que solução nosso Código apresentaria para a hipótese em que o 
próprio animal ocasiona-se um dano, como um cavalo puro-sangue que, por acidente, 
enforca-se aos arreios? Na hipótese de o dono ser também o detentor, nenhuma 
responsabilidade existiria. Mas e na situação em que o dono confiara o animal a terceiro? 
Mesmo que este não tenha concorrido com culpa pela perda do animal, poderia o 
proprietário valer-se do disposto no artigo 936 do Código Civil? Ora, obviamente, não se 
trata de "força maior" e, portanto, a pretensão não seria tão absurda. Neste exemplo, 
MAZEAUD et al., (1962, p. 101) entendem que não seria o caso (comentando a 
aplicabilidade, no exemplo, do art. 1.385 do Código Civil francês), porque os redatores do 
Código por certo não tinham em mente a situação exposta. 
Situação comumente recordada pela doutrina, é o furto do animal que, em mãos 
criminosas, ocasiona danos. Em alguma hipótese poderá o proprietário ser 
responsabilizado, provando-se que houve descuido de sua parte ao guardar o cão, 
facilitando o furto? Poderia ser abordada a "culpa in vigilando"? 
O problema não deixou de ser abordado por Aguiar Dias (2006, p. 664): 
Parece-nos acertado remeter a solução ao exame do caso concreto com atenção à 
culpa do proprietário. Se o roubo se deu por fato que se possa atribuir ao proprietário, como 
a negligência na guarda do animal, nada há de injusto em fazê-lo responder pelo dano. O 
roubo dificilmente constitui caso fortuito. Mas pode caracterizá-lo. Nesse caso, não se 
poderia, evidentemente, obrigar o dono do animal à reparação, porque o caso fortuito é 
causa da exoneração, em face do dispositivo do art. 936. 
Vê-se que, por essa visão, o caso fortuito foi integrado ao conceito de força maior, 
contido no artigo em questão. Sendo, lamentavelmente, tão comuns os casos de furto em 
nosso país, dificilmente se encontrarão casos em que o proprietário de um cão, causador de 
dano, tenha sido responsabilizado, uma vez comprovado o furto. No direito francês, porém, 
essa probabilidade seria bem maior, em razão da redação atribuída ao art. 1.385 [06]: "O 
proprietário de um animal, ou aquele que dele se serve, é responsável pelo dano que ele 
cause, esteja o animal sob sua guarda, tenha-se extraviado ou escapado."(FRANÇA, 2007, 
versão nossa) 
Vê-se que a responsabilidade imposta ao proprietário é bastante ampla; passa-se à 
impressão de que o responsável pelo dano ocasionado pelo animal seria, em qualquer 
hipótese, responsabilizado, criando-se uma presunção jure et de jure, o que, entretanto, foi 
amenizado pela jurisprudência: 
O dispositivo correspondente ao nosso art. 936 prevê a culpa do proprietário, ainda 
quando o animal se tenha extraviado ou fugido. Lá, portanto, a dúvida tem ainda mais 
fundamento. Não obstante, a maioria dos autores de pronuncia pela exoneração do 
proprietário. (DIAS, 2006, p. 664) 
Aguiar Dias (2006, p. 665) também afirma que na expressão "extravio", contida no 
texto do art. 1.385 do Código Civil Francês, estaria a previsão de furto ou roubo. 
Comentando o artigo 1.385 do Código Civil francês, Pontes de Miranda (1966, p. 
313) destaca que a expressão "qui sén sert" abrange tanto os possuidores quando os 
tenedores, que "usam o animal, em sentido largo de uso". "O proprietário deixa de ser 
responsável desde o momento em que outro se serve do animal; mas, provado que também 
se serve, responde com aquele". (CHIRONI apud MIRANDA, 1966, p. 320) 
Portanto, muito mais correto é atribuir ao proprietário uma presunção elidível de 
culpa, cabendo-lhe comprovar que não detinha a guarda do animal quando da ocorrência do 
dano e que, eventual extravio, não deveu-se à sua responsabilidade. A doutrina francesa, de 
forma ampla, entende que o proprietário é responsabilizado não exatamente pelo fato de ser 
proprietário, mas pela presunção de que sendo proprietário, ele é quem tira proveito do 
animal e, portanto, deve responder pelos danos. Por exceção, havendo outras pessoas que 
não proprietárias, tirando algum tipo de proveito do animal, elas responderão. (MIRANDA, 
1966, p. 320) 
Podem-se criar exemplos ainda mais complexos de responsabilização como, por 
exemplo, aquele elaborado por Aguiar Dias (2006, p. 665): "Consideremos, agora, outra 
hipótese curiosa. O detentor, terceiro, desempenha essa função por incumbência do dono 
do animal, como depositário, por exemplo. Quem responde pelo dano: o detentor ou o 
proprietário?" 
Nessa hipótese, pode-se afirmar que há responsabilidade direta por pare do 
depositário e há culpa in eligendo do proprietário? Aguiar Dias (2006, p. 665) conclui pela 
responsabilidade de ambos: 
Deve decidir-se que tanto o detentor como o proprietário, embora a lei se refira 
expressamente ao detentor. Porque, como recordam os autores franceses, para que haja 
transferência completa da obrigação de guarda, é preciso que o detentor tenha adquirido 
sobre o animal um poder de direção, a que tenha renunciado o dono do animal. 
Como afirmado, a solução não é tão simples, pois pode ocorrer que exista contrato 
entre o proprietário e o possuidor. Nesta hipótese, a solução seria distinta: "Outra solução, 
porém, há de ser dada, se se trata de locatário, comodatário, ou pessoa que se sirva do 
animal mediante contrato com o dono. Não há que hesitar: o poder de direção pertence ao 
detentor e o proprietário não pode ser responsabilizado". (MAZEAUD e MAZEAUD apud 
DIAS, 2006, p. 665) 
Tem-se, ainda, outro exemplo de solução duvidosa, desta feita elaborado pelos 
irmãos Mazeaud. Suponha-se que o dano tenha sido causado por animais em grupo, 
pertencentes a donos distintos. Por exemplo, três cães, pertencentes a diversos 
proprietários. Havendo vários donos, os Mazeaud entendem haver responsabilidade 
solidária entre eles, mas negam responsabilidade caso não se possa distinguir quais dos 
animais agrupados ocasionaram os danos. Diante da dúvida sobre qual dos animais 
agrupados teria ocasionado o dano, o proprietário do animal que participava do grupo não 
seria responsabilizado. (MAZEAUD e MAZEAUD apud DIAS, 2006, p. 666). No entanto, 
Dias (2006, p. 666) adota posição contrária, que soa mais razoável: "Se há presunção 
contra o dono do animal, qualquer prova no sentido de sua escusa deve ser trazida por ele. 
Prove que não foi o seu animal que causou o dano ou, não o fazendo, suporte sua parte na 
responsabilidade." 
Aguiar Dias (2006, p. 667-668) relata outra interessante possibilidade: um turista, 
pouco precavido, entra num campo aberto, desprovido de cercas, pretendendo tirar fotos do 
grupo que o acompanha quando é ferido gravemente por um touro que transitava pela 
propriedade. O touro não pertencia ao proprietário do imóvel onde ocorreu o infeliz evento, 
mas a terceiros que o conduziam. A vítima não provocara o animal. Haveria algumaresponsabilidade por parte do proprietário do animal? O caso foi analisado pela Câmara 
Federal de Apelação da Argentina onde decidiu-se que o proprietário não haveria de ser 
responsabilizado: apesar de aberto o imóvel, o fotógrafo incauto o invadira sem 
autorização, o que importa em aceitação dos riscos. Dias (2006, p. 667-668) afirma ser 
equivocada a solução que poderia redundar em exoneração dos guardadores do animal, 
salvo se o evento se desse em local público ou na propriedade da vítima. 
 
5 FATO DO ANIMAL NOS CÓDIGOS CIVIS ESTRANGEIROS 
Segundo FACIO (1981, p. 585-587), existem basicamente duas espécies de 
sistemas, no que tange a responsabilidade civil pelo fato das coisas: a) um primeiro, típico 
de sistemas nos quais os conceitos de responsabilidade pelo fato das coisas não sofreu e 
evolução, segundo os quais os danos ocasionados por fato da coisa (e, portanto, fato do 
animal) são tratados pelas regras de direito comum, não recebendo uma atenção específica; 
b) uma segunda espécie de sistemas, onde se adota uma doutrina específica pelo "fato da 
coisa" que se funda sobre princípios próprios, derivados fundamentalmente da doutrina e 
jurisprudência francesas. A este última grupo filia-se nosso sistema legal e a maioria das 
legislações, onde também podem ser observadas subdivisões: 
Exceto o direito inglês e o Código Civil austríaco de 1811, as legislações européias 
admitem teoria geral da responsabilidade especial pelos danos causados pelos animais. O 
que há de diferente é a solução adotada. Uns recorrem ao risco: o Código Civil alemão, a 
doutrina italiana e a doutrina francesa em alguns escritores, fundam a responsabilidade no 
risco, assunto que merece trato especial; outros optam pela responsabilidade por culpa 
presumida, e tal é o sistema suíço, bem assim o português e o brasileiro. [o autor referia-se 
ao antigo Código Civil brasileiro; hoje, pode-se dizer que nosso Código aproximou-se da 
teoria do risco]. (MIRANDA, 1966, p. 310) 
O Código Civil francês representa o ponto inicial de todas as legislações. Consta do 
art. 1.385: "O proprietário de um animal, ou aquele que dele se serve, é responsável pelo 
dano que ele cause, esteja o animal sob sua guarda, tenha-se extraviado ou escapado." [07] 
(FRANÇA, 2007, versão nossa). Vê-se que o artigo em questão (já comentado no item 
anterior), aparentemente, criaria uma responsabilidade bastante ampla sobre o proprietário. 
Nele encontra-se implícita a noção de guarda ("ou aquele que dele se serve"). 
Já o Código Civil Português menciona o fato do animal em dois artigos distintos, 
abraçando claramente "presunção de culpa": 
Art. 493. Quem tiver em seu poder coisa móvel ou imóvel, com o dever de a vigiar, 
e bem assim quem tiver assumido o encargo da vigilância de quaisquer animais, responde 
pelos danos que a coisa ou os animais causarem, salvo se provar que nenhuma culpa houve 
da sua parte ou que os danos se teriam igualmente produzido ainda que não houvesse culpa 
sua. [...]. 
Art. 502. Quem no seu próprio interesse utilizar quaisquer animais responde pelos 
danos que eles causarem, desde que os danos resultem do perigo especial que envolve a sua 
utilização. (PORTUGAL, 2007) 
O Código Civil Espanhol adotou redação que se aproxima em muito da brasileira, 
estipulando que apenas a força maior ou culpa exclusiva da vítima servem para exonerar o 
possuidor do animal: 
Art. 1905. O possuidor de um animal, o quem se serve dele, é responsável pelos 
prejuízos que causar, ainda que se lhe escape ou extravie. Só cessará esta responsabilidade 
no caso do dano decorrer de força maior ou de culpa de quem o tiver sofrido. [08] 
(ESPANHA, 2007, versão nossa) 
O Código Civil italiano não se desviou do Código francês: 
Art. 2051. Dano Causado por animais. O proprietário de um animal ou quem dele se 
serve pelo tempo em que o utiliza, é responsável pelos danos causados pelo animal, ainda 
que estivesse sob sua custódia, ainda que extraviado ou fugido, salvo se provar o caso 
fortuito. [09](ITÁLIA, 2007, versão nossa) 
Vê-se que o Código italiano não contém previsão acerca da culpa exclusiva da 
vítima, o que não significa dizer que, nesta hipótese, também responderá o proprietário. Em 
algumas situações, poderá a vítima fazer prova da excludente, com base na teoria geral da 
responsabilidade civil. 
Comentando o art. 2052 do Código Civil italiano, Adriano de Cupis (1966, p. 139) 
assevera: 
O perigo de dano que pode ser causado por um animal é muito considerável; e a tal 
perigo pode também dar-se que corresponda uma situação de particular vantagem para o 
proprietário ou quem por outro título se serve do animal, dados os serviços que os animais 
podem eventualmente desempenhar. Por isso, também aqui o legislador se contentou em 
inverter o ônus da prova da culpa, impondo ao proprietário do animal, ou a quem lhe servir, 
a prova do "caso fortuito."(tradução nossa) [10] 
Ao contrário do atual Código Civil brasileiro, o Código Civil argentino regula a 
mesma matéria com maior minudência, em oito artigos, sendo que, naquele que inaugura o 
capítulo, consta a regra geral: "Art. 1.124. O proprietário de um animal, doméstico ou 
feroz, é responsável pelo dano que causar. A mesma responsabilidade pesa sobre a pessoa a 
qual se tenha mandado o animal para servir-se dele, salvo seu recurso contra o 
proprietário." [11] (ARGENTINA, 2007, versão nossa) Nesta primeira regra, estabelece-se 
que o proprietário é sempre responsável pelos danos causados pelo animal, o que seria um 
caso de responsabilidade objetiva pura. Entretanto, os demais artigos deixam claro que não 
é assim, havendo menção à exclusão de responsabilidade quando o animal é provocado por 
outro (art. 1.130) [12], se o animal tiver escapado sem culpa do responsável (art. 1.127) [13], 
força maior ou culpa da vítima (art. 1.128) [14] ou se o animal causador do dano foi 
provocado por terceira pessoa (art. 1.125) [15]. 
Constata-se, pois, que o Código Civil argentino aproxima-se muito mais do 
revogado Código Civil brasileiro de 1916, e ainda vai mais além, regulamentando, talvez 
de maneira excessiva, a matéria. Afasta-as claramente da responsabilidade objetiva, 
adotando a responsabilidade subjetiva, com inversão do ônus da prova. 
Enfim, ao que parece, o Código Civil brasileiro foi, comparativamente com os 
demais, bastante ousado, adotando uma redação enxuta e adotando a responsabilização 
objetiva, o que está em plena consonância com as tendências do moderno direito civil. 
Muitos anos atrás, Pontes de Miranda (1966, p. 309-310) previa: "O direito de hoje é mais 
objetivo, em se tratando de animais, como o do futuro será ainda mais objetivo, mesmo em 
se tratando de homens." 
 
CONCLUSÃO 
Demonstrando louvável preocupação com a grande quantidade de acidentes 
ocasionados por animais, alguns deles intencionalmente criados para a agressão, o 
legislador buscou, de alguma forma, tornar mais complicada a defesa processual do 
proprietário ou detentor do animal, limitando, na redação do art. 936 do novo Código Civil, 
as possibilidades de exclusão de responsabilidade. 
Dando um passo significativo em direção à responsabilidade objetiva (ou, até 
mesmo, aproximando-se da teoria do risco integral), o novo Código Civil passou a prever 
apenas duas hipóteses de exclusão da responsabilidade do detentor ou proprietário: culpa 
exclusiva da vítima ou ocorrência de força maior. Nem mesmo o caso fortuito serviria para 
excluir a responsabilidade, o que representa um agravamento até mesmo sobre a 
responsabilidade do Estado, por exemplo, que admite esta forma de exclusão (salvo se se 
compreender que a expressão "força maior" foi utilizada em sentido lato, abrangendo 
também o caso fortuito). 
Afigura-se acertada a decisão do legislador. O que se tem observado é que, em 
regra, os acidentes são causados por animais especialmente criadospara o confronto, 
muitas vezes treinados para que suas características genéticas, naturalmente agressivas, 
sejam reforçadas. Seja por temor de marginais, seja por desvio psicológico, atração natural 
pela violência ou outras questões, a verdade é que raças de cães cuja criação deveria ser 
coibida pelo Estado, são extremamente valorizadas. Suas crias são anunciadas em jornais. 
Esquece-se o Estado de que alguns desses animais funcionam como verdadeiras armas e 
que as principais vítimas, via de regra, são as crianças (veja-se o caso descrito na 
introdução). 
Por isso, nosso Código mostra-se mais avançado e mais ousado do que os demais, e 
há que se questionar, inclusive, se não seria o caso de se avançar ainda mais, impondo ao 
dono ou detentor a responsabilidade mesmo em caso de força maior, o que seria uma 
adoção da teoria do risco integral. Obviamente, parece justo que permaneça a excludente 
em razão de culpa exclusiva da vítima, porém, mesmo em casos de força maior, afigurar-
se-ia mais correto que o dono fosse responsabilizado também, já que ele optou pela criação 
do animal perigoso, ocasionador do dano. Obviamente, a questão da ocorrência da força 
maior, do grau de culpabilidade, da participação da vítima etc., tudo isso seria analisado no 
momento da fixação do quantum indenizatório. 
Isto significa, portanto, que, em primeiro plano, a prova de alguma excludente não 
prevista no art. 936 do Código Civil, não redundaria na exclusão da responsabilidade. 
Entretanto, não se pode dizer que referida prova seja de todo inútil, afinal, tais fatores hão 
de ser levados em consideração no momento seguinte, qual seja, no instante da fixação da 
indenização. 
À parte das questões jurídicas envolvidas, o que se espera é que a alteração sirva 
para reprimir, de forma eficaz, os acidentes ocasionados por animais, sendo certo que é o 
homem, com seu descuido ou seu desamor ao próximo, o verdadeiro agressor. 
 
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THEODORO JÚNIOR, Humberto. Responsabilidade civil (doutrina e 
jurisprudência). 2. ed. Rio de Janeiro: Aide, 1989. 
VENOSA, Silvio da Sálvio. Direito Civil. Responsabilidade civil. v. IV. 6. ed. São 
Paulo: Atlas, 2006. 
VISINTINI, Giovanna. Tratado de la responsabilidad civil. Buenos Aires: Astrea, 
1999. 
 
NOTAS 
01
 El giro responsabilidad por hecho de las cosas, em sí mesmo criticable y criticado 
por muchos autores, posee carta de ciudadanía en el derecho moderno em razón de hallarse 
estampado em el Código Civil francês, de onde pasó a la mayoría de los códigos 
contemporâneos. 
02
 El "guardián" no es el que se aprovecha del animal, ni el que conoce sus defectos, 
ni el tenedor "latu sensu"; sino el que, de hecho, tiene um poder de mando sobre él. 
03
 [...] tratando-se de uma obligación de resultado y no de medio, resulta que el 
hecho de violarse la obligación de guarda no hace presumir la culpa del guardián, sino que 
prueba esta culpa, y por ello, no puedo aceptarse que se tienda a demostrar que esta culpa 
no existe; [...]. 
04
 El punto de apoyo más firme de la doctrina del risgo está constuído, em el plano 
del derecho positivo, por la circunstancia – absolutamente indiscutible em el actual estádio 
del derecho francês – de no poder el guardián de uma cosa descargar su responsabilidade 
probando que há actuado diligentemente; de aça se deduce por los partidários de esta 
concepción, que la culpa no es elemento necesario e indispensable de esta responsabilidad 
por hecho de las cosas, puesto que ella puedo existir sin que dicha culpa llegue a 
confirmarse. [...] todo acidente o dano rompe el equilíbrio de la justicia entre los hombres, 
y que por ende, la equidad exige siempre su reparación. 
05
 Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção 
por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social. (BRASIL, 
2007a) 
06
 Le propriétaire d´´un animal, ou celui qui s´´en sert, pendant qu´´il est à son 
usage, est responsable du dommage que l´´animal a causé, soit que l´´animal fût sous sa 
garde, soit qu´´il fût égaré ou échappé. 
07
 Le propriétaire d´´un animal, ou celui qui s´´en sert, pendant qu´´il est à son 
usage, est responsable du dommage que l´´animal a causé, soit que l´´animal fût sous sa 
garde, soit qu´´il fût égaré ou échappé. 
08
 Art. 1905. El poseedor de un animal, o el que se sirve de él, es responsable de los 
perjuicios que causare, aunque se le escape o extravíe. Sólo cesaráesta responsabilidad en 
el caso de que el daño proviniera de fuerza mayor o de culpa de que lo hubiese sufrido. 
(ESPANHA, 2007) 
09
 Art. 2052. Danno cagionato da animali. Il proprietario di un animale o chi se ne 
serve per il tempo in cui lo ha in uso, è responsabile dei danni cagionati dall´´animale, sia 
che fosse sotto la sua custodia, sia che fosse smarrito o fuggito, salvo che provi il caso 
fortuito (1218,1256; Cod. Pen. 672). 
10
 Il pericolo di danno che può essere arrecato da un animale è molto considerevole; 
e a tale pericolo può anche darsi che corrisponda una situazione di particolare vantaggio 
per il proprietario o chi per altro titolo si serve dell´´animle, dati i servigi che gli animali 
possono eventualmente rendere. Nondimeno, anche qui il legislatore si è contentato di 
invertire l´´onere della prova della colpa, acollando al proprietario dell´´animale, ovvero a 
chi se ne serve, la prova del "caso fortuito." 
11
 Art. 1124. El propietario de un animal, doméstico o feroz, es responsable del 
daño que causare. La misma responsabilidad pesa sobre la persona a la cual se hubiere 
mandado el animal para servirse de él, salvo su recurso contra el propietario. 
12
 Art. 1130. El daño causado por un animal a otro, será indemnizado por el dueño 
del animal ofensor si éste provocó al animal ofendido. Si el animal ofendido provocó al 
ofensor, el dueño de aquél no tendrá derecho a indemnización alguna. 
13
 Art. 1127. Si el animal que causó el daño, se hubiese soltado o extraviado sin 
culpa de la persona encargada de guardarlo, cesa la responsabilidad del dueño. 
14
 Art. 1128. Cesa también la responsabilidad del dueño, en el caso en que el daño 
causado por el animal hubiese provenido de fuerza mayor o de una culpa imputable al que 
lo hubiese sufrido. 
15
 Art.1.125. Si el animal que hubiere causado el daño, fue excitado por un tercero, 
la responsabilidad es de éste, y no del dueño del animal. 
 
* Procurador do Estado do Paraná, professor de Direito Tributário e Sociologia 
Jurídica pela UENP/FUNDINOPI e FANORPI, mestrando em Ciência Jurídica. 
 
Disponível em:< http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=10552> Acesso em.: 30 out. 
2007.

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