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Remédios Constitucionais - Habeas Corpus e Mandado de Segurança
REMEDIOS CONSTITUCIONAIS
INTRODUCÃO:
A Constituição Federal de 1988 positivou diversos direitos e garantias fundamentais, porém de nada adiantaria a simples positivação desses direitos, sem que houvesse instrumentos que a garantissem como uma norma viva e eficaz, por conta disso foram incluídas na própria Constituição Federal os remédios constitucionais que funcionam como garantias para a proteção dos direitos fundamentais.
Neste sentido o autor Tavares (2010, pp, 885) ensina: “Os direitos fundamentais do homem, ao receberem positivação no Direito Constitucional, passam a desfrutar de uma posição de relevo, no que toca ao ordenamento jurídico interno. Mas a mera declaração ou reconhecimento de um direito não é suficiente, não bastando para sua plena eficácia, porque se torna necessário tutelar esse direito nas situações em que seja violado.”
Os remédios constitucionais previstos na Constituição Federal são: Habeas Corpus, Mandado de Segurança, Mandado de Injunção, Habeas Data e a Ação Popular. A seguir analisaremos cada um desses instrumentos constitucionais. O presente artigo apresentará análises sobre o Habeas Corpus e o Mandado de Segurança.
Habeas Corpus -
O instituto do Habeas Corpus é muito antigo, o autor Alexandre de Moraes, em seu livro Direito Constitucional (2015, pp, 133), diz que:”…sua origem remota no Direito Romano, pelo qual todo cidadão podia reclamar a exibição do homem livre detido ilegalmente por meio de um ação privilegiada que se chamava interdictium de libero domine exhibendo.”. Já no Brasil o Habeas Corpus foi introduzido pelo Código de Processo Criminal de 29-11-1832, chegando a ser um direito constitucional na Carta Magna de 1891.
Este remédio e um dos mais relevantes quando se trata de defesa de liberdade pessoal do individuo, pois é este que proteje o direito de ir e vir da pessoa, está previsto na Constituição Federal de 1988 no seu artigo 5, inciso LVIII, a seguir exposto:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXVIII - Conceder-se-á Habeas Corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder
O autor Alexandre Morais o conceitua da seguinte forma “…, o habeas corpus é uma garantia fundamental individual ao direito de locomoção, consubstanciada em uma ordem dada pelo Juiz ou Tribunal ao coator, fazendo cessar a ameaça ou coação a liberdade de locomoção em sentido amplo…” (Direito Constitucional, 2015, pp, 134).
A natureza jurídica do Habeas Corpus e de caráter penal e seu procedimento é especial, sendo assim, é isento de custas, qualquer pessoa do povo pode interpor um Habeas Corpus, não precisando necessariamente de um advogado para sua interposição, ou seja, não precisa ter capacidade postulatória, não há praticamente nenhuma formalidade imposta pela legislação, com o intuito de dar uma ampla defesa ao direito de locomoção.
Há duas espécies de Habeas Corpus que são muito bem descritas pelo autor André Puccielli Júnior em sua obra Curso de Direito Constitucional, a seguir trecho extraído da obra (Curso de Direito Constitucional, 2013, pp, 320):
“Preventivo: impetrado antes da ocorrência de violência ou coação, com o objetivo de impedi-las mediante a obtenção de um salvo-conduto apto a garantir a liberdade de locomoção.
Repressivo: também chamado de suspensivo ou liberatório, é utilizado pelo indivíduo quando ja consumadas a violência ou a coação, com o objetivo de faze-las cessar.”
A competência para o julgamento do Habeas Corpus muda de acordo com a autoridade coatora do ato ilegal, as hipóteses de competência estão expostas na Constituição Federal nos seguintes artigos:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipiamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
d) o Habeas Corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o Mandado de Segurança e o Habeas Data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal
i) o Habeas Corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999)
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o Habeas Corpus, o Mandado de Segurança, o Habeas Data e o Mandado de Injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
c) os Habeas Corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea a, ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
II - julgar, em recurso ordinário:
a) os Habeas Corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
d) os Habeas Corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
VIII - os Mandados de Segurança e os Habeas Data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais.
Mandado de Segurança -
O Mandado de Segurança é o remédio constitucional para direitos líquidos e certos, não amparados por Habeas Corpus ou Habeas Data, sempre que a ilegalidade ou abuso de poder for praticado por autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições publicas. O excelente a doutrinador Hely Lopes Meireles o define da seguinte maneira:
“ o meio constitucional posto a disposição de toda pessoas física ou jurídica, órgão com capacidade processual, ou universalidade reconhecida por lei, para proteção de direito individual ou coletivo, lesado ou ameaçado de lesão, por ato de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça”(Mandado de Segurança, pp, 03)
Este instituto esta previsto na Constituição Federal, no capítulo de garantias fundamentais, no seu artigo 5 inciso LXIX:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXIX - Conceder-se-á Mandado de Segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por Habeas Corpus ou Habeas Data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público
Sobre o que seria o direito líquido e certo o autor Hely Lopes Meireles o define como “ é o direito que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração…”(Mandado de Segurança, 1983, pp, 11). Por esse motivo não há que se falar em instrução probatória no Mandado de Segurança, pois o direito já deve ser um direito comprovado para poder ser objeto de um Mandado de Segurança.
O Mandado de Segurança não pode ser interpostocontra atos meramente normativos pois leis e decretos gerais não lesão direitos individuais, também não pode contra coisa julgada, porque esta só pode ser invalidade por meio de uma ação rescisória e por fim não pode ser interposto contra os interna corporis de órgãos colegiados pelo simples motivo de não se sujeitarem a correção judicial.
O prazo para este instituto constitucional é de 120 dias contados a partir da ciência do ato impugnado, e como o Habeas Corpus também tem sua forma preventiva, quando o agente vê seu direito líquido e certo ser ameaçado, e sua forma repressiva, quando já houve os atos ou abusos ilegais da autoridade.
Sobre a competência de julgar os Mandados de Segurança, a Constituição Federal expõem nos seus artigos:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, principalmente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
d) o Habeas Corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o Mandado de Segurança e o Habeas Data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
b) os Mandados de Segurança e os Habeas Data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
c) os Mandados de Segurança e os Habeas Data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
VIII - os Mandados de Segurança e os Habeas Data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos Tribunais Federais
Por fim, há ainda que se falar no Mandado de Segurança coletivo, ele pode ser utilizado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de interesses legítimos relativos a seus integrantes ou a finalidade partidária, e por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.
De uma maneira geral o Mandado de Segurança coletivo tem os mesmo pressupostos do individual, porém há duas diferenças importantes quanto ao objeto e a legitimidade, que estão expostas no artigo 21 da Lei 12.016/2009:
Art. 21. O Mandado de Segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.
Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo Mandado de Segurança coletivo podem ser:
I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;
II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.
Porém esse instituto na modalidade coletiva não traz com ela a litispendência em razão de ações individuais impetradas na justiça, mas os efeitos da coisa julgada só beneficiarão os que adentraram com ações individuais se estes requererem a desistência de seu Mandado de Segurança dentro de 30 dias da ciência da impetração do mandado coletivo. (artigo 22 caput e parágrafo 1, da lei 12.016/2009).
BIBLIOGRAFIA
MEIRELES, Hely Lopes - MANDADO DE SEGURANÇA. São Paulo:1983
PUCCINELLI, Andre - CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL. São Paulo: Editora Saraiva -2013
GUIMARAES, Isaac Sabba - HABEAS CORPUS CRITICA E PERSPECTIVA. São Paulo: Editora Jurua - 2001
MOSSIN, Antonio Heraclito - HABEAS CORPUS. São Paulo: Atlas - 2002
DE MORAES, Alexandre - DIREITO CONSTITUCIONAL. São Paulo: Editora Atlas - 2015
ACKEL FILHO, Diomar - WRITS CONSTITUCIONAIS. São Paulo: Editora Saraiva - 1998

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