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Direito do Trabalho – Conceitos e Princípios O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 1 www.cursoenfase.com.br Sumário 1 LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO E FACULTATIVO – EXEMPLOS DE LITISCONSÓRCIOS (continuação) .............................................................................................................................. 2 1.1 A PROBLEMÁTICA DO LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO ATIVO ................................ 3 2 LITISCONSÓRCIO INICIAL E LITISCONSÓRCIO ULTERIOR .............................................. 5 3 LITISCONSÓRCIO X SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. AÇÃO DE CUMPRIMENTO ............. 6 4 LITISCONSÓRCIO MULTITUDINÁRIO ............................................................................ 7 5 REGIME JURÍDICO DO LITISCONSÓRCIO. ATOS BENÉFICOS E PREJUDICIAIS. MATÉRIA PROBATÓRIA. CONFISSÃO........................................................................................................... 9 5.1 MATÉRIA PROBATÓRIA ........................................................................................ 11 6 INTERVENÇÃO DE TERCEIROS .................................................................................... 12 6.1 NOÇÕES GERAIS .................................................................................................. 12 6.2 FUNDAMENTOS DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS ............................................. 13 6.3 APLICABILIDADE NO PROCESSO DO TRABALHO E QUADRO GERAL DE MODALIDADES ...................................................................................................................... 13 6.4 CLASSIFICAÇÃO ................................................................................................... 15 6.4.1 INTERVENÇÃO DE TERCEIROS ESPONTÂNEA E PROVOCADA ....................... 15 6.5 ASSISTÊNCIA ........................................................................................................ 15 6.5.1 CONCEITO E OBJETIVO ................................................................................. 15 6.5.2 ASSISTÊNCIA SIMPLES E LITISCONSORCIAL .................................................. 15 Direito do Trabalho – Conceitos e Princípios O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 2 www.cursoenfase.com.br 1 LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO E FACULTATIVO – EXEMPLOS DE LITISCONSÓRCIOS (continuação) A aula passada foi finalizada com exemplos de litisconsórcio, e o professor prometeu explicar melhor a questão do litisconsórcio unitário no Processo do Trabalho, que é um tema que os livros não explicam muito bem, mas que é recorrente nas provas. Grupo econômico, terceirização e a questão do sócio são exemplos atípicos/”sui generis”. Vamos trabalhar com o exemplo da terceirização: temos o autor, que ingressa com uma ação em face da prestadora de serviços e também em face da tomadora. Desde que fixada a responsabilidade da tomadora, o litisconsórcio é unitário, porque o julgamento tem de ser igual. Não se pode deferir horas extras ou adicional em face da prestadora e não deferir em face da tomadora, ou o contrário. O julgamento deve ser igual, porque, de acordo com a súmula 331, VI, do TST, a tomadora responde por todas as verbas do período em que ela foi beneficiária da mão de obra. E qual a peculiaridade aqui então? Esse litisconsórcio entre prestadora e tomadora é necessário? Não, é unitário, mas não necessário, porque o autor pode optar por ingressar com a ação apenas em face da prestadora, excluindo a tomadora. E por que o trabalhador faria isso, já que isso diminuiria a sua garantia? Isso acontece muito na prática, quando há troca de empresa prestadora de serviços para uma mesma tomadora. E o trabalhador pode ingressar com uma ação só em face da tomadora, excluindo a prestadora? Os livros não comentam muito isso. Por mais que não possamos classificar o litisconsórcio como necessário, nesse caso, o contraditório fica comprometido, porque quem tem a documentação e todos os elementos de prova é a prestadora. E o trabalhador pode ingressar com uma ação só em face do sócio, no caso de falência da empresa? Não, porque isso violaria o contraditório e o sócio tem uma relação de responsabilidade apenas, mas a relação de emprego é entre a empresa e o empregado. Direito do Trabalho – Conceitos e Princípios O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 3 www.cursoenfase.com.br 1.1 A PROBLEMÁTICA DO LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO ATIVO É um tema que, aparentemente, divide a doutrina, mas essa controvérsia é mais aparente que real. Como já visto, litisconsórcio necessário é aquele que é obrigatório, pois, sem ele, o processo será ineficaz ou nulo. Qual a dificuldade então do litisconsórcio necessário ativo? Obrigar alguém a litigar. Isso não pode acontecer, porque tolhe a liberdade da pessoa e é um respeito que o estado deve à liberdade individual. O cidadão só ajuíza a ação caso queira, não podendo ser obrigado a mover uma ação judicial. Por isso que a grande maioria dos autores falam que não pode haver um litisconsórcio necessário ativo, porque não se pode obrigar ninguém a litigar caso não queira. Art. 115. A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do contraditório, será: I - nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos que deveriam ter integrado o processo; II - ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não foram citados. Parágrafo único. Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz determinará ao autor que requeira a citação de todos que devam ser litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena de extinção do processo. O §único desse dispositivo legal menciona a intervenção iussu iudicis. Outrossim, o artigo restringe o litisconsórcio necessário ao passivo. Então, não se pode obrigar ninguém a litigar. O contraponto é que não se pode também impedir o acesso à justiça. Exemplo: ação rescisória – decisão transitou em julgado com um autor e dois réus/duas empresas, que foram vencidas. A primeira empresa quer ingressar com uma ação rescisória para desconstituir a decisão e a segunda não. Os réus da ação principal viram autores da ação rescisória. Se um dos réus não quiser ajuizar a ação rescisória, não se pode impedir que o outro o faça, sob pena de impedir o seu acesso à justiça (art. 5 XXXV da CF). Da mesma forma, não se pode obrigar o outro réu a litigar. Aqui, há um conflito entre princípios e valores fundamentais ao direito. Alguns autores entendem que seria sim, um litisconsórcio ativo necessário, mediante a citação do segundo réu que não quer entrar com a ação. Fredie Didier entende que seria o caso de se intimar o réu que não quer entrar com a ação, para que a coisa julgada também o atinja. O que todos os autores apresentam é que, de uma forma ou de outra, esse Direito do Trabalho – Conceitos e Princípios O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 4 www.cursoenfase.com.br litisconsorte vai integrar o processo:uns defendem que será citação para ser autor, outros citação para ser réu e outros mera intimação. Mas todos falam que ele deve ser inserido no processo de alguma forma e deve ser cientificado de que o primeiro réu ingressou com uma ação rescisória. E esse segundo réu que não queria ingressar com a ação rescisória fará o quê? Depende dele. Se ele afirmar que quer litisconsorciar com o autor e que quer a rescisão do julgado também, ele será autor. Se ele resistir à rescisão do julgado, ele será litisconsorte do réu da ação rescisória. Ou ele pode silenciar e não será litisconsorte de ninguém. Mas sempre a coisa julgada que vai vincular esse réu. E qual o mecanismo para integrar esse réu? O novo CPC, no art. 238, prevê que ele será citado como interessado: Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual. Uma vez citado, ele pode ter três reações possíveis: aderir à postulação do autor da ação rescisória, resistir à ação rescisória e virar réu ou manter-se silente. Se nós interpretarmos o litisconsórcio necessário ativo como imposição de participação dos dois réus da ação principal no ajuizamento da nova ação, ele não seria possível porque feriria o direito de acesso à justiça da pessoa interessada. Nada obstante, para resolver o impasse, o réu que quiser ingressar com a ação cita o outro réu e ele pode tomar uma das três posições já escritas. Vejamos o teor da Súmula 406 do TST: AÇÃO RESCISÓRIA. LITISCONSÓRCIO. NECESSÁRIO NO PÓLO PASSIVO E FACULTATIVO NO ATIVO. INEXISTENTE QUANTO AOS SUBSTITUÍDOS PELO SINDICATO (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 82 e 110 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005 I - O litisconsórcio, na ação rescisória, é necessário em relação ao polo passivo da demanda, porque supõe uma comunidade de direitos ou de obrigações que não admite solução díspar para os litisconsortes, em face da indivisibilidade do objeto. Já em relação ao pólo ativo, o litisconsórcio é facultativo, uma vez que a aglutinação de autores se faz por conveniência e não pela necessidade decorrente da natureza do litígio, pois não se pode condicionar o exercício do direito individual de um dos litigantes no processo originário à anuência dos demais para retomar a lide. (ex-OJ nº 82 da SBDI-2 - inserida em 13.03.2002) II - O Sindicato, substituto processual e autor da reclamação trabalhista, em cujos autos fora proferida a decisão rescindenda, possui legitimidade para figurar como réu na ação Direito do Trabalho – Conceitos e Princípios O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 5 www.cursoenfase.com.br rescisória, sendo descabida a exigência de citação de todos os empregados substituídos, porquanto inexistente litisconsórcio passivo necessário. (ex-OJ nº 110 da SBDI-2 - DJ 29.04.2003) Quando a Súmula dispõe que “não admite solução díspar para os litisconsortes”, ela está se referindo ao litisconsórcio unitário e não ao litisconsórcio necessário. A Súmula preconiza também que, em relação ao polo ativo, o litisconsórcio sempre é facultativo, pois não existe a imposição de ajuizamento conjunto, sob pena de violar o acesso à justiça. 2 LITISCONSÓRCIO INICIAL E LITISCONSÓRCIO ULTERIOR Litisconsórcio inicial é aquele que vem na petição inicial. Ulterior é o que é formado no curso do processo e que está relacionado à intervenção de terceiros ou a casos de aditamento da petição inicial ou reconvenção que amplie o polo passivo ou o polo ativo. O art. 842 da CLT dispõe sobre litisconsórcio: Art. 842 - Sendo várias as reclamações e havendo identidade de matéria, poderão ser acumuladas num só processo, se se tratar de empregados da mesma empresa ou estabelecimento. Como já salientado, esse artigo fala de litisconsórcio no Processo do Trabalho e refere-se a litisconsórcio ativo facultativo. E qual a dúvida que pode surgir aqui na prática e no concurso também? Vimos que tem que ter identidade de matéria. Mas e se a matéria não for idêntica? O objetivo do dispositivo é a economia processual, porque evita-se a proliferação de processos. O caso da insalubridade é um bom exemplo, porque com uma perícia só se resolve o caso de vários trabalhadores. Isso é interessante para todo mundo, porque reduz o custo da perícia. Outro caso: três trabalhadores pedem horas extras, mas cada trabalhador tem sua própria jornada. Esse caso não é interessante para a economia processual. Via de regra, esse tipo de situação, em que não há unidade fática, o litisconsórcio não fica interessante e a maioria dos juízes desmembram o processo. Os três processos ficam na mesma vara, porque deve-se preservar o juiz natural. Assim, deve-se oficiar ao setor do Tribunal responsável pela distribuição para que compense os processos na distribuição. Direito do Trabalho – Conceitos e Princípios O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 6 www.cursoenfase.com.br Esse é o único dispositivo da CLT que trata do litisconsórcio e não há qualquer lei extravagante trabalhista que aborde o assunto. Então, é ponto pacífico que o CPC se aplica subsidiariamente ao Processo do Trabalho nesse ponto. O art. 843 da CLT dispõe: Art. 843 - Na audiência de julgamento deverão estar presentes o reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes salvo, nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo Sindicato de sua categoria. 1º É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente. § 2º Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente, poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma profissão, ou pelo seu sindicato. No caso de reclamatórias plúrimas, ou seja, de litisconsórcio ativo ou passivo ou os dois, os litigantes podem ser representados pelo sindicato ou, ainda, por uma comissão de representantes. Essa comissão de representantes não está prevista em lei, mas a doutrina e a jurisprudência têm admitido essa representação. 3 LITISCONSÓRCIO X SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. AÇÃO DE CUMPRIMENTO Nos casos de litisconsórcio, o trabalhador pede em nome próprio um direito próprio. Está ligado à legitimação ordinária. Na substituição processual, o autor atua em nome próprio para defender direito alheio, como no caso do sindicato e do MPT. Aqui há a legitimação extraordinária. A ação de cumprimento é uma ação que visa obter a condenação do empregador a cumprir um acordo coletivo de trabalho, uma convenção coletiva de trabalho ou uma sentença normativa. Pode ser ajuizada individualmente por um trabalhador e, nesse caso, ele vai atuar individualmente. Ou alguns trabalhadores podem ajuizá-la em litisconsórcio ativo. Ou, ainda, a ação de cumprimento pode ser movida pelo sindicato em substituição processual e então, torna-se uma ação coletiva. Então, o enquadramento da ação de cumprimento depende da situação concreta: ação individual, ação plúrima em litisconsórcio ativo ou ação com substituição processual. Direito do Trabalho – Conceitos e PrincípiosO presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 7 www.cursoenfase.com.br 4 LITISCONSÓRCIO MULTITUDINÁRIO Multitudinário é o litisconsórcio em que há uma multidão, muita gente, ou no polo passivo, ou no polo ativo, ou em ambos. Está previsto nos parágrafos do art. 113 do CPC: Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito. § 1o O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença. § 2o O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou resposta, que recomeçará da intimação da decisão que o solucionar. Mas o que é muita gente ou multidão para fins processuais? É um conceito jurídico indeterminado. Há uma indeterminação no antecedente, na hipótese normativa, na previsão abstrata da lei, mas a consequência já está prevista na lei. O dispositivo nem utiliza a expressão “multitudinário”, foi a doutrina que a criou. O número excessivo de litigantes será aferido em cada caso concreto, à luz das circunstâncias dele. Não há um número prévio estabelecido. Se o juiz entender que é multitudinário, o juiz fará o desmembramento ou a extinção? A resposta será dada mais à frente. Ressalte-se que somente o litisconsórcio facultativo será limitado. Esse dispositivo legal se aplica ao Processo do Trabalho? Carlos Henrique Bezerra Leite entende que não. Isso sob o argumento de que o litisconsórcio multitudinário prestigia a celeridade processual e, por isso, a limitação não deve ser aplicada ao Processo do Trabalho, ramo este do Direito que também prestigia a celeridade processual. Direito do Trabalho – Conceitos e Princípios O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 8 www.cursoenfase.com.br A segunda posição entende que sim, que se aplica ao Processo do Trabalho. Salienta que tal dispositivo legal não menciona expressamente que o litisconsórcio será ativo, de forma que ele pode ser passivo ou ativo. E, levando-se em consideração o argumento do Professor Bezerra Leite, será que sempre o processo será mais célere com uma quantidade grande de autores ou réus? A resposta é negativa. Exemplo: desconsideração da personalidade jurídica e inclusão de seis sócios de uma limitada no polo passivo já na petição inicial. O processo será mais célere nesse caso? Não, porque, às vezes, não se consegue citar todos os sócios. Outro exemplo: grupo econômico – o entendimento que prevalece é que as empresas do grupo podem ser incluídas na execução. Então, muitas vezes, o litisconsórcio multitudinário não será mais célere. Aliás, geralmente, a celeridade nesse tipo de litisconsórcio fica comprometida. Outro exemplo: adicional de insalubridade – 100 trabalhadores no polo ativo. Desses 100, alguns não trabalharam no setor, outras saíram de licença médica, etc. Então, a inclusão dessa quantidade de trabalhadores no polo passivo compromete a defesa e o julgamento da causa. A conclusão é que se aplica ao Processo do Trabalho o litisconsórcio multitudinário. E a limitação da quantidade de litisconsortes pode ser feita de ofício pelo juiz? O CPC é omisso e, por isso, o tema pode gerar duas opiniões: ● Minoritário - como não há previsão no CPC, só se as partes requererem é que pode haver a limitação. ● Majoritário - o juiz pode aplicar o dispositivo legal de ofício, haja vista a natureza dos valores que o dispositivo visa proteger, que é a rápida solução do litígio e o direito de defesa, ou seja, os princípios da razoável duração do processo e o do contraditório. O juiz deve extinguir o processo em relação a alguns litisconsortes ou apenas desmembrar o processo? Fredie Didier diz que apenas no litisconsórcio ativo que há o multitudinário e, por isso, para não haver a burla ao juiz natural, o processo deve ser desmembrado e não extinto apenas. Nada obstante, também existe litisconsórcio multitudinário no polo passivo e então, Direito do Trabalho – Conceitos e Princípios O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 9 www.cursoenfase.com.br dependendo daqueles que compõem o polo passivo, fica inviável, do ponto de vista lógico- jurídico, o desmembramento da ação. Exemplo: ação proposta contra sócios e empresa. Ainda que haja dezenas de sócios, não é possível o desmembramento, vez que a ação não pode ser proposta somente com sócios no polo passivo, como já dito acima. Nesse caso, a solução será a extinção do processo sem resolução de mérito, por falta de um pressuposto processual relativo à regularidade do procedimento, vez que há a inviabilização da ação, do direito de defesa e da rápida solução do processo. A regra, então, é o desmembramento, mas pode haver casos de extinção, como no exemplo acima. 5 REGIME JURÍDICO DO LITISCONSÓRCIO. ATOS BENÉFICOS E PREJUDICIAIS. MATÉRIA PROBATÓRIA. CONFISSÃO Dispõem os arts. 117 e 118 do CPC: Art. 117. Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar. Art. 118. Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo, e todos devem ser intimados dos respectivos atos. O art. 118 acima transcrito aplica-se a todos os tipos de litisconsórcio. Isso nada mais é que o “princípio do contraditório” e, mesmo que não existisse a regra, ela deveria ser observada. É mais um caso de uma regra processual concretizando um princípio, no caso, o princípio do contraditório. O art. 117, até a palavra “distintos”, diz respeito ao litisconsórcio simples e, após tal palavra, refere-se ao litisconsórcio unitário. No litisconsórcio simples, pode haver decisão diferente para cada litisconsorte e cada um é considerado litigante distinto. Assim, o que cada um fizer não repercutirá efeitos em relação ao outro. Exemplo 1: litigante 1 é revel e os litigantes 2 e 3 contestaram. À revelia de L1 não prejudica o L2 nem o L3, mas L1, em princípio, será prejudicado e terá um julgamento desfavorável. Em princípio porque se L2 e L3 impugnarem fatos comuns a todos, inclusive a L1, essa impugnação também beneficiará L1, ainda que revel. Exemplo 2: pedido de horas extras em que o autor diz que trabalhava das 7 às 19 horas e L2 e L3 falam que a jornada era das 8 às 17 horas, não se podendo presumir Direito do Trabalho – Conceitos e Princípios O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 10 www.cursoenfase.com.br verdadeira a jornadaindicada pelo autor com relação a L1, revel, e a outra jornada com relação a L2 e L3. Entretanto, se os fatos não forem comuns, a contestação dos demais não beneficiará L1. Exemplo 3: alegação de grupo econômico em que L2 alega não pertencer ao grupo. Nesse caso, a contestação de L2 não beneficiará L1, pois haverá presunção de que ele (L1) faz parte do grupo. Então, só prejudica o próprio revel, nunca os demais. No litisconsórcio unitário, imaginemos que L1 seja revel e L2 e L3 contestem. A revelia de L1 prejudica L1? Não, porque a relação jurídica é única, é indivisível. O mesmo vale para a confissão. No litisconsórcio simples, a confissão de L1 apenas a ele prejudica, nunca aos demais. Se o litisconsórcio for unitário, a confissão de L1 não prejudica nenhum deles, nem mesmo L1, exceto se todos aderirem à confissão. Então, os litisconsortes unitários são tratados como um único litigante, uma única parte, de forma que a confissão só se aplica se todos aderirem a ela. Destarte, os atos prejudiciais no litisconsórcio simples só prejudicam a quem o praticar. E os atos benéficos? No litisconsórcio simples, os atos benéficos só beneficiam aquele que o praticar. Exemplo: recurso. Se apenas uma parte recorrer, a decisão transita em julgado em relação às demais partes. No litisconsórcio unitário, se apenas uma parte praticá-lo, aproveita aos demais. Exemplo: se uma parte recorrer, esse recurso terá efeito expansivo subjetivo, pois o recurso passa a produzir efeitos também com relação àquele que não recorreu. Vejamos o teor do art. 1005 do CPC: Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns. Esse artigo aplica-se apenas ao litisconsórcio unitário. Em resumo, esse é o regime de tratamento entre os litisconsortes: Direito do Trabalho – Conceitos e Princípios O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 11 www.cursoenfase.com.br Litisconsórcio Simples Litisconsórcio Unitário Atos Prejudiciais Prejudica apenas quem o praticou Só há prejuízo se todos os litisconsortes aderirem ao ato Atos Benéficos Beneficia apenas quem o praticou Beneficia todos os litisconsortes 5.1 MATÉRIA PROBATÓRIA Não podemos considerar um ato como ocorrido e não ocorrido ao mesmo tempo. No caso da confissão em litisconsórcio unitário, com relação à qual não houve a adesão de todos os litisconsortes, essa confissão pode ser apenas um elemento de prova, que não pode ser considerada sozinha, mas pode, juntamente com outra prova, ser levada em consideração. Outra situação é o princípio da comunhão da prova. A prova dos autos pertence ao processo como um todo, independentemente de quem a produziu. Exemplo: uma testemunha indicada por um litisconsorte apenas, cujo depoimento prejudicou todos os litisconsortes. O depoimento deve ser considerando em relação a todos, pois há o princípio da comunhão da prova, e a prova pertence ao processo, independentemente de quem a produziu. Vejamos o teor do art. 391 do CPC: Art. 391. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes. Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos reais sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge ou companheiro não valerá sem a do outro, salvo se o regime de casamento for o de separação absoluta de bens. Conforme já analisado, esse artigo aplica-se apenas ao litisconsórcio simples, visto que, no litisconsórcio unitário, a confissão só é considerada se todos os litisconsortes aderirem à confissão. Direito do Trabalho – Conceitos e Princípios O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 12 www.cursoenfase.com.br 6 INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 6.1 NOÇÕES GERAIS Intervenção de terceiros é um fenômeno pelo qual um terceiro ingressa num processo pendente. E o que é terceiro? Livro indicado: ATHOS GUSMÃO CARNEIRO – uma obra clássica de intervenção de terceiros. É um livro fininho e bem didático. Autor clássico e que já foi Ministro do STJ. Athos fala que o conceito de terceiro é um conceito que deve ser dado por exclusão, é um conceito negativo, com exclusão de todos os outros que não são terceiros. Então, para Athos, terceiro é todo aquele que não é parte. É um conceito amplo esse e até insuficiente, pois, se levarmos ao pé da letra, o juiz, o perito, o advogado e a testemunha, também seriam terceiros. Para explicar o conceito de intervenção de terceiros, esse conceito de terceiro não basta, pois terceiro não é só aquele que não é parte, mas também aquele que não é juiz, não é auxiliar da justiça, etc. O juiz está ali para decidir e não para intervir no processo. A testemunha também não está para intervir no processo, mas para contribuir na fase probatória. Num conceito estrito, terceiro é todo aquele que, não sendo parte do processo, também não é juiz, não é auxiliar, nem sujeito probatório, nem sujeito postulante. Todos que estiverem fora do processo é terceiro. Mas será que todo terceiro pode intervir? Não, pois o terceiro, para intervir, deve ter interesse jurídico, que não se confunde com interesse econômico, afetivo ou institucional (amicus curiae). Exemplo: o filho tem interesse que o pai ganhe uma causa, mas esse é um interesse econômico ou afetivo. Interesse jurídico ocorre em duas situações: quando o terceiro tem uma relação jurídica com uma das partes; ou quando o terceiro é titular da própria relação jurídica material discutida em juízo. Então, interesse jurídico pressupõe sempre uma relação jurídica. Na relação acima, não há nenhuma relação jurídica entre o pai e o filho com vinculada a um processo em que se discute uma relação de crédito por exemplo. Da mesma forma, uma relação entre professor e aluno. O aluno que gosta do professor pode ter uma relação afetiva com ele, mas não pode intervir em um processo que o professor seja parte. Direito do Trabalho – Conceitos e Princípios O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 13 www.cursoenfase.com.br O interesse jurídico deve estar presente em todas as modalidades de intervenção de terceiros, exceto com relação ao amicus curiae, pois este não tem nenhuma relação jurídica com nenhuma das partes. Ele defende um interesse institucional. 6.2 FUNDAMENTOS DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS Dois são os fundamentos da intervenção de terceiros. O principal é a economia processual, pois, em regra, são situações que evitam uma proliferação de processos. Outro fundamento importante é o princípio do contraditório, pois, em muitos casos, a intervenção de terceiros fomenta esse princípio, como ocorre com a assistência, em que se permite que outra pessoa que tenha interesse jurídico no processo se manifeste, produza provas etc. Então, em tais casos, o contraditório é potencializado. 6.3 APLICABILIDADE NO PROCESSO DO TRABALHO E QUADRO GERAL DEMODALIDADES Muito se discute se o instituto da intervenção de terceiros ou algumas das modalidades dele se aplicam ao Processo do Trabalho, já que nem a CLT nem qualquer legislação extravagante trabalhista preveem o tema. As principais discussões sobre a intervenção de terceiros no Processo do Trabalho giram em torno da competência em razão da matéria e também sobre a situação procedimental, pois, muitas vezes, a intervenção de terceiros pode gerar embaraços procedimentais que podem de alguma forma comprometer alguns interesses tutelados no Processo do Trabalho. O CPC regula cinco modalidades de intervenção de terceiros: assistência, que pode ser simples (ou adesiva) e litisconsorcial; denunciação da lide; chamamento ao processo; incidente da desconsideração da personalidade jurídica; e a figura do amicus curiae. Então, de acordo com o CPC/2015, são modalidades típicas de intervenção de terceiros essas cinco descritas. Nada obstante, dentro do conceito estabelecido de terceiro, que é o ingresso, num processo pendente, de um sujeito que não é juiz, nem sujeito auxiliar, probatório ou postulante, existem outras figuras decorrentes de algumas situações processuais que também se enquadram nesse conceito, apesar de não estarem listadas no CPC como modalidade de intervenção de terceiros. São as chamadas figuras equiparadas, que são: reconvenção que amplie um dos polos da relação processual; aditamento da petição inicial em que se faça a inclusão de um réu no polo passivo do processo; recurso de terceiro Direito do Trabalho – Conceitos e Princípios O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 14 www.cursoenfase.com.br prejudicado; extinta nomeação à autoria - no CPC antigo, a nomeação à autoria estava incluída como modalidade de intervenção de terceiros e agora existe um procedimento que equivale à nomeação à autoria, mas não está incluído como intervenção de terceiros; intervenção litisconsorcial voluntária; e intervenção iussu iudicis; Mais uma vez, convém ressaltar o conceito de intervenção de terceiros, que é o fenômeno pelo qual um sujeito que até então, não era juiz, nem sujeito auxiliar, nem sujeito probatório, nem sujeito postulante e que ingressa no processo, tonando-se parte ou coadjuvante da parte. A figura do amicus curiae também é uma exceção nesse caso. Vejamos o quadro geral das modalidades de intervenção de terceiros: Intervenção de Terceiros – modalidades típicas Intervenção de terceiros – modalidades equiparadas Assistência (pode ser simples e litisconsorcial) Reconvenção (desde que amplie um dos polos da relação processual) Denunciação da lide Aditamento da petição inicial (que se faça a inclusão de um réu no polo passivo do processo) Chamamento ao Processo Recurso de terceiro prejudicado Incidente da Desconsideração da Personalidade Jurídica Extinta nomeação à autoria Amicus Curiae Intervenção litisconsorcial voluntária Intervenção Iussu iudicis Como já salientado, o que gera controvérsia sobre a aplicação da intervenção de terceiros no Processo do Trabalho é sobre a competência da Justiça do Trabalho ou sobre algum óbice procedimental que as modalidades de intervenção de terceiros causem no Processo do Trabalho. Direito do Trabalho – Conceitos e Princípios O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 15 www.cursoenfase.com.br 6.4 CLASSIFICAÇÃO 6.4.1 INTERVENÇÃO DE TERCEIROS ESPONTÂNEA E PROVOCADA Intervenção de terceiros espontânea ocorre quando o próprio terceiro solicita a sua intervenção no processo. Exemplos: assistência, que, aparentemente, é o único caso típico de intervenção de terceiros no novo CPC; quanto às modalidades equiparadas, temos como exemplo a intervenção litisconsorcial voluntária e o recurso de terceiro prejudicado. Intervenção de terceiros provocada é quando uma das partes ou o próprio juiz requer o ingresso do terceiro no processo. Ou seja, quando algum outro sujeito do processo requer o ingresso desse sujeito pendente. Exemplos de intervenção de terceiros típicas: denunciação da lide, chamamento ao processo, incidente de desconsideração da personalidade jurídica; Exemplo de modalidade equiparada: intervenção iussu iudicis. O amicus curiae pode espontaneamente pedir para ingressar no processo ou, ainda, pode ser instado a tanto e então, seria uma intervenção provocada. Assim, a figura do amicus curiae pode ser, dependendo do caso concreto, intervenção de terceiros espontânea ou provocada. 6.5 ASSISTÊNCIA 6.5.1 CONCEITO E OBJETIVO A assistência é uma modalidade de intervenção de terceiros por força da qual um terceiro que tem interesse jurídico na demanda ingressa com o objetivo de auxiliar um dos litigantes, autor ou réu. Como já dito, o terceiro precisa ter interesse jurídico. O assistente é titular de uma relação jurídica conexa, que está indiretamente vinculada à chamada res in iudicium deducta, ou seja, à coisa litigiosa, à relação de direito material litigiosa. O assistente passa a intervir no processo porque quer que o assistido ganhe. 6.5.2 ASSISTÊNCIA SIMPLES E LITISCONSORCIAL Se o assistente tem uma relação jurídica conexa apenas com o assistido, assim, temos a assistência simples. Exemplo: sublocação – sujeito é proprietário do imóvel e aluga para o locatário/inquilino, que faz uma sublocação. Se o locatário não pagar o aluguel, o Direito do Trabalho – Conceitos e Princípios O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 16 www.cursoenfase.com.br sublocatário pode ser assistente do locatário na ação de despejo, já que, se o despejo for julgado procedente, a sentença afetará não só o locatário, mas também o sublocatário. Nessa situação, o assistente simples é parte? Didier fala que ele é parte auxiliar. Sem dúvida, o assistente é um sujeito parcial do processo, já que ele quer que o locatário ganhe. Athos Gusmão Carneiro diz que o assistente simples não é parte, mas apenas um coadjuvante da parte. O assunto será melhor desenvolvido mais à frente. Na assistência litisconsorcial, o assistente tem uma relação jurídica com o próprio adversário do assistido. O assistente litisconsorcial é cotitular ou titular único da relação de direito material discutida no processo. Exemplo: condômino 1 ingressou com ação reivindicatória do imóvel contra uma pessoa que está se apropriando indevidamente do imóvel. O condômino 2 pede para ingressar como assistente do condômino 1. A relação jurídica que o condômino 2 tem é com o adversário do condômino 1, vista que pode exigir do transgressor que ele devolva o imóvel numa ação reivindicatória. Nesse caso, o condômino 2 é cotitular da relação de direito material. Quando se fala que o assistente é o único titular da relação jurídica de direito material, fala-se em substituição processual. O assistido seria o substituto processual. Exemplo 1: ação civil pública que versa sobre direitos individuais homogêneos. O sindicato ingressa com uma ACP pedindo danos morais por um acidente que vitimou vários trabalhadores. O sindicato atua em nome próprio defendendodireito alheio. Nesse caso, o titular único do direito individual homogêneo são os trabalhadores. Assim, se algum trabalhador quiser intervir no processo, pode e essa será uma intervenção na modalidade de assistência litisconsorcial. Exemplo 2: alienação de direito litigioso - o adquirente pode intervir no processo para assistir o alienante. Como o adquirente tornou-se o único titular do direito material envolvido, ele será assistente litisconsorcial. Art. 109 do CPC: Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular, não altera a legitimidade das partes. § 1o O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o alienante ou cedente, sem que o consinta a parte contrária. § 2o O adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como assistente litisconsorcial do alienante ou cedente. Direito do Trabalho – Conceitos e Princípios O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 17 www.cursoenfase.com.br § 3o Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias ao adquirente ou cessionário. Em resumo, se o assistente é titular de uma relação jurídica conexa vinculada apenas indiretamente à relação jurídica de direito material discutida no processo, a assistência é simples. Se o assistente é titular da própria relação de direito material discutida no processo, a assistência é litisconsorcial. Há poucos pontos em comum entre a assistência simples e a litisconsorcial e um deles é o art. 119 do CPC: Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la. Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre. Ou seja, o assistente não pode causar retrocesso na marcha processual. Se, por exemplo, o assistente ingressar após a prolação de sentença, ele não pode querer voltar à fase postulatória ou probatória. Ele pega o processo no estado em que se encontra, tal como se fosse o assistido ali. Vejamos o teor da Súmula 82 do TST: ASSISTÊNCIA A intervenção assistencial, simples ou adesiva, só é admissível se demonstrado o interesse jurídico e não o meramente econômico. Assistência adesiva é outro nome para a assistência simples. São expressões sinônimas. A súmula prevê que é possível a assistência simples no Processo do Trabalho, desde que haja interesse jurídico. Exemplo: D1 é devedor de C1 e de C2, porém só tem patrimônio para pagar um dos dois. Há um processo de C1 em face de D1. C2 tem interesse econômico em que D1 ganhe o processo movido por C1, pois, assim, D1 conseguirá pagar a dívida com C2. Mas C2 tem interesse jurídico? Não, possui interesse meramente econômico, pois não há relação jurídica entre C2 e esse processo de crédito entre C1 e D1. C2 não possui uma relação jurídica que sofrerá uma eficácia jurídica reflexa. Haverá reflexo econômico apenas, porque ele não conseguirá receber seu crédito caso C1 saia vencedor. Esse é o entendimento majoritário. Leonardo Direito do Trabalho – Conceitos e Princípios O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 18 www.cursoenfase.com.br Greco, no entanto, afirma que até mesmo um interesse meramente econômico justificaria uma assistência simples de C2 nesse caso. Exemplos de assistência simples no Processo do Trabalho – exemplo 1: sucessão de empresas. Quem responde integralmente pelas dívidas trabalhistas da sucedida é o sucessor. A sucedida responderá excepcionalmente em caso de fraude (responsabilidade solidária). O que acontece geralmente nos casos de contratos de sucessão empresarial é que o contrato prevê que a empresa sucedida será responsável pelas dívidas trabalhistas do período anterior à sucessão. Essa cláusula tem eficácia entre as empresas, mas não perante o trabalhador, em virtude do disposto nos artigos 10 e 448 da CLT. Então, suponhamos que o empregado ingresse com uma ação em face do sucessor, cobrando passivo trabalhista do tempo da sucedida. O trabalhador não tem mais qualquer relação jurídica com a sucedida, somente com o sucessor, mas a sucessora possui uma relação jurídica com a sucedida, que é contrato de sucessão, que prevê que a sucessora receberá o passivo trabalhista que pagar referente ao período anterior à sucessão. Assim, a sucedida pode ser assistente simples da sucessora na reclamação trabalhista, pois possui uma relação jurídica conexa com o seu assistido, relação essa que sofrerá os efeitos da reclamação trabalhista, já que terá de responder regressivamente. Esse, então, é um exemplo de assistência simples no Processo do Trabalho. O assistente é parte? Como já analisado acima, o tema é controvertido e duas correntes surgem: ● É parte auxiliar, porque o assistente simples é um sujeito parcial do processo e tem interesse na vitória do assistido. Essa corrente é defendida por Fredie Didier. ● Não é parte, é coadjuvante da parte, pois o conceito de parte é aquele que pede, ou em face de quem se pede, uma providência jurisdicional. Como o assistente nada pede e nada é pedido em face dele (ele apenas adere a um pedido ou a uma defesa já feita), ele não é parte. É sim, um sujeito parcial do processo, mas não pode ser considerado parte, até porque o assistente simples tem uma série de limitações em suas ações. A sua vontade é limitada à vontade do assistido, que é a parte do processo. Assim, o assistente é coadjuvante da parte apenas. O art. 121 do CPC dispõe: Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido. Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto processual. Direito do Trabalho – Conceitos e Princípios O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 19 www.cursoenfase.com.br Na assistência simples, o assistido não pode contrariar a vontade do assistido. Se o assistido falar que não quer recorrer, o assistente pode recorrer? Não, porque sua vontade está subordinada à vontade do assistido. O assistente simples é apenas seu coadjuvante. Da mesma forma, se o assistido não quiser produzir prova pericial, o assistente também não poderá produzi-la. Assim, a atuação do assistente simples é auxiliar/complementar à atuação do assistido. Sendo uma atuação complementar, se o assistido fizer perguntas à testemunha, o assistente poderá fazer outras perguntas, pois estará complementando a atuação do assistido. Da mesma forma, se o assistido apresentou quesitos para a perícia, o assistente também poderá apresentar, porque, nesse caso, também estará complementando a atuação do assistido. O que o assistente não pode é contrariar o assistido, podendo apenas complementar a atuação.
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