Buscar

Autocontrole a Análise do Comportamento pode ajudar  [Comporte se]

Prévia do material em texto

Psicoterapia Manaus
Terapia Cognitivo-Comportamental Psicóloga Luíse Gonçalves
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO TEÓRICA CONCEITOS PRINCÍPIOS BÁSICOS
SOCIAL, GRUPOS & COTIDIANO
! " # $ % &
AUTOCONTROLE: A ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO PODE AJUDAR?
Quem já passou por uma situação em que era difícil se comportar de uma forma
autocontrolada sabe como, muitas vezes, escolher um determinado curso de ação pode ser
mais difícil do que parece. Aquele relatório ou trabalho que você tem que fazer e, apesar de
já ter se proposto a fazê-lo várias vezes, sempre acaba realizando alguma outra atividade.
Autocontrole é uma palavra ruim, pois ela obscurece o fato de que nosso comportamento é
determinado através de uma relação entre atividades do organismo e eventos do ambiente.
 PAULA GRANDI — 4 DE MARÇO DE 2015
Autocontrole. Aí está uma palavra ruim. Quando lhe dizem “autocontrole”, qual é a primeira coisa na
qual você pensa? Em ter força de vontade? Ou talvez em continuar fazendo algo apesar das
adversidades? Possivelmente a maioria pensará em uma total autodeterminação do indivíduo sobre
as suas ações, como se o indivíduo escolhesse facilmente entre um curso de ação ou outro.
Justamente por isso autocontrole (self-control) é uma palavra ruim. Explico melhor a seguir.
Quem já passou por uma situação em que era difícil se comportar de uma forma autocontrolada sabe
como, muitas vezes, escolher um determinado curso de ação pode ser mais difícil do que parece.
Aquele relatório ou trabalho que você tem que fazer e, apesar de já ter se proposto a fazê-lo várias
vezes, sempre acaba realizando alguma outra atividade. Aquela dieta que você começou na segunda-
feira e prometeu para si mesmo que iria durar um mês, e mal passou do primeiro final de semana.
Aquele dinheiro que você tem pretendido guardar desde o ano passado para realizar uma viagem nas
próximas férias, mas que até o momento não passou de uma lista de desejos ou promessa de ano
novo. Autocontrole é uma palavra ruim, pois ela obscurece o fato de que nosso comportamento é
determinado através de uma relação entre atividades do organismo e eventos do ambiente. A famosa
frase de Skinner (1957/1958) define bem esta relação: “Os homens agem sobre o mundo e o
modificam e, por sua vez, são modificados pelas consequências de sua ação.” (p.15).
Quando alguém se comporta de forma autocontrolada,
dificilmente a comunidade consegue identificar as
variáveis que controlam o seu comportamento.
Provavelmente foi por isso que nomeamos o tipo de
contingência que gera um comportamento
autocontrolado de auto (self) – controle (control). Em
relação ao estudante ou empregado que passa horas
estudando ou se dedicando ao trabalho, a que
comportamento a comunidade tem acesso? Apenas ao
comportamento de estudar, ler, escrever, redigir
relatórios, entre outros. E no caso daquele amigo que
mantém uma dieta rigorosa e uma rotina de
exercícios? Temos acesso apenas ao comportamento de comer alimentos saudáveis, de ir à academia
e realizar exercícios físicos. Parece mais difícil ainda explicar o comportamento de comprar uma casa,
um carro ou fazer uma viagem. A comunidade possivelmente só tem acesso ao comportamento de
comprar ou de visitar novos países. Como o indivíduo manipulou o seu ambiente para conseguir
economizar o dinheiro necessário sem alterar a sua renda, geralmente permanece um mistério para a
comunidade.
Como as variáveis controladoras destes comportamentos não estão acessíveis aos outros, temos a
impressão de uma total autodeterminação (o que usualmente chamamos de “força de vontade”). A
crença em uma “força de vontade” pouco nos ajuda a prever, controlar, alterar ou até mesmo ensinar
o comportamento autocontrolado. A nossa sociedade teve pouco sucesso em produzir estes
comportamentos ao dizer as pessoas “tenha força de vontade!” ou “controle-se!”. É muito provável
que, aqueles que apresentam comportamentos de autocontrole, conheçam muito bem as variáveis
que controlam os seus comportamentos e sejam eficientes em manipulá-las de forma a aumentar ou
diminuir a probabilidade do comportamento desejado. É assim que a Análise do Comportamento irá
entender autocontrole.
Quando um homem se controla ou escolhe um curso de ação, ele está se comportando (Skinner,
1953/2007). Comportamentos autocontrolados devem ser explicados da mesma forma que
explicamos qualquer outro comportamento, ou seja, buscando variáveis que se situam fora do
indivíduo. No entanto, nós frequentemente somos capazes de fazer algo em relação às variáveis que
nos afetam. Segundo Skinner (1953/2007), podemos controlar nosso próprio comportamento do
mesmo modo que controlamos o comportamento dos outros: manipulando as variáveis das quais o
comportamento é função.
O jovem que passa a tarde na biblioteca para estudar,
pois sabe que em sua casa comportamentos de assistir
TV, brincar com o cachorro ou conversar com os familiares
tem a sua probabilidade aumentada, demonstra
conhecimento das contingências que o controlam. Aquele
que, ao se propor a realizar uma dieta, só vai ao
supermercado saciado e abastece-se de alimentos
saudáveis, diminui a probabilidade de ingerir alimentos
altamente calóricos no futuro. Quando assinamos uma
poupança automática, que transfere uma parcela do
dinheiro da conta diretamente para a poupança no dia
que recebemos o salário, comprometemos-nos com um
curso de ação eliminando a possibilidade de gastar aquele
dinheiro. Comportar-se desta forma frente a
consequências conflitantes para uma mesma resposta é
autocontrolar-se. Para que isto ocorra, é imprescindível conhecer as variáveis que controlam o seu
comportamento.
Skinner (1953/2007) descreve um sistema intercruzado de respostas envolvidas no autocontrole. Uma
resposta controladora (R1) afeta as variáveis de tal modo que modifica a probabilidade de outra
resposta, denominada resposta controlada (R2). Para isso, a resposta controladora pode manipular
qualquer uma das variáveis das quais a resposta controlada (R2) é função. É justamente por isso que
existem diferentes formas de autocontrole.
O estudante citado, ao ir para a biblioteca (R1), retira-se da situação em que o comportamento do
assistir TV, brincar ou conversar pode ocorrer (R2), diminuindo assim a sua probabilidade, ao mesmo
tempo em que aumenta a probabilidade de estudar. Aquele que se propôs a realizar uma dieta
manipula a sua privação e saciação, comendo em casa antes de ir ao supermercado (R1), de forma a
diminuir a probabilidade de comprar alimentos calóricos (R2). Faz uma lista do que deve comprar (R1)
para diminuir a probabilidade de passar na frente de setores de comida que não necessita (R2) e
abastece a sua dispensa apenas com alimentos saudáveis (R1), o que aumenta o custo de resposta e,
consequentemente, diminui a probabilidade de se ingerir alimentos calóricos (R2). Por fim, quando
assinamos uma poupança automática (R1), retiramos o dinheiro da conta corrente removendo a
situação que nos possibilita comprar objetos (R2).
É pela dificuldade de acesso a resposta controladora
(R1) que se atribui causas internas (“força de vontade”)
ao comportamento de autocontrole. Não é de hoje o
seguinte pensamento: aquilo que não podemos
explicar parece-nos mágica. Para a análise do
comportamento, autocontrole nada mais é do que:
auto – o próprio indivíduo / controle – manipulando e
alterando as variáveis das quais uma resposta é
função, aumentando ou diminuindo a sua
probabilidade de emissão.
Mas então, pode a Análise do Comportamento ajudar a promover autocontrole? Sim! Ao assumirmos
que o comportamento é determinado, uma ciência do comportamento possibilita a identificação e
manipulação das variáveis das quais o comportamento é função. Diante disso, o comportamento de
autocontrole passa a poder ser ensinado não mais de forma acidental, como geralmente ocorre. A
noção de controle Behaviorista Radical abre margem para o planejamentode uma sociedade que
instala e mantém comportamentos de autocontrole de forma mais eficaz (Skinner, 1948/2004).
Poderíamos abordar agora, que contingências dispostas pela nossa sociedade geram autocontrole,
mas isto é assunto para outro texto. No momento, me limito a dizer que a sociedade: 1) Tem um papel
importante ao dispor contingências de reforçamento para o comportamento autocontrolado e 2)
Ensina-nos, através de perguntas, a atentarmos ao nosso próprio comportamento possibilitando a
identificação das variáveis que os controlam. Passamos a nos conhecermos. E o autoconhecimento
pode, e muito, facilitar comportamentos de autocontrole. Segundo Skinner (1974/2006):
“[…] O autoconhecimento tem um valor especial para o próprio indivíduo. Uma pessoa que se tornou
consciente de si mesma por meio de perguntas que lhe foram feitas está em melhor posição de
prever e controlar seu próprio comportamento.” (p.31).
É importante dizer que não precisamos descrever as contingências para sermos controlados por elas.
No entanto, quando descrevemos as variáveis que controlam o nosso próprio comportamento,
dizemos que somos conscientes deste comportamento. Da mesma forma, quando não descrevemos
tais variáveis dizemos que somos inconscientes. Conhecer-se a si mesmo pode ser o primeiro passo
para o autocontrole. Pensando naquele comportamento que você quer mudar: Quando e onde ele
AUTOCONTROLE CLÍNICA CONCEITOS CONTROLE GRUPOS & COTIDIANO PRINCÍPIOS BÁSICOS SAÚDE
SAÚDE & TERAPIAS SOCIAL
PRÓXIMA
Psicóloga Fernanda Pezzato do
IACB Bauru, fala sobre timidez
ocorre? (antecedente). Como você se comporta? Com que frequência este comportamento ocorre?
(resposta). O que acontece em seguida? (consequência). Resumindo: o que será que controla este
comportamento?
 
REFERÊNCIAS
Skinner, B. F. (1948/2004). Walden II: uma sociedade do futuro. 2. ed. São Paulo: EPU.
Skinner, B. F. (1953/2007). Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins Fontes.
Skinner, B. F. (1957/1978). O Comportamento Verbal. São Paulo: Cultrix: Ed. da Universidade de São
Paulo.
Skinner, B. F. (1974/2006). Sobre o Behaviorismo. São Paulo: Cultrix.
TÓPICOS:
ANTERIOR
Dica de leitura: Artigo - Em que
sentido(s) é radical o Behaviorismo
Radical?
SOBRE
Paula Grandi
Psicóloga pela PUC-SP, mestranda bolsista do CNPq no Programa
de Psicologia Experimental: Análise do Comportamento da PUC-SP,
especializanda em clínica Analítico-Comportamental pelo Núcleo
Paradigma. Possui Formação avançada em acompanhamento
terapêutico e atendimento extra-consultório pelo Núcleo
Paradigma e atuou como psicóloga residente em oncologia no
Hospital São Paulo. Foi bolsista PIBIC-CEPE de iniciação científica
302
# Google
' Pinterest
RECOMENDAÇÕES:
na PUC-SP e participou da organização do EAC PUC-SP (2010-2011). Atua como
organizadora e professora do Curso de Verão de Psicologia Experimental: Análise
do Comportamento da PUC-SP (2015-2016). É membro sócio da Associação
Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental e atualmente trabalha como
psicóloga clínica, acompanhante terapêutica e pesquisadora.
Dica de leitura: Alan Kazdin fala sobre a diferença entre subornar seu filho e
recompensar o seu filho
 PRISCILA MEIRELES GUIDUGLI , 6 DE MARÇO DE 2015
Psicóloga Fernanda Pezzato do IACB Bauru, fala sobre timidez
 PRISCILA MEIRELES GUIDUGLI , 4 DE MARÇO DE 2015
Dica de leitura: Artigo – Em que sentido(s) é radical o Behaviorismo Radical?
 PRISCILA MEIRELES GUIDUGLI , 3 DE MARÇO DE 2015
COMENTE
Ei, economize tempo! Comente logado com sua rede social:
Facebook, Twitter, Google+ ou WP.com. Só clicar no botão
correspondente no formulário abaixo. Divirta-se!
— Deixe aqui suas ideias, impressões, sugestões e todos os poréns!
Busca !
Ansiedade
Infanto-Juvenil
Material de Apoio para
Psicólogos. "Ansiedade? Mat"
Por Maria Angela
" 1,924
SEGUIDORES
! 50,552
CURTIDORES
COLUNISTAS
Você, Lorena Ferreira e outras 50.548 pessoas
curtiram isso.
Curtir
ASSINE O MAILING
Inscreva-se para receber atualizações e promoções por e-mail.
E-mail: *
MAIS RECENTES
INSCREVA-SE AGORA
ANÁLISE EXPERIMENTAL CONCEITOS EDUCAÇÃO & ENSINO
" Comente
A ANÁLISE DO COMPORTAMENTO NÃO É ARBITRÁRIA COMO PARECE!
 RENAN MIGUEL ALBANEZI , 8 DE MARÇO DE 2015
Na graduação somos ensinados que nossos comportamentos são desenvolvidos, instalados e
mantidos pelo princípio do reforçamento. Também aprendemos que nossos comportamentos
decrescem em probabilidade de …
Leia Mais #
NOVOS COLUNISTAS
VEJA O REGULAMENTO
Curso de Introdução à ACT (Terapia da Aceitação e Compromisso) e FAP (Psicoterapia
Analítica Comportamental)
RAIANE ALVES, 6 DE MARÇO DE 2015
Comportamentos do psicólogo escolar: primeiras análises
NATALIE BRITO, 6 DE MARÇO DE 2015
A Análise do Comportamento é uma ilha – Parte 1
BERNARDO RODRIGUES, 6 DE MARÇO DE 2015
Aos
Psicoterapeutas
Seja o Proprietário de uma
Franquia Supera - Ginástica
para o Cérebro!
P R O C E S S O S E L E T I V O
O Comporte-se está com cinco (05) vagas para novos colunistas.
Venha fazer parte de nossa equipe e publicar no maior site de
Análise do Comportamento do Brasil!
ÚLTIMOS COMENTÁRIOS
Ana Cristina
→ Um pouco sobre a doença de Alzheimer
Thiago Pitaluga
→ II Jornada de Análise do Comportamento de Anápolis-GO
Autismo: A tendência à repetição e as estereotipias | Blog do Curupira
→ Autismo: A tendência à repetição e as estereotipias
Ótimo texto e vídeo! Claros e coerentes.
Estão todos convidados para nossa JAC vamos fortalecer a Análise do Comportamento em Goiás e no
Brasil!
Autismo: A tendência à repetição e as estereotipias - Portal do Curupira
→ Autismo: A tendência à repetição e as estereotipias
[…] Fonte: http://comportese.com/2014/10/autismo-a-tendencia-a-repeticao-e-as-estereotipias/ […]
[…] Fonte: http://comportese.com/2014/10/autismo-a-tendencia-a-repeticao-e-as-estereotipias/ […]
2008 - 2015 © Comporte-se: Psicologia & Análise do Comportamento.
∧ TOPO

Continue navegando