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1 Curso de Graduação em Engenharia Mecânica Materiais de Construção Mecânica Imperfeições nos sólidos (Capítulo 4) Prof. Alexandre Sant’Anna 2015.2 CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA UnED Itaguaí 2 INTRODUÇÃO Todos os materiais sólidos contêm um grandes número e variedade de defeitos ou imperfeições. As propriedades dos materiais são profundamente sensíveis aos defeitos e imperfeições da estrutura cristalina. 3 INTRODUÇÃO Defeito Cristalino é uma irregularidade na rede cristalina, que pode ocorrer em uma ou mais dimensões, na ordem de um diâmetro atômico. Os defeitos cristalinos são classificados de acordo com a sua geometria e dimensão. Tipos de defeitos: Pontuais; Lineares; e Interfaciais. 4 Os Defeitos pontuais podem ser de dois tipos: Lacuna Auto intersticial. Lacuna é um sítio vago na rede cristalina, que deveria estar ocupado por um átomo. É o mais comum encontrado na rede cristalina de materiais sólidos. Auto intersticial é quando um átomo de cristal ocupa um sítio intersticial entre os átomos da rede cristalina. A presença de lacunas na rede cristalina aumenta a entropia de um cristal, ou seja, aleatoriedade. Defeitos pontuais 5 Defeitos pontuais 6 O número de lacunas em equilíbrio na rede cristalina é dado pela seguinte equação: 3 23 A exp(- ) onde: N = Número átomos por unidade de volume (átomos/m ), dado por: N = N = número de Avogadro (6,023 x 10 átomos/mol). ρ = massa especí l l A Q N N KT N A 3 5 fica (g/m ). A = peso atômico (g/mol). Q = Energia necessária para a formação de uma lacuna (eV/átomo). K = Constante de Boltzmann (8,62 x 10 eV/K). T = Temperatura absoluta em Kelvin Defeitos pontuais 7 Os metais não são totalmente puros, existem átomos de impurezas presentes em sua rede cristalina. Existem átomos de impurezas (solução sólida) são adicionados intencionalmente nas ligas metálicas, para melhorar as propriedades físicas (mecânicas) e químicas (resistência à corrosão) do material. Impurezas nos sólidos 8 Solução sólida: são átomos de impurezas (soluto) que são adicionados aos átomos do material hospedeiro (solvente), preservando a estrutura cristalina do material. Solvente: elemento ou composto que está presente em maior concentração (quantidade). Soluto: elemento ou composto que está presente em menor concentração. Fase: É uma porção de material que apresenta homogeneidade de propriedades físicas e químicas. Impureza nos Sólidos 9 Tipos de soluções sólidas: Substitucional Intersticial. Substitucional: os átomos de soluto repõem ou substituem os átomos de solvente. Intersticial: os átomos de soluto preenchem os espaços vazios (interstícios) que existem entre os átomos de solvente. Defeitos pontuais 10 Defeitos pontuais 11 Características do defeito pontual substitucional A diferença entre os raios atômicos de solvente e do soluto é pequena , aproximadamente 15%. A estrutura cristalina do metal permanece a mesma após a inclusão do soluto. Quanto mais eletropositivo for solvente e eletronegativo for o soluto, maior será a probabilidade de formar um composto intermetálico, em vez de formar uma solução sólida substitucional. O metal tende a dissolver um outro metal de maior valência do que um de menor valência. Defeitos pontuais 12 Características do defeito pontual intersticial Materiais metálicos com fatores de empacotamento relativamente elevados possuem posições intersticiais relativamente pequenas. O diâmetro atômico de impureza intersticial são menores do que dos átomos de solvente. A concentração máxima de átomos de impurezas intersticiais é baixa, inferior a 10%. Quando os átomos de impurezas são maiores que os sítios intersticiais, eles introduzem defeitos de rede nos átomos hospedeiros adjacentes. Defeitos pontuais 13 Concentração dos elementos de liga A concentração de uma liga metálica é expressa em termos da porcentagem em peso (ou massa) ou da porcentagem atômica. Cálculo da porcentagem em peso (%p): Cálculo da porcentagem atômica (%a): im i i número de moles de um elemento químico (n ) é dado por: , onde: m massa de elemento químico. A peso atômico de um elemento químico. i i m i m n A Defeitos pontuais 14 Fórmulas para conversão entre concentrações 1) Porcentagem em peso para porcentagem atômica: 2) Porcentagem atômica para porcentagem em peso: Defeitos pontuais 15 3) Porcentagem em peso para massa por unidade de volume: 4) Porcentagem em peso ou atômica para massa específica: Defeitos pontuais 16 5) Porcentagem em peso ou atômica para peso atômico: Observação: Defeitos pontuais 17 Discordância é um defeito linear ou unidirecional entorno do qual alguns átomos estão desalinhados na rede cristalina. Tipos de discordâncias: Aresta Espiral Mista Vetor Burgers expressa a magnitude e a direção da distorção da rede cristalina associadas a uma discordância. A deformação plástica dos materiais cristalinos ocorre pelo movimento de discordância. Defeitos lineares 18 Discordância aresta Ocorre quando uma aresta de um plano de átomos (ou semiplano ) termina no interior do cristal de um outro plano. Defeitos lineares 19 Discordância espiral Ocorre quando uma tensão cisalhante é aplicada no material, produzindo uma distorção na rede cristalina. Defeitos lineares 20 Discordância mista É tipo de discordância que não é puramente aresta e nem espiral, exibe componentes de ambos os tipos. Defeitos lineares 21 Definição: são contornos bidimensionais, que separam regiões dos materiais com diferentes estrutura cristalinas e/ou orientações cristalográficas. Tipos: Contornos de superfície externa, contornos de grãos, contornos de maclas, falhas de empilhamento e contornos de fase. Contornos de superfície externa Os átomos da superfície não estão ligados ao número máximo de vizinhos mais próximos. Estes átomos possuem um estado de energia maior do que átomos das camadas internas do material. Esta energia excedente, dá origem a uma energia de superfície que provoca a redução de total área de sua superfície. Defeitos lnterfaciais 22 Contornos de grão É um tipo de defeito provocado pelo desalinhamento dos átomos na transição da orientação cristalográfica de um grão para a orientação de um grão adjacente. Os átomos localizados nos contornos de grão se ligam aos átomos adjacentes de maneira irregular, gerando uma energia interfacial nesta região, deixando-a mais reativa quimicamente do que a região dos grãos internos. Os átomos de impurezas migram para a região dos contornos de grão, em virtude do estado de energia mais elevado. A energia interfacial é menor em regiões de contornos com grãos maiores (ou grosseiros) do que em regiões com grãos mais finos, em virtude da área contorno total ser menor. Defeitos lnterfaciais 23 Contornos de grão Defeitos lnterfaciais 24 Contornos de Macla É um tipo de defeito de contorno de grão, onde existe um simetria espelhada específica da rede cristalina. Este defeito é gerado por deslocamentos atômicos produzidos por tensões de cisalhamento ou tratamento térmico de recozimento aplicados ao material. Ocorre em um determinado plano cristalográfico e direção específica, dependendo da estrutura cristalina do material. Defeitos lnterfaciais 25 Defeitos lnterfaciais 26 São defeitos introduzidos durante as etapas de processamento e fabricação do materialmetálico. Exemplos: poros, trincas, inclusões, etc. Defeitos volumétricos ou de massa 27 São utilizadas para analisar e estudar a microestrutura do material. A microscopia pode ser óptica, eletrônica ou por sonda. Microscopia óptica A radiação luminosa é usada para analisar materiais opacos à luz visível . Os contrastes na imagem produzida resultam das diferenças na refletividade das várias regiões da microestrutura. Técnicas de microscopia 28Microscópio óptico Técnicas de microscopia 29 Microscopia óptica Técnicas de microscopia Microestrutura obtida pelo emprego da técnica metalográfica 30 Microscopia eletrônica A imagem da microestrutura do material é obtida por feixes de elétrons emitidos sobre a amostra. Os contrastes na imagem são produzidos por diferenças na dispersão ou difração do feixe entre os vários elementos químicos ou defeitos da microestrutura. Tipos: Microscópio Eletrônico de Transmissão (MET) e o Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV). Técnicas de microscopia 31Microscópio Eletrônico de Transmissão (MET) Técnicas de microscopia 32 Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) Técnicas de microscopia 33 Microscopia Eletrônica de Varredura Técnicas de microscopia MEV – Superfície de fratura do aço ARBL – Ampliação 2.000x. 34 Microscopia eletrônica por sonda (MVS) A imagem é gerada por levantamento topográfico da microestrutura do material, em escala atômica, por intermédio de um sonda. Técnicas de microscopia 35 Problema exemplo 4.1 Calcule o número de lacunas em equilíbrio, por metro cúbico de cobre, a 1000°C. A energia para a formação de uma lacuna é de 0,9 eV/átomo; o peso atômico e a massa específica ( a 1000°C) para o cobre são de 63,5 g/mol e 8,4 g/cm³, respectivamente. Exercícios 36 Problemas-Exemplo 4.3 Determine a concentração, em porcentagem atômica, de uma liga que consiste em 97%p alumínio e 3%p cobre. Exercícios 37 Perguntas e Problemas 4.2 Calcule o número de lacunas por metro cúbico no ouro a 900ºC. 23 3 5 : N .exp( ) . 6,023 10 / ; 18,63 / ; 196,97 / ; 0,98 / ; 8,62 10 / l l A A Au Au l Dados Q N KT N N A N x átomos mol g cm A g mol Q eV átomo K x eV átomo K Exercícios propostos 38 Perguntas e Problemas 4.3 Calcule a energia para a formação de lacuna na prata, sabendo-se que o número de lacunas em equilíbrio na temperatura de 800 ºC (1073 K) é de . 23 3 5 : N .exp( ) . 6,023 10 / ; 9,50 / ; 107,90 / ; 8,62 10 / . l l A A Ag Ag Dados Q N KT N N A N x átomos mol g cm A g mol e K x eV átomo K Exercícios propostos 23 33,6x10 m 39 Perguntas e Problemas 4.8 Qual é a concentração, em porcentagem em peso, de uma liga que consiste de 5%a de Cobre e 95%a de Platina? Dados: Pt63,55 g/mol e A =195,08 g/molCuA Exercícios propostos 40 Perguntas e Problemas 4.9 Calcule a concentração, em porcentagem em peso, de uma liga que contém 105 Kg de ferro, 0,2 Kg de carbono e 1,0 Kg de cromo. Dados: 1 1 1 2 3 m C = x100 m +m +m Exercícios propostos 41 Perguntas e Problemas 4.10 Qual é a concentração, em porcentagem atômica, de uma liga que contém 33g de cobre e 47g de zinco? Exercícios propostos Zn Cu 1 1 1 1 1 1 2 Dados: A = 65,39g/mol; A = 63,55g/mol; m n = ; A n C = x100 n +n 42 Perguntas e Problemas 4.15 A concentração de silício em uma liga ferro-silício é de 0,25%p. Qual é a concentração em quilogramas de silício por metro cúbico da liga? Dados: Exercícios propostos 3 3 Fe = 2,33 g/cm = 7,87 g/cm Si 43 Perguntas e Problemas 4.16 Determine a massa específica aproximada de uma liga de titânio (Ti-6Al-4V) que possui uma composição de 90%p Ti, 6%p Al e 4%p V. Dados: Exercícios propostos 3 3 3 = 4,51 g/cm = 2,71 g/cm = 6,10 g/cm Ti Al V 44 Perguntas e Problemas 4.21 O nióbio forma uma solução sólida substitucional com o vanádio. Calcule o número de átomos de nióbio por centímetro cúbico para uma liga nióbio-vanádio que contém 24%p de Nb e 76%p de V. Dados: Exercícios propostos 3 3 Nb 23 A = 8,57 g/cm = 6,10 g/cm A = 92,91 g/mol N = 6,023x10 átomos/mol Nb V 45 Perguntas e Problemas 4.23 O ouro forma uma solução sólida substitucional com a prata. Calcule a concentração de ouro, em porcentagem em peso, que deve ser adicionada à prata para produzir uma liga que contém átomos de Au por centímetro cúbico. Dados: Exercícios propostos 215,5 10x 46 Ciência e Engenharia de Materiais - Uma Introdução, Willian D. Callister. Jr, 7ª Edição, Editora LTC, 2007. Bibliografia
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