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11 - Crimes contra a fé pública

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CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
TEORIA GERAL
1. OBJETO JURÍDICO
O bem jurídico tutelado é a fé pública, isto é, a crença na legitimidade e autenticidade dos documentos.
Ensina Damásio que a expressão fé pública “objetivamente, indica a autenticidade documental; subjetivamente, aponta a confiança a priori que os cidadãos depositam na legitimidade dos sinais, documentos, objetos etc., aos quais o Estado, por intermédio da legislação pública ou privada, atribui valor probatório.”[1: DE JESUS, Damásio Evangelista. Direito Penal. 4º Vol. Parte Especial. Saraiva. São Paulo, 2005, 13º Ed. p. 3.]
De forma secundária, outros interesses são tutelados, como, e. g., no crime de moeda falsa o patrimônio da pessoa física ou jurídica lesado (art. 289 do CP).
2. SUJEITOS DOS CRIMES
Em regra, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo dos crimes contra a fé pública (crime comum).
Excepcionalmente, exige-se uma condição especial do sujeito ativo, como no crime de atestado médico falso – art. 302 do CP -, em que o sujeito ativo é apenas o médico; crime de certidão ou atestado ideologicamente falso – art. 301 do CP -, em que o sujeito ativo é o funcionário público.
O sujeito passivo principal é o Estado, titular da fé pública, e, eventualmente, o terceiro lesado.
3. REQUISITOS
Os requisitos comuns dos crimes de falsidade são:
1) Imitação ou alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante (imitatio verri)
A imitação é a criação do objeto material. A alteração é a modificação do objeto material legítimo.
O verbete da Súmula 17 do STJ aponta que “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.”
2) Potencialidade de dano
É indispensável que a falsidade tenha aptidão para enganar a vítima, portanto, que seja idônea. A falsificação grosseira exclui o crime de falsidade, podendo configurar, conforme o caso, o crime de estelionato.
Nesse sentido, o verbete da Súmula 73 do STJ: “A utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual.”
A idoneidade da falsificação é analisada de acordo com o critério do “homem médio”.
3) Dolo
O dolo é a consciência e a vontade de praticar os elementos do tipo. Na falsidade ideológica (art. 299) exige-se, além do dolo, a finalidade especial de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar fato juridicamente relevante. 
Inexiste crime culposo de falsum. 
4. CLASSIFICAÇÃO
A falsidade divide-se em material e ideológica. 
A falsidade material apresenta as seguintes características:
a) recai sobre a forma, parte externa do documento, o elemento físico do papel escrito; existem rasuras, borrões, emendas; o agente modifica as características originais do objeto, por meio de substituição de palavras, letras ou números;
b) o agente não tem competência ou legitimidade para elaborar o documento; 
c) em regra, é imprescindível a prova pericial, pois existe modificação da forma do documento.
d) a falsidade material pode ocorrer por meio da falsificação, que pode ser total ou parcial, ou da alteração.
e) a falsidade material é dividida em falsidade de documento público (art. 297 do CP) e falsidade de documento particular (art. 298 do CP). 
Já a falsidade ideológica tem os seguintes atributos:
a) recai sobre o conteúdo do documento, sobre a ideia que está dentro do documento; o documento é formalmente perfeito, mas a ideia é falsa; Inexistem rasuras, borrões, emendas, omissões ou acréscimos.
b) o agente tem legitimidade ou competência para a confecção do documento;
c) não há necessidade de prova pericial, haja vista que o documento é formalmente perfeito.
d) a falsidade ideológica de documento público e de documento caracterizam o mesmo crime tipificado no art. 299 do CP. 
O preenchimento abusivo de folha em branco assinada por alguém configura falsidade material ou ideológica, conforme o agente tenha ou não competência ou legitimidade para preencher o documento. Se tiver competência, o crime é de falsidade ideológica; se não tiver, o crime é de falsidade material.
MOEDA FALSA - 289
2.2. Objeto jurídico
2.2. Objeto material
2.3. Sujeito ativo 
2.4. Sujeito passivo
2.5.Ação nuclear
2.7. Elemento subjetivo 	
2.8. Consumação e tentativa
2.8. Ação penal
MOEDA FALSA. NOTAS. 50 REAIS. PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. 
A Turma negou a ordem por entender que não se aplica o princípio da insignificância ao crime de moeda falsa por tratar-se de delito contra a fé pública, visto que é interesse estatal a sua repreensão. Precedentes citados do STF: HC 93.251-DF, DJ 22/8/2008; do STJ; AgRg no REsp 1.026.522-CE, DJ 8/9/2009; REsp 964.047-DF, DJ 19/11/2007, e HC 52.620-MG, DJ 10/9/2007. HC 129.592-AL, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 7/5/2009.
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO – 297
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: 
I - na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; 
III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. 
§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. 
2.2. Objeto jurídico
Tutela-se a fé pública dos documentos públicos e equiparados.
2.2. Objeto matérial
A conduta do agente pode recair sobre o documento público falso quando este é criado ou contrafeito (“falsificar”) ou sobre documento público verdadeiro quando este é apenas modificado (“alterar”).
É considerado documento público, para fins penais, todo escrito emanado do funcionário público, no exercício da função, feito de acordo com as formalidades legais, que busca provar a existência de um fato ou ato público juridicamente relevante.
Portanto, para que o documento possa ser considerado público, mister se faz a presença de três requisitos:
1) deve ser emitido por funcionário público no exercício da função; 
2) deve ser feito de acordo com as formalidades legais; 
Dessa forma, não é documento público o escrito a lápis ou a cópia não autenticada.
3) o documento deve ser substancialmente público, isto é, de interesse público.
Nos termos do art. 297, § 2º, do CP, equiparam-se a documento público, certos documentos particulares:
a) emanado de entidade paraestatal;
b) título ao portador ou transmissível por endosso;
O cheque devolvido não é mais transmissível por endosso, logo, não é equiparado a documento público.
c) ações de sociedade empresarial
Engloba as ações da sociedade anônima e comandita por ações.
d) livros mercantis
Pouco importa se os livros são obrigatórios ou facultativos. 
e) testamento particular/holográfo. 
2.3. Sujeito ativo 
		O crime pode ser cometido por qualquer pessoa (crime comum), entretanto, a pena é aumentada de 1/6 se o agente é funcionário público e comete o crime prevalecendo-se do cargo (art. 297, § 1º, do CP).
2.4. Sujeito passivo
		É o Estado e, eventualmente, o terceiro prejudicado.
2.5.Ação nuclear
O crime é de conduta múltipla. Incriminam-se as condutas de falsificar, no todo ou em parte,documento público falso, que significa criar algo que não existe materialmente e de alterar documento público verdadeiro, que significa modificar um documento público já existente. 
Equivocadamente, a Lei nº 9.983/00 inseriu no contexto da falsidade material condutas que dizem respeito a falsidade ideológica contra a Previdência Social.
Assim, também configura o crime de falsidade de documento público quem insere ou faz inserir:
I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório; 
II - na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; 
III - em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. 
2.7. Elemento subjetivo 	
É o dolo de falsificar, no todo ou em parte, documento público ou alterar documento público verdadeiro.
Não há elemento subjetivo do tipo específico (na linguagem clássica dolo específico) e a forma culposa não é admitida.
2.8. Consumação e tentativa
			A consumação ocorre com a criação, total ou parcial, do documento público, ou com a alteração deste, ainda que não haja efetivo uso do documento. Trata-se de crime formal.
			A tentativa é admitida, já que o crime é plurissubsistente.
2.8. Ação penal
A ação penal é pública incondicionada.
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR – 298
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
2.2. Objeto jurídico
É a fé pública dos documentos particulares.
2.2. Objeto material
O objeto material é o documento particular, ou seja, todo aquele que não é público.
De se ver que o documento público nulo é considerado documento particular para fins penais, assim como o cheque devolvido.
2.3. Sujeito ativo 
O crime pode ser cometido por qualquer pessoa (crime comum),
2.4. Sujeito passivo
É o Estado e, eventualmente, o terceiro prejudicado.
2.5.Ação nuclear
O crime é de conduta múltipla. Incriminam-se as condutas de falsificar, no todo ou em parte, documento particular falso, que significa criar algo que não existe materialmente e de alterar documento particular verdadeiro, que significa modificar um documento particular já existente. 
2.7. Elemento subjetivo 	
2.8. Consumação e tentativa
2.8. Ação penal
A ação penal é pública incondicionada.
FALSIDADE IDEOLÓGICA – 299
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular.
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.
2.2. Objeto jurídico
O bem protegido é a fé pública.
Ensina Fernando Capez que no falso ideal “o documento é formalmente perfeito, sendo, no entanto, falsa a idéia nele contida. O sujeito tem legitimidade para emitir o documento, mas acaba por inserir-lhe um conteúdo sem correspondência com a realidade dos fatos.”[2: CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. Volume 3. 9ª Ed. 2011, p. 385]
2.2. Objeto material
É o documento público ou particular.
2.3. Sujeito ativo 
O crime tem como sujeito ativo qualquer pessoa (crime comum). No caso de funcionário público que comete o crime prevalecendo-se do cargo ou se a alteração é de assentamento de registro civil a pena é aumentada de 1/6 (art. 299, parágrafo único).
2.4. Sujeito passivo
É o Estado e, eventualmente, o terceiro prejudicado.
2.5.Ação nuclear
O crime é de conduta múltipla ou de conteúdo variado, perfazendo-se quando o agente insere ou faz inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita (condutas comissivas) ou omite em documento público ou particular declaração que dele devia constar (conduta omissiva).
Na forma inserir o agente introduz diretamente a declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, enquanto que na forma fazer inserir o agente se vale de interposta pessoa para a inserção dos dados falsos.
2.7. Elemento subjetivo 	
É o dolo, sendo imprescindível o elemento subjetivo do tipo específico consistente na finalidade de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar verdade sobre fato juridicamente relevante. A forma culposa não é prevista.
2.8. Consumação e tentativa
			A consumação advém com a omissa ou inserção da declaração, independentemente de prejuízo à alguém. O crime é formal.
			A tentativa somente é admitida nas formas comissivas de inserir e fazer inserir.
2.8. Causas de aumento da pena
A pena é aumentada da sexta parte em dois casos (art. 299, parágrafo único):
I) agente funcionário público e prevalece-se do cargo para a prática do crime;
II) falsificação de assentamento de registro civil, contudo, na conduta de registrar nascimento inexistente o crime é do art. 241 do CP e de registrar filho alheio como próprio o crime é o do art. 242 do CP.
2.8. Ação penal
A ação penal é pública incondicionada.
FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO – 302
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:
Pena - detenção, de um mês a um ano.
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
2.2. Objeto jurídico
A proteção incide sobre a fé pública dos atestados médicos.
Ensina Sylvio do Amaral que “criou-se, assim, para o médico (a exemplo do que também indevidamente se fez em relação ao funcionário público no art. 301) um privilégio desarrazoado e manifestamente imoral: quando ele mente como cidadão, será punido com pena de reclusão de um a três anos; se o faz, entretanto, como médico, sujeita-se a pena que vai de um mês a um ano, apenas, de detenção. O tratamento mais benigno é dispensado justamente ao procedimento mais grave, que envolve o abuso de prerrogativas do grau profissional.”[3: DO AMARAL, Sylvio. Falsidade Documental. 4ª Ed. MIlleniun Editora. Campinas-SP, 2000, p. 153. ]
2.2. Objeto material
O objeto material é o atestado médico falso.
2.3. Sujeito ativo
O sujeito ativo é somente o médico (crime próprio). Assim, os demais profissionais que fornecerem atestados falsos no exercício das respectivas profissões, como, por exemplo, psicólogos ou dentistas, respondem pelo crime mais grave de falsidade ideológica do art. 299 do CP.
Por outro lado, se o atestado falso é emitido por médico funcionário público, no exercício da função, o crime é o do art. 301, se presentes as demais elementares.
2.4. Sujeito passivo
		A vítima é o Estado.
2.5.Ação nuclear
		Consubstancia-se no verbo dar, que significa fornecer, entregar, no exercício da profissão, atestado falso.
2.7. Elemento subjetivo 	
É o dolo, direto ou eventual.
A finalidade lucrativa é dispensável, funcionando apenas como forma qualificada do crime, fazendo com que a pena de multa também seja aplicada (art. 302, parágrafo único).
2.8. Consumação e tentativa
A consumação ocorre no exato instante em que o médico entrega o atestado médico.
A tentativa é admitida, já que o crime é plurissubsistente.
2.8. Ação penal
A ação penal é pública incondicionada.
USO DE DOCUMENTO FALSO – 304
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
2.2. Objeto jurídico
É a fé pública, no que tange à utilização do documento.
2.2. Objeto material
A conduta criminosa recai sobre quaisquer dos documentosmaterial ou ideologicamente falsos descritos nos arts. 297 a 302 do CP, a saber: documento público, documento particular, papel onde consta firma ou letra falsamente reconhecida, atestado ou certidão pública ou, ainda o atestado médico.
2.3. Sujeito ativo 
O crime tem como sujeito ativo qualquer pessoa (crime comum), salvo o próprio falsificador.
2.4. Sujeito passivo
A vítima é o Estado e eventual lesado pelo uso do documento falso.
2.5.Ação nuclear
Consubstancia-se em fazer uso, isto é, utilizar qualquer dos papéis falsificados ou alterados a que se referem os arts. 297 a 302 do CP.
É indispensável que o documento seja utilizado em sua destinação probatória específica. Assim, inexiste o crime se o agente utiliza CNH falsa como documento de identificação pessoal.
Não basta o simples porte do documento, salvo CNH em que o simples porte desta já é considerado uso, uma vez que o CTB exige que o motorista porte a CNH e a exiba quando solicitado.
É irrelevante para a configuração do crime que o documento seja apresentado espontaneamente pelo agente ou apresentado quando solicitado ou exigido pela autoridade.
Uso de documento falso não está abrangido pelo direito à autodefesa de foragidos 
A tese de autodefesa não deve ser aplicada quando o foragido usa documento falso para tentar ocultar sua condição da polícia. O entendimento é da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que negou pedido de habeas corpus em favor de dois procurados pela Justiça que apresentaram identidades falsas a policiais federais. 
“O uso de documento falso para se evadir de ação policial não caracteriza exercício de ampla defesa”, argumentou o desembargador convocado Vasco Della Giustina. De outra forma, segundo ele, “aquele que tem ciência de que está sendo procurado pela Justiça raciocinará que, se portar um documento falso e o utilizar quando abordado por agentes do Estado, poderá se livrar da prisão, uma vez que é possível que obtenha êxito em enganar os policiais e, caso não alcance o desiderato ludibrioso, a sua conduta não será punida, visto que será tida como autodefesa”, concluiu. 
“Cumpre destacar que não se está aqui a negar a existência da autodefesa, como desdobramento do direito à ampla defesa, pois é comum ou humano, portanto compreensível, o falseamento de identidade em situação de iminente perigo à liberdade ou à vida”, completou. 
Ficha extensa
A defesa alegou que os foragidos não teriam “apresentado” os documentos falsos aos policiais federais. Assim, eles teriam apenas adquirido as identidades falsas, mas não as utilizaram. Elas teriam sido apenas “encontradas” pelos agentes durante a diligência na casa onde estavam. 
Nas palavras da defesa, “a finalidade dos pacientes era impedir que as autoridades policiais descobrissem algo sobre suas extensas fichas criminais e os respectivos mandados de prisão expedidos em seu desfavor”. 
Porém, os policiais afirmaram que os réus efetivamente apresentaram as identidades em nome de terceiros como se fossem suas. As companheiras dos acusados confirmaram a versão dos agentes. 
A decisão mantém a condenação pelo crime de uso de documento falso (artigo 304 do Código Penal), determinada pela Justiça Federal em São Paulo. 
2.7. Elemento subjetivo 	
É o dolo direto ou eventual.
2.8. Consumação e tentativa
A consumação ocorre no momento em que o agente usa o documento, salvo a CNH em que o simples porte já é considerado uso do documento.
A tentativa é inadmitida, pois o crime é unissubsistente.
2.8. Ação penal
A ação penal é pública incondicionada.
2.8. Concurso de crimes
O agente que falsifica o documento e em seguida faz uso deste responde apenas pelo crime de falsidade que absorve o uso. O uso de documento falso é um post factum impunível.
SUPRESSÃO DE DOCUMENTO - 305
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é particular.
2.2. Objeto jurídico
É a fé pública.
2.2. Objeto material
2.3. Sujeito ativo 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. O crime não se configura quando o agente atribui falsa identidade para escapar da ação policial, haja vista o princípio da autodefesa.
2.4. Sujeito passivo
A vítima é o Estado e, eventualmente, a pessoa prejudicada pela atribuição indevida.
2.5.Ação nuclear
2.7. Elemento subjetivo 	
É o dolo acrescido do elemento subjetivo do tipo específico em benefício próprio ou de outrem ou em prejuízo alheio.
2.8. Consumação e tentativa
2.8. Ação penal
FALSA IDENTIDADE - 307
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
2.2. Objeto jurídico
É a fé pública.
2.2. Objeto material
2.3. Sujeito ativo 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. O crime se configura quando o agente atribui falsa identidade para escapar da ação policial, haja vista o princípio da autodefesa.
2.4. Sujeito passivo
A vítima é o Estado e, eventualmente, a pessoa prejudicada pela atribuição indevida.
2.5.Ação nuclear
2.7. Elemento subjetivo 	
É o dolo acrescido do elemento subjetivo do tipo específico de obter vantagem para si ou para outrem ou provocar dano a terceiro.
2.8. Consumação e tentativa
2.8. Ação penal
Princípio da autodefesa não afasta crime de quem apresenta falsa identidade
Em julgamento de recurso especial, sob o rito dos recursos repetitivos (artigo 543-C do Código de Processo Civil), a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) firmou a tese de que a apresentação de identidade falsa perante autoridade policial é crime e a conduta não está amparada no princípio constitucional da autodefesa. 
O entendimento, que acompanha a mesma orientação do Supremo Tribunal Federal, foi aplicado para reformar acórdão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que absolveu um homem do crime de falsa identidade (artigo 307 do Código Penal). 
Preso em flagrante, ele se identificou à polícia com um nome falso, mas o acórdão entendeu pela absolvição desse delito porque “o ordenamento jurídico penal tolera o falseamento da verdade enquanto a tal postura se possa realmente atribuir característica de defesa”. 
Conduta típica
No STJ, o ministro Sebastião Reis Júnior, relator, observou que, em vários precedentes, a Corte tem aplicado entendimento divergente. 
“Acompanhando a orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal, é típica a conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial, ainda que em situação de alegada autodefesa”, disse o ministro. 
A condenação pelo delito de falsa identidade foi restabelecida e a decisão vai orientar as demais instâncias da Justiça sobre como proceder em casos idênticos, evitando que recursos que sustentem tese contrária cheguem ao STJ.

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