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O NEPOTISMO E SUAS IMPLICAÇÕES NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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O NEPOTISMO E SUAS IMPLICAÇÕES NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
 INTRODUÇÃO
A palavra nepotismo é de origem latina e significa: NEPOS (netos, sobrinhos ou descendentes, a posteriore), ou também pode ser visto como NEPOTE (favorito). A terminologia é utilizada como referência do favorecimento de parentes, em nomeação ou elevação de cargos públicos.
Historicamente, o nepotismo surgiu no Brasil pela primeira vez quando então as Capitanias Hereditárias inicialmente foram doadas a pessoas próximas da Coroa, como forma de agrado e pagamento de favores e dívidas, mas sempre com o compromisso de receber altos valores periódicos usurpados da recém descoberta terra.
 De acordo com o dicionário jurídico, o verbete significa favoritismo, patronato. Nepotismo ocorre quando, por exemplo, um funcionário é promovido, nomeado ou contratado por ter relações de parentesco com aquele que o promove, havendo pessoas mais qualificadas e mais merecedoras. 
As práticas de nepotismo substituem a avaliação de mérito para o exercício da função pela valorização de laços de família. É prática que viola as garantias constitucionais de impessoalidade administrativa, na medida que estabelece privilégios em função de relações de parentesco e desconsidera a capacidade técnica para o exercício do cargo. Isto está estreitamente vinculado à estrutura de poder dos cargos e funções da administração pública e se configura quando, de qualquer forma, a nomeação do servidor ocorre por influência de autoridades ou agentes ligados a esse servidor de parentesco. (CNJ, nepotismo, 2010)
Podemos conceber o conceito de nepotismo como a prática pela qual um agente público usa de sua posição de poder para nomear, contratar ou favorecer um ou mais parentes, sejam por vinculo da consanguinidade ou da afinidade, em violação às garantias constitucionais de impessoalidade administrativa.
Neste caso, estamos falando do nepotismo direto, ou seja, a autoridade nomeia seu próprio parente. Exemplo: Irmão do prefeito nomeado secretário de esportes.
Outra forma é o nepotismo cruzado. É aquele em que o agente público nomeia pessoa ligada a outro agente público, enquanto a segunda autoridade nomeia uma pessoa ligada por vínculos de parentescos ao primeiro agente, como troca de favores, também entendido como designação recíprocas. Citarei exemplos que aconteceram em Corinto, comentado por toda a cidade. Por volta do ano de 2012, o promotor da cidade, impôs ao prefeito da época o afastamento de vários comissionados por nepotismo cruzado. Exemplifico: o pai de um vereador que ocupava cargo comissionado; a secretária de assistência social casada com médico contratado.
Existe, ainda, vedação a contratação de pessoa jurídica em que haja familiar de agente público na sua composição que atua como administrador, sócio ou que seja representante legal da empresa (decreto nº 7.203/2010 – CGU). 
DESENVOLVIMENTO
A PROIBIÇÃO DO NEPOTISMO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A nomeação de parentes para ocupar cargos na Administração Pública, sempre esteve presente na política nacional. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, esta conduta revela-se incompatível com o ordenamento jurídico pátrio, pois através dos princípios da impessoalidade, moralidade, eficiência e isonomia, evitam que o funcionalismo público seja tomado por aqueles que possuem parentesco com o governante, em detrimento de pessoas com melhor capacidade técnica para o desempenho das atividades.
A administração pública, tanto em sentido subjetivo quanto no sentido objetivo, está sobre o manto dos Princípios Constitucionais, que são a base de todo o ordenamento jurídico, de modo a garantir o bom funcionamento da administração e proteger as garantias fundamentais dos administrados. De acordo com o artigo 37, da Carta Magna de 1988:
Art. 37 – A Administração Pública direita ou indireta de qualquer dos Poderes das União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, e também ao seguinte: [....]
De acordo com o Princípio da Impessoalidade, todos os administrados devem ser tratados sem discriminação, sejam elas benéficas ou detrimentosas. Deve-se ressaltar que, a exceção a esse princípio será possível quando houver necessidade de manter o Princípio da supremacia do Interesse Público sobre o Privado, ou seja, quando houver necessidade de garantir os interesses coletivos. A Administração Pública deve ser impessoal, ou seja, o agente público deve visar o interesse público e não a satisfação de seus interesses pessoais ou familiares (grifei).
De acordo com o Princípio da Moralidade Administrativa, também afetado pela prática de Nepotismo, a administração e seus agentes têm que atuar em conformidade com os princípios éticos, e, violá-los implica na própria violação do Direito, logo, o ato imoral configura-se ilícito, tornando a conduta viciada invalidade. Tal princípio compreende em seu âmbito, os chamados Princípios da lealdade e da boa-fé.
O Princípio da Eficiência, de fácil entendimento em virtude do seu próprio nome, objetiva algo mais do que desejável, a eficiência no funcionamento da Administração Pública. Vale ressaltar, que a consolidação deste princípio só é possível se estiver em consonância com o princípio da Legalidade e com os demais princípios, como exemplo o da Publicidade. Supremacia do Interesse Público sobre o Privado, da Razoabilidade, Proporcionalidade. 
Além da força normativa dos princípios constitucionais, temos a previsão do Estatuto dos Servidores da União, Lei nº 8.112/90, que em seu art. 117, inciso VIII, proíbe o servidor de manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até segundo grau civil. No Poder Executivo Federal, dispõe sobre a vedação do nepotismo o Decreto nº 7.203, de 04/06/2010. No âmbito do Poder Judiciário, foram editadas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a Resolução nº 7 (18/10/2005), alterada pelas Resoluções nº 9 (06/12/2005) e nº 21 (29/08/2006). Também para o Ministério Público, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), publicou as Resoluções de nº 1 (04/11/2005) nº 7 (14/04/2006) e nº 21 (19/06/2007).
“Esses diplomas proíbem a presença de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive dos respectivos membros ou juízes vinculados ao tribunal, assim como de qualquer servidor ocupante do cargo de direção ou assessoramento, para exercer cargo em comissão ou função de confiança, para as contratações temporárias e para as contratações diretas com dispensa ou inexigibilidade de licitação em que o parente existia entre os sócios, gerentes ou diretores da pessoa jurídica”. (curso de Direito Administrativo, 5ª ed. Pg. 65, Leiner Marchetti Pereira)
Mesmo com todo estes dispositivos, a perniciosa prática persiste. Em agosto de 2008, o Supremo Tribunal Federal (STF) editou a Súmula Vinculante nº 13, na tentativa de impedir o nepotismo em todos os órgãos do Estado, incluindo as estruturas do Poder Executivo e Legislativo, bem como as pessoas jurídicas da Administração Pública indireta (autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista).
SÚMULA VINCULANTE Nº 13	
Estabelece a referida súmula:
“A nomeação de cônjuge, companheiro, ou parente, em linha reta, colateral ou por afinidade, até o 3º grau inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou ainda, de função gratificada na Administração Pública direta ou indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal”.
Considerando o enunciado, temos:
	 Parente em linha reta	Parente Colateral 	Parente por afinidade
						 (familiares do cônjuge)
1º grau Pai, mãe e filho(a)				 Padrasto, madrasta,enteado, 
							 Sogro (a), genro e nora.
2º grau Avô (a) e neto(a)	 Irmãos		 Cunhado(a),avô(a) do cônjuge 
3º grau Bisavô(a), bisneto(a) Tio, sobrinho	 Concunhado(a)
Importante ressaltar que no trecho final “(...) compreendido o ajuste mediante designações reciprocas (...)”, a súmula também vetou o chamado nepotismo cruzado, quando um político indica um parente seu para assumir um cargo em outro órgão, sob supervisão de outro político ou servidor, enquanto este último indica um parente seu para trabalhar junto ao primeiro. Há troca de indicações, objetivando burlar as restrições impostas. As regras acima elencadas também abraçam os vices.
Com a publicação da súmula, será possível contestar no próprio STF, por meio de reclamação, a contratação de parente para cargos da administração pública direta e indireta no Executivo e no Legislativo. Ao julgar o recurso, os ministros disseram que o artigo 37 da Constituição Federal, que determina a observância dos princípios da moralidade e da impessoalidade na administração pública, é auto aplicável. 
“Não é necessária lei formal para aplicação do princípio da moralidade”, disse o ministro Menezes Direito. O ministro Ricardo Lewandowski, relator do recurso extraordinário, afirmou que é “falacioso” o argumento de que a Constituição Federal não vedou o nepotismo e que, então, essa prática seria lícita. Segundo ele, esse argumento está “totalmente apartado dos ethos¹ que permeia a Constituição cidadã.
No entanto, os nove ministros que participaram do julgamento fizeram uma diferenciação entre cargos administrativos, criados por lei, e cargos políticos, exercidos por agentes políticos. No primeiro caso, a contratação de parentes é absolutamente vedada. No segundo, ela pode ocorrer, a não ser que fique configurado o nepotismo cruzado.
Apesar do enunciado Constitucional, leis e resoluções, súmula vinculada nº 13, a matéria ainda não está apaziguada. A nomeação de parentes para cargos políticos gera diferentes interpretação do judiciário e ministros do Supremo. 
O ministro Gilmar Mendes decidiu em recurso do município de Canoas/RS, que cargos de natureza política, como o de secretário de Estado ou secretário municipal, não se submetem às hipóteses da Súmula Vinculante 13, que veda a prática do nepotismo na administração pública (Revista Consultor Jurídico, 8 de setembro de 2017).
Em contrapartida, outras decisões do STF, divergente proferidas pelos ministros Luiz Fux e Marco Aurélio, publicações do Supremo Tribunal Federal, do dia 15 de fevereiro de 2016 e 14 de agosto de 2017, abaixo, respectivamente:
Nomeação para cargo político não afasta a aplicação da súmula sobre nepotismo.
O ministro Luiz Fux, do STF, determinou o prosseguimento da ação civil pública, por ato de improbidade administrativa, proposta pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) contra o prefeito afastado da cidade de Campina do Monte Alegre (SP). Acusado da prática de nepotismo, Orlando Donizete Aleixo nomeou o sobrinho para o cargo de secretário municipal de administração, planejamento e finanças, e o cunhado para o cargo de secretário municipal de segurança pública e trânsito.
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) extinguiu a ação pública, sem resolução de mérito, alegando impossibilidade jurídica do pedido, sob o entendimento de que a Súmula Vinculante nº 13 (que veda o nepotismo) não se aplica aos cargos de natureza política, como os cargos de secretários, questionados na ação. Na reclamação (RCL) 17102 ajuizada no Supremo, o MP-SP alegou que a interpretação dada pelo TJ-SP à SV nº 13 está equivocada, já que os juízes não podem criar direito novo na interpretação de súmulas vinculantes.
Ao julgar procedente a reclamação e determinar que a ação civil pública conta o prefeito afastado retome seu curso, o ministro Fux afirmou que o entendimento fixado pelo STF foi o de que a vedação ao nepotismo é consequência lógica do caput do artigo 37, da Constituição Federal, em obediência aos princípios da moralidade e da impessoalidade.
O ministro Fux lembrou que, nesses casos, a configuração ou não do nepotismo deve ser analisada caso a caso, a fim de verificar a eventual ocorrência de “nepotismo cruzado” ou outra modalidade de fraude à lei e descumprimento dos princípios administrativos. “Nessa seara, tem-se que a nomeação de agente para exercício de cago na administração pública, em qualquer nível, fundada apenas e tão somente no grau de parentesco com a autoridade nomeante, sem levar em conta a capacidade técnica para o seu entendimento de forma eficiente, além de violar o interesse público, mostra-se contrária ao princípio republicano”, asseverou.
Citando precedentes como a RCL 17627(de relatoria do ministro Luís Roberto Barroso), a RCL 11605 (do ministro Celso de Mello), o ministro Fux enfatizou que, quanto aos cargos políticos, deve-se analisar, ainda, se o agente nomeado possui a qualificação técnica necessária ao seu desempenho e se não há que desabone sua conduta. Acrescentou que a proposta de Súmula Vinculante nº 56 do STF, a ser analisada pelo Plenário, tem a seguinte redação sugerida: “nenhuma autoridade pode nomear para cargo em comissão, designar para função de confiança, nem contratar cônjuge, companheiro ou parente seu, até terceiro grau, inclusive, nem servidores podem ser nomeados, designados ou contratados para cargos ou funções que guardem relação funcional de subordinação direta entre si, ou que sejam incompatíveis com a qualificação profissional do pretendente”. (grifos meus).
Suspensa nomeação de mulher e filho do prefeito de Touros (RN) para secretários municipais.
O ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferiu liminar para suspender a eficácia de portarias do prefeito do munícipio de Touros (RN), Francisco de Assis Pinheiro de Andrade, nomeando sua mulher e filho para cargos de secretário municipal. A decisão foi tomada na Reclamação (RCL) 26424, ajuizada por um advogado residente na cidade. Em análise preliminar do caso, o ministro verificou os atos questionados violam o preceito disposto na Sumula Vinculante (SV) 13, que veda a prática de nepotismo.
A reclamação questiona as Portarias 4/2017 e 5/2017, por meio das quais o prefeito nomeou sua mulher para o cargo de secretária de Assistência Social, Cidadania e Habitação e o filho para secretário de Saúde. O autor do pedido no STF sustenta que os nomeados não possuem qualificação técnica nem experiência nas áreas, tampouco histórico de atuação na administração pública. Em informações prestadas ao relator, o prefeito esclarece reconhecer as nomeações, mas considera que a regra que veda o nepotismo na administração pública faz uma exceção aos cargos políticos, no caso de secretários municipais, ressaltando a qualificação técnica de seus indicados para o exercício das funções.
Decisão.
Segundo o ministro Marco Aurélio, os atos do prefeito de Touros mostram-se incompatíveis com o enunciado da SV 13. O verbete prevê que “a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal”.
O relator explicou que o enunciado contempla três vedações distintas relativamente à nomeação para cargo em comissão, de confiança ou função gratificada em qualquer dos Poderes de todos os entes integrantes da federação. Segundo ele, a primeira diz respeito à proibição e designar parente da autoridade nomeante. A segunda se refere a familiar de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento. A terceira refere-se ao nepotismo cruzado,mediante designações recíprocas. “No mais, o teor do verbete não contém exceção quanto ao cargo de secretário municipal”, afirmou.
CONCLUSÃO
CONTROLE DO NEPOTISMO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O nepotismo é uma conduta repugnante que contraria a moral comum. Observa-se, contudo, que além de atingir o senso comum de justiça, tal prática afeta um princípio maior da Constituição Federal, ou seja o princípio da moralidade.
O nepotismo fere, assim, o art. 37, da Constituição Federal, e, consequentemente, os princípios previstos por esse dispositivo, que se refere à administração pública (Impessoalidade, Moralidade, Eficiência e acima de todos a Supremacia do Interesse Público). 
Os instrumentos capazes de combater os atos imorais são a Ação Popular, que pode ser impetrada por qualquer cidadão capaz e a Ação Civil Pública, impetrada pelo Ministério Público. Reconhecida a imoralidade dos atos administrativos são sanções a perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, declaração de indisponibilidade dos bens e obrigação de ressarcir o erário. Telmo da Silva Vasconcelos afirma que: “O controle do excesso e dos abusos no provimento dos cargos em comissão são competência constitucional posta aos mecanismos de controle, notadamente o Ministério Público e os Tribunais de Conta. Bastaria que tais entes fiscalizassem e exigissem o exato cumprimento das determinações constitucionais, ou seja, que o provimento dos cargos em comissão viesse a ocorre somente para atividades de direção, chefia ou assessoramento, condicionado, evidentemente, o provimento à comprovação da capacidade técnica do indicado. Para os casos em que há legislação específica a situação fica mais fácil de ser controlada, bastando a exigência do cumprimento da lei”.
Afirma Antônio Fernando Dantas Montalvão, cuja opinião compactuo em parte, que: “O nepotismo somente existe em razão dos cargos comissionados, para os quais não se exige concurso público para o seu provimento. O grande problema são as competências constitucionais dos entes federativos e dos seus respectivos poderes. A prática somente poderá ser coibida se constar do texto constitucional, por emenda, obrigando a todos, vedando a nomeação de parentes até o grau que for determinado para os cargos comissionados. Não há outra alternativa. Se houvesse norma constitucional obrigando o preenchimento dos cargos comissionados somente por servidores do quadro, aparentemente, o problema seria resolvido, contudo, resultaria prejuízo para a Administração Pública, por engessá-la”.
Enfim, diante de todos os princípios analisados, resta provado que o nepotismo aparece na administração pública como um carcinoma, que necessita ser extirpado na sua raiz, pois sua prática compromete a ética e moral, além da eficiência do serviço público. Além de ser fator agravante na corrupção que norteia a história política do nosso país, afrontando os anseios de uma população farta dos desvios administrativos.
REFERÊNCIAS:
1 – O que é ethos? Ethos é uma palavra com origem grega, que significa “caráter moral”. É usada para descrever o conjunto de hábitos ou crenças que definem uma comunidade ou nação. No âmbito da sociologia e antropologia, o ethos são os costumes e os traços comportamentais que distinguem um povo. Por exemplo, ethos dos indianos. Também pode ser usada para se referir à influência da música nas emoções dos ouvintes, nos seus comportamentos e até mesmo na sua conduta. O ethos também exprime o conjunto de valores característicos de um movimento cultural ou de uma obra de arte. Ethos pode ainda designar as características morais, sociais e afetivas que definem o comportamento de uma determinada pessoa ou cultura. O ethos se refere ao espírito motivador das ideias e costumes. Na retórica, o ethos é um dos modos de persuasão ou componentes de um argumento, caracterizados por Aristóteles. O ethos é a componente moral, o caráter ou autoridade do orador para influenciar o público. As outras componentes são o logos (uso do raciocínio, da razão) e o pathos (uso da emoção).
Conselho Nacional de Justiça – O que é nepotismo?
Consultor Jurídico
Elpídio Donizetti – A proibição do nepotismo na administração pública
Krisllen da Silva Tourinho – O nepotismo na administração pública
Luciana Andrade Maia – Nepotismo
Publicações do STF
Sérgio Araújo Nunes – Nepotismo

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