Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Karollyna Braz de Carvalho SEMANA 2 EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DO MUNICÍPIO Y, Pessoa Jurídica de Direito Privado, inscrito no CNPJ sob o número ... , endereço eletrônico, com sede no endereço na rua ..., nº ..., bairro ..., cidade ..., no Estado..., por seu advogado, inscrito na OAB sob o número, com endereço profissional na rua ..., nº ..., bairro ..., cidade ..., no Estado..., com fundamento no artigo 5°, LXXI da CF, artigo 51, III e artigo 126, § 4° da Constituição do Estado de São Paulo, vem impetrar MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO em face de ato omissivo do PREFEITO DO MUNICÍPIO Y, estado civil..., portador da identidade de número ..., inscrito no CPF sob o número..., residente e domiciliado no endereço na rua ..., nº ..., bairro ..., cidade ..., no Estado..., que deverá ser citado na pessoa de seu Procurador-Geral na sede da Prefeitura Municipal, sob fatos e fundamentos de direito a seguir expostos: DOS FATOS Os funcionários representados pelo sindicato exercem atividade profissional em estação de tratamento de esgoto, submetendo-se à exposição constante a agentes nocivos à saúde e por essa razão percebem, assim como todos que trabalham nesta função, adicional de insalubridade. Segundo o artigo 51 a lei orgânica do município Y, compete ao prefeito apresentar proposta de Lei Complementar para regular o exercício do direito à aposentadoria especial dos servidores públicos municipais, efetivando-se assim o direito previsto na Carta Constitucional. Essa situação apresenta uma hipótese de norma constitucional de eficácia limitada cuja aplicabilidade é mediata, indireta e reduzida. Por natureza essas normas dependem de regulamentação futura para produzirem os seus efeitos. É importante destacar que além da eficácia limitada essa norma traduz uma obrigação jurídica indeclinável imposta ao Poder Público de maneira que a sua mora legislativa inviabiliza o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania. DOS FUNDAMENTOS Diante dos fatos expostos, não há dúvidas quanto ao cabimento da presente medida, encontrando a impetrante amparo no artigo 5°, inciso LXXI da CRFB/88, que prevê a concessão de mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício de direitos e liberdades constitucionais. Segundo o artigo 125, § 1° da CRFB/88, a competência dos tribunais é definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. Ainda nesse raciocínio o artigo 51 da Lei orgânica do Município de Y, compete exclusivamente, ao Prefeito a iniciativa dos projetos de lei que disponha sobre a aposentadoria dos servidores. No caso em questão os representados pela impetrante fazem jus a aposentadoria especial dos servidores públicos municipais que laboram em condições insalubres, tendo em vista o contato constante com agentes nocivos causadores de distúrbios e moléstias, sendo assim amparada pelos artigos 40° § 4º, inciso I da Constituição Federal e 126 § 4° da Constituição Estadual. O prefeito tem autonomia para legislar de maneira suplementar a legislação federal e estadual no que couber, conforme abordam os artigos 24, inciso XII e 30, inciso II da Constituição Federal. Por essa razão o mandado de injunção coletivo é o instrumento adequado a satisfação da pretensão veiculado pelo artigo 12, inciso III da Lei 13.300/16. Nesse sentido é imperioso destacar a jurisprudência do pretório excelso: EMENTA AGRAVO REGIMENTAL EM MANDADO DE INJUNÇÃO. DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO CIVIL. APOSENTADORIA ESPECIAL. ART.40, § 4º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. Ordem injuncional fundada na inexistência de norma regulamentadora do art. 40, § 4º, III, da Carta da Republica, a impedir o exercício de direito constitucionalmente assegurado, qual seja, a aposentadoria especial do servidor público que exerce atividades sob condições prejudiciais à saúde ou à integridade física. Ao julgamento do MI 721-7/DF, o Plenário do STF fixou o entendimento de que, evidenciada a mora legislativa em disciplinar a aposentadoria especial do servidor público prevista no art. 40, § 4º, da Lei Maior, se impõe a adoção supletiva, via pronunciamento judicial, da disciplina própria do Regime Geral da Previdência Social, a teor do art. 57 da Lei 8.213/1991. Agravo regimental conhecido e não provido. Portanto, resta clara a omissão normativa, devendo o Egrégio Tribunal na forma do artigo 51 da lei orgânica do município Y, reconhecer a omissão na regulamentação do artigo 40 § 4°, III da Constituição Federal, estabelecendo qual norma deverá disciplinar o direito da impetrante até que o Poder Executivo competente na pessoa do Prefeito, o faça, pois não se pode olvidar que a impetrante tem direito a ver deferido o pleito de aposentadoria especial, por trabalhar em condições especiais considerando os riscos constantes a que é submetida. Cumpre destacar ainda a orientação da Súmula Vinculante 33 do STF: Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição Federal, até a edição de lei complementar específica. Importante destacar que a mora verificada impõe a necessidade da tutela jurisdicional para aplicação analógica aqueles que laboraram por 15, 20 ou 25 anos conforme estabelecido no artigo 57 da Lei 8.213. DOS PEDIDOS Ante todo o exposto, requer: a) A notificação da autoridade coatora, para que, querendo, no prazo legal preste as informações que entender pertinentes, conforme artigo 7° da Lei 12.016/09; b) A intimação do Ministério Público para emitir parecer no prazo de 10 dias; c) Que o pedido seja ao final julgado procedente para declarar a omissão normativa do artigo 40, § 4° da CRFB/88, que inviabilizou o direito da impetrante a aposentadoria especial; d) Que seja por este colendo Tribunal determinada a aplicação analógica do artigo 57, § 1°, da Lei 8.213/91, até que seja sanada a omissão legislativa; e e) A condenação do impetrado em custas processuais DAS PROVAS Requer a análise das provas anexadas à presente ação DO VALOR DA CAUSA Dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00, conforme artigo 291 do CPC Nestes termos, Pede deferimento Local e data Advogado/OAB
Compartilhar