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EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 1 UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ VICE-REITORIA DE GRADUAÇÃO – VRG COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – CEaD Coleção Educação a Distância Série Livro-Texto Ijuí, Rio Grande do Sul, Brasil 2008 Ivo Ney Kuhn Remi Antonio Dama ELABORAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS E SOCIAIS EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 2 2008, Editora Unijuí Rua do Comércio, 1364 98700-000 - Ijuí - RS - Brasil Fone: (0__55) 3332-0217 Fax: (0__55) 3332-0216 E-mail: editora@unijui.edu.br www.editoraunijui.com.br Editor: Gilmar Antonio Bedin Editor-adjunto: Joel Corso Capa: Elias Ricardo Schüssler Designer Educacional: Jociane Dal Molin Responsabilidade Editorial, Gráfica e Administrativa: Editora Unijuí da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí; Ijuí, RS, Brasil) Catalogação na Publicação: Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí K96e Kuhn, Ivo Ney. Elaboração e acompanhamento de projetos públicos e sociais / Ivo Ney Kuhn, Remi Antonio Dama. – Ijuí : Ed. Unijuí, 2008. – 96 p. – (Coleção educação a distância. Sé- rie livro-texto). ISBN 978-85-7429-717-0 1. Projetos. 2. Projetos públicos. 3. Projetos soc iais. 4. Acompanhamento. I. Dama, Remi Antonio. II. Título. III. Série. CDU : 658.012.2 658.5 EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 3 SumárioSumárioSumárioSumário CONHECENDO OS PROFESSORES ......................................................................................... 5 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 9 UNIDADE 1 – CONSIDERAÇÕES SOBRE PROJETOS ....................................................... 11 Seção 1.1 – O que são projetos? ................................................................................................. 11 Seção 1.2 – Importância, tipos e origens de projetos .............................................................. 15 Seção 1.3 – Fases principais de um projeto .............................................................................. 20 UNIDADE 2 – PROJETOS PÚBLICOS E SOCIAIS ................................................................ 29 Seção 2.1 – Políticas, programas e projetos públicos e sociais .............................................. 31 Seção 2.2 – Fatores de êxito de um projeto público ou social ............................................... 33 Seção 2.3 – Fatores-chave para a aprovação de um projeto................................................... 35 Seção 2.4 – Os fatores-chave sob o ponto de vista das organizações financiadoras (doadores)......................................................... 36 Seção 2.5 – Características de uma proposta bem-sucedida, sob o ponto de vista das organizações financiadoras (doadores) .................... 37 Seção 2.6 – Razões para rejeição de projetos públicos ou Sociais ........................................ 38 Seção 2.7 – Etapa de destaque na seleção de projetos ........................................................... 39 Seção 2.8 – O que os doadores avaliam no orçamento........................................................... 39 Seção 2.9 – Tamanho ideal de uma pré-proposta..................................................................... 40 UNIDADE 3 – ROTEIRO PARA A ELABORAÇÃO DE PROJETOS PÚBLICOS E SOCIAIS.......................................................... 43 Seção 3.1 – Itens pré-textuais ..................................................................................................... 44 Seção 3.2 – Introdução ................................................................................................................ 47 EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 4 Seção 3.3 – Identificação da entidade proponente/executora ................................................ 47 Seção 3.4 – Caracterização da entidade proponente/executora ............................................. 50 Seção 3.5 – Situação/problema .................................................................................................... 52 Seção 3.6 – Definição dos objetivos ............................................................................................ 61 Seção 3.7 – Justificativa ............................................................................................................... 65 Seção 3.8 – Metodologia .............................................................................................................. 65 Seção 3.9 – Localização do projeto ............................................................................................. 66 Seção 3.10 – Entidades parceiras ................................................................................................ 68 Seção 3.11 – Beneficiários do projeto ......................................................................................... 68 Seção 3.12 – Início e término do projeto .................................................................................... 69 Seção 3.13 – Resultados esperados e metas a serem atingidas ............................................... 70 Seção 3.14 – Orçamento detalhado e cronograma físico e financeiro de execução ............ 71 Seção 3.15 – Aspectos de Engenharia ........................................................................................ 73 Seção 3.16 – Gerenciamento do projeto ..................................................................................... 74 Seção 3.17 – Referências e anexos .............................................................................................. 77 UNIDADE 4 – ACOMPANHAMENTO DE PROJETOS PÚBLICOS E SOCIAIS ............... 79 Seção 4.1 – Finalidade do acompanhamento de projetos ....................................................... 79 Seção 4.2 – O processo de acompanhamento ........................................................................... 82 Seção 4.3 – Acompanhamento por meio de indicadores quantitativos ................................. 85 Seção 4.4 – Acompanhamento por meio de fatores qualitativos ............................................ 88 Seção 4.5 – Concluindo esta unidade e o livro ......................................................................... 91 REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 93 EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 5 Conhecendo os ProfessoresConhecendo os ProfessoresConhecendo os ProfessoresConhecendo os Professores IVO NEY KUHN Sou graduado em três cursos superiores. É com muito honra e alegria que anuncio que minha primeira graduação concluída foi Tecnólogo em Cooperativismo, cursado entre 1980 e 1982 na Fidene. Após, cursei Administração de Empresas (1986) e Ciências Contábeis (1987), pela Unijuí. Fiz especialização em Economia Agrícola também na Unijuí e Especialização em Administração Rural pela Esalq/USP de Piracicaba (SP). Este período de forma- ção foi muito profícuo para o desenvolvimento da minha carreira profissional e qualificação técnica que possuo. Antes de iniciar o ensino superior, dos 13 aos 17 anos, traba- lhava na lavoura, com os meus pais e irmãos mais novos, em uma pequena propriedade rural no interior de Cerro Largo, de onde sou natural. Iniciei minha carreira profissional como assistente de pesquisa na Fidene, em março de 1982, logo após ter concluído o curso de Tecnologia. Certamente aí nasceu o embrião que me conduziuà carreira acadêmica. Entre 1982 e 1988 atuei como técnico em di- versos projetos de extensão, voltados à área do cooperativismo, da administração rural, da assessoria aos municípios e dos movimen- tos sociais. Ingressei na carreira de professor em 1989, ano em que também iniciei o Mestrado em Administração, ofertado pelo CMA/ UFPB, em João Pessoa, na Paraíba. A opção por aquela institui- ção deveu-se ao fato de que lá havia uma área de concentração em Finanças, com linha de pesquisa em gestão rural. O Mestrado foi concluído em 1992. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 6 Retornando do Mestrado, ingressei como professor assisten- te no quadro de carreira da Unijuí. A partir de 1994, além das atividades de docência, realizei atividades de extensão em cooperativas de assentamentos de re- forma agrária. Atuei também como coordenador do curso de Admi- nistração nos campus de Santa Rosa (1994 a 1996) e Ijuí (1996 a 1998). Fui chefe do Departamento de Estudos da Administração entre 1999 e 2001 e atualmente coordeno o curso de Administra- ção no campus Panambi e o colegiado dos cursos de Tecnologia EaD da Unijuí. Também tive uma riquíssima experiência em Consultoria Organizacional, tendo coordenado o Programa Extensão Empre- sarial (convênio Unijuí/Sedai) na Fronteira Noroeste entre 2001 e 2003, e no Noroeste Colonial entre 2004 e 2006, gerenciando uma equipe de 12 pessoas, entre técnicos e estagiários. Nesse período foram assessorados mais de 1.500 micro e pequenos empreendi- mentos dessas regiões. Atualmente trabalho com os componentes da área de finan- ças e do gerenciamento econômico e financeiro de empreendimen- tos. Também tenho uma larga experiência em empreendedorismo, projetos e planos de negócios. Resido em Ijuí (RS) há mais de 25 anos. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 7 REMI ANTONIO DAMA Sou graduado em Administração e mestre em Desenvolvimen- to, Gestão e Cidadania, na área de Políticas e Projetos de Desen- volvimento, cursados na Unijuí. Até atingir este estágio de forma- ção acadêmica desenvolvi outras atividades profissionais, as quais mencionarei adiante. Cursei o Ensino Médio Profiss ionalizante Técnico em Agropecuária no colégio Agrícola La Salle, na cidade de Xanxerê SC, concluindo-o em 1989. A partir dos anos 90 ingressei no Exército Brasileiro incorporan- do no Batalhão da Guarda Presidencial (BGP) em Brasília-DF. Gostan- do do ofício da caserna, concluí o Curso de Cabo (CB) em 1991 e o curso de Sargento do Exército (CFS) em 1993, quando fui transferido para a cidade de Ijuí-RS, onde atuo até o presente momento. Desenvolvi durante estes últimos anos diversas atividades dentro da instituição militar, desde missões de treinamento à atua- ção na área administrativa. Durante o curso de Graduação em Administração fui me en- cantando pela vida acadêmica, pelo desafio de colaborar com os alunos na busca e na produção de conhecimento. Iniciei, então, em 2004, o curso de Mestrado, concluindo-o em 2006. A partir da conclusão Mestrado, atuei como docente nos cursos de Pós- Graduação Lato Sensu em Direito Ambiental e em Gestão Ambiental, e em atividades eventuais no ensino de Graduação. Atualmente desenvolvo minhas atividades como professor no ensino de Graduação, atuando nos componentes curriculares de Empreendedorismo e de Planejamento Organizacional no curso de Administração da Unijuí, nos campi Ijuí e Santa Rosa. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 9 IntroduçãoIntroduçãoIntroduçãoIntrodução Este livro é um guia prático que visa a apoiar o trabalho técnico daqueles que estão diretamente relacionados com a formulação e a avaliação de projetos em geral, e dedica atenção especial aos projetos públicos e sociais. O roteiro metodológico sugerido possibili ta que a partir de um problema específico identificado, se articule a melhor alternativa para resolvê-lo. Na primeira unidade deste livro são abordados alguns conceitos fundamentais sobre projetos, refletindo também quanto às diversas fases dos mesmos. A segunda unidade conceitua e caracteriza os projetos públicos e sociais e analisa os aspectos que devem ser levados em consideração e respeitados para se obter sucesso na aprovação e implantação de um projeto público ou social. Na terceira unidade é oferecido um resumo dos principais itens que normalmente são contemplados nos roteiros usualmente utilizados para se elabo- rar projetos públicos e sociais. A quarta unidade trata do acompanhamento e da avaliação dos projetos públicos e sociais. Reflete também sobre alguns indicadores de avaliação. Os conteúdos abordados não pretendem esgotar o assunto, mas apresentar alguns tópicos estrategicamente importantes para a decisão social em projetos. Assim, além de al- guns referenciais teóricos, o texto pretende ajudá-los a melhorar a compreensão e interpre- tação dos aspectos técnicos, econômicos e sociais que envolvem a elaboração e o acompa- nhamento de projetos públicos e sociais. O texto se propõe a ser um roteiro didático que atenda às necessidades mínimas para uma aprendizagem satisfatória neste componente, especialmente no que se refere à decisão sobre projetos, notadamente na área pública. A estrutura deste livro pretende auxiliá-lo a melhor entender os aspectos relativos às variáveis influenciadoras para o sucesso na aprovação e implantação de projetos públicos e sociais. O texto oferece um roteiro de “elaboração e avaliação de projetos”, as pré-condi- ções, algumas estratégias e técnicas de acompanhamento e avaliação de projetos, bem como um conjunto de informações úteis à tomada de decisão no momento da sua elaboração, avaliação, acompanhamento e opção pela implantação. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 10 Finalmente, caso você queira se aprofundar no assunto, listamos um conjunto de refe- rências bibliográficas que apoiaram a elaboração deste documento e que são úteis para fundamentar estas temáticas. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 11 Unidade 1Unidade 1Unidade 1Unidade 1 CONSIDERAÇÕES SOBRE PROJETOS Nesta unidade serão abordados a definição e a conceituação de projetos. Vai compreender a importância, os diversos tipos de pro- jetos e as características e origens dos mesmos. Além disso, você vai conhecer as principais fases de um projeto. Seção 1.1 O que são projetos? Antes de nos determos nos conteúdos de elaboração e acompanhamento de projetos públicos e sociais, é pertinente entendermos a definição e a utilização do conceito de proje- to, por vezes mencionado para designar qualquer ação. Veja os exemplos: “Tenho um proje- to de vida que é....”; “O clube Amigos do Pereira tem um projeto de ser campeão municipal de futebol de salão”; “A professora do meu filho elaborou um projeto para ser cumprido neste ano letivo”; “Estou projetando mudanças na direção desejada desta organização”. Sinta o sabor de refletir: Quantas vezes você ouve estas ou semelhantes afirmações? Pense um pouco: “Será que em todas essas situações a palavra projeto tem um único significado ou, de acordo com o contexto em que é emprega- do, pode apresentar várias significações?” Ocupe alguns minutos do seu tempo e troque idéias com amigos ou familiares sobre essas inda- gações. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 12 Como você percebeu, a palavra projeto pode ter vários sentidos. Por isso, como qual- quer outro termo, pode também ser conceituado de diversas maneiras por diferentes autores, que importa conhecer para evitarmos equívocos. Segundo o dicionário “Aurélio”, por exemplo, projetoé uma “idéia que se forma de executar ou realizar algo no futuro; plano, intento, desígnio”; um “empreendimento a ser realizado dentro de determinado esquema”, ou ainda: “redação ou esboço provisório de um texto”. Para Cauping (1999 apud Valeriano, 2005, p. 42), projeto é: “um processo único con- sistindo de um grupo de atividades coordenadas e controladas com datas para início e tér- mino, empreendidas para alcance de um objetivo conforme requisitos específicos, incluindo limitações de tempo, custo e recursos”. Imagem disponível em: <www.dsc.ufcg.edu.br/.../html/intro/projeto.jpg>. Acesso em: 28 ago. 2008. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 13 De acordo com Sabato (1975, in Valeriano, 2005, p. 42), projeto é um empreendimento temporário realizado para criar um produto, um serviço ou um resultado singular. Em sentido amplo, como se percebe até o momento, emprega-se a palavra para desig- nar qualquer intenção de realizar algo, de forma racional, organizada. Um projeto expressa um salto imaginativo de uma situação presente para as possibilidades futuras. O projeto é parte integrante de um planejamento. Em sentido estritamente econômico, projeto s ignifica um plano de investimentos ou de aplicação de recursos, com a esperança de retornos futuros por um período razo- ável de tempo. Estes retornos podem ser expressos em termos financeiros, econômicos ou sociais. Dito de outra forma, um projeto é um conjunto de tarefas inter-relaciona- das, definidas para a solução de um problema específico ou para a obtenção de um determinado resultado. É um volume (conjunto) de antecedentes , dados e informações que permite identi ficar e analisar as vantagens/desvantagens da destinação/aplicação de recursos. Pode ainda ser entendido como o ato de planejar uma seqüência organizada de tare- fas relativas a uma situação concreta, em busca de um fim prático. Nas palavras de Keelling (2002), projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto ou serviço único, ou para alcançar um objetivo. O que implica um prazo determinado, uma data estipulada para conclusão e um resultado diferente daquele produ- zido no curso da rotina normal e com uma qualidade especificada. Ainda em sentido econômico, projeto “corresponde ao conjunto de informações, siste- mática e racionalmente ordenadas, que nos permite estimar os custos e benefícios esperados de um determinado investimento e nos indica a maneira de transformar essas ações na produção de bens e/ ou serviços” (Holanda, 1975). No sentido amplamente econômico “projeto significa a identificação de oportunida- des de investimentos ou da aplicação de recursos, com a esperança de retornos futuros por um período razoável de tempo” (Holanda, 1975). EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 14 Projeto também pode ser entendido como um conjunto de atividades interdependentes e interatuantes, orientadas para a realização de objetivos com tempo de duração pré-determinada. Um projeto se caracteriza por uma atividade não-repetitiva, que tem início e fim, sendo delineado por recursos limitados e previa- mente alocados para a sua execução. Numa estrutura de planejamento, na concepção de Holanda (1975), o projeto é a menor quantidade de investimento tomada em consideração no decurso da programação, com um mínimo de obras capaz de vida autônoma que, por motivos de complementaridade técnica, representa um todo que não pode ser destituído de suas partes sem que estas fi- quem comprometidas. Dentre todas essas considerações sobre o conceito e a empregabilidade da palavra projeto, pode-se observar a sua magnitude, variando o seu uso na perspectiva econômica, política, ambiental e social. O termo projeto está associado à percepção de necessidades ou oportunidades de certa organiza- ção. O projeto dá forma à idéia de executar ou realizar algo, no futuro, para atender a necessida- des ou aproveitar oportunidades. Dessa forma, o processo de elaboração, análise e avaliação de projetos envolve um complexo elenco de fatores socioculturais, econômicos e políticos que influ- enciam os decisores na escolha dos objetivos e dos métodos (Clemente, 2002, p. 21). Você deve perceber que projetos, no entanto, não existem isolados. Eles só fazem sentido na medida em que fazem parte de programas e/ou políticas mais amplas. Isto é, tanto no setor público como no setor não-governamental pode-se identificar três níveis de formulação da ação social: (a) o nível dos grandes objetivos e eixos estratégicos de ação (a política); (b) o nível intermediário, em que as políticas são “traduzidas” em linhas mestras de ações temáticas e/ou setoriais (programas); e (c) o nível das ações concretas, delimitadas no tempo, no espaço e pelos recursos exis- tentes, que visam a realizar os programas e as políticas, ou seja, os projetos. Este terceiro nível expressa nosso desafio neste momento. Os dois primeiros fazem parte do componente curricular “Políticas Públicas”, que integra este curso e que será abordado mais adiante. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 15 A grande utilidade dos projetos refere-se ao fato de que eles põem em prática as políti- cas e programas na forma de unidades de intervenção concretas. Os projetos são a melhor solução para organizar ações sociais, uma vez que eles “capturam” a realidade complexa em pequenas partes, tornando-as mais compreensíveis, planejáveis, manejáveis e gerenciáveis. Isso nos remete à administração por projetos, aspecto que será tratado mais adiante. Um projeto não é apenas aquele documento formal enviado aos potenciais financiadores como instrumento para captação de recursos. Muito mais do que isso, é uma das soluções técnicas mais difundidas para que as pessoas e as organizações possam contribuir com o enfrentamento de problemas de uma forma organizada, ágil e prática. Um projeto sempre tem caráter temporário e único. Temporário porque tem início e fim definidos. Único porque o produto ou serviço é, de algum modo, diferente de todos os produtos ou serviços, ainda que da mesma área ou de áreas semelhantes. Seção 1.2 Importância, Tipos e Origens dos Projetos Nesta seção faremos uma breve reflexão sobre a importância dos projetos na vida das organizações, caracterizando também os tipos e as origens dos mesmos. 1.2.1 – IMPORTÂNCIA DOS PROJETOS Os projetos têm grande importância como instrumental técnico-administrativo e de avaliação econômica, social e ambiental, tanto do ponto de vista privado como do ponto de vista social, pelas seguintes razões: • é um procedimento lógico, racional, que substitui o comportamento empírico, rotineiro, político ou intuitivo, geralmente empregado para as decisões de investimento; EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 16 • pode substituir o comportamento arbitrário, politiqueiro, baseado no “tráfico de influências”, por decisões tecnicamente justificadas, assegurando padrões mínimos de eficiência na administração pública. • viabiliza, com objetividade, programas de ação mais amplos e complexos. A importância dos projetos numa economia é, de certa maneira, a mesma do planeja- mento, que é um esforço de racionalização dos empreendimentos ou a busca de otimização de resultados na aplicação de recursos escassos, embora disponíveis. Dito de outra forma, planejamento é um sistema organizado e estruturado de informa- ções, avaliações e decisões, de curto, médio e longo prazos, que objetiva conduzir uma organização, formal ou informal, de um estado atual para um estado futuro desejado, num determinado tempo. Neste contexto, os projetos dão forma a esse planejamento, quantificando, qualificando e operacionalizando-o.Por isso, instituições financeiras, instituições governamentais, organizações não-go- vernamentais (ONGs) e outras entidades nacionais e internacionais de fomento, financiadoras e promotoras do desenvolvimento econômico e social, generalizaram a exigência de proje- tos para a aplicação de seus recursos. 1.2.2 – TIPOS DE PROJETOS À semelhança das atividades econômicas, podemos classificar os projetos em: (1) agropecuários; (2) industriais; (3) comerciais e (4) de serviços. Dentro de cada uma dessas categorias podemos ainda distinguir diferentes tipos, de acordo com os ramos de atividades. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 17 Assim teremos, na categoria dos agropecuários, projetos agrícolas de produção de grãos, de irrigação, de fertilização, produção pecuária, apoio a produtores rurais, dentre outros. Nes- ta categoria tem-se muito presente nos dias atuais uma combinação de projetos agropecuários com os industriais, ou seja, os projetos agroindustriais, os agronegócios. Estes expressam uma integração entre produção e transformação no âmbito de unidades produtivas. Na categoria dos industriais, temos as indústrias extrativas e manufatureiras, metalmecânica, têxtil, calçadista, etc. Na categoria do comércio, você pode encontrar pontos de venda, ampliação de negó- cios, relocalização de empreendimentos, estruturação e viabilização de franquias, dentre outros. Na categoria de serviços podemos destacar: serviços básicos (hidrelétricas, estradas, ferrovias, água); serviços sociais (habitação, hospitais, creches...); outros serviços (hotéis, turismo, profissionais liberais...) e os serviços de apoio ao desenvolvimento econômico e social ( infra-estrutura pública, projetos de urbanização...). Quanto a sua finalidade, os projetos podem ser também classificados como: 1) de implantação, quando constituem criação de unidade completamente nova de produ- ção ou serviço; 2) de expansão ou ampliação, quando são simples multiplicação de unidades ou integração a unidades já existentes; 3) modernização, quando consistem na substituição por obsolescência, ou reestruturação administrativa; e 4) relocalização, quando se refere à mudança de local, quase sempre em função da moderni- zação ou de alteração do custo, ou ainda de melhoria das condições. Os projetos também podem ser classificados por sua finalidade ou função social, po- dendo ser projetos tipicamente com fins lucrativos, de cunho social ou então projetos públi- cos, ou ainda uma mescla entre esses. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 18 Sinta o sabor de refletir: Quais são os projetos estratégicos de seu município no momento e que têm como perspectiva mudar o perfil econômico, social e/ou cultural de sua região? Liste pelo menos dois de cada uma das categorias citadas anterior- mente (agropecuária, indústria, comércio, serviços, setor público e social). 1.2.3. – ORIGEM DOS PROJETOS Como você pôde verificar, a variedade de projetos possíveis é tão grande quanto as neces- sidades existentes e as possibilidades de satisfazê-las. Por isso é útil fazer uma seleção prévia das iniciativas a investigar, ou verificar as origens de projetos provavelmente mais viáveis (econômi- ca, política, social ou ambiental), dependendo da razão ou função social do projeto. Como setores ou áreas que têm boas perspectivas de comportar projetos rentáveis eco- nomicamente, enumeram-se as seguintes: a) projetos referentes a setores prioritários de um plano governamental de desenvolvimento: agricultura, transportes, agroindústrias, serviços e infra-estrutura. b) projetos que derivam de “complexos técnicos de produção” ou “complexos geográficos”, tais como aqueles relacionados a setores específicos em pólos petroquímicos, metalmecânicos, complexo coureiro/calçadista, complexo moveleiro, complexo turístico, dentre outros; c) projetos para aproveitar recursos naturais existentes e que se perdem por não-utilização: irrigação, usinas hidrelétricas, água mineral, fontes termais naturais, relevo acidentado, etc; d) projetos para aproveitar recursos que assumem importância a partir do surgimento de novas tecnologias: aproveitamento de pneus usados, resíduos industriais, reciclagem em geral, dentre outros. e) projetos de origem política e estratégica (segurança, saúde, educação, infra-estrutura, etc.). f) projetos que derivam de estudos ou pesquisas de mercado como: EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 19 • mercados de exportação de bens para cuja produção o país dispõe de recursos abundantes; • mercados de exportação de bens para cuja produção não se necessita de condições natu- rais excepcionais; • mercados existentes ou potenciais em função da substituição de importações; • mercados que podem surgir em função da substituição de produção artesanal ou de tecnologia obsoleta, por produção fabril ou com tecnologia atualizada; • mercado advindo do crescimento da demanda interna pelo aumento da população ou da renda per capita; • mercado existente em função de uma demanda insatisfeita. Anote aí: De maneira geral, pode-se afirmar que todo projeto, para ser viável, deve atender a uma necessidade realmente existente. Depois dessas informações sobre projetos, vamos entender como surgem os projetos públicos e sociais. Estes, em grande parte, se originam de três formas. A primeira forma se materializa pela necessidade de a sociedade organizada suprir a negligência ou falta de interesse do poder público. A segunda, pela organização da própria sociedade que vai buscar, mediante um mai- or envolvimento, atingir públicos com dificuldades de exercer sua cidadania (depen- dentes químicos, indigentes, etc.). A terceira, mediante a parceria entre o poder público (governo) e a sociedade organi- zada (ONGs, clubes de mães, associações de bairros, entre outras) para desenvolver trabalhos e ações sociais em conjunto. São exemplos de projetos públicos e sociais aqueles estruturados a partir do mercado de lazer e entretenimento, aproveitando as potencialidades e os nichos de diversas ordens e situações diagnosticadas: atividades de lazer e entretenimento com idosos, com crianças, com excluídos econômica e socialmente, etc. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 20 Nesta unidade você já teve a oportunidade de entender e conceituar o que é um pro- jeto, bem como percebeu qual a importância de planejar. Além disso, tomou conhecimento sobre algumas formas de classificação dos projetos e suas origens. Na última seção você estudará quais são as fases de elaboração de um projeto. Vamos seguir adiante? Seção 1.3 Fases Principais de um Projeto Nesta seção vamos conhecer as principais fases de um projeto, desde a identificação da oportunidade, concepção da idéia e estudos preliminares, até a efetiva instituição, avali- ação e o pleno funcionamento do projeto. É evidente que as fases de um projeto efetivamente se iniciam com os estudos prelimi- nares, mas, antes disso, esta reflexão é antecedida da efetiva identificação da oportunidade de realização do projeto. 1.3.1 – O QUE É UMA OPORTUNIDADE Para Dolabela (1999), oportunidade é uma idéia que está vinculada a um produto ou serviço que agrega valor ao seu consumidor, usuário ou beneficiário, mediante a inovação, da diferenciação e/ou o benefício ou resultado produzido. Ela tem algo de novo e atende a uma demanda dos clientes/beneficiários, representando um nicho de mercado. A oportuni- dade normalmente é atrativa, ou seja, tem potencial para gerar lucros ou benefícios. Surge em um momento adequado em relação a quem irá aproveitá-la, o que a torna pessoal – é durável e baseia-se em necessidadesinsatisfeitas. A seguir vamos enumerar características inerentes às oportunidades. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 21 a) Características das oportunidades • surgem em função da identificação de desejos e necessidades insatisfeitas, da identifica- ção de recursos potencialmente aproveitáveis ou subaproveitados, ou quando se procu- ra aplicações (problemas) para novas descobertas (soluções); • estão em qualquer lugar; • são presentes para as mentes preparadas: normalmente provêm da nossa experiência, chunks (pedaços de experiências), intuição, tino; • são simples na sua concepção: coisas complicadas raramente dão certo; • exigem grande esforço, não podem ser tratadas superficialmente; • devem se ajustar ao empreendedor ou àquele que está à frente da organização: algo que é uma oportunidade para uma pessoa pode não sê-lo para outra, por vários motivos (know-how, perfil individual, motivação, etc.); • são atraentes, duráveis, têm hora certa, ancoram-se em um produto ou serviço que cria ou adiciona valor para seu usuário; • são alvos móveis: se alguém as vê, ainda há tempo de aproveitá-las; • um empreendedor habilidoso dá forma a uma oportunidade onde outros nada vêem, vêem muito cedo, ou tarde demais; • boas oportunidades de negócios ou de projetos são menos numerosas que as idéias; • identificar as oportunidades representa um desafio: uma oportunidade pode estar camuflada em dados contraditórios, sinais inconsistentes, lacunas de informação e outros vácuos, atrasos e avanços. Assim, a perspicácia na mater ialização das opor- tunidades em projetos é o grande desafio dos gestores das organizações públicas e/ ou sociais. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 22 1.3.2 – FASES DE UM PROJETO No trabalho de elaboração de um projeto podemos distinguir cinco fases subseqüen- tes, quais sejam: a) os estudos preliminares; b) o anteprojeto; c) o projeto final; d) a montagem e execução; e) a avaliação e o funcionamento normal do projeto. Vamos agora descrever os aspectos mais importantes em cada uma destas fases: a) Estudos preliminares ou investigações exploratórias e super- ficiais em torno de idéia inicial do projeto. Esta etapa é a fase de cria- ção da idéia do projeto, sendo mais conceitual. É o momento do brainstorming, ou seja, da tempestade de idéias ou do “toró de palpi- tes”. É o momento de acei tar a ajuda de todos os stakeholders ou inte- ressados no projeto. Busca-se inicialmente responder a um conjunto de questões que se aprofundarão nas fases posteriores. As questões mais relevantes são: – Quais serão as necessidades atendidas e, em conseqüência, quais sãos os bens e/ou servi- ços que constituirão os produtos do projeto? – Para quem se direciona o projeto, isto é, qual é a população-objetivo do projeto? – Quanto existe de recursos e em que condições? – Qual será a sua localização? – Quando se inicia o desenvolvimento do projeto? Em alguns casos há condicionantes tem- porais e legais que limitam a possibilidade de começar a desenvolver o projeto. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 23 – Que critérios serão adotados para a determinação de preços, custos e desembolsos em relação aos usuários do projeto? – Que alternativas são propostas para conduzi-lo de forma adequada? Nesta fase os responsáveis pela materialização do projeto têm como função principal sistematizar, num documento simples, as principais idéias em torno do projeto, ancorado no senso comum e nas informações já existentes. É a fase da troca de idéias em torno do produ- to ou serviço a ser concebido. b) Anteprojeto, que corresponde a um estudo mais sistemático de todos os aspectos de um projeto, menos o de engenharia. Permite uma pré-avaliação e evi ta custos com a elaboração de projetos inviáveis. O anteprojeto constitui a segunda fase da elaboração de um projeto e expressa o mo- mento da sistematização e avaliação das idéias, também conhecida como desenvolvimento da concepção do projeto. Nesta etapa, com as informações já coletadas e explicitadas, visualizam-se as alternativas básicas de insti tuição do projeto e se analisa sua viabilidade técnica, mediante uma estimativa primária de custos e de impactos e a comparação das alternativas existentes a fim de aperfeiçoar a situação de base. O estudo desses fatores permite conhecer de forma preliminar os diversos aspectos do projeto, tais como: a oferta existente; a demanda insatisfeita; os principais beneficiários do projeto; a localização espacial e seus motivos; o tamanho do projeto em termos de espaço físico, equipamentos requeridos , beneficiários, pessoas envolvidas ou volume de recursos requeridos; os aspectos técnicos vinculados às opções consideradas; a quantida- de do investimento requerido, o financiamento e as contrapartidas exigidas, os aspectos financeiros no que diz respeito aos desembolsos e parcelas; e a organização exigida para a execução e operação. Precedendo tudo isso, nesta fase devem-se especificar os elementos de identi ficação dos proponentes, com a quali ficação adequada e requerida pelos financiadores do projeto. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 24 Se a avaliação até este momento for positiva, pode-se optar por dar início à etapa subseqüente. Dependendo do tamanho do investimento é hora de decidir entre continuar aprofundando o estudo de pré-viabilidade ou passar diretamente ao desenho e execução ou operação do projeto. Um resultado negativo implica abandonar a idéia, de forma temporária (postergação) ou definitiva. c) Projeto final, fase em que se aprofunda o nível de análise e detalhamento do anteprojeto, principal- mente no que se refere aos estudos de engenharia (se forem requeridos), e se realizam estudos complementa- res. Seguindo o aprofundamento das variáveis, nesta fase devemos considerar: • o estudo de mercado, que inclui a demanda esperada para os bens que o projeto oferecerá ou os serviços que prestará e a oferta existente para os mesmos; • a análise tecnológica, centrada no estudo dos custos de investimento e de capital de giro implicados no projeto; • a localização e a escala (tamanho), com todas as restrições e condicionantes que possam incidir sobre elas; • a necessidade de investimentos e a forma de financiamento, bem como a especificação das contrapartidas requeridas; • a determinação dos custos e receitas para toda a vida do projeto; • os requerimentos organizacionais e condicionantes legais e ambientais que afetam o pro- jeto. Ou seja, deve-se considerar a existência de leis e regulamentos restritivos ou de fo- mento que o afetam direta ou indiretamente. Após o estudo aprofundado das variáveis do projeto, estas devem ser submetidas a uma análise de sensibilidade, considerando os efeitos produzidos por mudanças relevantes efetivadas. Para isso, modificam-se certas variáveis, mantendo as demais constantes e se recalculam os fatores afetados. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 25 Os informes que o projeto oferece até este momento permitem decidir entre prosse- guir ou parar com a elaboração e conclusão do mesmo. Caso se decida continuar, é hora de realizar análises complementares. Esta é a fase de incorporação de documentos técni- cos de habilitação e de procedimentos e normas das mais diversas ordens. Citamos os principais: • Certidão Negativa de Débitos (CND) da Fazenda Federal (dos tributos federais, inclusive daquelas obrigações relativas a Cofins, PIS/Pasep, FGTS, dentre outras); • Certidão Negativa de Débitos (CND) da Fazenda Estadual; • Certidão Negativa de Débitos (CND) da Fazenda Municipal; • documentosjurídicos para análise da operação: – relativos a postulante da colaboração financeira; – relativos a terceiros prestadores de garantia real; – relativos a garantias reais (hipoteca de imóveis, alienação fiduciária); – relativos a garantias pessoais; • orçamento das obras civis; • relação dos equipamentos nacionais a serem adquiridos; • relação dos equipamentos a serem importados; • quadros detalhados de usos e fontes de recursos; • quadro detalhado de desembolsos dos recursos; • balanços projetados comparados; • projeções financeiras da capacidade de pagamento; • principais diagramas dos eventos e fases propostas no projeto (redes de atividade, cronogramas e fluxogramas – para identificar eventuais momentos de gargalos); • mapas de localização e identificação; EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 26 • avaliação de ameaças e riscos (sociais, ambientais ...); • plantas diversas ( baixa, elétrica, hidráulica...); • documentação dos responsáveis institucionais; • plano de contratações e terceirizações ou parcerias estabelecidas, dentre outros. Terminada esta fase, o projeto estará formalizado num documento único, aguardando a tomada de uma decisão com respeito à sua implantação. Na realidade, quando um projeto chega até esta fase já está implicitamente aprovado pela instituição que o está assumindo, podendo, quando muito, sofrer pequenas modificações ou adiamentos. e) Montagem e execução, quarta fase, é a colocação em funcio- namento do empreendimento/ação, com fase de testes e funcionamen- to experimental. A montagem marca o início do processo de investimento em bens, equipamentos, es- trutura, pessoas, etc. É a fase de execução dos contratos. Até aqui o desembolso estava mais restrito a despesas de elaboração (os chamados desembolsos intangíveis). O aspecto central desta fase é o desenvolvimento dos detalhes da execução, considerando todos os requisitos e especificações da arquitetura e engenharia que exige a natureza da obra (se estivermos tratando de um projeto que envolve obras civis). A execução é o processo de alocação dos insumos previstos para obter os produtos programados em cada uma das fases de acordo com o cronograma, respeitando os caminhos críticos determinados no escopo do projeto. e) Avaliação e funcionamento normal. Esta fase se caracteriza pelo final da aplicação do investimento fixo projetado e do capital de giro inicial requerido para o início de funcionamento do projeto e o andamento normal das atividades pré-definidas. Já se caracteriza como sendo a gestão normal de uma atividade ou empreendimento. Esta é a fase crítica, pois nela ocorre a migração das ativida- des de parcerias estabelecidas para a implantação do projeto, com o normal funcionamento do empreendimento constituído. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 27 Esta é a fase de encerramento dos contratos, da entrega dos produtos e/ou serviços, das rescisões eventualmente pactuadas. É um momento crucial de gerenciamento do proje- to para que tudo ocorra dentro dos prazos e com a qualidade requerida e assumida, ofere- cendo garantia desta qualidade. Na economia funcionam o setor privado, o setor público ou governamental e o tercei- ro setor. Cada um possui critérios específicos para orientar sua atividade e suas iniciativas. O setor privado tem como critério fundamental o lucro e a remuneração de capital investido. O setor público visa, sobretudo, ao crescimento do sistema econômico ou a elevação do padrão de vida da população. O terceiro setor, também encarregado pela promoção da ele- vação do padrão de vida da população e pela promoção do bem comum, se distingue pela forma de organização, boa parte das vezes com características de filantropia. E isto necessa- riamente repercute na elaboração e análise de projetos. Tanto o setor público quanto o privado estão interessados na elaboração e análise de projetos. Em virtude, porém, da diferença de seus critérios, um projeto pode ser considerado muito importante pelo olhar da análise social e/ou governamental e inviável do ponto de vista do setor privado. É geralmente o caso dos empreendimentos que recebem recursos ou subsídios governamentais. A estas alturas você certamente já está ansioso para saber mais sobre os projetos pú- blicos e sociais. Pois bem, vamos a eles, na próxima unidade. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 29 Unidade 2Unidade 2Unidade 2Unidade 2 PROJETOS PÚBLICOS E SOCIAIS Nosso objetivo com esta unidade é levar você compreender com mais clareza o que são projetos públicos e sociais; a relação dos projetos com políticas e programas; apresentar alguns fatores de êxito na aprovação de projetos e descrever alguns critérios de avaliação para aceitação e aprovação destes projetos, sob o pon- to de vista dos financiadores. Para Tenório et al (2003), um projeto existe para solucionar um problema. Ele, porém, é caracterizado também pelo seu limite de ação no tempo, no espaço e nos recursos envolvi- dos, tendo início e fim. Um projeto público ou social, como qualquer outro, é desenvolvido em determinado local e de acordo com a disponibilidade financeira, material e de mão-de- obra. Quando falamos em projetos públicos e sociais podemos resumir o assunto desta forma: um projeto (público/social) nasce de uma idéia, de um desejo ou interesse de realizar algo, idéia esta que toma forma, se estrutura e se expressa através de um esquema (lógico), o qual, no entanto, é apenas esboço (sempre) provisório, já que sua implementação exige constante apren- dizado e reformulação (Armani, 2001, p. 18). Ainda conforme Armani (2001), um projeto público ou social é uma ação social plane- jada, estruturada em objetivos, resultados e atividades, baseada em uma quantidade limita- da de recursos (humanos, materiais e financeiros) e de tempo. Este tipo de projeto normalmente é orientado para o atendimento de demandas bem identificadas e alinhadas com a missão da organização e refletem, em seu conjunto, os objetivos estratégicos definidos pelas instituições envolvidas. Normalmente os resultados buscados são: EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 30 • transformar intenções em resultados concretos – produzir resultados na forma de benefícios relevantes para o público-alvo; • materializar iniciativas com foco bem definido – ter clareza nos objetivos, resultados, me- tas, prazos, custos, responsáveis pela execução; • mobilizar e articular recursos – expressar capacidade de mobilização de recursos essenci- ais (humanos, financeiros, de materiais, de conhecimento e gerenciais), públicos e priva- dos, com parcerias bem estabelecidas; • produzir resultados sociais significativos pela qualidade e ética gerencial – a transforma- ção das intenções e metas em resultados concretos exige um esforço diário e sistemático de mobilização, criatividade e envolvimento de todos os interessados, por intermédio da motivação das pessoas, construção de compromissos, eficiência na execução dos prazos e custos. O diálogo sistemático com os beneficiários do projeto, a socialização dos resulta- dos e a administração de conflitos auxiliam a produzir imagem positiva e eficácia na execução do projeto público ou social. Segundo Clemente (2002), ao tratar da natureza dos projetos, a produção privada para o mercado deve assegurar rentabilidade ao capital investido e a produção de bens e serviços públicos pelo serviço público deve apresentar diferença líquida positiva entre bene- fícios e custos para a sociedade, ou seja, um quociente maior que um de benefícios sobre custos para a sociedade. De outra forma: Produção privada � Rentabilidadedo capital investido Produção de bens e serviços públicos � Benefícios > Custos EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 31 Seção 2.1 Políticas, Programas e Projetos Públicos e Sociais Um projeto público ou social é a unidade mínima de alocação de recursos que, medi- ante um conjunto integrado de atividades, pretende transformar uma parcela da realidade, reduzindo ou eliminando uma deficiência, ou solucionando um problema. Nesta dimensão os projetos devem cumprir as seguintes condições: • ter objetivos claramente definidos (se têm objetivos imprecisos não podem ser avaliados); • identificar a população-alvo à qual está destinado; • especificar a localização espacial dos beneficiários; • estabelecer uma data de início e outra de término. Os projetos sociais procuram, em geral, satisfazer necessidades de grupos que não possuem recursos para satisfazê-las autonomamente com os recursos que possuem. Um programa social é um conjunto de projetos que têm os mesmos objetivos. Uma política social é um conjunto de programas que visam aos mesmos objetivos. Nesta perspectiva, a política se traduz operacionalmente em programas e projetos que são concretizados mediante a alocação de recursos para a sua execução. A relação entre política, programas e projetos pode ser assim ilustrada: EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 32 Fonte: Adaptado de Cepal (1997). Exemplos: a) Política � Investimento em formação de pessoas mediante capacitação de população de baixa renda. Programa � – Programa de Capacitação Juvenil. Projeto � Capacitação de jovens em manuseio de alimentos b) Política � Satisfação das necessidades alimentício-nutricionais de pessoas que estão sob a linha de pobreza. Programas � – Programa Nacional de Refeitórios Escolares. – Programa Nacional de Complementação Alimentar. – Programa Materno-Infantil. Projeto � – Um refeitório escolar (dentro do Programa Nacional de Refeitórios Escolares). – Auxílio à família de escolares que estão sob a linha de pobreza. Fonte: Adaptado de Cepal (1997). Fonte: PROGRAMA 1 POLÍTICA PÚBLICA E SOCIAL PROGRAMA 2 PROJETO 1 PROJETO 2 PROJETO 3 PROJETO 4 EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 33 Agora que você já consegue diferenciar o que é um projeto público e/ou social, bem como entende que, em geral, ele integra uma política pública e social, você vai conhecer alguns fatores que podem ser determinantes para o êxito ou recusa de um projeto. Seção 2.2 Fatores de Êxito de um Projeto Público ou Social Como comentado anteriormente o projeto é uma ferramenta utilizada para estruturar ações a fim de atingir determinados objetivos, não sendo utilizado apenas como uma estru- tura, mas como uma metodologia de implantação e acompanhamento. Na construção de projetos em âmbito privado a perspectiva é buscar uma rentabilida- de (ganho) do capital (R$) investido acima das taxas de custo do capital, procurando maximizar ganhos com uma taxa de risco proporcional (geralmente quanto maior o ganho maior o risco). Esta relação entre ganho e risco deve ficar em um patamar aceitável, que não comprometa a sustentabilidade do investidor. Todas as variáveis significativas devem ser mensuradas e definidas, o mais aproximado possível da realidade, pelo estudo e elaboração de um projeto. Para projetos públicos/sociais, no entanto, algumas variáveis são mais consi- deradas que outras. Nos projetos privados a variável econômica e financeira é prioritária. Será aceito um projeto de investimento se o retorno (ganho) for interessante, ou seja, maior do que o custo do capital ou maior que a taxa de atratividade previamente definida. Nos projetos sociais as variáveis como: a) bem-estar da população; b) a inclusão de pessoas; c) a melhoria das condições socioambientais das comunidades, entre outras, EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 34 são as mais importantes, portanto são o foco principal. O mesmo ocorre com os projetos públicos em que o foco é o bem-estar da população mediante ações de melhoria na educa- ção, saneamento básico, infra-estrutura, esporte e lazer, saúde, transporte, entre muitos outros. Quando vamos elaborar um projeto público ou social, em qualquer área, devemos pensar e nos preocupar em quem irá nos ajudar a colocá-lo em prática, e quem vai pagar a conta, ou seja, quem serão os financiadores. Em alguns projetos comunitários a própria comunidade entra com boa parte dos re- cursos, mas assim mesmo necessita de apoio financeiro (padrinho, doador, anjo, parceiro, financiador). Por isso é importante você conhecer algumas dicas do que os avaliadores de propostas e projetos levam em consideração no momento da apreciação dos projetos. É importante lembrar que a grande maioria das instituições, gover- nos, ONGs, que possuem recursos para financiar projetos, têm regras par- ticulares (expressas em fôlderes, prospectos, orientações, editais) que ser- vem de modelo ou roteiro de elaboração. A busca pelo apoio econômico/financeiro para pôr em prática algum projeto perpassa pela aceitação de algum órgão financiador (governo, ONGs, setor privado, doadores, etc.). É necessário observar alguns fatores que podem ser determinantes para a aceitação ou não da sua proposta. A seguir listamos para você algumas condições, regras ou características importantes e que muitas vezes tornam-se fator de êxito ou recusa de projetos. Para ser considerado exitoso, de acordo com Armani (2001), um projeto deve satisfazer às seguintes condições gerais, normalmente explicitadas nos objetivos estratégicos dos ór- gãos financiadores: • realizar as atividades e produzir os resultados esperados dentro do padrão de qualidade, do cronograma e do orçamento definidos; EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 35 • atingir de forma substancial os objetivos de médio prazo estabelecidos, gerando mudan- ças concretas na qualidade de vida, na capacidade organizativa e no poder de influenciar processos mais amplos dos setores sociais definidos como beneficiários; • proporcionar uma genuína apropriação do projeto por parte de seus principais beneficiários diretos, de forma que eles se tornem sujeitos ativos no projeto e não apenas beneficiários passivos; • gerar conhecimentos reconhecidamente novos e metodologias inovadoras para o enfrentamento de problemas socialmente relevantes, constituindo-se em referência metodológica de atuação no campo social; • desenvolver capacidade de “multiplicação”, tornando-se referência tanto para outras or- ganizações sociais quanto para as políticas públicas; • desenvolver a capacidade de atração de novos parceiros/aliados e de novos financiamen- tos e financiadores. Seção 2.3 Fatores-chave Para Aprovação de um Projeto Recorrendo ainda às idéias de Armani (2001), citamos diversos fatores-chave para o sucesso na aprovação de projetos públicos ou sociais, a saber: • realizar um diagnóstico consistente é fundamental para a elaboração do projeto, mesmo com recursos e tempo limitados; • ter objetivos e resultados claramente definidos, não como camisas-de-força, mas como bússola orientadora de direção; • construir unidade de propósitos, um clima de colaboração e envolvimento e clara divisão de responsabilidade dentro da equipe executora; EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 36 • pessoas certas nos lugares certos: reunir competência técnica especializada nas áreas prioritárias e capacidade metodológica para conduzir processos participativos; • sempre contar com a participação de potenciaisbeneficiários diretos do projeto em todas as principais atividades planejadas, nos seus momentos de monitoramento e avaliação, aumentando as chances de alcançar os objetivos e a sustentabilidade política do projeto; • ouvir todos os integrantes: desenvolver a capacidade de harmonizar, quando possível, as visões, interesses e expectativas de todos os atores envolvidos – dirigentes da organização promotora do projeto, equipe técnica responsável pela sua execução, beneficiários dire- tos, instituições parceiras, órgãos públicos e financiadores, de forma a obter-se consensos progressivos sobre os principais elementos do projeto; • dispor de capacidade gerencial técnica, administrativa e financeira adequada ao nível de complexidade e ao volume de recursos do projeto; e, não menos importante, • dispor de recursos financeiros suficientes para sustentar a maior parte das atividades previstas. Seção 2.4 Os Fatores-chave Sob o Ponto de Vista das Organizações Financiadoras (doadores) Na maioria dos projetos sociais os recursos financeiros vêm do governo, organizações não-governamentais (ONGs) e organizações privadas. Torna-se importante ter conhecimento dos critérios de avaliação dos doadores antes do envio do projeto para apreciação. Quando elaboramos uma proposta de projeto é importante saber para qual instituição ou organização vai ser remetida. Este detalhe é fundamental devido ao fato de algumas organizações possuírem critérios para seleção de projetos e detalhes que devem ser mais bem abordados. O que é condição de sucesso para aprovação, entretanto, é que os projetos devem ser claros e objetivos. Alguns detalhes a serem observados para o envio de projetos: EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 37 • informe-se o máximo possível sobre a fundação ou agência, dedicando tempo à pesquisa e à preparação, antes de tentar entrar em contato com o possível doador; • localize ou peça folder, publicações, orientações para envio de projetos. Visite a home page na Internet; • confira as áreas programáticas da fundação. Verifique se seu projeto está incluído nas prioridades e se atende aos critérios da entidade. Veja a relação (se disponível) de projetos que eles já apoiaram e compare com o tipo de projeto que você desenvolve ou pretende instituir; • confira os procedimentos indicados pela entidade sobre como fazer contato. Algumas pe- dem uma carta inicial, curta e objetiva. Outras só estabelecem contato a partir do recebi- mento de projetos apresentados, conforme roteiro próprio, formulários e listas de docu- mentos necessários, fornecidos pela entidade. Verifique se existe alguma exigência quan- to ao projeto ter sido concebido e estruturado segundo algum método de planejamento específico; • conheça a si mesmo e à sua organização. Assegure-se de que o conselho decisor de sua entidade tem clareza de sua missão. Questione se realmente estão habilitados para resol- ver o problema e o objetivo principal demandado pelo projeto; e • escreva um documento conceitual e deixe-o na gaveta por alguns dias. Depois, releia-o e mostre-o aos colegas. Pergunte de maneira honesta e objetiva se o texto realmente está comunicando o que você está querendo dizer. Seção 2.5 Características de uma Proposta Bem-sucedida, Sob o Ponto de Vista das Organizações Financiadoras (doadores) A seguir arrolamos algumas características que podem servir de base para você avaliar uma proposta de projeto que tenha chances (ou não) de ser considerada bem-sucedida pe- rante as organizações financiadoras: EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 38 • quando ela possibilita aos doadores ver como seu investimento resultará num impacto de longo prazo, indicando os planos para a sustentação no futuro; • a proposta que revela o interesse e o compromisso do conselho da organização dos financiadores e dos executores; • quando revela que o solicitante refletiu claramente sobre o seu papel e suas políticas no contexto em que opera. E que, além de entender profundamente este contexto, consegue articular claramente a essência e a personalidade da organização na busca de soluções; • ser bem estruturada, demonstrando com clareza o problema e os objetivos para enfrentá-lo; • comprovar que a organização já demonstrou ter capacidade para fazer um trabalho sóli- do, contando com líderes capazes, comprometidos, perseverantes e efetivos; • apresentar maneiras inovadoras, consistentes e pouco usuais para resolver problemas; • estar em sintonia com as prioridades da instituição doadora. Seção 2.6 Razões Para Rejeição de Projetos Públicos ou Sociais Da mesma forma que existem algumas características que podem determinar o sucesso e a aprovação de um projeto, como vimos na seção anterior, existem razões que podem resultar na rejeição de um projeto público. Conheça algumas delas: • não estar em sintonia com os objetivos e prioridades da entidade doadora ou financiadora; • a proposta ser tão genérica a ponto de poder ser atribuída a qualquer outra instituição; • ter um orçamento bastante elevado quando comparado com os objetivos do projeto e com as despesas operacionais gerais da organização, ou se há algo espantoso, como elevadas despesas administrativas. Em boa parte das situações as despesas administrativas correm por conta da entidade proponente, na forma de contrapartida; EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 39 • se não demonstrar capacidade da organização e de seu pessoal de levar adiante o projeto; • discurso arrogante ou retórico dos proponentes; • falta de honestidade ou falta de caráter. Seção 2.7 Etapa de Destaque na Seleção de Projetos Neste momento cabe a pergunta: – Qual é a seção de destaque, de maior peso, no início do processo de avaliação de um projeto? Há um consenso generalizado entre os doadores sobre a importância da carta inicial ou do chamado sumário executivo, ou mesmo resumo executivo, geralmente de uma página ou duas, que apresenta a síntese da proposta. É a primeira coisa que os doadores lêem. Há uma avaliação comum: se você não souber dizer quem é, o que pretende, onde, quando e por que, em uma página, certamente não o fará em um compêndio, em um documento mais den- so. Dessa forma, espera-se que neste documento inicial estejam contidos aspectos como o que se quer e como a proposta se encaixa nas ações do proponente e nas prioridades do financiador. Deve aparecer também o problema e o objetivo central, bem como os beneficiários diretos. Seção 2.8 O Que os Doadores Avaliam no Orçamento Cada doador/financiador tem formulários, esquemas ou roteiros próprios para a apre- sentação de orçamentos. Numa fase de apresentação de propostas ou discussão inicial, porém, você talvez tenha de apresentar o orçamento a seu modo. De maneira geral, as aten- ções quanto aos orçamentos estão voltadas para os seguintes aspectos: EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 40 • a porção do orçamento solicitada ao doador; • as fontes de onde vi rão os outros recursos (governamentais, associados, outras financiadoras, doações, campanhas de arrecadação, contrapartida da organização, etc.); • como a organização levará o projeto adiante se não obtiver todos os recursos solicitados; • a parcela representada pelo orçamento do projeto no contexto do orçamento global da organização (capacidade de execução do projeto); • os salários dos funcionários principais e o tempo que eles dedicarão ao projeto; • os valores de contrapartida dos beneficiários diretos e da comunidade onde será posto em prática o projeto; • orçamentos bem estruturados, que indicam a natureza das despesas e sua evolução no período. Orçamentos muito detalhados sãoconsiderados inadequados, devendo ser usa- dos apenas para gerenciamento interno da organização. Detalhes e explicações devem ser dados em notas de rodapé. Seção 2.9 Tamanho Ideal de uma Pré-proposta Embora cada doador tenha seus formulários e roteiros próprios, há uma grande tendência de valorizar propostas iniciais que tenham entre 3 e 8 laudas , com no máximo dois ou três anexos que sirvam para aumentar a compreensão de algum aspecto da pro- posta ou da organização. Informações detalhadas demais, que não foram solicitadas, tendem a ser avaliadas por último. Os doadores alegam que, neste estágio inicial, uma organização deve declarar a essência do que está propondo. As informações adicionais são geralmente requeridas mediante formulários específicos ou a partir do interesse pelo projeto. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 41 A melhor forma de sua proposta chamar a atenção está no fato de ela ser direta, breve e capaz de apresentar claramente o problema e o modo como serão construídas as soluções. O fundamental é que a proposta seja apresentada de modo a facilitar e agilizar o seu manu- seio, a leitura e a compreensão do projeto. Este deve conter poucos anexos, apenas os que realmente acrescentarem informações relevantes para a compreensão de seu projeto e que não exijam tempo ou esforço demasiado para serem vistos. Recortes de jornal, brochuras ou cartilhas, vídeos, gráficos e dados estatísticos têm valor limitado e muito provavelmente não serão objeto de atenção, a não ser que sejam claramente muito importantes. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 43 Unidade 3Unidade 3Unidade 3Unidade 3 ROTEIRO PARA A ELABORAÇÃO DE PROJETOS PÚBLICOS E SOCIAIS A elaboração de um projeto visa a registrar a idéia da entidade proponente, permitin- do a terceiros ou aos especialistas que apreciarão o projeto uma análise técnica e de mérito do seu conteúdo. Por essa razão, o projeto deve ser elaborado de forma organizada, contem- plando todos os conteúdos de forma clara e cronologicamente dispostos. Os projetos ainda são a forma mais adequada para promover a viabilidade e o êxito de ações sociais transformadoras. Existem múltiplos modelos e roteiros de apresentação de projetos. Certamente cada uma das entidades promotoras e financiadoras de ações sociais definem determinada rotina a ser seguida para apresentação de projetos a ela. Assim, gostaríamos de oferecer a você um roteiro que dê conta da maioria dos itens que normalmente são requeridos na elaboração textual dos projetos. O projeto público ou social deve conter, necessariamente, a maioria dos itens listados a seguir: – Itens Pré-textuais – Introdução – Identi ficação da Entidade Proponente/Executora – Caracterização da Entidade Proponente/Executora – Situação/Problema – Objetivos • Objetivo Geral • Objetivos Específicos EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 44 – Justificativa – Metodologia – Localização – Entidades Parceiras – Beneficiários – Início e Término – Resultados Esperados e Metas a Serem Atingidas – Orçamento e Financiamento Detalhado – Cronograma Físico e Financeiro de Execução – Aspectos de Engenharia (layout ou croqui, quando for obra/ou espaço físico) – Gerenciamento Operacional – Referências e Anexos Vamos detalhar para você cada um desses itens, tentando fornecer informações míni- mas para que você possa fundamentar os projetos que pretende elaborar com a clareza requerida. Seção 3.1 Itens Pré-textuais No início de cada projeto é muito importante a apresentação visual do mesmo para causar boa impressão a quem for recebê-lo e avaliá-lo. Assim, um projeto deve iniciar com uma capa ou página de rosto; uma carta inicial ou resumo do projeto; sumário; lista de ilustrações (se houver) e índice de anexos (se houver). EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 45 CAPA Na Capa, também chamada de página de rosto, normalmente é registrado o nome da(s) entidade(s) proponente(s), bem como sigla e logomarca; título do projeto; responsá- veis pela elaboração do documento; responsáveis pelo gerenciamento do projeto; local e data. O tí tulo do projeto deve expressar, da maneira mais clara possível, o tema do projeto, devendo ser apresentado de forma concisa. CARTA INICIAL OU RESUMO Este documento deve ser composto de uma ou duas páginas apresentando a sínte- se da proposta de projeto elaborada. Normalmente é o último documento a ser elabora- do, quando o projeto já está concluído. É a primeira coisa que os avaliadores lêem. Se você souber dizer quem é, o que pretende, onde, quando e por que o projeto é importante nesta carta, certamente o documento completo será apreciado com mais atenção e deta- lhe. Dessa forma, espera-se que neste documento inicial estejam contidos os seguintes aspectos: • inicialmente, o proponente deve declarar o que quer e como a proposta se encaixa nas ações prioritárias da entidade e nas prioridades programáticas do doador/financiador. Cabe ainda uma caracterização simplificada da organização e do seu pessoal, para avaliar a sua capacidade de efetivar o projeto; • explicitar de forma clara e objetiva o problema ou necessidade, como o diagnosticou e com que mecanismos de ação pretende solucioná-lo; • é importante que os beneficiários prioritários estejam listados e qualificados sintetica- mente; • deve-se ainda sumarizar os principais resultados a serem alcançados pelo projeto, bem como mencionar os volumes orçamentários a serem comprometidos pelas partes envol- vidas. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 46 SUMÁRIO DO PROJETO Neste item devem aparecer todos os títulos e subtítulos que integram o documento final, indicando inclusive a página onde cada item listado se encontra no documento. Veja o exemplo. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Neste item devem constar todas as ilustrações, como tabelas , quadros, figuras, gráfi- cos ou outras, que integram o documento, indicando inclusive a página na qual cada item listado se encontra no documento. INTRODUÇÃO 3 1. CONCEITOS BÁSICOS 4 1.1 Programas e Projetos Sociais 4 1.2 População-Objetivo 6 1.3 Formulação, Avaliação e Monitoramento 8 1.4 Metodologias de Avaliação 10 1.5 Impacto e Investimento 12 1.6 Ciclo do Projeto 13 2. FORMULAÇÃ O DE PROJETOS 21 2.1 Identificar o problema 21 2.2 Realizar o diagnóstico 23 2.3 Realizar o estudo de mercado 24 2.4 Estabelecer os objetivos de impacto 26 2.5 Selecionar as alternativas 27 2.6 Estabelecer os objetivos de produto 29 2.7 Selecionar os indicadores 30 2.8 Estabelecer as metas 32 2.9 Especificar as premissas 34 2.10 Construir as matrizes de alternativas 34 3. A COMPANHAMENTO E A VA LIA ÇÃO DE PROJETOS 36 3.1 Análise de Impacto 37 3.2 Calcular a Relação Custo-Impacto 40 EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 47 ÍNDICE DE ANEXOS Neste item devem aparecer todos os documentos anexados ao projeto. É importante salientar que os anexos devem estar referidos e em sintonia com o corpo do projeto. Como exemplos podemos citar: planilhas detalhadas, legislações específicas referidas, croquis e projetos arquitetônicos (plantas baixas, ...), contrato social, estatuto social, escr itura de constituição ou documento equivalente, etc. Seção 3.2 Introdução O texto deste item deve ser bem conciso e simples, apresentando inicialmente a idéia ou o problema e o objetivo geral do projeto, listando também os principais beneficiários. O texto da introdução deve contemplar ainda como está estruturado o projeto em número de tópicos ou unidades. Pode mencionar aindaalguns resultados a serem alcança- dos, indicando também as parcerias estabelecidas para garantir a implantação e continui- dade do projeto. Cabe também indicar a capacidade que o projeto tem de mobilizar parcei- ros e somar recursos essenciais (financeiros, humanos, de conhecimento e capacidade de gestão) para o alcance dos resultados almejados. Seção 3.3 Identificação da Entidade Proponente/Executora Neste i tem se explicita os elementos de identificação do proponente, elementos de identificação dos responsáveis legais e técnicos do proponente e declaração de regulari- dade jurídica e fiscal do mesmo. Neste tópico vamos qualificar um pouco melhor a entidade proponente e/ou executora: EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 48 Elementos de identificação do proponente Neste item deve-se identificar as informações em quadro síntese como no modelo a seguir e apresentar em anexo ao projeto os seguintes documentos: a) Contrato social, estatuto social, escritura de constituição ou documento equivalente, com as alterações posteriores, devidamente registradas nos órgãos competentes; b) ata de eleição dos dirigentes e/ou ato de designação das pessoas habilitadas a representar a pessoa jurídica, se for o caso; c) prova de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). Os documentos referidos deverão ser apresentados em originais ou cópias autentica- das por ofício competente, considerando-se também originais os documentos obtidos na rede Internet, desde que indicado o caminho de pesquisa. Identificação da entidade proponente Elementos de identificação dos responsáveis legais e técnicos do proponente Neste item deve-se identificar as informações em quadro síntese como no modelo a seguir e anexar os seguintes documentos: a) cópias das carteiras de identidade, regularmente autenticadas; b) provas de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda (CPF/MF). Nome : Endereço: No CNPJ: DDD/Telefone: DDD/Fax: e-mail: EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 49 Representante(s) legal(is) da entidade proponente Responsável(is) pela gestão do projeto na entidade Declaração de regularidade jurídica e fiscal do proponente Esta declaração normalmente segue modelo sugerido pela entidade f inanciadora ou concedente dos recursos e deve ser assinada pelo seu representante legal. O dever de apre- sentar os documentos referidos nos tópicos anteriores es tende-se aos executores e a todos os intervenientes que assinarão os instrumentos que formalizarão a relação jurídica. Para que você tenha idéia das informações incluídas nesta declaração, sugerimos o seguinte modelo: Modelo de declaração de Regularidade jurídica e fiscal. Nome: Função: No Identidade: No.CPF: Nome: Função: No.Identidade: No CPF: DDD/Telefone: DDD/Fax: e-mail: EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 50 DECLARAÇÃO Como representante legal da [nome da entidade], declaro, para todos os fins e sob as penas da lei, que a mesma, nesta data, está em dia com todas as suas obrigações legais, fiscais e tributárias, e que tem ciência de que deverá apresentar perante a [nome da entidade concedente], todos os documentos e certidões que atestam sua habilitação jurídica e regularidade fiscal, conforme previsto no Regulamento de Convênios, na data de assinatura do convênio, apresentados na sua forma original ou por cópia au- tenticada. Local, data [assinatura] ________________________________ Nome CI CPF Seção 3.4 Caracterização da Entidade Proponente/Executora Neste item temos a oportunidade de mostrar toda a qualificação da entidade, relatan- do toda a história , competência , abra ngência, repre senta tivida de, estrutura organizacional, capacidade financeira e capacidade de prestação dos serviços a serem executados no projeto. EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 51 Histórico e Competência A finalidade de incorporar este tópico no corpo do projeto é a divulgação da infra- estrutura da instituição proponente. Assim, deve contemplar um breve histórico da institui- ção (Escola, comunidade...), com ênfase no segmento (esportivo, recreativo, áreas técni- cas...) mais relacionado com a área do projeto proposto. É importante apresentar a capaci- dade do seu pessoal (grupos), das condições de sua estrutura física, da qualidade de seus equipamentos e da disponibilidade de outros bens. Nesse contexto, o histórico deve ser sintético, não superior a duas páginas, mas sufici- ente para mostrar aos julgadores o potencial da instituição, sobretudo o nível de participa- ção como contrapartida no projeto. No histórico da entidade devemos destacar os principais fatos que, durante a existên- cia da entidade, influenciaram e caracterizaram as suas atividades e atribuições. Podemos revelar ainda a missão, os princípios e a filosofia organizacional e os objetivos estratégicos da entidade, destacando a convergência e compatibilidade com os objetivos do projeto. Além disto, é importante detalhar a situação atual em termos das competências estabelecidas, especialmente as técnicas. Abrangência e Representatividade Ao tratar da abrangência e representatividade devemos informar se a abrangência de atuação da entidade é nacional, regional, estadual, microrregional ou municipal. Decla- rar o número de organizações e entidades filiadas, parceirizadas ou cooperadas à entidade e a sua distribuição geográfica. Informar sobre a existência de escritórios, subsidiárias, repre- sentantes ou correspondentes fora de sua sede, inclusive no exterior (caso os tenha, infor- mar o nome e a localização dos mesmos). Estrutura Organizacional Cabe também descrever a Estrutura Organizacional da entidade, seus órgãos deliberativos, seus dirigentes e responsáveis, bem como o número de funcionários, desta- cando aqueles da área técnica e administrativa que porventura forem utilizados na realiza- EaD ELABORA ÇÃO E ACOMPANHA MENTO DE PROJETOS PÚBLIC OS E SOC IAIS 52 ção das ações previstas no projeto ou convênio de cooperação. Informar sobre a equipe técnica da entidade com dedicação exclusiva ao projeto, a qual deve ser formada por pelo menos dois profissionais. Capacidade financeira Este é o momento de informar sobre o montante do orçamento anual da entidade nos últimos 5 (cinco) anos. Indicar as suas fontes de recursos financeiros, demonstrando a sua capacidade de mobilizar esses recursos correspondentes a sua contrapartida no projeto. Os avaliadores terão como preocupação observar se a instituição proponente não dependerá exclusivamente dos recursos pleiteados pelo projeto. Assim, cabe destacar também qual o impacto dos recursos pleiteados em relação ao orçamento total da instituição proponente. Capacidade de prestação de serviços Caso o projeto inclua em suas ações a prestação de serviços é importante demonstrar que a entidade está habilitada a prestar para os beneficiários a serem atingidos os serviços de apoio técnico, conforme propósito do projeto, seja por intermédio do seu quadro próprio, seja por meio de terceiros (é prudente também caracterizar os serviços e a forma de presta- ção). Demonstrar que a entidade é capaz de mobilizar as organizações e as entidades envol- vidas para executar as ações previstas. Seção 3.5 Situação/Problema A identificação do problema constitui, talvez, o exercício mais complexo da formulação do projeto, dada a quantidade de variáveis inter-relacionadas que afetam o seu contexto. Sua definição clara e precisa é o primeiro requisito para alcançar o impacto buscado. Normalmen- te o problema consiste em uma pergunta
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