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Acidose e Laminite (Jessica e Thayse)

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ACIDOSE RUMINAL E LAMINITE 
 
Jessica Daliane Dilkin¹, Thayse Michielin² 
1. Introdução 
A acidose ruminal é um distúrbio metabólico que ocorre quando um animal não é 
adaptado a uma dieta com grande quantidade de carboidratos solúveis, isso ocasiona uma 
rápida fermentação no rúmen e uma queda do pH que causa um desequilíbrio na microbiota 
ruminal; esse processo acontece com a multiplicação de bactérias produtoras de ácido 
láctico como Streptococcus bovis e Lactobacillus sp (OGILVIE, 2000). Em casos de acidose 
subaguda desencadeiam-se quadros de laminite (um processo inflamatório agudo que 
atinge as estruturas sensíveis da parede do casco (córium)) resultando em claudicação 
(manqueira). 
 
2. Desenvolvimento. 
 Esse distúrbio metabólico pode ocorrer em qualquer ruminante sendo que os mais 
acometidos são os bovinos de corte e leite, devido ao confinamento dos mesmos. A doença 
já foi diagnosticada em ovinos, caprinos, e veados selvagens (BLOOD et al., 1979). A acidose 
ruminal é causada principalmente por dietas de grãos finamente moídos (milho, cevada, 
trigo) e pastagens jovens; esses alimentos, quando consumidos, são facilmente 
fermentados, isso faz com que ocorra um aumento no número de bactérias gram-positivas 
produtoras de ácido láctico que diminuem o pH(5,5) do rúmen gerando em efeito cascata, 
desequilibrando a microbiota ruminal e desativando espécies bacterianas gram-negativas e 
protozoários. 
Quando ocorre alguma mudança na dieta deve-se ter um período de adaptação 
microbiana, em que se dá um intervalo de tempo para que a flora se estabilize. Animais que 
recebem forragens ou dietas com baixo nível de carboidratos estão mais suscetíveis a uma 
acidose, já que a adaptação dos mesmos não ocorre de forma rápida. 
Em alguns períodos há sobrecarga por grãos em gado confinado, são nestes que devemos 
ter a maior atenção: Quando o gado inicia a alimentação, mesmo com o contato prévio com 
grãos, é comum a ingestão de uma dose tóxica se for oferecido um nível alto de grãos na 
ração. A ocorrência de uma rápida queda na temperatura ambiente resulta no aumento da 
ingestão de alimentos (quando alimentados a vontade), e gado que recebe uma ração 
altamente concentrada em grãos fica privado de alimentação por 12 a 24 horas devido à 
falha na produção da ração ou por facilidade de manejo (BLOOD et al., 1979). 
 
2.1 Diagnóstico 
Os sinais clínicos dependem da quantidade de alimento consumido, composição do 
alimento e tamanho da partícula. O grau do distúrbio pode ser classificado em: Moderada, 
subaguda, aguda e hiperaguda. O diagnóstico pode ser realizado pela coleta do liquido 
ruminal, ou por identificação de alterações no odor do hálito que é acidificado. Na acidose 
moderada o animal pode apresentar alguns sinais clínicos como inquietação, mugidos, 
chutes no ventre que são ocasionados pela dor abdominal. Na subaguda observam-se 
animais anoréxicos, com diarreia e pausa de alimentação por alguns dias; esse caso leva à 
maior ocorrência de problemas de claudicação. Animais que sofrem de acidose subaguda 
apresentam hemorragias e abcessos na sola do casco um sintoma de laminite. Quando o 
caso de laminite é agudo o animal apresenta ansiedade e tremor muscular, sudorese, 
aumento da frequência respiratória e cardíaca e cascos quentes sendo este um sinal de 
inflamação. A acidose ruminal subaguda ocorre quando pH ruminal tem quedas frequentes 
entre 5,2 e 5,6. Quando a acidose ocorre de forma aguda e hiperaguda, os animais ficam a 
maior parte do tempo deitados (cerca de 24 a 48 horas), apáticos, deixam de se alimentar e 
não bebem água, gerando um caso grave de desidratação. Os animais também podem 
apresentar diarreia excessiva com odor ácido, além de polpa de grãos nas fezes. A ausência 
de fezes é considerada como sinal grave de acidose (AFONSO et al., 2002). 
2.2 Tratamento 
A acidose ocorre da seguinte forma: Demonstrada na (Imagem 1) e o tratamento 
depende do tipo de acidose. 
 
(BERCHIELLI, 2011). 
 
Moderada: evita-se o acesso aos carboidratos e deve-se ofertar feno de boa qualidade à 
vontade. Administrar oralmente 1g/kg de óxido de magnésio, (Imagem 2) hidróxido de 
magnésio ou de bicarbonato de sódio (Imagem 3) a fim de tamponar o conteúdo do rúmen 
(OGILVIE, 2000). 
Subaguda: Deve-se utilizar anti-histamínicos para controlar a laminite (Imagem 4), também 
colocar o animal sobre uma superfície mole, sem oferecer concentrado, apenas água e 
forragem. Outro tratamento pode ser a administração oral de tiamina ou levedura de 
cerveja para aumentar a utilização ruminal de lactato. (BLOOD et al., 1979; OGILVIE, 2000). 
 
 
Imagem 4: Demonstra a laminite do animal um caso de acidose subaguda. 
(UFPR, 2013) 
Aguda e hiperaguda: Quando chegamos a um estágio avançado, uma das formas de salvar o 
animal é cirúrgica, utilizando a rumenotomia.(Imagem 5) Deve-se evacuar todo o conteúdo 
ruminal e substitui-lo por liquido ruminal de um animal saudável. Também um exemplo de 
tratamento quando menos grave é água fria contendo agentes antimicrobianos, tetraciclinas 
ou penicilina. E o uso de bicarbonato de sódio indicado 200 a 300 g dia animal adulto. 
(BERCHIELLI, 2011). 
 
 
Imagem 5: Demonstra a cirurgia de rumenotomia. 
(CPT,2010) 
2.3. Prevenção 
 A prevenção deve ser feita a partir do correto manejo alimentar. A engorda de 
ruminantes pode ser feita usando ração contendo alto nível de grãos, desde ocorra uma 
adaptação dos animais ao alimento, durante o período crítico de introdução. O fundamento 
principal da prevenção é que o ruminante se adapta a todas as rações concentradas. Para 
animais submetidos ao confinamento, o período de adaptação dependerá da história da 
alimentação do animal, seu apetite e a composição da ração usada. (BLOOD et al., 1979). 
Um procedimento seguro é o equilíbrio de concentrado mais volumoso. Constituído por 50 a 
60% de volumoso e 40 a 50% em grãos, administrada por 7 a 10 dias observando-se as 
respostas. Se os resultados forem satisfatórios, diminui-se o nível de volumoso em 10% a 
cada 2 ou 4 dias, chegando-se a um nível de 10 a 15% de alimentos volumosos com o 
restante de grãos e uma suplementação de vitaminas e sais minerais (BLOOD et al., 1979). 
Além disso, é importante que os animais não fiquem em jejum por muitas horas, pois 
quando receberem a alimentação irão consumir o alimento em pouco tempo o que 
aumentará a fermentação. Por esse motivo é importante alimentá-los com mais frequência, 
principalmente em dietas de terminação (BERCHIELLI, 2011). A diminuição do 
processamento de grãos, ou utilização de antibióticos ou ionofóros como monensina sódica 
e a lasalocida é uma pratica comum, não somente para evitar a acidose, mas também para 
melhorar a eficiência alimentar. (BERCHIELLI, 2011). A monensina provoca alterações na 
flora ruminal, o que gera ácido propiônico em maior quantidade, e diminui o acético o que 
faz com que as perdas da fermentação caiam (especialmente gás metano).(AFONSO et al., 
2002). 
Em caso de uso elevado de grãos rapidamente fermentáveis, devem-se administrar 
substâncias tamponantes, como bicarbonato ou óxido de magnésio na dieta (GONZÁLEZ & 
SILVA, 2006). No entanto, estes tampões são bastante eficazes na redução da acidose no 
período inicial, quando a acidose está estabelecida têm pouco ou nenhum efeito. (BLOOD et 
al., 1979). O bicarbonato de sódio, que está presente na saliva dos ruminantes chegando ao 
rúmen durante a mastigação, também é rotineiramente adicionado às rações ou à água de 
bovinos de leite para prevenir a queda do pH ruminal (COTTE et al., 2004). O uso da mistura 
correta, grãos e volumoso, não provocará a sobrecarga e a adaptação pode ocorrer em 
aproximadamente 3 a 4 semanas (BLOOD et al., 1979; BEVANS et al., 2005). Também pode-
se administrar líquido ruminal de animais adaptados contendo uma grande população 
bacterianaque metaboliza o ácido láctico. (BLOOD et al., 1979). O consumo excessivo de 
carboidratos pode ser acidental, para evitarmos isso deve ser limitado o acesso dos animais, 
isolando os locais onde há o armazenamento de rações, silagens, grãos etc. 
 
3. Considerações finais 
Como observamos neste trabalho a prevenção da acidose depende somente de um 
manejo nutricional adequado. Se houver prevenção, diminui-se drasticamente a chance de 
termos maiores perdas econômicas; uma dieta balanceada torna-se mais viável que um 
tratamento e animais saudáveis colaboram muito mais com o aumento da produção. 
 
4. Referências bibliográficas 
AFONSO, J. A. B. et al. Metabolismo oxidativo dos neutrófilos de ovinos tratados com monensina sódica e 
experimentalmente submetidos à acidose ruminal, Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 22, p. 129-134, 2002. 
BLOOD, D.C.; HENDERSON, J.A.; RADOSTITS, O.M. Doenças do trato alimentar. In: Clínica Veterinária. 5ed. Rio 
de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1979, p.95-149. 
BROWN, M.S.; KREHBIEL, C.R.; GALYEAN, M.L.; REMMENGA, M.D.; PETERS, J.P.; HIBBARD, B.; ROBINSON, J.; 
MOSELEY, W.M. Evaluationofmodelsofacuteandsubacuteacidosisondrymatterintake, ruminalfermentation, 
bloodchemistry, andendocrine profiles ofbeefsteers. Journalof Animal Science, 2000. v.78, p.3155–3168. 
BERCHIELLI, T.T.; PIRES, A.V; OLIVEIRA, S.G.Nutrição de ruminantes. 2ª ed. Jaboticabal: Funep, 2011. 616p. 
Embrapa. Problemas de casco. Disponível em: 
<http://www.cnpgl.embrapa.br/sistemaproducao/book/export/html/385>. Acesso em: 24 nov. 2017. 
GONZÁLEZ, F.H.D.; SILVA, S.C. Bioquímica clínica de glicídes. In: Introdução a bioquímica clínica veterinária. 
2ed. Porto Alegre: da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2006, p.153-207. 
OGILVIE, T.H. Doenças do sistema gastrintestinal dos bovinos. In: Medicina interna de grandes animais. São 
Paulo: Artmed, 2000, p. 61-96. 
SILVA, João Wilian Dias. Distúrbios metabólicos em ruminantes. 2015. Disponível em: 
<http://zootecniaativa.com/zootecnia/947>. Acesso em: 25 nov. 2017. 
UFRGS. Acidose. Disponível em: <https://www.ufrgs.br/lacvet/restrito/pdf/acidose_ruminal.pdf>. Acesso em: 
26 nov. 2017.

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