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7 Co m po rt am en to em Fo co 4 | 2 01 4 1 Bolsista FAPESP (Processo nº 2010/16701-0). Contato: pribenitez@yahoo.com.br Resumo A observação sistemática é um recurso importante para os psicólogos, modificadores do comportamento e pesquisadores. É considerada um dos instrumentos mais satisfatórios para a obtenção de dados que, entre outras coisas, aumenta a compreensão a respeito do comportamento a ser investigado, facilita o levantamento de hipóteses diagnósticas e permite acompanhar o desenrolar de uma intervenção e testar a sua eficácia. Apesar disso, é um recurso que pode vir a ser mal utilizado tanto em pesquisas aplicadas quanto na prática clínica. O presente capítulo aborda a observação e o registro de comportamentos no âmbito clínico e na pesquisa aplicada. Primeiramente, são apresentados os pressupostos básicos sobre observação e registro. Na sequência, a possibilidade de aplicabilidade da observação e registro em situação clínica e, por último, são apresentados dados de observação direta e registro de comportamentos numa pesquisa aplicada. Pôde-se concluir que o uso dos estudos observacionais é bastante restrito e assim, a preferência por medidas de autorrelato como fonte de investigação deve ser a preocupação central para pesquisadores e terapeutas comprometidos com a efetividade das intervenções que propõem. Deste modo, torna-se imprescindível que a prática da observação e do registro sistemático de comportamentos, especialmente no âmbito da pesquisa aplicada e da prática clínica, seja aperfeiçoada e conduzida de modo sistemático e minucioso. Palavras-chave: clínica, observação, registro, pesquisa aplicada Priscila Benitez1 Carolina Coury Silveira Chayene Hackbarth Luziane de Fátima Kirchner Universidade Federal de São Carlos Paulo Sérgio Teixeira do Prado Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Procedimentos de observação e registro: da clínica à pesquisa aplicada 8 Co m po rt am en to em Fo co 4 | 2 01 4 Be ni te z . Si lv ei ra . H ac kb ar th . K ir ch ne r . Pr ad o Para explicar um fenômeno comportamental de maneira científica, é necessário que ocorra uma observação prévia, um registro minucioso e uma descrição detalhada de tal fenômeno. A partir da observação e registro criterioso dos fenômenos comportamentais, é possível classificar relações complexas, encontrar possíveis variáveis interferentes em cada um deles e realizar uma análise das unidades básicas destes comportamentos (Britto, Oliveira & Souza, 2003). A observação e o registro se tornam necessários em outros âmbitos, além dos experimentos controlados típicos da pesquisa básica. Cano e Sampaio (2007) ensinam que estas são ferramentas fundamentais, desde que aplicadas de maneira estruturada e sistemática, nas práticas clínicas e pesquisas aplicadas. Garantir um registro confiável na atividade clínica e na pesquisa aplicada é condição necessária para que o pesquisador e/ou terapeuta possa identificar os efeitos da intervenção implementada, bem como investigar a interferência de potenciais variáveis intervenientes. Contudo, diferentemente da pesquisa experimental, nestes contextos, muitas vezes não é possível realizar um controle rígido de todas as variáveis que poderiam influenciar no procedimento proposto. Este capítulo pretende apresentar de maneira didática o que é a observação e o registro de comportamentos no âmbito da Análise do Comportamento, para que servem e como podem ser realizados em situações costumeiramente desafiadoras. Para isso, foram propostos três tópicos de discussão: (1) apresentação dos pressupostos básicos de observação e registro de comportamentos, (2) a possibilidade da realização de observação direta e registro de comportamentos no processo de atendimento de um caso clínico, e (3) apresentação de dados de observação e registro de comportamentos numa pesquisa aplicada. 1 Pressupostos básicos sobre observação e registro de comportamentos O termo “observar” traz conotações que divergem, de acordo com o fenômeno observado e o propósito da investigação. A observação é algo inerente ao indivíduo, é a maneira pela qual ele avalia e aprende sobre o mundo ao seu redor (Danna, & Mattos, 2006). Observar, para o senso comum, pode ser o ato de “olhar cuidadosamente para algo ou alguém”, bem como sinônimo de examinar, analisar ou verificar (Ferreira, 1988). Enquanto método científico, a observação envolve mais do que o ato de “olhar cuidadosamente”, deve envolver recursos - apresentados adiante - para tornar os registros de observação mais confiáveis e fidedignos ao fenômeno estudado. De acordo com Hutt (1974), os estudos observacionais foram muito frequentes na década de 1920 e as técnicas de observação sistemática do comportamento são reconhecidas desde os estudos de Charles Darwin sobre o comportamento do homem e outros animais. Exemplos importantes de abordagens teóricas que influenciaram enormemente a realização de estudos observacionais foram a Etologia, com estudos sobre o comportamento animal (e.g. Carvalho, 1972; Cunha, 1967; Ades, 9 Co m po rt am en to em Fo co 4 | 2 01 4 Be ni te z . Si lv ei ra . H ac kb ar th . K ir ch ne r . Pr ad o 1972) e a Análise do Comportamento, como no caso dos estudos sobre a interação mãe-criança (Marturano, 1972; Sollitto, 1972), autocontrole do comportamento alimentar (Kerbauy, 1972) e modificação do comportamento pré-escolar (Mejias, 1973). Atualmente, estudos observacionais contam com tecnologia audiovisual avançada para captar som e imagem com qualidade e técnicas de registro capazes de coletar dados mais fidedignos acerca dos fenômenos investigados (Steiner et al., 2013). Autores contemporâneos defendem a observação direta como principal método de investigação (Benitez & Domeniconi, 2012; Löhr; 2003; Steiner et al., 2013), porém, na prática clínica, este recurso ainda é pouco explorado (Britto et al., 2003; Sturmey, 1996). De acordo com Sturmey (1996), pesquisadores e clínicos ainda optam por medidas de autorrelato, como fonte de investigação do comportamento, pela praticidade e baixo custo que estas medidas oferecem. Entretanto, como apontam Danna e Matos (1996; 2006), a observação do comportamento é o recurso mais eficaz para identificar diferentes dimensões do comportamento (e.g. frequência, duração, desempenho) e avaliar, em situação natural ou ambiente de laboratório, as relações existentes entre o comportamento e certas circunstâncias ambientais, de modo a prevê-las e modificá-las. Dentre as vantagens da observação direta, enquanto método de investigação, Fagundes (2006) mostra contribuições como: (a) aumentar a compreensão a respeito do comportamento a ser investigado, (b) facilitar o levantamento de hipóteses acerca do problema, e (c) acompanhar uma intervenção, avaliando seus efeitos e eficácia. Além disso, pode ser utilizado por psicólogos em diferentes situações de aplicação (clínica, escola, empresa) e em pesquisas. Embora existam muitas vantagens, alguns procedimentos devem ser adotados com o intuito de minimizar vieses dos dados coletados. Um dos principais cuidados é a neutralidade do observador, isto é, ele deve se ater aos fatos efetivamente observados, sem fazer interpretações pessoais (Danna & Matos, 1996). Além disso, o observador deve estabelecer o local e os sujeitos a serem observados, as situações e os comportamentos que serão observados e, por fim, definir a técnica de registro a ser utilizada (Batista, 1985; Hutt, 1974). No tópico subsequente, segue uma discussão acerca da aplicação da observação e registro no âmbito clínico. 2 Observação e registro na perspectivada Análise do Comportamento no contexto clínico A observação direta dos comportamentos do cliente em sessão e a maneira como eles são registrados têm fundamental importância para a análise de contingências que vigoram na rotina daquele indivíduo. A observação direta é uma técnica utilizada na investigação científica que permite ao clínico registrar detalhes da interação terapêutica e classificar relações complexas, por exemplo, criando categorias de classes de respostas ocorridas durante a sessão (Britto et al., 2003). De Rose (1997) ressalta a relevância do relato verbal como fonte de dados. O autor chama a atenção para a importância do estudo da presença de controle de estímulos sobre respostas verbais dos indivíduos. Segundo Britto, Oliveira e Sousa (2003) são poucos os estudos que correlacionam e/ ou analisam métodos de observação direta e descrição de medidas de comportamento em contextos clínicos. Esta seção visa descrever, de modo sucinto, um caso clínico de terapia comportamental infantil e apresentar como a observação direta e o método de registro empregado permitiram análises efetivas para a modificação de variáveis ambientais que exerciam controle direto nos comportamentos-problema do cliente. 10 Co m po rt am en to em Fo co 4 | 2 01 4 Be ni te z . Si lv ei ra . H ac kb ar th . K ir ch ne r . Pr ad o Apresentação do caso a. Cliente Sexo masculino, sete anos de idade, possui uma irmã de três anos. Caracterizava-se por ser uma criança sorridente que não falava muito, mas seguia todas as orientações que a terapeuta fornecia sem questionar, entretanto, de maneira lenta e distraindo-se com muita facilidade. O cliente demorava muito para realizar qualquer atividade solicitada e costumava justificar tudo que realizava, por exemplo, “acertei o que escrevi porque eu sou muito bom”, ou “porque a borracha estava aqui” (sic). Os pais relataram dificuldades para disciplinar o filho. Disseram que ele sempre os “corrigia”, dava broncas nos dois, estava frequentemente irritado e chorava com muita facilidade. Contaram que o filho era muito distraído, se esquecia de tudo muito rapidamente e ainda que o filho sempre estivesse sozinho nas saídas da escola, não contava muito sobre amigos e que acreditavam que ele não os tinha. A mãe ressaltou que o cliente fantasiava muito, não com brinquedos convencionais, mas com alguns materiais específicos como barbantes, fios, papel, terra e trens. Por fim, relataram que o filho criava muitas regras para brincar e acabava não brincando, apenas ficava ditando as regras do jogo inventado aos pais. b. Procedimento Foi solicitada aos pais a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que autorizava a divulgação dos dados e assegurava o sigilo da identidade do cliente. Foram realizadas 55 sessões de terapia com duração média de 60 minutos cada, em consultório particular. Durante o atendimento, a terapeuta registrava os comportamentos verbais do cliente em uma tabela e possíveis antecedentes e consequências produzidas pelo cliente no ambiente. A Tabela 1 apresenta alguns exemplos de como a tríade comportamental foi registrada nas primeira e segunda metade do processo terapêutico. Tabela 1 Exemplos de registro de contingências de três termos dos comportamentos problemas do cliente na primeira e segunda metade do processo terapêutico Primeira metade do processo terapêutico SD R SC Ar condicionado Interrompe o que está falando, e fala sobre o ar condicionado T. conversa sobre o ar condicionado Lápis, mesa e restos de borracha Interrompe a atividade, e limpa a mesa sete vezes Mesa limpa Atividade: “Adivinhe qual é a emoção?” – Apresentação de face alegre. “Cara de sono” (sic) T. diz “a emoção é felicidade” (sic). T. dá exemplos de situações que lhe provocam felicidade Segunda metade do processo terapêutico SD R SC Presença da T. Conta histórias sobre fios e barbantes T. inicia nova atividade Presença da T. e de “RG” de brinquedo Diz “RG, retirado de Gustavo” (sic) T. solicita que fale a mesma coisa de três maneiras diferentes Timer toca sinalizando fim da brincadeira Guarda os brinquedos T. sinaliza que ele pode escolher qual será a próxima atividade 11 Co m po rt am en to em Fo co 4 | 2 01 4 Be ni te z . Si lv ei ra . H ac kb ar th . K ir ch ne r . Pr ad o c. Resultados e discussões sobre os dados O registro frequente de comportamentos e dos seus possíveis determinantes (estímulos antecedentes e consequentes) possibilitou que a terapeuta identificasse um padrão de respostas do cliente que, de acordo com a literatura, é característico da síndrome de Asperger (DSM IV, 1994). A síndrome caracteriza-se, principalmente, pela apresentação de distúrbios sociais, de maneira diferente do transtorno do espectro autista, pois mantém preservadas a linguagem e capacidade intelectual do indivíduo. Como estas habilidades encontram-se preservadas, muitas vezes os déficits de socialização e de flexibilização cognitiva podem ficar mascarados, o que favorece o diagnóstico tardio, ou até mesmo ausência de diagnóstico. A Síndrome de Asperger é descrita por uma série de critérios diagnósticos no DSM IV (Diagnostic and Statistical Manual for Mental Disorders, 1994), alguns deles são: (a) interesses restritos por um assunto, (b) interpretação literal, isto é, incapacidade para interpretar ironias, mentiras e metáforas, (c) pensamento concreto, (d) dificuldade para entender e expressar emoções, (e) dificuldade com comunicação não verbal, (f) falta de autocensura (falar tudo que venha à cabeça), (g) atraso no desenvolvimento motor e coordenação motora (inclusive escrita), (h) dificuldades para generalizar aprendizado, (i) dificuldades com organização e execução de tarefas e (j) apego a rotinas e rituais. Alguns destes comportamentos foram observados em sessão pela terapeuta e registrados pelos pais. Exemplos dessa situação: arrumar os lápis repetidamente durante as atividades, pedir para limpar a mesa repetidamente, apresentar costumeiramente verbalizações de autorregras, como “precisa fazer o que é preciso” (sic), ou apresentar uma explicação elaborada de algo irrelevante (exemplo, explicar por que o pingo na letra “i” deve ser feito apenas com um ponto e não com um círculo preenchido e pintado), procurar erros irrelevantes na escrita e querer arrumá-los (exemplo, deixar todas as letras “l” com igual tamanho e com outra cor), caligrafia precária, falta de pontuação e espaço entre palavras, falta de noção espacial na escrita de um texto, dificuldades com escolhas (exemplo, levantava prós e contras para decidir com qual cor iria pintar um desenho), gritava e dava chutes no ar quando os pais solicitavam interrupção de algum comportamento, ou sem motivo aparente, compreensão literal de falas e situações, apresentando dificuldades para compreender abstrações e metáforas, com explicações sempre pautadas em raciocínios ilógicos para as outras pessoas (exemplo, explicava longamente e de maneira confusa porque naquele dia decidiu colocar chinelo e não sandália), dentre outros. Na Tabela 1, nota-se que alguns destes critérios foram observados no padrão de responder do cliente, aparecendo desde a primeira sessão até os últimos atendimentos. A partir da identificação deste padrão comportamental, a terapeuta pôde desenvolver e implementar intervenções específicas que facilitaram a relação do cliente com os pais, com ela mesma e ainda com outros indivíduos que conviviam com ele, como colegas de escola, tios e avós. Alguns dos objetivos terapêuticos estabelecidos foram: (a) desenvolver habilidades sociais, (b) ensinar o cliente a organizar seutempo para a realização de atividades cotidianas, (c) ensinar expressões faciais e emoções, (d) ajudá-lo a identificar variáveis responsáveis por acontecimentos pelos quais dava explicações ilógicas, (e) modelar e dar modelo de como se comportar para estabelecer interações sociais efetivas, dentre outros. A partir da análise das tríades comportamentais registradas ao longo do processo terapêutico, foi possível identificar que o cliente não entendia os pedidos e explicações dos pais em cada situação. De modo semelhante, não entendia algumas explicações e solicitações da terapeuta em sessão. Esta dificuldade estava diretamente relacionada com pedidos que exigissem abstrações verbais e que concorriam com autorregras do cliente, impossibilitando-o de seguir as regras dos pais ou da terapeuta. Esta conclusão facilitou a compreensão do caso de maneira geral, pois os pais e a terapeuta passaram a compreender a topografia desses comportamentos, sem identificá-los em uma categoria de opositor-desafiante, mas sim em um aspecto mais geral, no que concerne à falta de repertório comportamental mais flexível e variável, a depender do contexto em vigor. 12 Co m po rt am en to em Fo co 4 | 2 01 4 Be ni te z . Si lv ei ra . H ac kb ar th . K ir ch ne r . Pr ad o Após esta análise, foram propostas as estratégias abaixo para a intervenção clínica: a. Construção com o cliente e os pais de um quadro de atividades rotineiras e horários que o cliente deveria seguir (escovar os dentes, se trocar para ir à escola e outros), tendo como objetivo ensiná-lo a organizar o tempo que ele tinha disponível para realizar cada atividade cotidiana. Os pais foram instruídos a registrar os dias em que o cliente não completou as atividades e qual foi a instrução dada. Estes registros eram discutidos em sessões de orientação aos pais, possibilitando identificar melhores maneiras dos pais instruírem o filho, certificando-se para a utilização de regras mais curtas e claras que evitassem distrações para o que era irrelevante. b. Elaboração de histórias em quadrinhos junto ao cliente. A cada sessão deveriam ser desenhadas, pintadas e escritas duas falas de dois quadrinhos. Essa estratégia foi utilizada como recurso para desenvolvimento de repertório de prontidão, atenção, concentração, comportamento criativo, comportamentos de fantasiar e brincar sem concorrer com autorregras do cliente. c. Construção de um quadro em que o cliente deveria responder perguntas sobre ele mesmo com desenhos, colagens ou escrita. d. Brincadeiras com carrinhos, bonecas e animais para observar dificuldades em fantasiar. A terapeuta dava modelos e modelava comportamentos relacionados ao brincar, tanto com o cliente, quanto com os pais nas sessões de orientação. Por exemplo, pegar na mão do filho, olhar para ele e dizer “o que será que seu bonequinho vai responder agora?”. A intervenção tinha como objetivo facilitar a interação do cliente com outros colegas de sua idade. e. Atividade em que o cliente deveria tentar identificar em figuras de expressões faciais quais sentimentos expressavam e em quais situações o cliente sentia-se daquela forma. A terapeuta também dava modelos de como expressar sentimentos e pensamentos, bem como auxiliava o cliente a relacionar eventos de sua vida com possíveis comportamentos privados emitidos por ele. f. A terapeuta explicava peculiaridades de interações sociais que o cliente demonstrava não entender. A partir da explicação, modelava novas respostas que poderiam aumentar a chance de reforçamento em cada contexto. Foram utilizadas situações relatadas pelos pais e pelo cliente para perguntar a ele se sabia o que tinha acontecido na situação e juntos pensavam em comportamentos alternativos que poderiam ser mais efetivos na mesma situação. Por exemplo, o pai relatou que o cliente não se trocou para ir à escola porque precisou ir ao banheiro e quando perguntou “por que você ainda não está pronto?” (sic), o filho respondeu “porque eu não me troquei” (sic). Uma resposta alternativa dada pela terapeuta como modelo para o cliente foi “porque me deu vontade de ir ao banheiro e isso me atrasou”, em seguida a terapeuta solicitava que o cliente desse outras respostas alternativas. d. Considerações finais do caso Os pais relataram melhoras significativas do cliente em relação à obediência e aceitação de regras definidas por eles. Também relataram melhora nas interações do cliente com outras crianças, além de que percebiam que o filho estava se posicionando mais nas brincadeiras, conseguindo brincar (não apenas formando regras das brincadeiras) e estava mais habilidoso (aceitando brincar com o que a outra criança queria e colocando condições de como gostaria que fosse a brincadeira). Os pais comentaram também que os ataques de “irritação e birra” (sic) não aconteciam mais. Em contexto clínico, a terapeuta também conseguiu observar evoluções importantes. O cliente conseguia completar suas atividades dentro do tempo esperado (o que também foi observado pela 13 Co m po rt am en to em Fo co 4 | 2 01 4 Be ni te z . Si lv ei ra . H ac kb ar th . K ir ch ne r . Pr ad o professora de sala de aula), passou a identificar de maneira efetiva expressões e verbalizações e apresentou melhora expressiva na qualidade de suas interações interpessoais (com seus pais, colegas de sala de aula e terapeuta). A observação direta e o registro sistemático das sessões terapêuticas foram estratégias primordiais para a identificação do padrão de respostas do cliente. Esta identificação possibilitou a implementação de intervenções específicas, individuais e, portanto, mais efetivas para os comportamentos-problema deste. A falta de registro da observação da terapeuta, neste caso clínico, poderia acarretar na identificação incorreta da função dos comportamentos-alvo do cliente e assim, em intervenções mal sucedidas. Fica evidente a relevância do registro das respostas do cliente em sessão e em ambiente natural e dos possíveis determinantes para estas respostas, como essencial no sucesso das intervenções implementadas e na expressiva melhora na qualidade das interações interpessoais deste. O tópico a seguir trata da observação e registro no contexto de pesquisa aplicada. 3 Observação e registro de comportamentos na pesquisa aplicada A observação pode ser realizada de modo informal, ou seja, sem considerar uma sistematização específica, ou pode respeitar um conjunto de normas e/ou protocolos. Quando utilizada para fins de pesquisa científica é nomeada de observação científica e tem o propósito de viabilizar a consecução do objetivo da investigação a ser realizada (Cano & Sampaio, 2007; Ferreira & Mousquer, 2004). É importante destacar que a observação assistemática também pode servir à coleta de dados em pesquisas científicas, todavia, tal condição dependerá do objetivo traçado para o estudo (Murta, 2005). Na pesquisa aplicada, a observação e o registro não devem ser suscetíveis a qualquer inferência, visto que o fenômeno (unidade de análise, por exemplo, o comportamento) deverá ser observado e registrado tal como ocorre na situação de investigação. Com base nos pressupostos comportamentais, recomenda-se que o registro seja elaborado a partir da observação e transcrição de cada comportamento, ou melhor, a partir da observação e registro de diferentes respostas em suas relações funcionais (Danna & Mattos, 2006). Nessa perspectiva, Todorov (1982) sugere que o trabalho de pesquisa desenvolvido com base nos achados comportamentais deveria, fundamentalmente, contemplar a observação e o registro contínuo do comportamento. Ademais, o autor destaca a importância de observaçõescasuais, observações controladas de campo, observações clínicas e observações controladas do comportamento em instituições. No que concerne à metodologia observacional, Cano e Sampaio (2007) realizaram um mapeamento de estudos científicos publicados em âmbito nacional, identificando 116 estudos, publicados entre 1970 e 2006, com diferentes temáticas de investigação, como a observação de crianças nos mais diferentes ambientes, a relação mãe-bebê, além de estudos que contemplaram a observação na formação de psicólogo. Os autores apresentaram, por fim, uma proposta de construção de protocolos de pesquisa, cujo objetivo seria auxiliar a observação sistematizada, por exemplo, a partir do uso de recursos audiovisuais no momento da coleta de dados. Em outro estudo de revisão sobre o uso de entrevista e observação, Belei, Gimeniz-Paschoal, Nascimento e Matsumoto (2008) investigaram adicionalmente o emprego de videogravação, no período de 1977 até 2005. Inicialmente, o estudo recomenda o desenvolvimento de entrevistas que permitam a coleta de informações gerais sobre o fenômeno em investigação. O intuito de tal manobra seria obter um conjunto de dados qualitativos acerca do mesmo. Posteriormente, é proposto o uso da observação em conjunto com a videogravação como método para garantir a correspondência dos dados coletados a partir da entrevista com a realidade. Outro benefício da gravação em vídeo seria a possibilidade de revisão dos comportamentos registrados, o que favoreceria registros imparciais, 14 Co m po rt am en to em Fo co 4 | 2 01 4 Be ni te z . Si lv ei ra . H ac kb ar th . K ir ch ne r . Pr ad o compostos apenas pela descrição do comportamento, sem inferências do observador. Por fim, os autores sugerem a utilização complementar dos três recursos, a saber, entrevista, observação e gravação em vídeo. No que tange à relevância social das metodologias de observação e registro sistemático, defende-se que seu uso possa gerar descrições detalhadas do comportamento, o que permitiria que diferentes profissionais dialogassem em paridade de condições sobre o fenômeno observado. Exemplos desses argumentos são: o Manual de Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais – DSM-IV (1994) e a Classificação Internacional de Doenças – CID10 (Cano & Sampaio, 2007). Uma limitação apresentada em relação ao método observacional refere-se à presença do observador e/ou do local de observação. Alves et al. (1999) consideram que tais variáveis seriam capazes de alterar o comportamento observado. Outro desafio imposto à observação científica é a possibilidade de que muitos fatos ocorram simultaneamente, o que dificultaria a observação completa e imediata do fenômeno sob investigação. Para minimizar este problema, Ferreira e Mousquer (2004) sugerem o uso de filmagens, ainda que tal procedimento possivelmente possa tornar a investigação mais onerosa. A adoção do uso de filmagens em situações aplicadas de observação foi documentada no estudo de Benitez e Domeniconi (2012). As autoras categorizaram e quantificaram os tipos de dicas orais fornecidas por familiares, enquanto aplicavam um programa de ensino de leitura e escrita (de Rose, de Souza & Hanna, 1996; de Souza, de Rose & Domeniconi, 2009) com aprendizes com deficiência intelectual. O procedimento consistiu em supervisões nas residências para orientar os familiares quanto à aplicação das sessões de ensino, com o uso de filmagem das sessões e observação pela pesquisadora. A análise de dados ocorreu a partir da revisão de todas as filmagens realizadas ao longo das supervisões, em busca de verbalizações fornecidas pelos monitores (familiares) para os aprendizes, durante a aplicação das sessões do programa de ensino de leitura e escrita. A partir da observação e registro sistemático, os autores quantificaram e categorizaram as verbalizações dos familiares (adequadas, como: fornecer a instrução da tarefa e elogiar; inadequadas: apontar erros na resposta do aprendiz e responder por ele), durante a aplicação das sessões. Tais achados contribuíram para o desenvolvimento de treinamentos futuros de familiares que possam atuar como monitores de seus filhos, durante a aplicação do programa de ensino de leitura e escrita. Embora o trabalho de Murta (2005) tenha se dedicado a realizar um mapeamento teórico do campo do treinamento de habilidades sociais (THS), é importante que seja discutido no presente estudo, devido à identificação do uso da observação enquanto metodologia para avaliar o resultado dos treinamentos propostos pelos autores na área em destaque. Conforme descrição da autora, a observação direta do comportamento, em consonância com o registro de cada evento, são estratégias utilizadas para auxiliar na avaliação dos comportamentos ensinados em THS, em situações naturalísticas. Para ilustrar esse debate, o estudo de Lohr (2003) foi conduzido com crianças em situações escolares. A autora propôs uma entrevista semiestruturada para avaliar o relato dos pais em relação aos progressos das habilidades sociais de seus filhos. Lohr (2003) comenta ainda que a prática era combinada com a observação durante as atividades escolares. Esses dados foram ao encontro dos de Murta (2005) e de Todorov (1982), no sentido de defender a observação contínua do comportamento-alvo. A revisão da literatura - e a consideração dos debates expostos - viabilizou a construção de um checklist para o melhor emprego da observação e registro de comportamentos no contexto da pesquisa aplicada. Foram identificadas 12 condições fundamentais, são elas: a. Identificação das atividades propostas, de acordo com cada objetivo de pesquisa; b. Identificação dos sujeitos envolvidos; c. Aplicação de entrevistas (Belei, Gimeniz-Paschoal, Nascimento & Matsumoto, 2008; Lohr, 2003); d. Observações (Danna & Mattos, 2006); 15 Co m po rt am en to em Fo co 4 | 2 01 4 Be ni te z . Si lv ei ra . H ac kb ar th . K ir ch ne r . Pr ad o e. Uso de filmagens ao longo das observações (Belei et al., 2008; Benitez & Domeniconi, 2012; Cano & Sampaio, 2007; Dessen & Murta, 1997); f. Transcrição da observação (ou da filmagem), a partir dos elementos: descrição do ambiente físico, ambiente social, do sujeito observado, dos eventos físicos e sociais (Danna & Mattos, 2006); g. Construção de protocolos de registro para avaliação dos dados observados (Cano & Sampaio, 2007); h. Criação de um sistema de categorias, após conhecer o ambiente no qual está desenvolvendo o estudo, especialmente, no caso de estudos naturalísticos (Alves et al., 1999; Cano & Sampaio, 2007); i. Classificação dos tipos de evento (evento físico e social), antecedente, comportamentos e consequentes do vídeo observado e transcrito e; j. Análise da classificação, a qual permite identificar de modo sistemático as condições antecedentes que evocavam determinadas respostas dos sujeitos envolvidos que, por sua vez, geravam distintas consequências; k. Análise de fidedignidade ou concordância entre observadores, a partir do teste intraobservador (Batista, 1985; Dessen, 1995); l. No que concerne à fidedignidade do observador, ela tem sido extensivamente tratada pelos autores que atuam em análise do comportamento aplicada (Batista, 1985), visto que uma observação controlada e sistemática é um instrumento fidedigno de investigação científica. Ela necessita de planejamento e preparação prévia dos observadores quanto ao(s) fenômeno(s) observado(s). 4. Conclusões Considerando que o uso dos estudos observacionais é bastante restrito, o presente trabalho adverte para a importância da observação e do registro sistemático do comportamento na esfera da prática clínica e dapesquisa aplicada. O uso recorrente de medidas de autorrelato como fonte de investigação deve ser a preocupação central para pesquisadores e terapeutas comprometidos com a efetividade de suas intervenções. Defende-se que avaliar de maneira eficaz a frequência, duração e outras dimensões do comportamento é possível, apenas, com o uso sistemático de observações e registros. A partir do exame da literatura, foi possível identificar os aspectos mais relevantes da investigação científica no contexto clínico e na pesquisa aplicada. Dada a possibilidade de registro, classificação e da criação de categorias, as observações realizadas nesses contextos devem ser registradas e analisadas de maneira a primar pela neutralidade do observador a respeito dos comportamentos observados. Adicionalmente, é possível verificar que a categorização e a quantificação dos comportamentos apresentados pelos participantes contribuem para o monitoramento e orientação de pais e crianças. Tais estratégias favoreceram ainda o diagnóstico preciso e precoce, fato este que viabilizou a modificação das variáveis ambientais que exerciam controle direto sobre os comportamentos problema do cliente. O registro de descrições detalhadas do comportamento do cliente realizado ao longo dos atendimentos clínicos foi fator determinante no sentido de garantir a efetividade e confiabilidade da técnica. Avalia-se que as constatações derivadas da observação e registro sistemático não seriam possíveis, caso se adotassem medidas de autorrelato ou relato de terceiros. Defende-se que é imprescindível que a prática da observação e registro sistemático do comportamento, especialmente no âmbito da prática clínica e da pesquisa aplicada, seja aperfeiçoada em relação aos seus métodos e técnicas. Ademais, acrescenta-se que tal desenvolvimento deve respeitar uma série de fatores, por exemplo, o intuito particular da observação, o contexto de aplicação, o público alvo, entre outros. 16 Co m po rt am en to em Fo co 4 | 2 01 4 Be ni te z . Si lv ei ra . H ac kb ar th . K ir ch ne r . Pr ad o Espera-se que o presente trabalho contribua para o desenvolvimento de estudos futuros, no sentido de ampliar as oportunidades de análise de dados de estudos que empreguem a metodologia observacional. Certamente, a técnica utilizada para o registro sistemático de comportamentos pode contribuir para o desenvolvimento de análises funcionais ainda mais precisas em relação aos comportamentos observados. Entretanto, é importante salientar que a subjetividade do observador estará necessariamente implicada na análise e registro da situação observada, o que influenciará na validade interna e externa do estudo. Por mais que a técnica apresentada se proponha a ser objetiva, é importante destacar o papel da subjetividade na interpretação dos resultados, no sentido de obter controles experimentais que favoreçam a replicação dos dados, especialmente, no que se refere ao aprimoramento de métodos e técnicas a serem elaborados, conforme a finalidade da observação a ser conduzida em cada experimento. Referências American Psychiatry Association (1994). DSM-IV, Diagnostic and statistical manual for mental disorders, 4th ed. Washington, DC: APA. Alves, P. B., Koller, S. H., Silva, S. H., Reppold, C. T., Santos, C. L., Bichinho, G. S., Prade, L. T., Silva, M. L. & Tudge, J. (1999). A construção de uma metodologia observacional para o estudo de crianças em situação de rua criando um manual de codificações de atividades cotidianas. Estudos de Psicologia, 4(2), 289-310. Ades, C. (1972). A teia e a caça da aranha Argiope argentata. (Tese de doutorado, não-publicada). Universidade de São Paulo, São Paulo. 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