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Unidade II: Atenção Professora Aline Passeri Dias Disciplina: Psicologia da Percepção Atenção e Consciência O que é atenção “A atenção é a tomada de posse pela mente, de forma vívida e nítida, de um entre o que parecem ser vários objetos ou linhas de pensamento possíveis. (...) Implica afastar-se de algumas coisas para lidar de forma efetiva com outras”. (William James, Princípios de Psicologia) Normalmente se refere à seletividade do processamento. Importância da atenção Os fenômenos psicológicos da atenção nos possibilitam usar nossos recursos mentais limitados de forma sensata. Ao diminuir a atenção sobre muitos estímulos exteriores (sensações) e interiores (pensamentos e memórias), podemos focar nos estímulos que nos interessam. Esse foco dirigido aumenta a possibilidade de que respondamos rápida e precisamente aos estímulos interessantes. A atenção aumentada também abre caminho para processos de memória. É mais provável que nos lembremos de informações as quais prestamos atenção do que das que ignoramos. Processamento pré-consciente Informações que no momento estão fora de nossa consciência, mas que estão disponíveis à consciência. Inclui memórias armazenadas e sensações. Temos disponível em nossa memória uma grande quantidade de informações que não utilizamos o tempo todo. Ex: quarto da infância. Também temos disponível uma riqueza de informações sensoriais, mas damos atenção apenas a uma quantidade limitada da informação sensorial. Ex: seu corpo como um todo no ambiente. Como é possível estudar o que está fora de nossa consciência? Os psicólogos resolveram esse problema estudando um fenômeno conhecido como priming. Priming – ocorre quando o reconhecimento de um estímulo é afetado pela apresentação anterior do mesmo estímulo. Ex: estamos conversando sobre algo, posteriormente sua atenção para esse estímulo será influenciada por essa conversa. Pesquisas atuais usam esse conceito para investigar a relação entre atenção, memória e estímulos específicos. Ex: pesquisa sobre transtornos alimentares e atenção (Montagnero & Esteves, 2013) Processos controlados e processos automáticos Processos automáticos: requerem pouco ou nenhum esforço cognitivo; demandam pouca atenção; tendem a ser rápidos. Processos controlados: são acessíveis ao controle consciente e até mesmo em série. Em outras palavras, ocorrem em uma sequência, um "passo" de cada vez. Muitas tarefas que começam como processos controlados acabam por se tornar automáticas através da automatização. Processos controlados e processos automáticos - automatização Processos controlados e processos automáticos O que acontece quando duas atividades requerem os mesmos processos? Ainda que o processamento seja automático, vai haver, em geral, uma perda na capacidade em uma ou mais tarefas. Exemplo: dirigir e falar ao telefone ao mesmo tempo (a probabilidade de motoristas se envolverem em acidentes de trânsito é 4 vezes maior quando estão usando celular). Habituação Durante a vida, automatizamos incontáveis tarefas cotidianas, mas um dos pares mais úteis de processos automáticos aparece pela primeira vez horas após o nascimento: a habituação e seu oposto complementar, a desabituação. Habituação: nos acostumamos com um estímulo de forma que, aos poucos, passamos a prestar cada vez menos atenção a ele. Desabituação: uma mudança em um estímulo conhecido leva-nos a começar a notá-lo outra vez. OBS: habituação ≠ adaptação sensorial Funções da atenção Quatro principais funções da atenção: Atenção dividida; Vigilância e detecção de sinais, Busca; Atenção seletiva. Funções da atenção: Vigilância e detecção de sinais Vigilância é a capacidade de uma pessoa de prestar atenção a um campo de estimulação por um período prolongado, durante o qual busca detectar o surgimento de um determinado estímulo. Ficar alerta em relação a estímulos de interesse numa determinada situação. Exemplo: Um salva-vidas em uma praia lotada deve estar sempre vigilante, assim como um controlador de trafego aéreo deve estar altamente vigilante. Funções da atenção: Busca Enquanto a vigilância envolve esperar passivamente que um sinal apareça, a busca envolve procurar um alvo de forma ativa e habilidosa. Exemplo: procurar um produto na prateleira do mercado; revista em aeroportos. A busca é influenciada por fatores de distração. Funções da atenção: atenção seletiva Escolher em quais estímulos vamos prestar atenção (e quais vamos ignorar). Três estágios: Análise pré-atencional das propriedades do estímulo (Estímulos em todos os sentidos são analisados paralelamente) Análise do estímulo em busca de um padrão (Fala, música, palavra escrita, imagem...) Focalização da atenção nos estímulos que passaram do “estágio 2.” Funções da atenção: Atenção dividida Realizar mais de uma tarefa ao mesmo tempo. É possível realizar 2 tarefas ao mesmo tempo? Sim! Contudo: É fácil se forem de modalidades perceptivas diferentes. Exemplos: ouvir música e dirigir. É bem mais difícil se forem na mesma modalidade. Exemplo: prestar atenção na aula com os colegas conversando. Experimento de atenção dividida: escrever nome/acessar memórias/observar as sensações corporais. O efeito Stroop Investiga o processamento visual e a atenção seletiva. Põe em evidência a capacidade do sujeito para classificar a informação que o rodeia e reagir de modo seletivo a essa mesma informação. Testes inspirados pelo efeito de Stroop são muito usados em neuropsicologia – estudo do processamento cognitivo Tarefa 1 – Leitura de palavras Tarefa 2 – Nomeação de cor Alguns fatos sobre a atenção Damos atenção às fontes de informação que são relevantes para o contexto das nossas atividades e intenções do momento. Damos atenção a estímulos inéditos, surpreendentes, incongruentes, complexos ou intensos – em conflito com a nossa expectativa. Damos atenção a fenômenos e estímulos vindos do ambiente exterior mas também do ambiente interno - mas obviamente estuda-se mais a atenção ao meio externo, porque os determinantes são mais fáceis de manipular. Fatores que influenciam a atenção Ansiedade pessoal e ansiedade relacionada à situação (tendem a restringir a atenção); Estados de vigília, sonolência, excitação; Uso de drogas; Interesse especifico em uma tarefa-alvo e em um estímulo; Natureza da tarefa (difícil, complexa ou nova); Prática, habilidade, experiência; Concentração: capacidade de manter atenção concentrada em um estímulo-alvo por um certo período de tempo, mesmo na presença de distratores; Entre outros. Referências Sterneberg, R. L. Psicologia Cognitiva. Capítulo 3: Atenção e Consciência. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. Eysenck, M. W., & Keane, M. T. Manual de Psicologia Cognitiva. 7ª ed. Capítulo 5: Atenção e desempenho. Porto Alegre: Artmed, 2017. Montagnero, A. V., & Esteves, M. A. S. Atenção seletiva e memória implícita em sujeitos com diferentes IMCs. Rev. bras.ter. cogn. [online]. 2013, vol.9, n.1, pp. 02-09, 2013. Vídeo extra: Série Truques da Mente (Netflix), temporada 1, episódio 1.
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