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DTCI - Apostila - Parte II

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CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 
Classificação entre escritas e não escritas 
Escritas: como a constituição do Brasil. Chamadas de “constituição instrumental”. Subdividem-se em codificadas (sistematizada em um único documento normativo) ou legais (contida em mais de um documento).
Não escritas: há vários documentos esparsos e fortes costumes como, por exemplo, o governo por parte do primeiro ministro e não por parte do rei – iniciou-se a tradição com o rei George I - ou a garantia de imunidade tributária às igrejas. A Constituição da Inglaterra é um exemplo. Na Inglaterra há um conjunto de leis ordinárias (esparsas) que tratam de matéria constitucional, compondo, assim, em conjunto, a Constituição.
Classificação quanto ao modo de elaboração:
Históricas ou costumeiras ou consuetudinárias: surgem de um longo processo histórico, da evolução dos costumes da própria sociedade, que recebem aos poucos regulamentação legislativa. Por exemplo: a constituição da Inglaterra.
Dogmáticas: surgem em um determinado momento histórico como um dogma, ou seja, a partir de uma ideologia pré-concebida. Por exemplo: Brasil. Nossa Constituição é dogmática, pois o preâmbulo traz uma ideologia pré-concebida, já que demonstra os valores da sociedade, propondo-se, o texto constitucional, a concretizar esses valores.
OBS: O STF menciona que o preâmbulo da CF não possui conteúdo normativo (ADIn 2076). Menciona que são os valores da sociedade colhidos pelo constituinte originário que através do texto normativo procura satisfazê-la. O preâmbulo tem finalidade interpretativa, a interpretação das normas deve ser com o intuito de atender aos valores fundamentais nele expressos.
Classificação quanto à origem:[1: OBS: Há autores que apresentam, ainda, as classificações: a cesarista, feita pelo chefe do Estado e aprovada pelo povo pelos intrumentos de plebiscito e referendo (objetivo de somente legitimar – formalmente - a presença do detentor do poder, como a Constituição de Pinochet no Chile); a heterodoxaI, imposta por um país a outro (exemplo: Inglaterra para a Nova Zelândia).]
Outorgadas: são referidas como cartas políticas, porque são constituições impostas, cuja elaboração não encontra participação popular. Normalmente quando os detentores do poder impõem ao povo uma nova ordem política e jurídica, uma nova ordem constitucional. Exemplos: CF brasileiras de 1824, 1937, 1967 e EC 01 de 1969.
Promulgadas (populares ou democráticas): há a participação do povo nas decisões políticas fundamentais (participação direta ou participação indireta, representativa). É fruto de uma Assembléia Nacional Constituinte, composta de representantes do povo, eleitos para essa finalidade. Exemplos: CF brasileiras de 1891, 1934, 1946, 1988.
Classificação quanto ao conteúdo
Constituição material (ou substancial)
Concebida como o conjunto de normas, inseridas ou não em um documento escrito, que regulam a estrutura do Estado, organização dos seus órgãos e os direitos fundamentais. São as normas de conteúdo tipicamente constitucional.
Teoricamente, podem-se imaginar normas que tratem de conteúdo constitucional fora da constituição. Nesse caso, teríamos normas materialmente constitucionais, embora não sejam formalmente constitucionais.
Constituição formal (ou procedimental)
Conjunto de normas inseridas no “texto constitucional”, independentemente do conteúdo das normas, se de cunho constitucional ou não. O que não significa que uma Constituição formal não terá normas materialmente constitucionais (a brasileira, por exemplo, que é formal, em seu artigo 2º, entre tantos outros, demonstra conteúdo constitucional)[2: Tomemos como exemplo o parágrafo 2º do artigo 242 da CF de 1988, que diz “o Colégio Pedro II localizado na cidade do Rio de Janeiro, será matido na órbita federal”. Está inserido na constituição e, por isso, sendo nossa Constituição formal, é norma constitucional, embora materialmente em nada se relacione a um conteúdo, uma matéria, um assunto constitucional.]
A constituição formal é necessariamente escrita e rígida. Espelha o conjunto de normas, reduzidas sob a forma escrita em um ou mais documentos, solenemente estabelecidos pelo poder soberano, através de um processo legislativo mais dificultoso, diferenciado e mais solene do que o processo legislativo de formação das demais normas do ordenamento.
A Constituição formal também revela: 
A força normativa dos preceitos constitucionais, procriados por um poder de maior força impositiva, qual seja, o constituinte originario e;
A superioridade hierárquica de tais preceitos em face das prescrições infraconstitucionais.
 
O STF já se pronunciou na ADIn 815-3 que as normas constitucionais não possuem hierarquia entre si. Todas, independentemente de seu conteúdo, possuem o mesmo nível hierárquico – Tese da idêntica hierarquia das normas constitucionais.[3: Essa Ação Direta de Inconstitucionalidade foi proposta pelo governador do Rio Grande do Sul (Alceu Collares, na época) postulando pela declaração de inconstitucionalidade do art. 45, parágrafos 1º e 2º da CF. Mencionou que fere uma cláusula pétrea (art. 60, §4º, I, CF), pois rompido o equilíbrio federativo na proporcionalidade dos deputados. Argumentou, ainda, que as regras do artigo 45 da CF contrariavam o princípio da igualdade do voto (art. 14) e da soberania popular (art. 1º). Referiu que o art. 60, §4º (cláusulas pétreas) era uma norma superior ao art. 45, também da CF, suposta superioridade que não foi reconhecida pelo STF, ainda porque se tratam de normas constitucionais originárias, entre as quais não há hierarquia, e as cláusulas pétreas são apenas que limites ao poder constituinte reformador.]
Tradicionalmente, a constituição brasileira é vista como constituição formal.
Não obstante, ganha força, no Brasil, a noção de BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE. Idéia surge originariamente na França, país em cuja constituição não há uma lista de direitos fundamentais. Há, antes do texto normativo da constituição francesa, a incorporação da declaração universal dos direitos do homem e do cidadão. Surge a necessidade de serem tratados esses comandos, que não estão na constituição, como dotados de força constitucional (constrói-se a idéia de bloco de constitucionalidade). No Brasil, os tratados internacionais sobre direitos humanos podem ser considerados normas de direitos fundamentais caso haja a aprovação interna para a vigência desse tratado conforme rito previsto no parágrafo 3º do artigo 5º da CF/88, que estudaremos mais a frente.
MOMENTO HISTÓRICO ATUAL: conquista de nova geração de direitos que estabelece a primazia da norma que melhor cumpre com direitos e garantias fundamentais – seja no âmbito interno, seja no âmbito internacional.
Classificação quanto à estabilidade (ou alterabilidade):
Rígidas: são aquelas que exigem, para reforma do texto constitucional, um processo legislativo distinto do processo legislativo ordinário comum, mais exigente, mais dificultoso, complexo. Em tese, as normas constitucionais são normas mais importantes do Estado e normas não dotadas de mutabilidade.
Flexíveis ou plásticas: não possuem essa exigência. Alteram-se as normas constitucionais pelo mesmo procedimentode alteração de uma lei ordinária, sem distinções no processo legislativo. 
No caso de ordenamentos com normas constitucionais flexíveis, não se pode falar em ordenamento jurídico hierarquizado, não se tem normas superiores e inferiores. Não há normas constitucionais e nem infraconstitucionais. Em consequência, não há um controle de constitucionalidade, já que inexistem parâmetros para tanto.
Constituição mitigada, semi-rígida ou semi-flexível: Há algumas normas que exigem, para elaboração, um processo mais rigoroso e complexo que são as de matéria constitucional/fundamental do Estado, da organização estatal. E há outras se modificam da mesma forma que as normas ordinárias. Ex: Carta imperial de 1824 do Brasil, na qual a própria constituição recusava a natureza constitucional – era uma constituição material, poisera tido como “constitucional” somente o que era essencial ao Estado. 
Conseqüência: quando se encontra matéria constitucional fora da constituição, a matéria absoluta perde esta proteção da Constituição, qualquer lei ordinária poderá revogá-la, mesmo tratando, a lei, de matéria constitucional. 
Classificação quanto à extensão
Constituição sintética (breve, concisa ou negativa): constituição de poucos artigos, prevê somente princípios e normas gerais de estrutura e limitação do poder do Estado. Tendem a ser mais duradouras. Ex: CF dos EUA.
Constituição analítica (longa ou prolixa): regula todos os assuntos que reputar relevante a formação, destinação e funcionamento do Estado. Ex: CF/88 do Brasil.
Classificação quanto à finalidade
Constituição garantia – pretende garantir a liberdade e limitar o poder do Estado pela previsão de direitos e garantias individuais. Ex: Constituição dos EUA.
Constituição dirigente – tenta ser um plano normativo global, que determina tarefas, programas de atuação futura e fins para o Estado. Exige vinculação dos poderes públicos à sua realização. Ex: CF brasileira de 1988 
Classificação quanto à ideologia
Constituição ortodoxa (ou simples) – formada por uma única ideologia. Ex: Constituições soviéticas de 1923, 1936, 1977.
Constituição eclética (pluralista ou compromissória) – alberga diversas ideologias (conciliáveis), sendo a lei maior o resultado do compromisso entre forças políticas diferentes. É o caso da Constituição brasileira de 1988, em que se vêem princípios e valores de esquerda, direita, liberais, sociais, democráticos, de respeito a todas as religiões e cultos, etc.
Classificação quanto ao objeto
Constituição liberal – limitam-se a dispor sobre organização do Estado e a previsão de direitos civis e políticos, não contendo normas relativas a ordem econômica e social. Associada ao estado liberal de Direito. A primeira nesse sentido foi a CF dos EUA de 1787.
Constituição social – contém, também, normas relativas a ordem econômica e social, busca o bem estar social. É associada ao welfare state e aos Estados que adotam a social-democracia (a primeira foi a CF mexicana de 1917).
Classificação quanto à concordância entre normas constitucionais e a realidade política (classificação ontológica)
Constituição normativa – Constituição que possui grande eficácia normativa, uma vez que o poder estatal se submete às normas constitucionais, podendo atuar somente em conformidade com as previsões legais. Ex: Constituição dos EUA.
Constituição semântica – as normas constitucionais não dominam o processo político. Não passam de uma “fachada” para encobrir as reais intenções do governo que pouco se importa com o desejo dos cidadãos envolvidos. Ex: CF brasileiras de 1937 e 1967 e emenda de 1969.
Constituição nominal – as normas constitucionais também não dominam o processo político, mas há uma pretensão de que, no futuro, haja concordância entre as normas constitucionais e a realidade política.
De acordo com alguns doutrinadores, como Uadi Lammêgo Bulos, a CF/88 pretende ser uma constituição normativa, mas está mais próxima da constituição nominal.
 A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA É CLASSIFICADA COMO: FORMAL, ESCRITA, DOGMÁTICA, PROMULGADA OU DEMOCRÁTICA, RÍGIDA, ANALÍTICA, DIRIGENTE, ECLÉTICA, SOCIAL E NOMINAL (apesar de pretender ser normativa).
OBJETO DA CONSTITUIÇÃO:
Tem por objetivo estabelecer:
Estrutura e organização do Estado e da sociedade;
Modo de aquisição do poder e a forma de seu exercício;
Limitação do poder estatal por meio de previsão de direitos e garantias fundamentais;
Regime político e os fins socioeconômicos;
Fundamentos dos direitos econômicos, sociais e culturais.
ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Preâmbulo
É a parte precedente da CF, dizemos que é “uma proclamação de princípio” ou “documentos de intenções”. Não faz parte do texto, não possui força normativa (segundo já declarou o STF na Ação direta de inconstitucionalidade n. 2076, em 2002, proposta pelo PSL contra a Assembléia Legislativa do Acre).[4: No julgamento o então ministro Nelson Jobim disse que o questionamento do PSL à Constituição do Acre lhe fez lembrar como foi feito o preâmbulo na Constituição brasileira. O ministro Jobim afirmou não se lembrar do nome do deputado constituinte, mas salientou que era um político “muito inquieto”, o que fez o senador Afonso Arinos “costurar” um acordo para que coubesse ao deputado a redação do preâmbulo. (Notícias do STF de 15 .08.2002).]
A relevância do preâmbulo encontra discordância na doutrina. O doutrinador português Jorge Miranda apresenta três posições doutrinárias distintas sobre o tema: [5: Esse doutrinador foi citado pelo Ministro CARLOS VELLOSO, do STF, no julgamento da já citada ADIn 2076, considerando o “preâmbulo, segundo Jorge Miranda, ‘proclamação mais ou menos solene, mais ou menos significante, anteposta ao articulado constitucional não é componente necessário de qualquer Constituição, mas tão somente um elemento natural de Constituições feitas em momentos de ruptura histórica ou de grande transformação político-social.’(Jorge Miranda, ‘Estudos sobre a Constituição’, pág. 17).]
Tese de irrelevância jurídica, onde o preâmbulo não se encontra dentro do direito, e sim no campo da política.
Tese de plena eficácia, que reconhece ao preâmbulo a mesma eficácia jurídica das outras disposições constitucionais;
Tese de relevância jurídica indireta, onde o preâmbulo não é considerado norma, mas apresenta um papel relevante na orientação de identificar as características da CF.
A posição do STF é pela primeira corrente, não se situando no âmbito do direito, mas da política, refletindo posição ideológica do constituinte. Não possui portante, relevância jurídica.
Nesses termos, o preâmbulo:
Não se situa no campo do direito constitucional;
Não tem força normativa;
Não é de observância obrigatória pelos Estados-membros para elaboração de suas constituições;
Não serve de parâmetro de inconstitucionalidade das leis;
Não constitui limitação ao poder constituinte derivado ao modificar o texto constitucional.
Para a doutrina, o preâmbulo não é totalmente irrelevante, pois tem valor interpretativo e integrativo de todo o texto constitucional e dos ADCT.
Parte dogmática da Constituição de 1988:
Constitui a parte permanente ou principal do texto constitucional. Integrada por todas as normas essenciais à organização e ao funcionamento estatal, bem como pelas diversas normas programáticas (relativas aos direitos sociais), uma vez que a CF brasileira se trata de constituição dirigente. E, ainda, por ser uma constituição prolixa, traz em seu corpo normas formalmente constitucionais, ainda que não sejam materialmente constitucionais.
A estrutura da Constituição Federal de 1988 divide-se em:
I – Dos princípios fundamentais (artigos 1º ao 4º);
II - Dos direitos e garantias fundamentais (artigos 5º ao 17);
III- Da organização do Estado (artigos 18 ao 43);
IV- Da organização dos poderes (artigos 44 ao 135);
V- Da defesa do Estado e das Instituições democráticas (artigos 136 ao 144);
VI – Da tributação e do orçamento (artigos 145 ao 169);
VII – Da ordem econômica e financeira (artigos 170 ao 192);
VIII – Da ordem social (artigos 193 ao 232);
IX – Das disposições constitucionais gerais (artigos 233 ao 250);
ADCT – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias 
Os ADCT são os atos das disposições constitucionais transitórias, que constituem um conjunto de normas que garantiram a transição do regime Constitucional de 1967/69 para a Constituíção de 1988. Após implementação dessas regras, elas têm sua eficácia exaurida. [6: Exemplo: o art 3º dos ADCT, de carater revisional, que já perdeu seu efeito, pois previa revisão da Constituíção de 88 após 5 anos, de sua vigencia. Os ADCT têm natureza transitória e não são considerados normas permanentes (posição do STF).]
Faz parte do texto constitucional. 
Os ADCT reúnem dois grupos distintos:
O que contem regras necessárias para garantia uma harmonizaçãoentre a constituição anterior (CF/69) e a atual (CF/88). Ex: art. 16.
O que contem regras que, embora não estejam relacionadas `a transição, possuem caráter transitório, ou seja, uma vez ocorrida a situação nelas previstas sua eficácia jurídica se esgota. Ex: art. 3º, que estabeleceu regras para realização da revisão constitucional após 5 anos de promulgação da CF.
Em ambas as situações, ocorrida a situação prevista a eficácia jurídica da norma é exaurida.
Embora tenha natureza transitória, os ADCT são formalmente constitucionais, possuindo a mesma hierarquia que as normas encontradas no corpo principal da CF. Ou seja, pode servir de parâmetro para declaração de inconstitucionalidade, e suas modificações só podem ser feitas através de emendas constitucionais. 
Não obstante, algumas regras importantes continuam sendo disciplinadas pela ADCT, exemplo: proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa (art. 10, I, do ADCT), por não ter sido editada LC exigida pelo art. 7º, I, da CF.
CONCLUSÃO:
SÃO DESPROVIDAS de força normativa o preâmbulo e as normas integrantes na ADCT já exauridas.
UNIDADE E SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO
Unidade da Constituição
A CF brasileira é unitária (ou codificada, reduzida ou unitextual), pois se constitui em um texto formal único que exaure as matérias de cunho constitucional.
O direito constitucional material do Estado é posto num único instrumento normativo, inexistindo as chamadas “leis com vigor constitucional”. 
Supremacia da Constituição
A CF possui supremacia formal e material
A supremacia material relaciona-se do ponto de vista sociológico, refere-se ao corpo de “normas fundamentais do Estado”.
Dizer que a constituição é portadora de supremacia material é o mesmo que afirmar a submissão das outras normas infraconstitucionais ao conteúdo de tudo quanto nela está contido. As normas infraconstitucionais não podem tratar de um tema ou assunto que fira a constituição.
Já a supremacia formal é visto pelo ponto de vista eminentemente jurídico, afeto à hierarquia das normas em relação ao resto do ordenamento jurídico (como bem retratado pela pirâmide de hierarquia das normas doutrinada por Hans Kelsen). Esta depende do conceito de rigidez constitucional.
Isto porque a rigidez, ao conceber um procedimento mais solene e dificultoso para modificação da Constituição, acaba protegendo o texto constitucional da legislação ordinária, tornando-o hierarquicamente superior e conferindo-lhe a supremacia no sentido formal.
A supremacia formal é o corolário da rigidez constitucional. Princípio da compatibilidade vertical. Nesse sentido (formal) leva-se em consideração a organização das normas em termos de sua hierarquia, e não em relação à importância dos assuntos, matérias, que tratam. [7: Nesse sentido, ainda que uma norma infraconstitucional trate de matéria mais relevante ao ser comparada a uma norma constitucional, permanece em posição hierárquica inferior a essa segunda, por estar presente no texto da CF e ser, portanto, formalmente constitucional.]
Supremacia constitucional e força normativa da constituição
Força normativa da Constituição é a energia vital que lhe confere efetividade ou eficácia social. É um dos princípios reitores da ordem jurídica que se dessume da lógica do sistema jurídico.
“Por seu intermédio as norma supremas do Estado se concretizam, regulando, no plano da vida, as relações sociais, políticas e econômicas de acordo com o amadurecimento da consciência constitucional”. (BULOS, 2011, p. 132).
PODER CONSTITUINTE
Características:
Poder de elaborar (originário) ou atualizar uma constituição, mediante supressão, modificação ou acréscimo de normas constitucionais (derivado).
A titularidade do poder político pertence ao povo, que o exerce por meio de seus representantes ou diretamente nas hipóteses previstas na CF (iniciativa popular de leis, plebiscito e referendo). 
Poder Constituinte Originário ou Inicial:
É aquele que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem jurídica precedente.
O objetivo principal é criar um novo Estado, diverso do que vigorava em decorrência da manifestação do poder constituinte precedente. Surge um novo Estado a cada nova constituição, seja proveniente de revolução ou de assembléia popular. Há um rompimento total com a ordem jurídica anterior.
Características:
É inicial, autônomo, ilimitado juridicamente, incondicionado, soberano na tomada de suas decisões.
Inicial pois instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem anterior;
Autonomo, pois a estruturação da nova constituição será determinada autonomamente por quem exerce o poder constituinte originário;
Ilimitado juridicamente no sentido de que não tem que se limitar ao direito anterior;
Incondicionado e soberano na tomada de suas decisões, pois não tem de se submeter a qualquer forma prefixada de manifestação;
OBS: O poder constituinte originário encontra limitações extrajurídicas. Ele não pode ser um poder arbitrário, que não conheça qualquer limitação, uma vez que encontra-se adstrito aos grandes princípios referentes ao bem comum, ao direito natural, da moral e da razão. Canotilho, doutrinador português, bem diz que “é estruturado e obedece a padrões e modelos de conduta espirituais, culturais, éticos e sociais radicados na consciência jurídica geral da comunidade e, nesta medida, considerados como vontade de povo” (CANOTILHO, J.J.Gomes, Direito constitucional e Teoria da Constituição, 7. ed., p. 81).
Formas de expressão:
Outorga – declaração unilateral do agente revolucionário ou do representante do poder político. Ex: Constituições brasileiras de 1824, 1937, 1967 e EC 1/69.
Assembléia Nacional constituinte ou convenção – nasce da deliberação da representação popular. Ex: Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946, 1988.
Poder Constituinte Derivado (ou instituído ou constituído ou secundário ou de segundo grau)
Conceito e espécies:
É aquele criado e instituído pelo poder originário para operar as transformações no texto constitucional criado. Deve obedecer as regras impostas pelo poder originário, sendo limitado e condicionado a seus parâmetros.
É dividido em reformador, decorrente e revisor.
Poder constituinte derivado reformador – artigo 60 da CF/88
Tem a capacidade para modificar a constituição, por meio de procedimento específico, estabelecido pelo poder originário, sem que haja uma revolução e ruptura política. Ocorre através de emendas constitucionais, previstas na CF de 1988 nos arts. 59, I, e 60.
Para alteração requer: quorum qualificado de 3/5 em cada Casa do Congresso Nacional por dois turnos de votação em cada (artigo 60 da CF).
Limitações circunstanciais: Há proibição de alteração da Constituição na vigência de estado de sítio, estado de defesa ou intervenção federal (institutos que serão estudados nas disciplinas Direito Constitucional I e II); 
Limitaçõe materiais: Referem-se às matérias intangíveis, ou seja, impossíveis de serem transformadas - clausulas pétreas previstas no art. 60, §4º, CF/88.[8: Não serão objeto de deliberação as propostas de emendas tendentes a abolir as seguintes cláusula pétreas: I- A forma federativa de Estado; II. O voto direto, secreto, universal e periódico; III. A separação dos poderes; IV. Os direitos individuais (o STF decidiu que existem direitos individuais que não estão previstos no artigo 5º como, por exemplo, as garantias do contribuinte).]
Limitações implícitas: Não estão expressas, mas limitam o poder reformador também. São elas: a) o rito de aprovação das emendas (o poder constituinte reformador não pode alterar o processo de aprovação das emendas, nem para dificultar); b) O rol de legitimados ao poder constituinte reformador (pessoas com legitimidade para propor uma proposta de EC – incisos I ao III do artigo 60, CF) não pode ser alterado por uma Emenda Cconstitucional. 
Poder constituinte derivado decorrente
Cuida da estruturação das Constituições dos estados membros Ele decorre da capacidade de auto-organização estabelecidapelo Poder originário (art. 25 – autonomia; autogoverno – arts. 27, 28 e 125; autoadministração – art. 18, 25 a 28, todos da CF/88).
Em miúdos, as constituições dos estados membros devem obedecer as diretrizes traçadas na Constituição Federal pelo poder constituinte originário.
Lê-se na ultima parte do art. 25 da CF/88, por exemplo: “... observados os princípios desta Constituição” – demonstra claramente o caráter de derivação e vinculação do poder decorrente em relação ao originário.
Quais são esses princípios constitucionais? 
Segundo Uadi Lammêgo Bulos temos: 
Princípios constitucionais sensíveis (Terminologia de Pontes de Miranda – são os princípios expressos, devendo os estados-membros observar os limites fixados no art. 34, VII, alíneas “a” a “e”, da CF); 
Princípios constitucionais estabelecidos (organizatórios – são aqueles que limitam a atuação do poder constituinte derivado, por exemplo: repartição de competências, sistema tributário, organização dos Poderes, dignidade da pessoa humana, direitos sociais, etc.). Todos devem ser observados pelas constituições estaduais; 
Princípios constitucionais extensíveis (integram a estrutura da federação, por exemplo: forma de investidura nos cargos eletivos, o processo legislativo, etc.).
No caso do Distrito Federal, Municípios e Territórios Federais:
Art. 32, caput , CF/88: O DF será regido por Lei Orgânica (lei que tem natureza de Constituição local, como entende o STF), votada em dois turnos e aprovada por 2/3 da Camara Legislativa, que a promulgará. O DF tem sua autonomia parcialmente tutelada pela União, além de ter competência de estado e de municípios, possuindo, dessarte, regime constitucional diferenciado. Tem submissão direta à CF.
Municípios: elaborarão Leis Orgânicas, cujas delimitações estão no art. 29, caput, da CF. A sua elaboração caberá à Camara Municipal (vereadores). Deve obediência às Constituições Estadual e Federal. Nesse caso não há se falar em poder constituinte derivado decorrente, pois ela observa necessariamente dois graus de imposição legislativa. Assim, o ato local (normativo, administrativo) questionado em face de lei orgânica municipal enseja controle de legalidade e não de constitucionalidade.
Territórios – hoje não mais existem, mas podem ser criados. Têm natureza jurídica de autarquia. Não possuem autonomia, não se falando, portento, em poder constituinte derivado. 
Poder constituinte derivado revisor
É fruto do trabalho de criação do originário, estando a ele vinculado. Trata-se de um poder jurídico, limitado e condicionado.
Art. 3º dos ADCT determinou que a revisão constitucional seria realizada após 5 anos contados da promulgação da Constituição, pelo voto de maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. No Brasil, esse poder revisor ensejou a elaboração de 6 emendas constitucionais. Não é mais possível nova manifestação do poder constituinte revisor em razão da eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada dessa norma prevista pelo constituinte originário.
Poder constituinte supranacional
Busca sua fonte de validade na cidadania em nível universal, diante do pluralismo de ordenamentos jurídicos, na vontade de integração entre as nações.
Poder Constituinte Difuso – etapa de mutação constitucional
Altera os preceitos constitucionais informalmente, sem revisões nem emendas. Quando atua, atualiza e completa as manifestações constituintes originária e derivada.
É um poder de fato em função da latência em que se encontra. Possui, pois, natureza fática, brotando do fato social, político e econômico.
Ele emerge com vigor nos casos de lacunas constitucionais, em que o Executivo, o Legislativo e o Judiciário têm o dever de fazer valer a Constituição. Ele faz com que as lacunas sejam completadas por meio da interpretação, dos usos e costumes.
O fenômeno de alteração informal da Constituição é conhecido como mutação constitucional. O dinamismo da ordem jurídica propicia o redimensionamento da realidade normativa, em que as constituições, sem revisões ou emendas, assumem significados novos, expressando uma temporalidade própria.
Exemplo: interpretação extensiva ao conceito de casa disposto no inciso XI do artigo 5º da CF/88, que designa não só residência, mas qualquer espaço de ocupação determinado e separado, que alguém ocupa com exclusividade (como um escritório, por exemplo). Note-se que o texto constitucional não foi alterado.
Outro exemplo pode ser expresso pelo fenômeno conhecido como “construção constitucional”. Ruy Barbosa e Pedro Lessa desenvolveram raciocínio extensivo ao instituto do habeas corpus durante a vigência da CF de 1891, possibilitando que pudesse ser concedido contra qualquer ato de abuso de autoridade, não só que cerceasse direito de locomoção (o que hoje é resguardado pelo mandado de segurança).
Tanto constituiçõe rígidas como as flexíveis podem sofrer influência dessa mutação informal.
Como essa mutação se faz por meio de interpretação, no Brasil só pode ser operada pelo STF.
SEPARAÇÃO DOS PODERES
Teoria da separação dos poderes em Aristóteles
Em sua obra “Política” vislumbrou três funções distintas exercidas pelo poder do soberano, quais sejam, a função de editar normas gerais a serem observadas por todos, a de aplicar as referidas normas ao caso concreto (administrando) e a função de julgamento, dirimindo os conflitos oriundos da execução das normas gerais nos casos concretos.
As três funções estavam na figura do soberano.
Teoria da separação dos poderes segundo o Barão de Montesquieu
Na obra “O espírito das leis” inovou o pensamento de Aristóteles ao afirmar que as três funções estariam intimamente conectadas a órgãos distintos, autônomos e independentes entre si. Cada função corresponderia a um órgão e não estariam mais concentradas na mão dos soberano.
Assim, cada órgão deveria exercer somente a função que lhe fosse típica.
Idéia de Montesquieu: o homem tende a abusar do poder. Se um só homem ou um órgão só detiver o poder de modo exclusivo, haverá seu uso abusivo.
A separação das funções do Estado (separação de Poderes) possibilita que um órgão fiscalize e controle o outro.
Teoria dos freios e contrapesos (checks and balances)
Segundo esta teoria os atos que o Estado pratica são de duas espécies: atos gerais e atos especiais.
Os atos gerais só podem ser praticados pelo Poder Legislativo, pois constituem na emissão de regras gerais e abstratas. Só depois de emitida a norma geral é que se abre a possibilidade de atuação do Poder Executivo por meio dos atos especiais que são os meios concretos de agir. Estes estão limitados pelos atos gerais e, se houver exorbitância de qualquer dos poderes, surge a ação fiscalizadora por parte do Poder Judiciário.
Abrandamento da teoria de Montesquieu
Permite-se uma maior interpenetração entre os Poderes, atenuando a teoria que pregava a separação pura e absoluta dos mesmos.
Segundo essa concepção, cada Poder possui funções típicas e atípicas. É essa compreensão que permeia a separação dos poderes incidente e presente em nosso ordenamento jurídico atual. 
A separação dos poderes é instituto constitucional importantíssimo, central à idéia de constitucionalismo, pois que presente nas Constituições Americana e Francesa dos séculos XVIII e XIX. Em nossa CF está previsto logo em seu artigo 2º e no rol das cláusulas pétreas do parágrafo 4º do artigo 60, em seu inciso III (que não podem ser objeto de reforma constitucional, como já visto).[9: Os autores se referem que atualmente o lugar central é ocupado pelos direitos fundamentais, mas a searação dos poderes ainda é cláusula inafastável e essencial ao constitucionalismo.]
Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário são independentes e harmônicos entre si (artigo 2º da CF/88) e possuem as funções:
Poder Legislativo 
A função típica do Legislativo é legislar de maneira geral e abstrata.
Em sua função típica, complementa e regulamenta a Constituição Federal por intermédio das leis complementares e leis ordinárias. 
As funções atípicas sãoa executiva, por dispor sobre a sua organização, composição, inclusive atribuições das Mesas diretivas das Casas Legislativas, prover cargos, conceder licenças, etc. E a função jurisdicional, já que o Senado julga o Presidente da República nos crimes de responsabilidade e outras autoridades que com ele comete crimes de responsabilidade em conexão.
Não é propriamente função jurisdicional, mas é importante destacar que as Comissões Parlamentares de Inquérito, segundo parágrafo 3º do artigo 58 da CF/88, possuem poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, encaminhando suas apurações ao Ministério Público para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
Poder Executivo 
A função típica é a prática de atos de chefia de Estado, de governo e atos de administração.
As funções atípicas são a legislativa, por poder adotar medidas provisórias com força, eficácia e validade de lei, além dos decretos regulamentares, normas secundárias, próprias para estabelecer os modos de execução e gozo dos direitos e obrigação criadas por lei, e resoluções por parte de seus entes da administração indireta como autarquias, fundações e agências reguladoras. Também possui função jurisdicional por julgar recursos administrativos (contencioso administrativo), sem, contudo, fazer coisa julgada de suas decisões face ao Princípio Constitucional da Inafastabilidade de Poder Judiciário.
Poder Judiciário 
A função típica é julgar, exercer a jurisdição (poder de dizer o direito).
As funções atípicas são a legislativa, por criar o regimento interno de seus tribunais, e a executiva ao administrar os seus tribunais e exercer atos administrativos como concessão de licenças e férias aos seus serventuários e magistrados. 
OBS: É de se salientar que os tribunais ligados à Justiça Eleitoral exercem função administrativa típica, já que organizam as eleições, realizam a inscrição de eleitores, organizam o alistamento eleitoral, registram candidaturas, etc. Esses tribunais também legislam por Resoluções, atos normativos primários que a CF prevê como próprios à organização geral das eleições. 
Independência dos Poderes e a indelegabilidade de atribuições
As atribuições asseguradas aos poderes pela CF não poderão ser delegadas de um para o outro. Trata-se do Princípio da Intangibilidade de Atribuições. Um órgão só poderá exercer as atribuições de outro, ou de natureza típica do outro, quando houver expressa previsão e, diretamente, quando houver delegação por parte do poder constituinte originário. Ex. Lei delegada prevista no art. 68 da CF.
Freios e contrapesos	
Além da harmonia entre os poderes, é essencial a atuação no sentido de contrapeso a ser exercido por um poder em relação a outro. Essa orientação está prevista em nosso ordenamento em institutos jurídicos como a escolha de membros dos Tribunais Superiores e do STF pelo Presidente, com sabatina do Senado; o orçamento do Executivo mediante previsão legal; o subsídio dos Ministros do STF por lei de iniciativa do Congresso Nacional; o poder regulamentar a uma lei a ser exercido pelo Executivo; a conversão de medida provisória em lei somente pelo Congresso Nacional, etc.
Há atuações do Poder Judiciário no sentido de suprir as lacunas normativas ocasionadas por omissões do Poder Legislativo, o que é feito no sentido de garantir ao cidadão o exercício de um direito constitucionalmente previsto. Apesar das várias críticas da doutrina, o STF tem adotado posicionamento mais concretista, no sentido de não só apontar omissão legislativa, mas de dar solução concreta ao caso que recebe para análise (exemplo: decisão em Mandado de Injunção sobre o direito de greve dos servidores públicos, que ainda não foi regulamentado pelo Legislativo. O STF solucionou a questão determinando aplicação das regras da greve no setor privado, por analogia).
Nova Constituição e a ordem jurídica anterior:
O tema é direito intertemporal lato sensu, ou seja, que estuda a relação do direito com o passado, presente e futuro. 
Sua importância social reside no tocante à segurança dos cidadãos no que concerne ao passado. O respeito ao direito adquirido, à coisa julgada e ao ato jurídico perfeito refletem a proibição da retroatividade da lei, um verdadeiro instrumento de paz social, e que garante que não haverá abuso por parte do poder Estatal.
Recepção:
O que acontece com as normas infraconstitucionais que foram elaboradas antes do advento da nova Constituição?
Todas as normas que forem consideradas incompatíveis com a nova constituição serão consideradas revogadas (ainda que não expressamente), por ausência de recepção. Assim, se forem compatíveis serão recepcionadas, inclusive podendo adquirir nova roupagem, exemplo: CTN – elaborado com quorum de lei ordinária, e foi recepcionado pela CF como lei complementar.
Assim, as normas anteriores à CF podem ser revogadas ou recepcionadas, não se fala em inconstitucionalidade.
Inconstitucionalidade superveniente:
Como se adiantou ao final do tópico anterior, o STF não admite a chamada inconstitucionalidade superveniente em relação ato normativo produzido antes da nova Constituição e perante o novo paradigma constitucional. Ou seja, só se fala em recepção ou revogação – compatibilidade ou não da norma a nova constituição federal.
Para o STF vigora o Princípio da contemporaneidade, ou seja, uma norma só pode ser declarada constitucional ou inconstitucional se for colocada em confronto com a Constituição que vigorava quando da edição da lei.
Constitucionalidade superveniente:
Uma lei que fere o processo legislativo previsto na Constituição, e que nunca foi objeto de controle de constitucionalidade. Surgindo uma nova constituição e esta lei sendo compatível com esta, poderá a lei ser recepcionada?
Bem, o Judiciário ao verificar se uma lei é compatível ou não com a nova Constituição, antes deve verificar se ela é ou não compatível com a Constituição de sua época, pois se ela for incompatível com a constituição de sua época ela é tida como inconstitucional, cujo vício torna a lei nula, ineficaz, não podendo vir a ser “consertada” pela nova constituição. Ou seja, não há a hipótese de constitucionalidade superveniente.
Ainda, segundo o STF, a lei inconstitucional é um ato nulo, portanto não se admite a constitucionalidade superveniente (RE 346.084/PR).
Requisitos para uma lei ser recepcionada:
estar em vigor no momento do advento da nova constituição;
não ter sido declarada inconstitucional durante a vigência do ordenamento anterior;
ter compatibilidade formal e material perante a Constituição anterior;
ter compatibilidade material com a nova constituição, (não importa a compatibilidade formal, pois, como já vimos, lei ordinária como o CTN foi recepcionada como lei complementar. Outro exemplo, os decretos-lei materialmente compatíveis com a nova CF não foram revogados, ainda que a nova CF não preveja essa forma normativa, decreto-lei).
Se incompatível, a lei anterior será revogada, não se falando em inconstitucionalidade superveniente; Neste caso, a técnica de controle ou é pelo sistema difuso ou concentrado através da “ação por descumprimento de preceito fundamental – ADPF” (a ser estudada em disciplina vindoura);
É possível a recepção de somente parte de lei, como artigo, parágrafo, inciso...
A recepção ou revogação acontecem no momento da promulgação do novo texto. Todavia, o STF poderá modular os efeitos da decisão, declarando o momento a partir de quando a sua decisão passa a valer.

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