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Avaliação do Estado Nutricional do paciente hospitalar, ambulatorial e domiciliar Profa Danielly Cavalcante Vieira Mestre em Nutrição Humana – UFAL Especialista em Saúde do Adulto e Idoso 1) Introdução 2) Métodos Subjetivos 3) Métodos Objetivos CIRCUNFERÊNCIAS Vantagens: • Simplicidade; • Facilidade; • Aceitabilidade. Desvantagens: • Demonstra fragilidade como variável preditora da quantidade de gordura corporal em razão de suas dimensões incluírem outros tecidos e órgãos além do tecido adiposo. Avaliação Nutricional CIRCUNFERÊNCIAS Pontos a serem observados: Uso de fita métrica inextensível e não elástica; Realização de medidas seriadas pelo mesmo observador (duplicata); Cuidados para evitar compressão do tecido adiposo subcutâneo no momento da medição; Posicionamento correto da fita. Avaliação Nutricional A CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO (CB) é o parâmetro nutricional antropométrico recomendado pela OMS para a estimativa da proteína muscular esquelética total. Representa a somatória das áreas constituídas pelos tecidos ósseo, muscular e gorduroso do braço. Avaliação Nutricional PONTO MÉDIO DO BRAÇO AFERIÇÃO DA CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO Circunferência do braço O resultado obtido é comparado aos valores de referência (Frisancho, 1981). Adequação de CB (%) = _CB (aferida)__ x 100 CB percentil50 Avaliação Nutricional 25/02/2016 8 25/02/2016 9 25/02/2016 10 25/02/2016 11 CIRCUNFERÊNCIAS A concentração de gordura visceral, independente da gordura corporal total, é um fator de risco para doenças cardiovasculares e diabetes mellitus. DISTRIBUIÇÃO DA GORDURA CORPORAL Tipo GINECÓIDE (tipo pera) Tipo ANDRÓIDE (tipo maçã) A circunferência da cintura é determinada no plano horizontal, no ponto coincidente com a distância média entre a última costela e a crista ilíaca. A medida é obtida ao final de uma expiração normal, sem compressão da pele. Este é o ponto adotado pela OMS. RELAÇÃO CINTURA/QUADRIL Último rebordo costal Última costela Crista ilíaca Ponto médio para medir a cintura Medida da cintura A circunferência do quadril é determinada no plano horizontal, no nível de maior protuberância posterior dos glúteos. Para a realização da medida, o avaliador deverá postar-se lateralmente ao avaliado. RELAÇÃO CINTURA/QUADRIL RCQ = CC CQ Onde: RCQ = relação cintura quadril CC = circunferência da cintura CQ = circunferência do quadril RELAÇÃO CINTURA/QUADRIL RELAÇÃO CINTURA/QUADRIL Homens Mulheres ALTO RISCO > 0,95 > 0,85 RISCO MODERADO 0,90 A 0,95 0,80 A 0,85 BAIXO RISCO < 0,90 < 0,80 Tabela para zona de risco associada à RCQ Fonte: Bjorntorpo, 1986 RELAÇÃO CINTURA/QUADRIL Homens Mulheres RISCO DCV > 0,90 > 0,85 Pontos de corte para risco cardiovascular Consenso Latino Americano de Obesidade, 1998 Referência para risco e complicações metabólicas da obesidade a partir da CC CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA SEXO CC AUMENTADA CC MUITO AUMENTADA Masculino 94cm 102cm Feminino 80cm 88cm Fonte: OMS, 1998 Pregas cutâneas • É uma medida que visa avaliar, indiretamente, a quantidade de gordura que existe no tecido subcutâneo e, a partir daí, poder-se estimar a proporção de gordura em relação ao peso corporal do indivíduo. 25/02/2016 23 25/02/2016 24 COMPOSIÇÃO CORPORAL Absorciometria Radiológica de Dupla Energia (DEXA) • Inicialmente desenvolvida para avaliar o conteúdo mineral ósseo na investigação de doenças como osteoporose • Técnica baseada na atenuação de raios em diferentes níveis de energia e permite realizar a mensuração corporal total e por segmentos (cabeça, tronco e membros) COMPOSIÇÃO CORPORAL • Principio básico - utilização de uma fonte de Raios X com um filtro • Fornece dados sobre massa óssea, massa magra e adiposa por compartimentos ou geral. COMPOSIÇÃO CORPORAL Limitação • Incapacidade de detectar a quantidade de água contida na massa magra. • Necessidade de mais estudos de validação para ser aceito como método padrão ouro na avaliação corporal. • Equipamento sofisticado, avaliador treinado e apresenta custo elevado. COMPOSIÇÃO CORPORAL • Vantagens • Não necessita de nenhum preparo ou requisito especial para execução do exame Absorciometria Radiológica de Dupla Energia (DEXA) COMPOSIÇÃO CORPORAL Bioimpedância Elétrica (BIA) • Método não invasivo, que pode ser realizado a beira do leito, de fácil aplicação e relativamente preciso. • Avalia a massa corpórea magra (MCM), gordura corpórea (GC), e água corpórea total (ACT). • Avalia a composição corpórea, através da passagem de corrente elétrica de baixa amplitude e de alta frequência COMPOSIÇÃO CORPORAL Vantagens • Alta precisão para pessoas sadias, com enfermidades crônicas, na obesidade leve e moderada e em situações sem distúrbios hídricos. Limitações • Pode sofrer alterações na presença de edema e distúrbios eletrolíticos, em pacientes nefro e hepatopatas, na desidratação e grandes alterações de peso (desnutrição grave e obesidade mórbida). COMPOSIÇÃO CORPORAL Pesagem Hidrostática (PH) • É considerado o método “padrão ouro” para a validação de outros métodos no campo da composição corporal. • Método indireto e não invasivo para avaliação da composição corporal. COMPOSIÇÃO CORPORAL COMPOSIÇÃO CORPORAL Limitações • A PH tem excelente precisão para medidas da densidade corporal, mas o exame é demorado e requer muita cooperação do avaliado. • Contra indicado para crianças, idosos, hospitalizados. • Alto custo. COMPOSIÇÃO CORPORAL Ressonância Magnética (RM) • Esta técnica é utilizada para quantificar o tecido adiposo total e subcutâneo em indivíduos com diferentes níveis de gordura corporal. COMPOSIÇÃO CORPORAL COMPOSIÇÃO CORPORAL COMPOSIÇÃO CORPORAL LIMITAÇÕES • Exposição à radiação, principalmente em mulheres grávidas e crianças. • O alto custo do equipamento • Necessidade de técnicos especializados. • Tomografia Computadorizada (TC) AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA O uso de indicadores bioquímicos auxiliam na avaliação do estado nutricional, principalmente porque as alterações bioquímica ocorrem antes da manifestação de sinais e sintomas. Parâmetros bioquímicos → Tem como objetivo confirmar, estabelecer ou complementar o diagnóstico nutricional. Alguns fatores e condições podem limitar o uso dos indicadores bioquímicos na avaliação do estado nutricional, como a utilização de algumas drogas, condições ambientais, estado fisiológico, estresse, lesão, inflamação. Portanto, embora os parâmetros de avaliação laboratorial sejam importantes auxiliares na identificação precoce de alterações nutricionais, eles não devem, de maneira nenhuma, ser utilizados isoladamente para estabelecer um diagnóstico nutricional. AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA VANTAGENS Confirmação objetiva das deficiências nutricionais; Identificação precoce dos problemas nutricionais: -Detecção da desnutrição subclínica -Diminuição dos estoques de nutrientes antes da redução dos níveis circulantes Monitoramento do estado nutricional do indivíduo em tratamento; Avaliação da intervenção nutricional; Prognóstico de morbi–mortalidade e delineamento de fatores de risco. AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA LIMITAÇÕES Podem sofrer influência de idade, sexo, raça, estado fisiológico,condições ambientais, fatores não nutricionais (ex: drogas, estresse, atividade física), ingestão recente; Inexistência de testes que possibilitem uma avaliação abrangente e completa de todos os nutrientes; Indefinição dos limites de normalidade para um grande número de nutrientes; Inexistência de valores de referência específicos para cada faixa etária para a maioria dos nutrientes. AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA LIMITAÇÕES Custo elevado; Confiabilidade de uma única medida - níveis plasmáticos podem estar normais apesar de deficiência tissular; Procedimentos de coleta da amostra; Baixa especificidade para problemas nutricionais. AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA 25/02/2016 44 25/02/2016 45 Albumina Dentre as proteínas de transporte presentes no plasma, a albumina tem sido a mais frequentemente utilizada na avaliação do estado nutricional. Segundo alguns autores, a albuminemia reflete as reservas proteicas viscerais, distintas das proteínas somáticas,representadas pela massa proteica muscular esquelética. Baixa sensibilidade da albumina no diagnóstico da fase aguda da DEP: sua meia vida biológica relativamente longa (± 20 dias), podendo transcorrer várias semanas para que ocorra uma resposta às variações na ingestão dietético protéica. 46 47 25/02/2016 48 Transferrina A transferrina, também, tem sido proposta como proteína plasmática útil na avaliação do estado nutricional. A principal vantagem em relação à albumina é a sua meia vida biológica curta, cerca de 8 dias, o que a torna mais susceptível às alterações no processo de síntese protéica. O resultado de sua dosagem pode ser mascarado por vários fatores que afetam (aumentam) sua síntese hepática, tais como deficiência de ferro e infecção. Esta limitação pode ser ampliada para outras patologia como doenças hepáticas, renais, de medula óssea, insuficiência cardíaca congestiva e inflamações generalizadas. 50 Transferrina Níveis de transferrina sérica, inferiores a 170 mg/dl, podem ser considerados como indicativos de deficiência protéica moderada, enquanto níveis inferiores a 150 mg/dl correspondem à deficiência grave. 51 52 Índice Creatinina Altura (ICA) Sabendo que cerca de 80% do músculo é constituído por água e 20 %, por proteína, um homem de 70 kg teria de 4 a 6 kg de proteína. O conhecimento deste compartimento muscular é importante na avaliação nutricional, com relação a proteínas do indivíduo. 53 Índice Creatinina Altura (ICA) Considerando que: 1) A creatinina se encontra quase que, totalmente, dentro do músculo esquelético; 2) Em uma dieta livre de creatinina, o “pool ” de creatinina total e a concentração média de creatinina por kg de músculo permanecem constante; 3) A creatinina é convertida, irreversivelmente, em taxa diária constante, independente de enzimas; 4) A creatinina, uma vez formada, é excretada via renal a uma taxa constante; 5) Conclui-se que esta excreção urinária de creatinina pode ser relacionada com a massa muscular do indivíduo. 54 Índice Creatinina Altura (ICA) O ICA é calculado como uma porcentagem do padrão, através da divisão da excreção da creatinina urinária, por um valor padrão para a altura do paciente. O ICA menor que 60% do padrão identifica paciente com risco aumentado para anergia, sepsis e morte. ICA = Excreção de creatinina na urina em 24 horas x 100 Excreção teórica de creatinina em 24 horas A excreção teórica de creatinina na urina de 24 horas: homens - 23 mg por kg de peso ideal mulheres - 18 mg por kg de peso ideal 55 Índice Creatinina Altura (ICA) A confiabilidade nas determinações da creatinina urinária é maior quando as amostras são colhidas com rigor, e a técnica é, particularmente, útil para medidas de controle da evolução em um mesmo paciente. 56 COMPETÊNCIA IMUNOLÓGICA • A avaliação da resposta imunológica auxilia na identificação de alterações nutricionais. • A competência imunológica é avaliada, principalmente, por meio da contagem total de linfócitos e pela resposta quanto à sensibilidade a testes cutâneos COMPETÊNCIA IMUNOLÓGICA • Testes cutâneos A desnutrição pode alterar a imunidade celular e uma das manifestações é a hipersensibilidade cutânea tardia a antígenos específicos. • A avaliação da imunidade celular Testes cutâneos através da administração intradérmica de antígenos padronizados. COMPETÊNCIA IMUNOLÓGICA Testes cutâneos • Interpretação dos resultados: • 5 a 10 mm de diâmetro = depleção moderada • < 5 mm de diâmetro = depleção grave Desvantagens • Fatores não nutricionais: idade avançada, câncer, anestesia, trauma, quimioterapia e radioterapia, podem modificar a resposta cutânea ao antígeno administrado. COMPETÊNCIA IMUNOLÓGICA Contagem total de linfócitos (CTL) Interpretação dos resultados: • depleção leve: 1.200 a 2.000/mm3 • depleção moderada: 800 a 1.199/mm3 • depleção grave: < 800/mm3 Desvantagem • Pode ser influenciada por infecções, cirrose hepática, queimaduras e alguns medicamentos. BALANÇO NITROGENADO Balanço Nitrogenado (BN) • Fornece uma medida dinâmica e não estática do balanço protéico energético. Cálculo do Balanço Nitrogenado • BN= Nitrogênio ingerido - Nitrogênio eliminado BALANÇO NITROGENADO Quando a introdução de nitrogênio é suficiente para substituir as perdas, obtém-se um balanço positivo (> 0). Ao contrário, as perdas superarem as introduções, verifica-se um balanço negativo (<0). Comum em: queimaduras, sepse, desnutrição, fístulas, drenagem. BALANÇO NITROGENADO Cálculo: • BN = (gramas de proteínas introduzidas / 6,25*) – N uréico urinário + 4**) * O nitrogênio introduzido é avaliado dividindo-se por 6,25 das proteínas consumidas pelo organismo, visto que 16% das proteínas são nitrogênio (100: 16 = 6,25) ** Na prática clínica, é adicionado 4 g de nitrogênio, em consideração às perdas de nitrogênio através da pele, fezes e produtos finais da degradação protéica não medidos, como por exemplo a amônia. BALANÇO NITROGENADO Balanço Nitrogenado (BN) • O período adequado para avaliação do BN é de 3 dias, e os dados de balanço são expressos como média em gramas. Desvantagens: • Deve-se coletar precisamente toda a urina de 24 horas; • Imprecisões na determinação do nitrogênio excretado nos casos de má absorção, diarréia, enteropatia perdedora de proteínas, hemorragia digestiva, em que as perdas fecais são mais elevadas; • Pacientes com doenças renais; • Pacientes com perdas protéica anormais (através da pele em queimaduras, pelo TGI em fístulas); • Dificuldade de quantificar a introdução/ingestão de proteínas com a dieta. BALANÇO NITROGENADO Vantagens: • Apesar das limitações do BN, ele continua sendo o melhor método quantitativo e dinâmico de observar a continuidade da terapêutica nutricional, auxiliando, portanto, no ajuste de uma terapia nutricional em excesso ou deficitária, baseada no componente estrutural mais significativo, a proteína. • No entanto, vale ressaltar que o mesmo não pode fornecer um quadro do estado nutricional atual do paciente Caso Clínico • Paciente: AAS • Sexo feminino • Idade : 36 • Diagnóstico clínico: Tumor cerebral • HDA: Dores de cabeças diárias há 2 meses e perda gradativa da audição. • Antecendentes familiares: Afirma não ter ngm na família com CA. Mãe é hipertensa. • Antecendentes patológicos: Não referiu • Não ingere bebidas alcoolicas e não fuma. Caso Clínico Avaliação Nutricional Antropometria: • Peso: 58 kg Peso habitual: 60 kg • Altura: 1,60 m • CB: 28,8 cm • PCT: 20mm • CP: 35,5 cm Bioquímico • Albumina: 4g/dL Caso Clínico Avaliação Nutricional Exame físico: • Face e crânio: sem alterações. • Tronco: Não apresenta sinais de depleção muscular e/ou adiposo. Abdomen semi-globoso. • MMSS:Sem alterações. Não apresenta sinais de depleção muscular e/ou adiposo • MMII: Sem alterações. Não apresenta sinais de depleção muscular e/ou adiposo. Sem edema. Caso clínico Dados dietéticos: • Não apresenta alergias e/ou intolerâncias alimentares • Aversão à batata doce e mamão • Apetite diminuído, com pouca diminuição na ingesta. • Diagnóstico Nutricional • Conduta Nutricional • Evolução do paciente
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