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Nutrição e Desenvolvimento Humano UNIDADE 3 1 UNIDADE 3 DISCIPLINA: NUTRIÇÃO E DESENVOLVIMENTO HUMANO Apresentação Olá, aluno(a)! Seja bem–vindo(a) à unidade III da disciplina de Nutrição e Desenvolvimento Humano! Nesta unidade veremos: • Desenvolvimento Normal e Patológico na Infância; • Desenvolvimento Normal e Patológico na Adolescência; • Desenvolvimento Normal e Patológico na Vida Adulta. Em caso de dúvidas, entre em contato com nossos tutores para retirá-las, eles enca- minharão seus questionamentos para mim e eu os responderei prontamente. Não deixem de participar dos fóruns e realizar os questionários, pois eles são a forma que podemos avaliar se você está conseguindo assimilar os novos conhecimentos. Vamos aos estudos! 1. DESENVOLVIMENTO NORMAL E PATOLÓGICO NA INFÂNCIA 1.1. Desenvolvimento e Crescimento Infantil O desenvolvimento humano tem como base a maturação progressiva do sistema ner- voso central (SNC), e de outros órgãos, porém esse não é o único elemento envolvi- do, é essencial que a criança seja exposta a diferentes estímulos que a capacitem a aprimorar suas funções. Sendo assim, a dedicação dos pais ou responsável é funda- mental, principalmente nos primeiros anos de vida, pois propicia além na manutenção física a emocional fornecendo a esse bebê conforto, proteção e exposição aos estí- mulos requeridos. No lactente, ocorrem as mais rápidas e significativas mudanças no desenvolvimento, principalmente no neuropsicomotor, essas mudanças ocorrem de forma gradual, rela- tivamente ordenado e em ritmos diferentes. Assim que o bebê nasce ele já apresenta reflexos primitivos, esses traduzem a integridade do SNC alguns desses reflexos po- dem ser visto no link. (Duração 10min13s). Esses reflexos vão sendo substituídos por movimento voluntários, como controle da cabeça, agarrar, soltar, arrastar-se, engatinhar, caminhar, o aprimoramento das ha- bilidades motoras possibilita a criança a explorar mais o mundo ao seu redor. Assim como a capacidade motora a aquisição da linguagem também é progressiva, iniciada 2 por trocas sonoras até surgir as primeiras palavras. Além desses, outros marcos desenvolvimentistas ocorrem durante toda a infância, a fim de monitorá-los e identificar possíveis atrasos no desenvolvimento infantil o Minis- tério da Saúde adotou uma ficha com alguns dos marcos do desenvolvimento, englo- bando indicadores maturativos, psciomotores, sociais, e psíquicos, do primeiro mês de vida até os 6 anos de idade. Acesse a ficha no link. Assim como o desenvolvimento, os primeiros anos de vida da criança são de grande velocidade no ganho de peso, comprimento e circunferência cefálica, a atenção à saú- de da criança nesses anos é crucial para o alcance adequado dessas variáveis, para que a criança não sofra com prejuízos a curto e a longo prazo. Após o parto é normal que o neonato perca de 5% a 10% do seu peso, porém esse deve ser recuperado rapidamente até o décimo dia de nascido. Durante o primeiro ano de vida, o bebê triplica seu peso, enquanto o comprimento aumenta em 50%, isso mostra que as mudanças de peso, por serem mais imediatas, são o melhor parâmetro para avaliar déficit nutricional em curto prazo. Logo, é fundamental o acompanhamen- to do ganho de peso, pois sendo adequado evita déficit de estatura, que após os dois anos de nascimento, não é mais passível de recuperação. Para acompanhamento do peso e estatura, são utilizadas as curvas de crescimento, apresentadas na I unidade no tópico Período Neonatal até 2 anos. O perímetro cefálico, também é uma variável que apresenta uma evolução extrema- mente rápida até os 2 anos de idade, de modo que por volta dos três anos de idade o cérebro e as estruturas relacionadas já atingiram cerca de 70% do seu tamanho na idade adulta. As manifestações de crescimento e desenvolvimento, nos dois primeiros anos de vida, são reflexos do período gestacional e dos fatores ambientais, como a nutrição, apenas após esse período que a genética dos pais passa a ser mais atuante. Após esse pico de crescimento nos primeiros anos de vida do bebê, a velocidades de ganho de peso e estatura passam a ser mais lineares, sem grandes alterações até a puberdade. Porém, próximo a puberdade é normal que ocorra aumento no ganho de peso, sendo esse um fenômeno biológico, para você entender melhor é como se o corpo tivesse “poupando” energia para a fase de estirão da adolescência. Como já vimos na I unidade, a nutrição adequada vai favorecer, junto com outros fa- tores o desenvolvimento e crescimento durante as fases da vida. Sabendo disso, va- mos aprofundar os conhecimentos sobre as necessidades nutricionais e orientações alimentares nas diferentes faixas etárias que compõem a infância. 1.2. Necessidades nutricionais e Orientações alimentares nos 1os anos de vida O aleitamento materno é uma prática recomenda pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde (MS) até os dois anos ou mais, sendo exclusivo 3 até os 6 meses e complementando a alimentação nos anos adiante. Nos primeiros 6 meses de vida todas as demandas da criança são atendidas pelo leite materno, não havendo a necessidade de fornecer outros alimentos, isso inclui água, chás. As recomendações de energia, nos primeiros anos de vida, variam de acordo com a faixa etária e peso da criança, para estimar as necessidades energéticas o Institute of Medicine (IOM, 2002/05) recomenda a utilização das seguintes fórmulas: Todos os dados a seguir sobre macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios) e micronutrientes são segundo as DRIs, sendo todos os valores de 0-6 meses alcança- dos apenas com aleitamento materno, permitindo o crescimento e desenvolvimento normais. Na fase de crescimento acelerado, a quantidade de proteína ingerida deve ser na quantidade e na qualidade adequada, segundo as DRIs dos 0-6 meses a ingestão adequada (IA) de proteína, considerando o aleitamento materno exclusivo, é de 1,52g/ kg/dia, dos 7-12 meses a ingestão diária recomendada (RDA) é de 1,2g/kg. Os lipídios, dando preferência aos poliinsaturados, também são de grande importân- cia no crescimento e desenvolvimento infantil, eles representam a fonte energética principal do leite materno, as IA dos 0-6 meses e 7-12 meses são de 31g/dia e 30g/ dia, respectivamente. Apesar de o lipídio fornecer boa parte da energia requerida pela criança, a glicose é a principal fonte energética cerebral, sendo a mesma essencial para seu funcionamento adequado, sabendo disso os valores de IA para carboidratos, são de 60g/dia dos 0-6 meses e 95g/dia de 7-12 meses, lembrando que no leite da mãe o principalmente carboidrato presente é a lactose, como já vimos na II unidade, ao abordarmos a com- posição do leite materno. Com relação aos micronutrientes os casos que merecem maior atenção são: • Criança com intolerância total ao leite e seus derivados – para evitar a ca- rência de cálcio se utiliza alimentos alternativos enriquecidos com cálcio ou suplementos medicamentosos, a fim de garantir a ingestão adequada desse mineral, que é de 200mg/dia dos 0-6 meses e 260mg/dia dos 7-12 meses. • Crianças de mães vegetarianas – como as principais fontes de B12 estão presentes em fontes animais, é comum que os valores encontrados dessa vitamina no leite de mães vegetarianas estejam baixos, pois o teor de B12 4 varia de acordo com a ingestão da mãe. A suplementação dessas mães mui- tas vezes é necessária, já durante a gravidez, para suprir as demandas, que dos 0-6 meses é de 4µg/dia e dos 7-12 meses 0,5µg/dia, caso contrário a carência pode causar lesão neurológica grave e irreversível no bebê. • Suplementação de vitamina A – o Ministério da Saúde (MS), através da Por- taria nº 729, de 13 de maio de 2005, orienta a suplementação de vitamina A, em regiões de alta prevalênciade hipovitaminose A, para crianças de 6-59 meses, sendo 6-11 meses uma dose única de 100.00UI e de 12-59 meses uma dose a cada 6 meses de 200.000UI. As puérperas no pós-parto imediato também são orientadas a suplementação. A carência dessa vitamina está relacionada a altos índices de morbimortalidades ma- terno-infantil, além de prejuízos do sistema imunológico e manifestações oculares, que se não controladas podem causar cegueira total. Para ter acesso a portaria e saber mais sobre o Programa Nacional de Suplementa- ção de Vitamina A acesse o link. Suplementação de ferro – Também recomendada pelo MS, para crianças de 6-24 me- ses de idade, sendo a dosagem diária de 1 mg/Kg peso. A deficiência de ferro causa anemia, que está relacionada com retardos no crescimento e desenvolvimento cogni- tivo, além de maior sensibilidade a infecções. Para ter acesso as portaria, a nota técnica e saber mais sobre o Programa Nacional de Suplementação de Ferro acesse o link. As demandas das outras vitaminas e minerais conseguem ser atingidas facilmente, com exceção da vitamina D a qual já falamos na II unidade. O alcance dessas ne- cessidades se faz através da alimentação adequada da mãe, para garantir um leite materno de qualidade e de uma alimentação complementar saudável e variada dentro das recomendações para a criança. Seguindo essas recomendações, vamos falar agora da alimentação complementar que se inicia aos 6 meses dia idade junto ao aleitamento materno, esse deve ser man- tido até 2 anos ou mais. A alimentação complementar deve ser saborosa; variada, o consumo de diferentes tipos de alimentos fornece todos os nutrientes necessários para criança, algumas vezes o alimento não é aceito de imediato, mas a sua introdução não deve ser des- cartada, esse deve ser exposto à criança diversas vezes, facilitando a aceitação; colo- rida, diferentes cores no prato está associado a dietas ricas em vitaminas e minerais; harmoniosa, garantindo equilíbrio na quantidade e qualidade, e permitindo interações benéficas entre os alimentos; e segura no ponto de vista higiênico sanitário. Nessa fase alguns alimentos devem ser evitados como mel, alimentos industrializados e ali- mentos potencialmente alergênicos, como amendoim. 5 De início, a alimentação complementar oferecida a criança deve ser pastosa, mudan- do gradualmente até chegar à mesma consistência dos alimentos consumidos pela família, é importante ressaltar que essa oferta deve ser feita sem rigidez de horários, respeitando a vontade da criança. E para resumir a alimentação adequada nos primeiros anos de vida, segue as dez re- comendações do Ministério da Saúde (MS), para Alimentação Saudável para crianças menores de 2 anos. 1. Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou quaisquer outros alimentos; 2. A partir dos seis meses, oferecer de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais; 3. A partir dos seis meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e legumes) três vezes ao dia, se a criança rece- ber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver desmamada; 4. A alimentação complementar deve ser oferecida de acordo com os horários de refeição da família, em intervalos regulares e de forma a respeitar o ape- tite da criança; 5. A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher; começar com consistência pastosa (papas / purês) e, gradativamente, aumentar a sua consistência até chegar à alimentação da família; 6. Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação colorida; 7. Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições; 8. Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e ou- tras guloseimas, nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação; 9. Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu arma- zenamento e conservação adequados; 10. Estimular a criança doente e que esteja se recuperando de alguma doença a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferi- dos, respeitando a sua aceitação. 1.3. Necessidades nutricionais e Orientações alimentares na infância São várias as fórmulas e métodos disponíveis para calcular o valor energético diário de uma criança, a escolha fica a critério do profissional que deve avaliar de forma indi- vidualizada cada caso. Em geral as recomendações de energia nessas fases, variam de acordo com o sexo, idade, estatura, peso e a prática ou não de atividade física. A tabela abaixo apresenta algumas das fórmulas que podem ser utilizadas para o cál- culo de energia, essa é do IOM (2002/2005). 6 Fonte: IOM Segundo as DRIs a distribuição dos macronurtientes, de acordo com a faixa etária e valor calórico total da criança são: Para ter acesso a tabela completa de macronutrientes acesse o link. Na fase pré-escolar (2 aos 6 anos) a criança apresenta ritmo de crescimento regular e inferior aos primeiros anos de vida, acarretando no decréscimo nas necessidades nu- tricionais, em decorrência é normal que ocorra a diminuição do apetite e seletividade em suas escolhas alimentares. A rejeição a alguns tipos de alimentos também é comum, porém não se deve desta- car a oferta de nenhum deles, os pais ou responsáveis devem oferecer mais vezes o alimento rejeitado e de modos diferentes, misturado em algumas preparações como no purê, caso a criança continue a rejeitar o alimentar, parte-se para substituição para alimentos do mesmo grupo da pirâmide, a exemplo em substituição do leite utilizar seus derivados como queijo, iogurtes. No início da fase escolar (7 aos 10 anos) o crescimento linear e peso continuam em ritmo constante apenas próximo a adolescência o ganho ponderal fica proporcio- nalmente maior que o crescimento. Nessa fase o consumo exagerado de alimentos industrializados pode levar as carências nutricionais e desenvolvimento de doenças, como a obesidade. 7 A construção de hábitos alimentares adequados na infância está muito ligada a con- duta dos pais e familiares, é necessário dar os bons exemplos de alimentação, esta- belecendo limites e fornecendo refeições nutritivas, saborosas, atrativas, em ambien- te agradável para que o organismo funcione com normalidade. Como já foi dito em outras unidades, se a alimentação for adequada facilmente a criança consegue atingir as necessidades de vitaminas e minerais, para ter acesso as quantidades adequadas de acordo com a faixa etária acesse os links abaixo. Vitaminas - http://www.ufjf.br/nutricao/files/2008/08/DRI-vitaminas.pdf. Minerais - http://www.ufjf.br/nutricao/files/2008/08/DRI-minerais1.pdf. Recomendo que assista a esse vídeo (Duração 8min02s), ele fala sobre Educação Nutricional para crianças, e é de fácil compreensão para o público infantil. Vemos que a alimentação influencia diretamente no crescimento e desenvolvimento infantil podendo sua privação ou excesso ser responsáveis por vários distúrbios nu- tricionais como desnutrição, anemia ferropriva, hipovitaminose A, obesidade, além de outros agravos como redução da capacidade de atenção, aprendizagem, transtornos afetivos, maior vulnerabilidade a doenças infecciosas e gastrointestinais. Recomendo que você assista um documentário que retrata um desses distúrbios, a Obesidade Infantil, que traz consequências tanto para saúde física como emocional das crianças (Duração 1h23min43s). Ainda sobre obesidade, indico o livro Prevenção da Obesidade na Infância e na Ado- lescência, da autora Vera Lúcia Perino Barbosa disponível na Biblioteca Virtual aces- sando o link. E para finalizar as abordagens sobre a infância, segue as recomendações que o MS formulou de Alimentação Saudável para Crianças.1. Procure oferecer alimentos de diferentes grupos, distribuindo-os em pelo me- nos três refeições e dois lanches por dia; 2. Inclua diariamente alimentos como cereais (arroz, milho), tubérculos (bata- tas), raízes (mandioca/macaxeira/aipim), pães e massas, distribuindo esses alimentos nas refeições e lanches do seu filho ao longo do dia; 3. Procure oferecer diariamente legumes e verduras como parte das refeições da criança. As frutas podem ser distribuídas nas refeições, sobremesas e lanches; 4. Ofereça feijão com arroz todos os dias, ou no mínimo cinco vezes por sema- na; 5. Ofereça diariamente leite e derivados, como queijo e iogurte, nos lanches, e carnes, aves, peixes ou ovos na refeição principal de seu filho; 6. Alimentos gordurosos e frituras devem ser evitados; prefira alimentos assa- dos, grelhados ou cozidos; 8 7. Evite oferecer refrigerantes e sucos industrializados, balas, bombons, biscoi- tos doces e recheados, salgadinhos e outras guloseimas no dia a dia; 8. Diminua a quantidade de sal na comida; 9. Estimule a criança a beber bastante água e sucos naturais de frutas durante o dia, de preferência nos intervalos das refeições, para manter a hidratação e a saúde do corpo; 10. Incentive a criança a ser ativa e evite que ela passe muitas horas assistindo TV, jogando videogame ou brincando no computador. 2. DESENVOLVIMENTO NORMAL E PATOLÓGICO NA ADOLESCÊNCIA A adolescência é um momento de transição entre a infância e a vida adulta, e como já vimos na unidade passada, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), compreende o período dos 10 aos 19 anos de idade. Essa fase é marcada por trans- formações que envolvem aspectos físicos, psicológicos e sociais. Ilustração: Carina Cardoso Disponível em: http://www.medicina.ufmg.br/noticias/?p=33067 - Acesso em fev. 2015 A puberdade, por sua vez é um período da adolescência que vai dos 8 aos 13 anos nas meninas e dos 9 aos 14 anos nos meninos e no qual ocorrem as mudanças físi- cas como desenvolvimento das gônadas e das características sexuais secundárias, estirão puberal e alterações na composição corporal. Essas e outras características biológicas e sociais podem ser revistas no guia de es- tudo da II unidade. 9 Quando a puberdade ocorre fora dos limites acima se caracteriza uma disfunção pu- beral, para conhecer as causas e entender o processo de investigação da disfunção recomendo que leia o artigo do link. Os adolescentes são bastante vulneráveis aos distúrbios nutricionais devido, prin- cipalmente, as maiores demandas de nutrientes, as mudanças no estilo de vida e hábitos alimentares, portanto para a promoção do crescimento e do desenvolvimento saudáveis é fundamental que eles recebam condições nutricionais, de vida, estímulos e orientações devidas durante essa fase. 2.1. Necessidades nutricionais e Orientações alimentares na adolescência O planejamento das necessidades do adolescente deve ser pensado para manter a saúde, promover a maturação, desenvolvimento e o crescimento adequado, como também atender as demandas para atividade física. O requerimento energético nesse período vai depender em qual fase pubertária se encontra esse indivíduo, pois duran- te a fase do estirão que dura, aproximadamente, dois anos, a necessidade energética aumenta, porém passado esse período há uma redução destas, devendo então o pro- fissional realizar ajustes na quantidade de energia consumida por esse adolescente. Apesar de não atender, todas as exigências, como a fase pubertária em que o adoles- cente se encontra, a fórmula da tabela acima no tópico, Necessidades nutricionais e Orientações alimentares na infância pode ser utilizada para estimar as necessidades energéticas. Quanto a distribuição dos macronutrientes, segundo as DRIs devem ser de 45%-65% para carboidratos, dando sempre preferência aos complexos; 10%-30% de proteínas; e lipídios 25%-35%, optando pelos insaturados e tomando cuidado com o consumo de gorduras trans que aumentam os riscos para doenças cardiovascula- res. O consumo de proteínas com qualidade e quantidade adequadas, durante essa fase é de extrema importância para manter o crescimento dos novos tecidos. Sendo assim, é fundamental para o adolescente que por modismo, ideais ou outros motivos, queira seguir uma dieta vegetariana, que essa pessoa tenha orientação e disciplina para manter uma dieta equilibrada utilizando substituições e/ou combinações que supram o valor protéico recomendado. Assim como no valor energético, ocorre o aumento nas necessidades de vitaminas e minerais durante a adolescência, merecendo atenção especial o ferro e cálcio. Com relação ao ferro, sua carência é um problema de saúde pública que atinge todas as classes sociais, o aumento da demanda durante esse período se deve, principalmen- te, ao aumento do volume sanguíneo e de massa muscular; e perda sanguínea mens- trual nas meninas. A melhor maneira de lhe dar com a deficiência de ferro é prevenindo que ela aconteça, para isso, é preciso observar os eventos pubertários, a exemplo a perda menstrual excessiva, e os hábitos alimentares dos adolescentes, pois uma vez instalada pode causar atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor, na capacidade de aprendiza- gem, redução do apetite e afeta também o crescimento e o sistema imunológico. 10 Já o aumento das necessidades de cálcio se deve a remodelação e formação do conteúdo mineral ósseo na adolescência, a orientação e intervenção nutricional ade- quada nesse período preveniram o aparecimento da osteopenia e osteoporose no futuro, para entender a diferença entre essas patologias acesse o link. O aporte total de cálcio pode ser alcançado facilmente com o consumo diário de alimentos lácteos, mas caso o indivíduo tenha alergia ou intolerância ao leite e seus derivados é reco- mendada a suplementação. Os valores de ferro e cálcio de acordo com o sexo e faixa etária, segundo a DRIs, são: Para evitar as deficientes e os excessos nutricionais, segue as dez recomendações do MS de Alimentação Saudável na Adolescência. 1. Para manter, perder ou ganhar peso procure a orientação de um profissional de saúde. 2. Se alimente 5 ou 6 vezes ao dia. Coma no café da manhã, almoço, jantar e faça lanches saudáveis nos intervalos. 3. Tente comer menos salgadinho de pacote, refrigerantes, biscoitos recheados, lanches de fast-food, alimentos de preparo instantâneo, doces e sorvetes. 4. Escolha frutas, verduras e legumes de sua preferência. 5. Tente comer feijão todos os dias. 6. Procure comer arroz, massas e pães todos os dias! 7. Procure tomar leite e/ou derivados todos os dias. 8. Evite o consumo de bebidas alcoólicas. 9. Movimente-se! Não fique horas em frente à TV ou computador. 10. Escolha alimentos saudáveis nos lanches da escola e nos momentos de la- zer. 11 2.2. Transtornos alimentares na adolescência Disponível em http://pixabay.com/pt/perda-de-peso-emagrecimento-dieta-494284/ Acesso em fev. 2015 O transtorno alimentar (TA) é um termo utilizado para indicar algum tipo de compor- tamento alimentar inadequado que resulte em danos a saúde, dentre os vários TAs, podemos destacar a anorexia e bulimia nervosa, que acometem adolescentes em diferentes faixa etárias, sendo mais comuns nas mulheres. A anorexia nervosa (AN) se caracteriza, principalmente, pelo medo doentio de engor- dar, associado ao emagrecimento intenso por meio de dietas restritas e jejuns, já na bulimia nervosa (BN) o paciente busca o emagrecimento desesperadamente, através de métodos purgativos, mas o peso está próximo ao normal e algumas vezes podem apresentar até sobrepeso. O transtorno alimentar, seja ele AN ou BN, é multifatorial envolvendo alterações fisio- lógicas como aumento na produção de cortisol nas anoréxicas e diminuição dohormô- nio serotonina na bulímicas resultando em desregulação metabólica e dos sistemas hormonais. Dentre outros aspectos associados com o desenvolvimento da AN e da BN estão, os traços de personalidade, em geral as AN são perfeccionistas, tímidas, já as bulímicas têm alguma ligação com o uso de álcool e outras drogas; problemas psicológicos, indivíduos com histórico de depressão, ansiedade; pressões da própria família e/ou sociedade, pela rigidez dos parâmetros de beleza associado a magreza. Esses e outros aspectos levam a paciente à distorção da própria imagem corporal. Ambos os TAs podem ser classificados pela Classificação Internacional de Doenças (CID-10) e pelo recém publicado, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V). As principais alterações da IV edição para a DSM-V são a exclu- são da amenorréia como critério de AN; a redução da frequência dos episódios de compulsão e compensação, e a exclusão dos subtipos para a BN; e a inclusão das referências de severidade e remissão nos dois TAs. Segue a tabela com os critérios de diagnósticos para AN e BN, retirada e adaptada do DSM-5 Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, com autoria do American Psichiatric Association (APA). 12 Fonte: Adaptado de APA, 2013. 13 Muitas são as consequências, a curto e em longo prazo, resultantes desses compor- tamentos alimentares, para conhecê-las, acessem os links abaixo. • Consequências da AN http://www.disturbiosalimentares.com/anorexia/conse- quencias-da-anorexia-nervosa/ • Consequências da BN http://www.disturbiosalimentares.com/bulimia/conse- quencias-da-bulimia-nervosa/ A respeito do tratamento desses pacientes é exigido o acompanhamento com uma equipe multiprofissional composta por psiquiatra, psicólogo, nutricionista e outros pro- fissionais de acordo com o quadro do paciente. A terapia nutricional da AN possui como objetivos principais a recuperação do peso corporal e a normalização do padrão alimentar; na BN, são reduzir ou eliminar o os ciclos de compulsão, compensação e métodos de purgação, quando estiverem presentes, para tal, o atendimento deve abranger a parte clínica e a educação nutricional. Para entender melhor sobre o atendimento nutricional assista ao vídeo referente à unidade III na plataforma virtual. Ainda sobre os transtornos alimentares indico o guia Nutrição e transtornos alimenta- res avaliação e tratamento disponível na Biblioteca Virtual acessando o link http://fmn. bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788520430637/pages/_1. E para revisar e complementar seus conhecimento sobre nutrição na infância até ado- lescência aconselho o livro Nutrição em pediatria da neonatologia à adolescência dis- ponível também na Biblioteca Virtual no link http://fmn.bv3.digitalpages.com.br/users/ publications/9788520427583/pages/_1. 3. DESENVOLVIMENTO NORMAL E PATOLÓGICO NA VIDA ADULTA A nutrição na idade adulta tem como principal objetivo a manutenção do bem estar e a prevenção de doenças, por deficiências e/ou doenças crônicas. Devido a alterações fisiológicas, como a diminuição da massa muscular e do metabolismo com o passar dos anos; alterações psicossociais, a exemplo, escolhas alimentares errôneas devido a falta de planejamento alimentar e outros fatores, fazem como que os adultos, em sua grande maioria, tenham uma ingestão calórica excessiva, pobre em nutrientes, o que resulta no ganho de peso e no surgimento das doenças. Se você quiser revisar essas e outras alterações biológicas e sociais releia o tópico Vida adulta – Desenvolvimento Biossocial da II unidade do nosso guia de estudos. Para mostrar o panorama atual, com relação aos hábitos alimentares e o estilo de vida dos indivíduos adultos brasileiros, vamos conhecer o sistema de Vigilância de Fato- res de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), esses dados são coletados anualmente, desde 2006, em parceria com o MS e Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP. 14 A prevalência de excesso de peso aumentou significativamente nos últimos anos, de 42,6% em 2006 para 50,8% em 2013, desse último percentual 54,7% são de homens e 47,4% de mulheres, ou seja, o excesso de peso está mais relacionado ao público masculino, enquanto que a obesidade atinge igualmente ambos os sexos com 17,5%. A respeito do consumo alimentar entre a população adulta brasileira, foi verificado o aumento significativo do consumo de frutas e hortaliças, sendo esse aumento, em re- lação a 2006, de 3,5% para os homens e 3,6% para mulheres. Apesar de o aumento ter sido semelhante entre os sexos, as mulheres ainda consomem mais frutas e hor- taliças do que os homens são 27,3% contra 19,3%. Alguns hábitos alimentares e de vida, encontrados no estudo, podem auxiliar no apa- recimento das DCNT, como o consumo de carne com excesso de gordura por 31% da população, sendo a maior ingestão entre os homens com 41,2%. E a inatividade física total que ainda atinge 16,2% dos adultos, porém esse cenário vem mudando nos últimos anos, com o aumento significativo da freqüência de atividade física nos momentos de lazer, no sexo feminino e masculino, outra boa notícia é a redução de fumantes no país de 4,6% em 2006 para 3,4% em 2013. Com o intuito de controlar doenças e prevenir os fatores de riscos envolvidos com as DCNT, que representam 72,4% das mortes do país, o MS lançou o Plano de Ações para Enfrentamento às Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), para saber mais sobre esse plano assista a entrevista, com a coordenadora geral de áreas técni- cas do MS Patrícia Chueiri, acesse o link. (Duração 13min23s). Disponível em http://pixabay.com/pt/diabetes-a%C3%A7%C3%BAcar-no-sangue-diab%C3%A9tico-528678/ Acesso em fev.2015 Ainda de acordo com dados do VIGITEL, ocorreu aumento significativo de indivíduos com diabetes, de 2006 para 2013, em ambos os sexos e um gráfico demonstrou a prevalência crescente de hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia com o passar dos anos, sendo a hipertensão arterial a mais preocupante por chegar a atingir mais de 50% dos adultos mais velhos entre 55-64 anos de idade. Sabendo dessas possibilidades, a população adulta deve ter mais atenção com sua saúde, prevenindo, buscando o diagnóstico precoce e cuidados adequados para tais doenças, vamos agora entender a melhor as demandas e estratégias nutricionais para garantir saúde nas pessoas com essa faixa etária. 15 3.1. Necessidades nutricionais e Orientações alimentares na vida adulta São vários os métodos para avaliar o consumo de energia para adultos, como o do IOM (2002/2005), que faz a estimativa do requerimento energético diário para adultos pode ser calculado a partir das seguintes fórmulas: Fonte: IOM A partir do cálculo da necessidade energética, se distribui proporcionalmente os ma- cronutrientes, que segundo as DRIs deve ser 45%-65% de carboidratos, permane- cendo as recomendações de dar preferência aos complexos e atentar ao consumo de fibras alimentares; 10%-35% de proteínas, considerando o consumo de todos os aminoácidos essenciais, esses são encontrados facilmente nas carnes, ovos, porém também é possível atingir as recomendações a partir de combinações vegetais, um bom exemplo é o nosso feijão com arroz; e por fim 20-35% de lipídios, atentando ao consumo das gorduras saturadas, trans e alimentos ricos em colesterol. Assim como já foi dito no tópico sobre infância, para ter acesso a tabela completa de macronutrientes acesse o link. Como o principal objetivo da intervenção nutricional, na vida adulta, é prevenir e auxi- liar no tratamento das DCNTs é importante atentar ao consumo de verduras, frutas e legumes, que de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a recomenda- ção mínima é de 400g desses alimentos pordia; e também observar ao consumo de sódio, que deve ser de 1,7g de sódio ou 5g de sal diários. Recomendo que assista ao vídeo (Duração 03min30s), para saber qual o consumo de sódio entre os brasileiros, algumas dicas para diminuir a quantidade de sal na alimen- tação e mais outras informações. 16 Finalizando apresento a você os Dez passos para uma alimentação adequada e sau- dável do novo Guia Alimentar para População Brasileira, publicado em 2014 pelo MS: 1. Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados à base da alimen- tação; 2. Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias; 3. Limitar o consumo de alimentos processados; 4. Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados; 5. Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia; 6. Fazer compras em locais que oferecem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados; 7. Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias; 8. Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece; 9. Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora; 10. Ser crítico quanto as informações, orientações e mensagens sobre alimenta- ção veiculadas em propagandas comerciais. Para ter acesso ao guia alimentar completo acesse o link. E assim estamos encerrando a nossa III unidade da disciplina de Nutrição e Desenvol- vimento Humano, espero que você tenha entendido melhor como a nutrição pode afe- tar no desenvolvimento e crescimento durante a infância, adolescência e vida adulta. Não se esqueça de responder aos fóruns e aos questionários correspondentes para testar seus conhecimentos, recomendo também que leia o livro texto e os livros indi- cados durante o guia, disponíveis na Biblioteca Virtual, como forma de revisar e com- plementar o conteúdo apresentado. Até a próxima unidade e bons estudos! Profª. Msc. Milena Maia
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