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HIDROCINESIOTERAPIA NA REDUÇÃO DA LESÃO LOMBAR AVALIADA ATRAVÉS DOS NÍVEIS DE HIDROXIPROLINA AQUATIC THERAPY IN BACK PAIN REDUTION EVALUATED THROUGHT HYDROXIPROLINE LEVELS Michelle Guiot Mesquita CREFITO/ 2 31977- F Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana da Universidade Castelo Branco/ RJ Laboratório de Biociências da Motricidade Humana – LABIMH Universidade Gama Filho michelle.guiot@globo.com Lenita Ferreira Caetano CREFITO/2 18635-F Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana da Universidade Castelo Branco/ RJ Laboratório de Biociências da Motricidade Humana – LABIMH Rafaella Bauerfeldt Lopes CREF 011603-G/RJ Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana da Universidade Castelo Branco/ RJ Carlos Soares Pernambuco CREF 1627/RJ Laboratório de Biociências da Motricidade Humana – LABIMH Grupo de Desenvolvimento Latino-americano para a Maturidade –GDLAM Universidade Estácio de Sá Estélio H.M.Dantas, Ph.D CREF 0001-G/RJ Professor Titular de Pos-Graduação Stricto Senso em Ciência da Motricidade Humana da UCB-RJ- Laboratório da Biociências da Motricidade Humana – LABIMH Michelle Guiot Mesquita Av. do Pepe 780/ 302 Barra da Tijuca – Rio de Janeiro CEP 22620-171 RESUMO: O objetivo deste estudo foi mensurar os níveis de dor e excreção de Hidroxiprolina (HP) em sujeitos com lombalgia através de um programa de 10 sessões de hidrocinesioterapia enfatizando o alongamento misto em água aquecida a 34°C. Tipo da pesquisa foi descritiva, tendo como amostra 8 indivíduos do sexo masculino, com idade entre 25 e 45 anos todos voluntários. O método utilizado para mensuração da dor foi a escala CR10 de Borg e para análise da HP, o protocolo HPROLI 2h. No tratamento estatístico utilizou-se de média, mediana, desvio padrão, variação percentual, erro padrão, coeficiente de variação. Para analise inferencial foram utilizados teste t-Student, teste Wilcoxon, covariância e Kolmogorov-Smirnov para verificação da normalidade, com um nível de confiança de p< 0,05. Os resultados demonstraram não haver diferenças significativas (para p<0,05) entre os níveis de HP e de dor. Resultados: HP – pós: 3311,31 e CR10: 52,5. Conclui-se que existe uma correlação positiva entre os parâmetros de excreção de Hidroxiprolina e de dor, havendo uma redução da hidroxiprolina haverá também uma redução dos níveis de dor segundo a escala CR 10. Palavras-chaves: Lombalgia, hidroxiprolina, hidrocinesioterapia, alongamento, Flexionamento. ABSTRACT: The goal for this study was to measure pain levels and hydroxiproline (HP) excretion in individuals with back pain after 10 sessions of aquatic therapy with mix stretching in a 34°C pool. The research was descriptive, participated 8 male individuals within age bracket of 25 and 45 years old all voluntaries. The BORG’s CR10 scale protocol evaluated pain was used. And HPROLI 2h protocol was used to evaluate hydroxiproline. The statistical descriptive used average, standart deviation, mistake standard Coefficient of Variation, Pearson correlation analysis, Student’s t – test, Wilcoxon test and Kolmogorov- Smirnov, a significant level was p<0,05. The results showed significant difference (p< 0,05) between pain and HP levels. Results: HP : 33±11,31 e CR10: 5± 2,5. We concluded that there is a positive correlation between Hydroxiproline excretion and pain parameters, reducing hydroxiproline and also pain levels accordind to CR10 protocol. Keywords: back pain, hydroxiproline, stretching, over stretching, aquatic therapy. INTRODUÇÃO Problemas de coluna influem em 25% de todas as incapacidades por lesão ocupacional e chega a causar uma perda de 1.400 dias de trabalho por mil trabalhadores em cada ano nos Estados Unidos (ACHOUR JÚNIOR, 2004). No Brasil, as doenças músculo esqueléticas, com predomínio das doenças da coluna, são as primeiras causas de pagamento de auxílio-doença e a terceira causa de aposentadoria por invalidez (FERNANDES, 2000). As lesões caracterizadas por dor na coluna lombar têm adquirido relevante importância nas últimas décadas por afetar uma parcela importante da população economicamente ativa. Entre estas enfermidades, está a hérnia de disco lombar. Essa patologia, pelas disfunções, invalidez e aspectos socio-econômicos que a acompanham, tem sido tema de inúmeros estudos epidemiológicos entre os trabalhadores (GARCIA, 1996). Segundo Thomson (2003), devido à complexidade das lombalgias, podemos classificá-las etiologicamente como estruturais e traumáticas, inflamatórias, neoplásicas, viscerais reflexas, doenças ósseas e metabólicas. Podemos também classificá-las de acordo com a idade de início no caso de escolioses primárias ou secundárias, osteocondrite de Scheurmann (em crianças), espondilose/ artrose e prolapso discal (entre 15 – 30 anos), neoplasias malignas, artrose, prolapso discal (entre 30-50 anos) e no caso de espondilose/ artrose, osteoporose, doença de Paget (maiores de 50 anos). Os aspectos mecânicos e estruturais estão relacionados às lesões músculoesqueléticas das unidades funcionais da coluna lombossacra. Cada unidade funcional é formada por duas vértebras adjacentes, separadas por um disco intervertebral e os tecidos moles que os circundam. O disco intervertebral está disposto em quatro camadas concêntricas. As mais externas são compostas por uma densa lâmina de colágeno tipos I e II, a intermediária é uma camada fibrocartilaginosa; havendo ainda uma zona de transição e o núcleo pulposo.(HUMPHREYS, 1999). O núcleo pulposo é constituído por proteoglican que contém uma rede de fibras de colágeno tipo II alinhadas aleatoriamente. A dor muscular já é reconhecida como um dos fatores da dor lombar. Seu mecanismo de dor é o aumento da atividade dos nociceptores dos ventres musculares. A localização desses terminais nervosos livres é a parede das arteríolas e tecido conjuntivo do músculo (CALLIET, 2001). Visto a abundância de colágeno contidas nas estruturas envolvidas nas lesões lombossacra, e sua possível relação com a lombalgia questiona-se a direta correlação com as queixas de dor dos pacientes com esse diagnóstico. Diante destes fatos se torna difícil relacionar o sinal subjetivo com os achados objetivos da lombalgia, uma vez que os exames radiológicos existentes não mostram as rupturas internas de tecidos moles (CAILLIET, 2001). O mesmo autor declara que ultimamente a dor tem se transformado em uma entidade clínica e geralmente são recomendados todos os tipos de mecanismos para o seu controle, com o objetivo de justificá-la. A dor passou a ser a queixa principal em qualquer patologia, sendo o objetivo principal do tratamento. De acordo com Borg (2000) o uso de uma escala pode fornecer informações adicionais valiosas para as suas interpretações e sua compreensão do tópico estudado. A necessidade de uma escala especial que pudesse ser utilizada para o esforço percebido e também para outras percepções sensórias, inclusive a dor, tornou-se cada vez mais evidente. Martin et al (2002) inferem que ocorre um consenso na literatura no que se refere à identificação dos níveis de colágeno relacionados aos componentes bioquímicos que por sua vez são determinantes na regeneração de lesões pelo aumento da bioatividade molecular. A hidroxiprolina é um aminoácido presente em grande quantidade no colágeno, constituinte da matriz óssea e provém não de fontes dietéticas, mas da hidroxilação da prolina durante os estágios iniciais da biossíntese do colágeno (STRYER, 1992) Fox (1989), refere a hidroxiprolina como parte fundamental do colágeno. A hidroxiprolina é formada através da oxidação da prolina em ligação do próprio colágeno e entra no metabolismo durante sua decomposição. Nesta decomposição formam-sepeptídeos contendo hidroxiprolina, que em grande parte não sofrem a hidrólise e são eliminados na urina (VERLERG, 1982). A cartilagem é composta de fibras de colágeno dos tipos II, IX, X e XI, e é deformada toda vez que há compressão mecânica sobre ela. Com a insistência dessa força mecânica poderá ocorrer a degeneração da fibra do colágeno tornando irregular a matriz da cartilagem (CALLIET, 2000). Um aumento na excreção urinária de hidroxiprolina indica dano nos tecidos conjuntivos (FOX, 1989). Visto a abundância de colágeno contidas nas estruturas envolvidas nas lesões lombossacra e sua possível relação com a lombalgia, questiona-se a direta correlação com as queixas de dor dos pacientes com esse diagnóstico. A excreção urinária de hidroxiprolina é mais alta no dia com exercícios e 24 horas e, particularmente, 48 horas após o exercício nos dias que sentem dor. Há também uma correlação significativa entre o dia em que os níveis se encontram mais altos com os que os indivíduos relatam sua dor mais intensa. (FOX, 1989). Dentro de um programa de tratamento fisioterapêutico além das preocupações em diminuir o quadro álgico e de se reabilitar as seqüelas oriundas das diversas patologias não se deve esquecer da necessidade de recuperar a flexibilidade dos tecidos envolvidos nas lesões (DANTAS, 2004). A fisioterapia dispõe de vários recursos no tratamento da lombalgia, sua elegibilidade irá depender do quadro clínico do paciente e da avaliação realizada pelo fisioterapeuta. CAILLET (2000) aponta a hidroterapia como um tratamento eficaz para a dor lombar. O tratamento aquático enfatiza a redução da dor e do espasmo muscular por meio da água morna, tração em água profunda, alongamento e movimentos repetida até a amplitude máxima que centraliza e finalmente elimina a dor (MACKENZIE, 1990). No tratamento da dor é necessário recuperar a flexibilidade dos tecidos, pois os nervos sensoriais que estão no interior dos tecidos moles ficam, muitas vezes, deficientes após uma lesão ou tensão prolongada (CAILLIET, 2001). A flexibilidade é a qualidade física responsável pela execução voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, por uma articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites morfológicos, sem o risco de provocar lesão (DANTAS, 2003). O mesmo autor afirma que o treino de flexibilidade melhora o desempenho físico e possibilita a diminuição do risco de lesão músculoesquelética. Porém determinar o nível ideal da flexibilidade e da intensidade do treinamento da mesma ainda é um assunto muito controvertido. Dantas (1999) define com mais clareza esses dois tipos de trabalho nomeando o alongamento como um trabalho sub-máximo, executado dentro do limite articular de movimento sem causar desconforto e denomina como flexionamento, um trabalho máximo, ultrapassando o limite articular já com uma sensação subjetiva de dor. A partir desse conceito necessitamos diferenciar as formas de trabalho em função dos diferentes níveis de intensidade. É possível verificar os níveis de HP na excreção urinária através de exames laboratoriais e assim, uma vez considerados como marcador bioquímico da formação e reabsorção dos ossos, o aumento dos seus níveis na urina indica catabolismo de colágeno do aparelho locomotor, níveis mais baixos pós-exercícios caracterizam um menor grau de microlesão sobre o citado aparelho. Assim, é possível inferir que o menor catabolismo do colágeno no meio líquido pode indicar o método mais seguro de realizar o flexionamento (NASCIMENTO, 2004) OBJETIVO O objetivo deste estudo foi mensurar os níveis de dor e excreção de Hidroxiprolina (HP) em sujeitos com lombalgia através de um programa de 10 sessões de hidrocinesioterapia enfatizando o alongamento em água aquecida a 34°C. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Seleção dos Sujeitos Inicialmente optou-se por um modelo de pesquisa descritiva, do tipo levantamento, para obtenção dos dados em investigação. Os sujeitos que participaram do estudo foram constituídos por um grupo de 8 policiais militares do estado do Rio de Janeiro do sexo masculino entre 25 a 45 anos todos voluntários, todos com indicação diagnóstica de lombalgia e com encaminhamento médico à prática de hidrocinesioterapia. O estudo realizou-se no Centro de Fisiatria e Reabilitação da Polícia Militar do Rio de Janeiro, cuja piscina apresentava as seguintes medidas e temperatura: 12X6 m, 1,20 de profundidade com a água a 34°C. Coleta de dados As verificações dos níveis de HP na excreção urinária tiveram como base os valores laboratoriais normais em adultos, maiores de vinte e um anos a taxa de 15-43 mg/d, 114- 330 mol/d (WYNGAARDEN; SMITH, 1984) e de 07-21 mg de HP/g de creatinina através do método HPROLI 2h. Foram realizados um pré e um pós-teste para verificação dos níveis de HP. Também foi utilizado para verificação dos níveis de dor a Escala CR10 de Borg (BORG, 2000). Selecionou-se a seguinte seqüência de movimentos para a realização do programa de hidrocinesioterapia constituído de dez sessões sendo duas vezes por semana: Marcha de costas, bicicleta com flutuador na região axilar, escalada na borda, posição fetal, alongamento de ísquios tibiais com os pés na borda, alongamento de ísquios tibiais em posição ortostática, abdominais em flutuação. Optou-se por não considerar os procedimentos para a dieta por opção metodológica. TRATAMENTO ESTATÍSTICO Inicialmente empregou-se a análise descritiva, através da qual foram estimadas as medidas de localização (média e mediana) e dispersão (desvio-padrão, erro-padrão e coeficiente de variação). A mediana é a melhor estimativa de tendência central sempre que o coeficiente de variação for igual ou superior a 20, caso contrário será a média. O erro- padrão determina a dispersão entre diversão “amostras”, a estimativa será considerada alta quando for maior que 3,5% (COSTA NETO, 1995). A análise inferencial exige que a aproximação da Distribuição Normal seja avaliada, pois caso seja confirmada a abordagem de teste tem que ser paramétrica, caso contrário emprega-se o desenho de teste não-paramétrico (BUNCHAFT e KELLNER, 1999; COSTA NETO, 1995), Para tanto o teste de Kolmogorov-Smirnov é indicado (COSTA NETO, 1995). Quando a abordagem paramétrica é definida, opta-se pelo teste t-Student na inexistência da variância populacional e/ou sendo o tamanho do grupo considerado pequeno. A análise de fins descritivos do coeficiente de variação como estimativa de dispersão. No tocante ao erro padrão ( as variáveis se caracterizaram-se pela expectativa de não constância dos valores, dado que a estimativa em questão esteve sempre superior aos 3,5% de referência (COSTA NETO, 1995). Por outro lado os resultados das diferenças entre os instantes considerados (Tabela1 e Gráfico 1) mostraram-se análogos aos descritos pelas variáveis. Abaixo serão apresentados os resultados obtidos antes e após o procedimento hidrocinesioterapêutico. Tabela 1: Analise descritiva dos resultados Variáveis x Md sd % CV% HP – PRÉ 53,29 44 22,60 8,54042 42,41 HP – PÓS 31,57 33 11,31 4,27538 -38,81 35,83 BORG PRÉ 4,71 5 2,05 0,7781 43,52 BORG-PÓS 1,42 2 0,78 0,29738 -59,73 54,93 HP = hidroxiprolina; BORG = Escala CR10; x = média; md = mediana; sd = desvio padrão; = erro padrão; % = variação percentual; CV = Coeficiente de Variação; K-S = Kolmogorov-Smirnov Gráfico 1: análise de HP urinária X análise da escala de Borg Nota-se no quadro acima a redução dos valores médios dos níveis séricos de hidroxiprolina dos indivíduos participantes do estudo, demonstrando que a inferência proposta promoveu alterações significativas (p<0,05). Como o coeficiente de variação das amostras observado neste estudo ultrapassou de 20, nas duas variáveis, adotou-se a mediana como melhor medida de tendência central.Observa-se, no mesmo quadro, que a variação percentual apresentou o valor x = -38,81. O valor negativo denota a redução dos valores médios de HP. Da mesma forma observa-se o valor médio dos níveis de dor dos sujeitos participantes da pesquisa aferidos pela escala de dor CR10. A variação percentual também apresentou redução média significativa (p<0,05) de x = -59,73. Tabela 2: Análise inferencial Correlação de Pearson HP/B 0,452 TESTE t Student 3,93 0,01 K-S 1,87 0,02 WILCOXON 105,000 Z = -4,514 Covariância % HP= 179,586 % Borg = 1088,399 HP/B = Hidroxiprolina e Borg; K-S = Kolmogorov – Smirnov; z tabelado = 3,79 ; t tabelado = 1,895 -100 -50 0 50 100 x sd d % análise de HP urinária X análise da escala de Borg HP - PRÉ HP - PÓS BORG - PRÉ BORG - PÓS Observa-se na tabela acima que a distribuição dos valores encontrados, segundo o teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov, seguem uma distribuição normal. O teste t de Student demonstrou não haver diferença significativa (p<0,05) entre as variáveis testadas. Apesar disto, estes valores demonstraram haver correlação positiva entre as mesmas variáveis. O teste de Wilcoxon, ao comparar os efeitos da inferência dos métodos, demonstrou que as amostras são semelhantes, não havendo diferença significativa (p<0,05). Esta correlação positiva entre as variáveis se fortalece ao observarmos sua covariância positiva, ou seja, havendo uma redução dos níveis de HP haverá também uma redução dos níveis de dor segundo a escala CR-10 de Borg (gráfico 2). Gráfico 2: análise da covariância de HP em relação aos níveis de dor DISCUSSÃO Apesar do meio líquido proporcionar uma maior facilidade de movimentos, principalmente através da flutuação e da melhoria da flexibilidade pelo simples fato da realização de movimento na água, esta investigação constatou a ocorrência de alteração significativamente positiva nos níveis de hidroxiprolina na excreção urinária dos sujeitos submetidos ao alongamento misto no referido meio. Este fato que nos leva a inferir a ocorrência de diminuição da dor lombar com a diminuição do catabolismo do colágeno por indução da referida intervenção. Muitos autores defendem a inclusão de atividades aquáticas como medidas terapêuticas para alterações na coluna vertebral com o objetivo de afiançar, tonificar ou reforçar os oblíquos musculares próprios das estabilidades dorsolombares e lombares, principalmente. O alongamento na água aquecida pode ser usado na fase de reabilitação de uma lesão e na presença de rigidez muscular, sendo recomendado como um meio de contribuir na supressão do encurtamento muscular (ACHOUR JR., 2004). Durante a imersão há uma redução das forças gravitacionais (compressão) que aumenta a mobilidade para muitos pacientes com lesão e dor lombar (KOURY, 2001). Um dos primeiros objetivos ao tratar o paciente portador de lombalgia é a redução da dor (HELLSING, 1994). Descarregar a coluna por meio de imersão na parte rasa ou funda da piscina, juntamente com o estímulo sensitivo pelo fluxo ao longo do corpo e a tepidez da água pode contribuir para a redução da dor (BLADES, 1990). Borg (2000) comprova a eficiência de sua escala, onde a "Escala de dor percebida CR 10 de Borg" consegue quantificar a intensidade de dor a partir de uma escala numérica de zero a dez onde associa a palavras que variam de nenhuma à máxima. O paciente seleciona o número que acha que melhor representa o nível de dor presente.O tratamento aquático enfatiza a redução da dor e do espasmo muscular por meio da água morna, tração Covariância 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 D% BORG D% HP em água profunda, alongamento e movimentos repetidos até a amplitude máxima que centralizam e finalmente eliminam a dor (MACKENZIE, 1990). Segundo Bates e Hanson (1998) a hidroterapia tem uma terapêutica abrangente que utiliza os exercícios aquáticos na reabilitação de diversas patologias. Sua terapêutica promove os seguintes resultados: o relaxamento muscular, o alívio da dor, redução do espasmo muscular, redução da força gravitacional, o aumento da amplitude de movimento, melhora da circulação periférica, e dentre outros, a melhora da moral e da auto-confiança. Segundo Caetano et al (2005 apud Dantas, 2005) os efeitos da água aquecida na flexibilidade foram constatados em um programa de duração de 12 semanas e 24 sessões, com pessoas entre 42 a 94 anos. A flexibilidade aumentou em 19% na adução de ombro, 17% na extensão de ombro e 15% na flexão de quadril. Esses significados foram bem significantes nas 6 primeiras semanas de treino. Nos resultados do estudo de Nascimento (2004) houve uma diferença significativa (para p< 0,05) na coleta de dados pós–exercício terra em relação aos níveis basais de HP, podendo referir-se que as atividades de treino em terra contribuem para a elevação dos riscos de ocorrência de micro lesões, uma vez comparados os níveis de HP na excreção urinária que se apresentam mais elevados se comparados ao pós-exercício na água. Cabe ressaltar que o efeito das referidas microlesões está diretamente ligado aos danos do tecido conjuntivo sintetizado nas células, resultante da elevada concentração de hidroxiprolina. CONCLUSÃO Através dos resultados obtidos foi possível verificar, nos indivíduos participantes deste estudo, que o método de alongamento misto utilizado na hidrocinesioterapia em pacientes com lombalgia, promoveu redução dos níveis de HP e de dor, sugerindo a verificação da presença de lesão de tecido conjuntivo através da análise dos níveis da HP na excreção urinária. É possível concluir que o aprofundamento de estudos desta natureza poderá contribuir para o delineamento de estratégias de controle de lesões e reabilitação, já que tanto alongamento quanto o flexionamento são de extrema importância para a melhoria do desempenho físico, prevenção e reabilitação de lesões. Recomenda-se o desenvolvimento de estudos que relacionem a concentração de HP e a percepção subjetiva de dor lombar de diversas etiologias, assim como o aumento do grupo experimental, utilização de outros métodos que desenvolvam a flexibilidade, tais como flexionamento dinâmico, facilitação neuroproprioceptiva (FNP), visando constatações mais relevantes no contexto populacional. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ACHOUR, J.A. Flexibilidade e alongamento. Manole, 2004 2. BATES, A., HANSON, N. Exercícios Aquáticos Terapêuticos.Manole. São Paulo, 1998. 3. BLADES, K. Hydrotherapy in orthopedics. In: CAMPION, M.R., ed. Adult hydrotherapy. London: Heinemann medical Books, 1990. 4. BORG, G. 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