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Aula Direito Ambiental

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CEAP – CURSO DE DIREITO - 9º DIN
DIREITO AMBIENTAL
MÓDULO I – Introdução ao Direito Ambiental e à Legislação Ambiental no Brasil.
MÓDULO I – Introdução ao Direito Ambiental e à Legislação Ambiental no Brasil.
Introdução.
Não se pode precisar a data exata em que o homem se apercebeu da necessidade de preservação de seu meio ambiente, mas é certo que a preocupação com a sua tutela é bem recente, remontando à segunda metade do século XX.
A bipolarização do mundo propiciada pela Guerra Fria, o risco de uma guerra nuclear, as crises do petróleo de 1973 e 1979, o desenvolvimento industrial, as guerras Irã x Iraque, da Coréia e do Vietnã, acenderam na comunidade internacional o temor do esgotamento dos recursos naturais e da destruição dos eco-sistemas.
Entretanto, não obstante o universal e indisponível direito ao meio ambiente, cuja degradação é decorrência direta do processo civilizatório moderno e os dos conseqüentes desenvolvimentos tecnológico, industrial e organizacional e de gestões econômicas em inegável desrespeito à qualidade de vida, permanece, também, a necessidade de manutenção do direito ao desenvolvimento das nações.
Com o advento da constituição de 1988, inaugura-se um novo olhar à tutela do meio ambiente, reconhecido como direito coletivo e concebido como instrumento indispensável à subsistência do gênero humano.
A lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, introduziu mecanismos viabilizadores da tutela constitucional, punindo as agressões ao meio ambiente administrativa, civil e penalmente. Torna-se importante ressaltar que o novo diploma legal repercutiu intensamente na gestão de pessoas jurídicas, na medida em que estas se tornaram passíveis de responsabilização penal.
Ademais, o Ministério Público obteve a autorização para celebrar ajustamentos de conduta prévios ao exercício jurisdicional e que representam restrições a direitos de possíveis autores de condutas lesivas ao meio ambiente.
Assim, em razão da recente tutela do meio ambiente e diante de institutos jurídicos tão inovadores, a atualização e o aperfeiçoamento dos profissionais das diversas carreiras jurídicas que objetivem atuar na área do Direito Ambiental adquirem grande relevância e emergem como uma necessidade para a adequada instrumentalização do desenvolvimento sustentável. 
– Direito Ambiental, Direito do Meio Ambiente ou Direito Ecológico?
Antes de iniciar a análise da definição da disciplina, torna-se necessário um entendimento do conceito de “natureza”. Muitas vezes, tal conceito não tem recebido a devida atenção.
Para Michel Prier, o conceito de natureza é muito vago. Não teríamos inclusive um conceito jurídico do termo.
O dicionário Webster’s registra onze significados para o vocábulo. Aurélio Buarque de Holanda apresenta sete significados para ‘natureza “.
A palavra natureza é originada do latim natura, de nato, nascido.
Paulo Bessa Antunes (com o qual concordamos) escolheu como os mais importantes, os que definem a natureza como:
conjunto de todos os seres que formam o universo;
 essência e condição própria de um ser.
Natureza, portanto, é uma totalidade. Nessa totalidade, o ser humano está incluído.
A denominação da disciplina de Direito Ambiental está sintonizada com uma tendência não só de diversos autores, mas também de organismos internacionais voltados para os estudos da proteção legal do meio ambiente. 
Na Declaração de Limoges, de 16 de novembro de 1990, fruto da reunião Mundial de Associações de Direito do Meio Ambiente, “o Direito Ambiental não é mais um simples apêndice de políticas ambientais; ele se transformou no meio privilegiado de toda política em favor do meio ambiente”.
A Declaração do Rio, que resultou da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), Rio 92, embora não tenha utilizado a expressão “Direito Ambiental”, demonstrou preferência cabal pelo termo “ambiental”, conforme se pode verificar do Princípio 11:
“Princípio 11
Os Estados deverão promulgar legislação ambiental eficaz. Os padrões ecológicos, os objetivos e as prioridades de gestão do ambiente devem refletir o contexto ambiental e de desenvolvimento a que se aplicam. Os padrões aplicados por alguns Estados podem não ser convenientes e ter um custo econômico e social injustificado para outros países, especialmente para os países em desenvolvimento”.
Os autores que inicialmente versaram sobre a proteção jurídica do meio ambiente inclinaram-se pela denominação “Direito Ecológico”:
Sérgio Ferraz: Direito Ecológico – O conjunto de técnicas, regras e instrumentos jurídicos organicamente estruturados para assegurar um comportamento que não atente contra a sanidade mínima do meio ambiente.
Diogo de Figueiredo Moreira Neto: Direito Ecológico é um conjunto de técnicas, regras e instrumentos jurídicos sistematizados e informados pelos princípios apropriados que tenham por fim a disciplina do comportamento relacionado ao meio ambiente.
O desenvolvimento dos estudos sobre a disciplina, segundo Paulo de Bessa Antunes, conduziu a maioria dos autores, no entanto, à utilização da expressão Direito Ambiental. Ainda que a ecologia seja uma ciência com fronteiras bastante amplas, existe uma tendência a considerá-la apenas em relação aos meios naturais, excluindo-se de seus domínios o meio ambiente cultural.
A proteção jurídica compreendida pela legislação ambiental estende-se a horizontes mais vastos do que a natureza considerada em si própria.
O Direito Ambiental não está preocupado apenas com o ambiente natural – a condição física da terra, do ar, da água. Ele abarca também o ambiente humano – a saúde, o ambiente artístico, cultural e outras condições sociais produzidas pelo ser humano que afetam o lugar dos seres vivos na Terra.
O termo ambiente é, por essência, extremamente amplo e pode abrigar inúmeras realidades que se encontram no interior da legislação protetora do meio ambiente. Basta que se observe a inserção dos chamados bens culturais no interior do amplíssimo conceito de meio ambiente para que compreenda as limitações causadas pela designação de Direito Ecológico.
A legislação brasileira vem se utilizando da expressão meio ambiente, ao passo que os autores vêm denominando a disciplina de Direito Ambiental. A conclusão é de que Direito do Meio Ambiente e Direito Ambiental são expressões sinônimas.
Para o prof. Paulo Affonso Leme Machado, O Direito Ambiental é um Direito de proteção à natureza e à vida, dotado de instrumentos peculiares que se projetam em diversas áreas do direito, sobretudo no Direito Administrativo. 
Para Paulo de Bessa Antunes, o Direito Ambiental pode ser definido como um direito que se desdobra em três vertentes fundamentais, que são constituídas pelo direito ao meio ambiente, direito sobre o meio ambiente e direito do meio ambiente. Tais vertentes existem, na medida em que o Direito Ambiental é um direito humano fundamental que cumpre a função de integrar os direitos à saudável qualidade de vida, ao desenvolvimento econômico e à proteção dos recursos naturais. 
Mais que um direito autônomo, O Direito Ambiental é uma concepção da aplicação da ordem jurídica que penetra, transversalmente, em todos os ramos do Direito. O Direito ambiental, portanto, tem uma dimensão humana, uma dimensão ecológica e uma dimensão econômica que se devem harmonizar sob o conceito de desenvolvimento sustentável.
– O Direito Ambiental como Direito Econômico.
a) 	O conceito de Direito econômico.
No âmbito brasileiro, somente na Constituição Federal de 1988 foi o Direito Econômico nominal e positivamente incluído, em seu art. 24, o qual declara, em seu inciso I, competir concorrentemente à União, Estados e Distrito Federal legislar sobre o mesmo. 
Assim sendo, a União é competente para o estabelecimento de normas gerais (art. 24, § 1º), cabendo aos Estados a competência suplementar em tais casos (art. 24, § 2º). Em não havendo normas gerais sobre determinado tema, os Estados exercerão competência legislativa plenasob suas peculiaridades (art. 24, § 3º), sendo a eficácia da lei estadual suspensa quando da superveniência de lei federal (art. 24, § 4º). 
O Direito Econômico, como ramo autônomo, tem como conteúdo específico de suas normas, as atividades econômicas ocorrentes no mercado, sejam elas provenientes do setor privado ou público. 
Naturalmente, por ser o Direito uma ciência una, os ramos, convenções estabelecidas com fins meramente didáticos, interligam-se. Assim, o Direito Administrativo, o Direito Constitucional e tantos outros, tratam de matérias relativas às atividades econômicas existentes. No entanto, apenas o Direito Econômico as adota com primazia, considerando a regulamentação destas de modo a torná-las uma política econômica objeto exclusivo seu. 
Sua finalidade é, dessa forma, regulamentar a atividade econômica do mercado, estabelecendo limites e parâmetros para empresas privadas e públicas. Ele trata de estabelecer uma política econômica no sentido de concretização dos ditames e princípios constitucionais. 
O Direito Econômico busca harmonizar as medidas de política econômica públicas e privadas, através do princípio da economicidade, com a ideologia constitucionalmente adotada.
O princípio da economicidade é aquele através do qual se busca a concretização dos objetivos constitucionalmente traçados por uma linha de maior vantagem, isto é, de forma mais viável possível para o suprimento de determinada necessidade, seja esta de que ordem for, não apenas patrimonial, mas também social, política, cultural, moral.
Muitas vezes, a solução mais vantajosa para a situação não se trata daquela mais lucrativa em termos financeiros, capitalistas. Tudo dependerá da finalidade que se busca atingir. Se se almeja, por exemplo, o alcance da instalação telefônica em meios rurais de difícil acesso, apesar de ser uma obra extremamente dispendiosa e de pouco retorno financeiro, em se concretizando tal meta, o objetivo social terá sido realizado, embora não sejam auferidos lucros em matéria de rendas e sim de benefícios para a população.
b)	O Conceito de Intervenção Econômica.
Muitos autores enfocam o estabelecimento de mecanismos de intervenção que respeitem realidades existentes no mercado, sem que isto implique que o mercado reine soberano sobre as angústias e necessidades sociais.
A economia social de mercado é um conceito que precisa ser desenvolvido, de forma que a miséria e a degradação ambiental possam acabar. Não se pode conceber um regime econômico que possa estruturar-se sem órgãos estatais que tenham papel importante em todo o ordenamento econômico.
A intervenção se distancia do poder de polícia, pois este diz respeito a uma atividade estatal que se limita a proibir determinadas atividades, condutas ou comportamentos de particulares. A intervenção econômica é uma atividade do próprio Estado, é um comportamento positivo, ou a determinação de que o particular aja em certo sentido.
Isto é feito através de mecanismos próprios (instituição de empresas, etc) ou através da concessão de determinados estímulos econômicos específicos, tais como a redução de impostos, a outorga de subsídios e outros.
c)	A Preservação do Meio Ambiente como princípio Diretor da Atividade Econômica.
O desenvolvimento econômico do Brasil, via de regra, se fez de forma degradadora e poluidora, calcado na exportação de produtos primários, que eram (ou são ainda) extraídos sem qualquer preocupação com a sustentabilidade dos recursos, e, mesmo após o início da industrialização, não se teve qualquer cuidado com a preservação/conservação dos recursos ambientais. Cabe ressaltar que, neste aspecto, não foi muito diferente do desenvolvimento econômico verificado na imensa maioria dos países.
Atualmente percebe-se a existência de vínculos bastante concretos entre a conservação ambiental e a atividade econômica. Essa mudança de concepção, contudo, não é linear e, sem dúvida, podemos encontrar diversas contradições e dificuldades na implementação de políticas industriais que levem em conta o fator ambiental e que, mais do que isto, estejam preocupados em assegurar a sustentabilidade da utilização de recursos ambientais.
A reorganização econômica que ocorre atualmente é, em parte, fruto de uma verdadeira revolução tecnológica que foi propiciada pelo surgimento da microinformática e dos microcomputadores; tal revolução é tão fantástica que “destruiu” sem um tiro sequer todo o sistema do “socialismo real” que, a partir da vulgarização da micro-informática , do tempo real e da globalização das comunicações, tornou-se incapaz de competir com as economias abertas.
Acrescenta-se a essa situação o fato de que nos países de 1º mundo, de há muito, existe um forte movimento de contestação das bases da organização social daquelas nações, contestação esta que foi se tornando mais e mais organizada e atuante.
Em conseqüência desta realidade, começaram a surgir agentes políticos diferentes que passaram a ser conhecidos como as organizações não-governamentais (ONGs), cuja força no cenário político é cada vez mais evidente.
Some-se a isto o fato de que já existem bases reais para uma preocupação séria com a proteção ambiental, pois alguns problemas ecológicos começam a tornar-se dramáticos e exigem uma rápida resposta de toda a comunidade mundial..
Dentre estes problemas concretos, menciona-se o aquecimento global, que é, sem dúvida, um dos mais graves e que vem dominando o debate político-ecológico no final da década de 90. Este problemas são extremamente complexos e, certamente, envolvem toda uma série de opções estratégicas internacionais, cujas conseqüências já começam a ser avaliadas.
A questão se coloca, contudo, é a de se saber em que medida é possível a conciliação entre o desenvolvimento econômico e a proteção do meio ambiente, e mais, até que ponto prevalece o interesse da proteção ambiental ou o interesse do desenvolvimento econômico?
A pergunta é relevante, à medida que as condições de vida das imensas legiões de miseráveis do terceiro mundo são o produto e a conseqüência de uma determinada forma de desenvolvimento econômico, que produz como resultado previsível a pauperização e marginalização da imensa maioria da população do mundo.
Referindo-se às chamadas tragédias ambientais, H. Jeffrey Leonard aponta claramente a vinculação das mesma com a pobreza e a miséria:
“Em três meses de 1984, três grandes desastres industriais em países em desenvolvimento (diga-se 3º mundo) levaram junto a vida de quase três mil pessoas – o vazamento de produtos químicos gasosos letais e, Bhopal, Índia; a explosão de uma instalação de armazenamento de petróleo na cidade do México; e o incêndio de um gasoduto de gás natural em Cubatão, Brasil. A despeito de causas diferentes, todos estes desastres tiveram um aspecto comum: praticamente todas as vítimas eram pessoas extremamente pobres que ocupavam terras abandonadas previamente nas proximidades de grandes instalações industriais em áreas densamente povoadas. Em todos os três casos, se esses acampamentos de grileiros não estivessem tão próximos das indústrias, o número de mortos e feridos teria sido provavelmente muito menor”. (Chernobyl foi em 1986) 
A concepção do desenvolvimento sustentável tem em vista a tentativa de conciliar a conservação dos recursos ambientais e o desenvolvimento econômico. Pretende-se que, sem o esgotamento desnecessário dos recursos ambientais, haja a possibilidade de garantir uma condição de vida mais digna e humana para milhões e milhões de pessoas, cujas atuais condições de vida são absolutamente inaceitáveis.
Fica, portanto, claro, que a efetivação do princípio da proteção ao meio ambiente como princípio econômico implica, obrigatoriamente, a mudança de todo o padrão de acumulação de capital, na mudança do padrão e do conceito de desenvolvimento econômico. 
1.1.2 - Natureza Econômica das Normas de Direito Ambiental.
As normas de direito ambiental têm, dentre outros de seus aspectos mais importantes, um notório caráter econômico.
A Lei 6.938/81,que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins, mecanismos de formulação e aplicação..., está claramente fundada em uma finalidade econômica. Assim é que o seu artigo 2° determina:
“Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana...”
Os incisos do artigo referido acima estabelecem uma principiologia, dentro da qual destacam-se, pelo caráter econômico, os princípios estabelecidos nos incisos II, III, V, VI e VII.
”II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; 
 III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais
V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; 
 VI - incentivos ao estudo e à proteção dos recursos ambientais; 
 VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; “
 A legislação ambiental como instrumento de intervenção na ordem econômica.
O Direito Econômico é, fundamentalmente, um instrumento de intervenção estatal na ordem econômica e financeira. O Direito Ambiental, em um de seus diversos aspectos, é Direito Econômico e, portanto, não poderia ser diferente. Na qualidade de Direito Econômico, o Direito do Meio Ambiente é dotado de instrumentos específicos que o capacitam a atuar na ordem econômica, de molde a configurar um determinado padrão de desenvolvimento.
Tais instrumentos estão previstos tanto na CF88 quanto na legislação ordinária, merecendo destaque aqueles que estão previstos na lei 6.938/81.
Para Bessa Antunes, um dos mais importantes instrumentos de planejamento ambiental e de intervenção de que dotado o Direito Ambiental é o Estudo de Impacto Ambiental, cuja finalidade é realizar um diagnóstico antecipado das conseqüências ambientais decorrentes de atividades potencialmente degradadoras do meio ambiente.
A importância fundamental do EIA/RIMA reside no fato de que, pela sua correta realização, é possível antecipar conseqüências negativas e positivas e medir as alternativas apresentadas com vistas a uma opção a ser decidida pela sociedade. 
Outros instrumentos importantes de intervenção estão previstos na legislação ordinária e no próprio artigo 225 da CF88, merecendo destaque aqueles que dizem respeito ao zoneamento ambiental. 
É importante ressaltar que, por serem de ordem pública, as normas de direito ambiental têm aplicação imediata. Decorre daí que não podem ser opostos direitos adquiridos contra elas, até porque o nosso sistema jurídico não reconhece o direito de poluir. A poluição, em nosso sistema jurídico, é considerada crime. 
1.1.3 - A ruptura do antropocentrismo.
Provavelmente a principal ruptura que o Direito Ambiental cause na ordem jurídica tradicional seja com o antropocentrismo. Toda a doutrina jurídica tem por base o sujeito de direito.
Relembrando. 
O que é antropocentrismo?
O antropocentrismo (do grego anthropos, "humano"; e kentron, "centro"), é uma concepção que considera que a humanidade deve permanecer no centro do entendimento dos humanos, isto é, tudo no universo deve ser avaliado de acordo com a sua relação com o homem.
O que é biocentrismo?
O biocentrismo (do grego βιος, bios, "vida"; e κέντρον, kentron, "centro") é uma concepção, segundo a qual todas as formas de vida são igualmente importantes, não sendo a humanidade o centro da existência.
O que é sujeito de direito?
São as pessoas que possam ter relações jurídicas e, portanto, direitos subjetivos, tanto do lado ativo (poder de exigir o comportamento de outrem), como do lado passivo (obrigação ao referido comportamento nessa relação).
Com o Direito Ambiental não é assim que acontece. Há uma quebra de paradigma. As normas de Direito Ambiental, nacionais e internacionais, cada vez mais, vêm reconhecendo direitos próprios da natureza, independentemente do valor que esta possa ter para o ser humano.
A Organização das Nações Unidas, através da resolução 37/7, de 28/10/1982, proclamada pela Assembléia Geral, afirmou que:
Toda forma de vida é única e merece ser respeitada, qualquer que seja a sua utilidade para o homem, e, com a finalidade de reconhecer aos outros organismos vivos este direito, o homem deve se guiar por um código moral de ação.
A questão que se coloca, contudo, é a de não confundir a pretensa superação do antropocentrismo com uma modalidade de irracionalismo, muito em voga atualmente, que, colocando em pé de igualdade o Ser Humano e os demais seres vivos, de fato, rebaixa o valor da vida humana e transforma-a em algo sem valor em si própria, em perigoso movimento de relativização de valores.
O que o Direito Ambiental busca é o reconhecimento do Ser Humano como parte integrante da natureza. Reconhece, também, como é evidente, que a ação do Homem é, fundamentalmente, modificadora da Natureza, culturalizando-a. 
Entretanto, o Direito Ambiental nega as concepções passadas, pelas quais ao Ser Humano competia subjugar a Natureza, estabelecendo a normatividade da harmonização entre todos os componentes do mundo natural culturalizado, no qual, a todas as luzes, o Ser Humano desempenha o papel essencial.
O Direito Brasileiro reconhece à natureza direitos positivamente fixados, tanto ao nível da norma constitucional, quanto ao nível da legislação ordinária. Veja-se que os incisos I, II e VII do art. 225 da CF88 resumidamente fala em “proteger e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico dos ecossistemas”, “preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País”, “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica”.
Trata-se de obrigações do Poder Público, em qualquer um dos três níveis federativos, cujo destinatário imediato é o próprio mundo natural. Mediatamente, a proteção de tais bens ambientais tem por função assegurar aos seres humanos o desfrute do meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Devemos observar que há uma obrigação social para com os processos ecológicos essenciais que, a toda evidência, só reflexamente pode ser vinculada ao sujeito de direito (ser humano). Há uma obrigação para que o Estado empenha-se na preservação das espécies da flora e fauna, não se falando da necessidade de que ambas tenham uma utilidade imediata para o ser humano.
Trata-se, com efeito, de uma importantíssima reformulação das bases do Direito tal qual este vem sendo entendido. Aliás, parece que, na medida em que sejamos capazes de reconhecer e assegurar direitos da natureza, seremos mais capazes de reconhecer, assegurar e tornar efetivos os direitos dos próprios seres humanos e da humanidade em geral.
A transformação da mentalidade de subjugação da natureza ao ser humano e da existência de contradição entre a humanidade e natureza ainda não foi totalmente superada, conforme se pode facilmente constatar no discurso que contrapõe proteção ambiental ao desenvolvimento econômico-social.
Entretanto, as raízes da compreensão de que a raça humana é parte integrante da natureza podem ser encontradas nos primórdios da era moderna, e, em grande parte, são decorrências de descobertas científicas que foram os primeiros abalos significativos na ideologia da confrontação entre o homem e a natureza, provocando escândalo no pensamento conservador contra as evidências que a ciência trazia, de forma mais intensa. 
Deve-se ter em mente que o reconhecimento de direitos que não estejam diretamente vinculados às pessoas é um aspecto de grande importância para que se possa medir o real grau de compromisso entre o homem e o mundo que o cerca e do qual ele é parte integrante e, sem o qual, não logrará sobreviver. A atitude de respeito e proteção às demais formas de vida ou aos sítios que as abrigam é uma prova de compromisso do ser humano com a própria raça humana e, portando, consigo mesmo.
Resumindo, o ser humano pertence aum todo maior que é complexo, articulado e interdependente. A natureza é finita e pode ser degradada pela utilização perdulária de seus recursos naturais. O ser humano não domina a natureza, mas tem de buscar caminhos para uma convivência pacífica entre ela e sua produção, sob pena de extermínio da espécie humana.
1.2 – Consumo sustentável.
1.2.1 – A base problemática comum.
Quase todos os grandes problemas ambientais estão relacionados direta e indiretamente, com a apropriação e uso de bens, produtos e serviços, suportes da vida e das atividades da nossa sociedade moderna.
A poluição do ar, especialmente a poluição urbana por monóxido de carbono, por exemplo, é, em grande parte, causada por emissões decorrentes da utilização de 5000 milhões de automóveis que foram licenciados no mundo entre 1950 e 2000; ou seja, os consumidores destes bens duráveis são diretamente responsáveis pelos impactos adversos causados à atmosfera.
Segundo estudos recentes do GEMS/AIR (Sistema de Monitoramento Ambiental Global) da ONU, aproximadamente 900 milhões de pessoas estão expostos a níveis prejudiciais de óxidos sulfúricos, e mais de um bilhão é afetado por níveis desaconselháveis de partículas, pondo em risco as suas vidas.
No Brasil, onde a utilização de fertilizantes e pesticidas (inseticidas, fungicidas e herbicidas, etc) é das mais altas do mundo – refletida na casa dos US$ 2.5 bilhões anuais, a taxa de internação de trabalhadores é igualmente muito alta, uma vez que mais de 50% deles não recebe orientação técnica antes da utilização daqueles produtos em suas culturas.
Será que os consumidores em geral não contribuem, também e decisivamente, para níveis tão elevados? Como e quanto seria essa participação?
Além disto, como se sabe, o buraco na camada de ozônio tem na utilização de CFCs (clorofluorcarbono) uma de suas causas mais importantes. Medidas de controle de suas emissões, como o “Protocolo de Montreal”, em vigor desde 1989 e revisto em Londres (1990), terão um impacto imenso nos padrões de consumo de milhões de consumidores em todo o mundo.
Desta forma, as perdas financeiras provocadas pelos desastres naturais atmosféricos – furacões, tufões, enchentes e tempestades – já fazem da poderosa indústria do seguro uma forte aliada do “Protocolo de Kyoto” (acordo internacional assinado em 1997 e vigente desde 2005) para reduzir as emissões dos gases poluentes que provocam o aquecimento do Planeta.
Tudo isto porque o crescimento do número e da intensidade das catástrofes atmosféricas já afeta os balanços anuais das resseguradoras em todo o mundo, as quais, ao longo de 2001, por ex., registraram US$ 4,4 bilhões de perdas.
Uma pergunta naturalmente desponta: até que ponto o consumidor-poluidor tem responsabilidade sobre o efeito negativo dos equipamentos que usa ou dos bens que consome? Não seria isso imputável, antes, aos processos tecnológicos de produção?
Por ora, parece evidente que sim; porém o uso inadequado ou desnecessário e o abuso por parte do consumidor não podem ser relevados. 
Outro exemplo, a água doce, que representa apenas 2,59% de todos os recursos hídricos do Planeta, é, a um só tempo, um recurso de consumo e um importante recurso ambiental. 
Aqui, também, um risco ecológico que se avizinha terá implicações profundas no cotidiano do consumidor, principalmente quando considerarmos que o consumo per capita de água potável vem aumentando em todo o planeta.
Relatório divulgado pelas Nações Unidas por ocasião da Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, realizada na África do Sul, em 2002 prevê que no ano de 2025 cerca de 4 bilhões de pessoas (metade da população projetada) sofrerão com a escassez de água.
Atualmente, enfrentam o problema 2 bilhões de seres humanos, isto é, um terço da humanidade. A questão da água, embora premente, não é a única pressão ambiental. Para alimentar a população crescente, tem ocorrido a ampliação das áreas agricultáveis, o que implica em mais desflorestamento e maiores gastos de água doce (70% da água consumida vai para a irrigação).
Segundo a Organização Mundial para a Alimentação e Agricultura (FAO), a produção de pescado no mundo, que estava em 19 milhões de toneladas anuais em 1970, chega hoje a mais de 80 milhões de toneladas/ano nos oceanos, às quais devem ser acrescidas 50 milhões de toneladas advindas da aqüicultura. Com o aumento da captura, 50% dos estoques marinhos já se esgotaram e 25% estão sobreexploradas.
A erosão, por seu turno, não só afeta as necessidades crescentes dos consumidores de alimentos, como é afetada, igualmente por estas mesmas necessidades.A devastação florestal, por igual, está diretamente relacionada com um modelo de consumo que prioriza a utilização de madeira. Basta lembrarmos que 1,7 bilhão de metros cúbicos de madeira foram coletados em 1989, para outros fins que não a combustão.
Junte-se, por fim, a esses poucos, mas significativos exemplos, a produção de lixo, tóxico ou não, que cresce na proporção do consumo de bens ou produtos e serviços, fatores estes que tendem a aumentar de maneira imprevisível.
As necessidades de consumo nunca pararam de crescer. Na verdade, criam-se novas necessidades sob os mais variados pretextos. Daí a assertiva de que recursos finitos não podem atender a demandas infinitas.
A propósito, o cientista e ambientalista francês, Michel Lamy, da Universidade de Bordéus, escreveu um interessante livro sobre esta infinidade de demandas que acabam por incorporar-se ao ser humano, como extensão de seu organismo. (As Camadas Ecológicas do Homem).
1.2.2 – Qualidade ambiental e consumo: uma base constitucional comum.
Faz-se uma indagação: terá o consumidor, pelo simples fato de ser consumidor, um vínculo com a sustentabilidade e o meio ambiente? Não há dúvida de que este vínculo existe, no bojo dos processos de produção-consumo e consumo-produção: representam ações e reações em cadeia, com grande significação nas interações homem-mundo natural ou, se se preferir, nas relações sociedade-meio ambiente.
Importa lembrarmos que, sob a rubrica “ interesses difusos” ou “ interesses coletivos”, ou “ interesses transindividuais” há toda uma associação explícita entre consumo e meio ambiente.
Tanto a proteção do meio ambiente como a proteção do consumidor são princípios da ordem econômica, nos termos da CF88, em seu art. 170:
  Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: 
(...)
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação da EC  Nº 42/ 19.12. 2003 - D.O.U. 31.12.2003)
Isto quer dizer que, no plano constitucional, as duas esferas de preocupação (meio ambiente e consumidor) estão igualmente situadas, e funcionam como limites à livre iniciativa, uma vez que a ordem econômica se concretiza em função da ordem social.
O legislador constitucional, entretanto, deu, inegavelmente, mais espaço à proteção do meio ambiente – há todo um capítulo específico para a tutela ambiental (Capítulo VI - Do Meio Ambiente, do Título VIII – Da Ordem Social), sendo o consumidor agraciado somente com uma menção no art. 5º, XXXII, do Capítulo I – Dos Direitos e Deveres individuais e Coletivos – do Título II – Dos Direitos e Garantias Individuais.
Apesar do meio ambiente contar com capítulo próprio, o impacto concreto da CF foi muito maior na esfera do consumidor, pois, por força do art. 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, foi elaborado e promulgado o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), hoje regrando as relações de consumo em nosso país.
1.2.3 – A legislação ambiental brasileira e o consumo sustentável.
Embora a legislação brasileira desconheça, com tal denominação, o tema do consumo sustentável, são várias ashipóteses em que o nosso ordenamento, ao cuidar do meio ambiente, trata também do consumidor ou vice-versa.
O mais próximo do termo acima mencionado a que o legislador ambiental conseguiu chegar foi a referência ao uso racional de recursos ambientais (Lei 6.938/81, art. 13, III). 
O legislador, inicialmente, dá, como pressuposto de legitimação da proteção do meio ambiente e do consumidor, o mesmo fundamento: a qualidade de vida (CF88, art. 225, caput) e a dignidade humana (Lei 6.938/81, art. 2º, caput). 
“CF88- Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
Lei 6.938/81, art. 2º A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios
Na mesma linha, a CF88, ao cuidar do meio ambiente, lista, entre as incumbências do Poder Público, “controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente” (Art. 225, § 1º, V).
Muitas vezes se faz menção ao uso dos recursos ambientais, o que, num vocabulário mais flexível e mais próximo de nossa preocupação, quer dizer consumo. 
Nessa mesma linha, outra preocupação comum ao meio ambiente e ao consumidor é o acesso à Justiça. As dificuldades para a solução dos conflitos ambientais e dos conflitos de consumo são bastante assemelhadas: supra-individualidade dos bens atingidos, entraves de legitimação para agir, óbices técnicos e de provas, necessidade de providências cautelares, etc.
No Brasil isto é claramente verificável: um único diploma legal – a Lei 7.347/85 – trata da matéria para um e outro tema, sem maiores distinções. (Ver art. 1º , I e II).
“Art. 1º - Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: 
 . Redação do caput dada pela Lei Fed. nº 8.884/94. 
 I - ao meio ambiente; 
 II - ao consumidor;”
(...)
Posteriormente, o CDC determinou, expressamente, que suas disposições processuais se aplicassem ao meio ambiente. (Ver art. 117, do CDC – Lei 8.078/90).
“Art. 117 - Acrescente-se à Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, o seguinte dispositivo, renumerando-se os seguintes: 
 
"Art. 21 - Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da Lei Nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, que instituiu o Código de defesa do consumidor." “
No tempo de consumo sustentável, o que se busca é uma perspectiva holística da proteção ao meio ambiente e do consumidor, casando as duas agendas, sempre que possível, com a preocupação de agilizar e otimizar sua implementação.
As implicações do consumo sustentável transportam o consumidor para a arena internacional, já que suas práticas, como consumidor, somadas e crescentes, passam a afetar o meio ambiente numa perspectiva global e não apenas de caráter local. 
Com efeito, o cenário internacional provoca em toda parte demanda de matéria-prima e produtos industrializados, não importando a origem nem os destinos.
1.3 – Introdução ao Conceito Jurídico de Meio Ambiente.
Conceitos importantes
Meio Ambiente 
Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas suas formas. (Conceito extraído da Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio Ambiente).
O conceito legal não abrange amplamente todos os bens jurídicos tutelados, se restringindo ao meio ambiente natural, fato este criticado por vários doutrinadores.
Bem Ambiental
Definido constitucionalmente como sendo de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida das presentes e futuras gerações. (Art. 225, caput, CF/88)
Desenvolvimento Sustentável
Modelo de desenvolvimento amplamente discutido na ECO 92, resultando no documento conhecido como Agenda 21, onde se busca basicamente a harmonia entre o desenvolvimento econômico e a utilização dos recursos naturais de forma consciente, equilibrada ou sustentável.
Degradação da qualidade ambiental
Alteração adversa das características do meio ambiente. (Conceito extraído da Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio Ambiente)
Poluição
Degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: prejudiquem saúde, a segurança e o bem estar da população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. (Conceito extraído da Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio Ambiente) 
Biota
São as diversas espécies que vivem na mesma região.
Poluidor
Pessoa física ou jurídica de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental. (Conceito extraído da Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio Ambiente).
Recursos Ambientais
A atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.(Conceito extraído da Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio Ambiente)
Direito Ambiental
O Direito Ambiental, como o meio ambiente, não possui um conceito preciso acerca de sua definição. Contudo, pode-se afirmar que o Direito Ambiental trabalha as normas jurídicas dos vários ramos do direito, bem como se relaciona com outras áreas do saber humano como a biologia, a física, a engenharia, o serviço social, etc. É, portanto o Direito Ambiental uma matéria multidisciplinar que busca adequar o comportamento humano com o meio ambiente que o rodeia. Outra importante constatação é o fato de ser um direito difuso, ou seja, pertence a todos os cidadãos e não a uma ou outra pessoa ou conjunto de pessoas determinadas. 
Impacto ambiental
Modificação identificável e mensurável, benéfica ou adversa, das condições ambientais de referência. O impacto ambiental pode ser caracterizado por um efeito (direto) ou soma de efeitos (diretos e indiretos) com relação a um alvo específico.
Exemplo:
Ação: emissão de CO2.
Alvo: nível das águas do mar.
Efeito: ampliação do “efeito estufa” (aumento da temperatura) e indiretamente o aumento do nível do mar.
Impacto ambiental adverso: elevação de 0,1 m do nível do mar.
Finalmente, o impacto depende dos efeitos e da exposição. A exposição deve ser apreciada em termos de nível e de duração.
Também: 
Impacto Ambiental: qualquer alteração no ambiente causada por atividades antrópicas; pode ser negativo, quando destruidor ou degradador de recursos naturais; ou positivo, quando regenerador de áreas ou funções naturais anteriormente destruídas; em termos legais, impacto ambiental é entendido como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população. 
(Referência: INSTRUÇÃO NORMATIVA MAPA/SARC Nº 012, DE 29 DE NOVEMBRO DE 2001 - Aprova as definições e conceitos de palavras ou expressões técnicas utilizadas nas Diretrizes Gerais da Produção Integrada de Frutas – DGPIF).
Eutrofização: processo natural de enriquecimento por nitrogênio e fósforo em lagos, represas, rios ou estuários e, conseqüentemente, da produção orgânica; nos casos onde houver impactos ambientais decorrentes de processos antrópicos, há uma aceleração significativa do processo natural, com prejuízosà beleza cênica, à qualidade ambiental e à biota aquática. 
Noções Genéricas.
“O homem pertence à natureza tanto quanto – numa imagem que parece apropriada – o embrião pertence ao ventre materno: originou-se dela e canaliza todos os seus recursos para as próprias funções e desenvolvimento, não lhe dando nada em troca. É seu dependente, mas não participa (pelo contrário, interfere) de sua estrutura e função normais. Será um simples embrião se conseguir sugar a natureza, permanentemente de forma compatível, isto é, sem produzir desgastes significativos e irreversíveis; caso contrário, será um câncer, o qual se extinguirá com a extinção do hospedeiro”. (Samuel Murgel Branco)
Esta visão de integração e interação é destacada pelo Prof. Paulo Freire Vieira: “o tema meio ambiente designa não tanto um objeto específico (natureza, espaço natural, paisagem), mas é uma relação de interdependência”. 
Tal interdependência é verificada de maneira incontestável pela relação homem-natureza, posto que não há possibilidade de se separar o homem da natureza, pelo simples fato da impossibilidade de existência material, isto é, o homem depende da natureza para sobreviver. 
O meio ambiente é conceito que deriva do ser humano, e a ele está relacionado; entretanto, interdepende da natureza como duas partes de uma mesma fruta ou dois elos do mesmo feixe.
1.4 – Meio Ambiente em Sentido Jurídico.
De acordo com o artigo 3º, inciso I da Lei n. 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente:
“Art. 3º - Para os fins previstos nesta lei, entende-se por: 
 
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; ” 
Conforme se verificou, de início, o legislador brasileiro optou por uma conceituação que realça a interação e a interdependência entre o homem e a natureza.
Conforme esclarece o Prof. Paulo Affonso de Leme Machado, o legislador adotou uma definição ampla: “ a definição federal é ampla, pois vai atingir tudo aquilo que permite a vida, que a abriga e rege”. 
No lecionar de Álvaro Luiz Valery Mirra, “o legislador, em comparação com o posicionamento doutrinário foi até mais longe, na sua preocupação de proteção global do meio ambiente, ao situar a vida animal (não humana) e a vida vegetal, no mesmo patamar de importância da vida humana – protege-se a vida sob todas as suas formas”.
No entanto, tal noção de meio ambiente recebe críticas, como de Jean Lamarque, que “numa visão estrita, o meio ambiente nada mais é do que a expressão do patrimônio natural e suas relações com o ser vivo. Tal noção, é evidente, despreza tudo aquilo que não esteja relacionado com os recursos naturais”.
A doutrina prevalecente no direito brasileiro posiciona-se com a visão globalizante e abrangente do conceito jurídico de meio ambiente, conforme é asseverado pelo Prof. José Afonso da Silva:
“O conceito de meio ambiente há de ser, pois, globalizante, abrangente de toda a natureza, artificial e original, bem como os bens culturais correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico e arquitetônico. O meio ambiente é, assim, a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas”.
Nesse sentido, um dispositivo da Convenção de Lugano, de 21 de janeiro de 1993 – Convenção Européia sobre Responsabilidade Civil por Danos Resultantes de Atividades Prejudiciais ao Meio Ambiente, asseverou que “o meio ambiente inclui recursos naturais, sejam abióticos, sejam bióticos, como o ar, a água, o solo, a fauna e a flora, e a interação entre tais fatores; - propriedades que formam parte de herança cultural e – os aspectos característicos da paisagem” (artigo 1, parágrafo décimo).
Para Édis Milaré, “nessa perspectiva ampla, o meio ambiente seria a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida humana”.
A perspectiva conceitual mais atualizada é assim demonstrada por Antonio Carvalho Martins:
“O movimento passou a ocupar-se de todos os aspectos relacionados com o ambiente natural: terra, água, mineral, todos os organismos vivos e processos vitais, atmosfera e clima, calotas polares e profundidades oceânicas remotas, e até mesmo o espaço. Voltou-se também para a situação do homem, tanto no plano das comunidades como das necessidades individuais de habitação e condições de vida, e deu ênfase à relação entre os ambientes artificial e natural. Esse novo movimento tenta uma percepção mais ampla e cientificamente mais sofisticada da relação existente entre o homem e oi ambiente. Preocupa-se não só com a condição dos recursos naturais, mas também com os valores, instituições, tecnologia, organização social e, em particular, com a população, influenciando o uso e a conservação daqueles recursos”(...)
E mais:
“Preocupou-se com uma gama muito mais vasta de fenômenos ambientais, com base no fato de a violação dos princípios ecológicos ter atingido o ponto em que, na melhor das hipóteses, a qualidade de vida estava ameaçada e, na pior das hipóteses, em perigo, a longo prazo, a sobrevivência própria da humanidade”. 
1.5 – Meio Ambiente como Macrobem.
Torna-se necessário verificar se o legislador observou a tendência conceitual, já descrita, e considerou o meio ambiente como macrobem, isto é, em uma visão globalizada unitária e integrada.
Pela análise literal chega-se a conclusão que sim, pois meio ambiente é considerado como o “conjunto de relações e interações que condiciona a vida em todas as suas formas”. (Ver art. 3º, I, da lei 6938/81)
A Lei citada não apontou os elementos corpóreos que compõe o meio ambiente e, assim o fazendo, considerou-o um bem incorpóreo e imaterial. Os elementos corpóreos integrantes do meio ambiente têm conceituação e regime próprios e estão submetidos a legislação própria e específica à legislação setorial (O Código Florestal – Lei 4771/65; a Lei de Proteção a Fauna – Lei 5197/67; o Código das Águas – Decreto 24643/34; a Política Nacional de Recursos Hídricos - Lei 9433/97; a legislação sobre proteção do patrimônio cultural – Decreto 80978/77, etc). 
Quando se fala, assim, na proteção da fauna, da flora, do ar, da água e do solo, por exemplo, não se busca propriamente a proteção desses elementos em si, mas deles como elementos indispensáveis à proteção do meio ambiente como bem imaterial, objeto último e principal visado pelo legislador.
Neste sentido, o enfoque de Antonio Herman Vasconcelos Benjamin:
“Como bem – enxergado como verdadeiro universitas corporalis é imaterial – não se confundindo com esta ou com aquela coisa material (floresta, rio, mar, sítio histórico, espécie protegida, etc) que o forma, manifestando-se, ao revés, como o complexo de bens agregados que compõe a realidade ambiental.
Assim, o meio ambiente é bem, mas como identidade, onde se destacam vários bens materiais em que se firma, ganhando proeminência, na sua identificação, muito mais o valor relativo à composição, característica ou utilidade da coisa do que a própria coisa.
Uma definição como esta do meio ambiente, como macrobem, não é incompatível com a constatação de que o complexo ambiental é composto de entidades singulares (as coisas, por exemplo), que, em si mesmas, são bens jurídicos: é o rio, a casa de valor histórico, o bosque com apelo paisagístico, o ar respirável, a água potável."
Além de macrobem, o meio ambiente, conforme a CF88, é um “bem de uso comum do povo”. (Vide art. 225, caput, da CF88) Isto significa que o proprietário, seja ele público ou particular, não poderá dispor da qualidade do meio ambiente ecologicamente equilibrado, devido à previsão constitucional, considerando-o macrobem de todos.
Adita-se, no que se refere à atividade privada, a qualidade do meio ambiente deve ser considerada,pois o constituinte diz que a atividade econômica deverá observar, entre outros, o princípio da proteção ambiental, conforme estatui o art. 170, VI, da CF88.
Não obstante o legislador constitucional inserir o meio ambiente como res communis omniun, este não legitimou, exclusivamente, o Poder Público para sua tutela jurisdicional civil, como interesse difuso. (Vide Lei 7347/85, art. 5º.) Assim fazendo-o, apartou o meio ambiente de uma visão de bem público estrito senso, mas, ao que tudo indica, elencou o bem ambiental como disciplina autônoma e a título jurídico autônomo.
“Art. 5º - A ação principal e a cautelar poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela União, pelos Estados e Municípios. Poderão também ser propostas por autarquia, empresa pública, fundação, sociedade de economia mista ou por associação que: 
(...)”
Não se deve aceitar a qualificação do bem ambiental como patrimônio público, considerando ser o mesmo essencial à sadia qualidade de vida. Nestes termos, conclui-se que o bem ambiental (macrobem) é um bem de interesse público, afeto à coletividade, entretanto, a título autônomo, conforme já foi mencionado.
Portanto, o bem ambiental de interesse público deve ser separado da definição de bens públicos e privados do Código Civil Brasileiro. (Art. 99, Lei 10.406/02 – NCC). Outrossim, a concepção da lei civil é destoante do estipulado na CF88, que trata o meio ambiente como bem da coletividade, e não como res nullius. 
“Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.”
Tratando da matéria, adote-se a posição de vanguarda do Prof. José Afonso da Silva:
“A doutrina vem procurando configurar outra categoria de bens, os bens de interesse público, em que se inserem tanto bens pertencentes a entidades públicas, como bens dos sujeitos privados, subordinados a uma particular disciplina para a consecução de um fim público. Ficam eles subordinados a um peculiar regime jurídico relativamente ao seu gozo e disponibilidade e também a um particular regime de polícia de intervenção e de tutela pública. Essa disciplina condiciona a atividade e os negócios relativos a esses bens, sob várias modalidades, com dois objetivos: controlar-lhes a circulação jurídica ou controlar-lhes o uso, de onde as duas categorias de bens de interesse público: os de circulação controlada e os de uso controlado.
São considerados dessa natureza os bens imóveis de valor histórico, artístico, arqueológico, turístico e as paisagens de notável beleza natural, que integram o meio ambiente cultural, assim como os bens constituídos do meio ambiente natural (qualidade do solo, da água, do ar, etc).” 
Resta acrescentar à análise feita que a definição de bem ambiental, de interesse público, é executada no sentido de macrobem, não obstante existir uma concepção de microbem.
Na concepção de microbem, isto é, dos elementos que o compõe (florestas, rios, propriedade de valor paisagístico, etc.), o meio ambiente pode ter regime de sua propriedade variado, ou seja, pública e privada, no que concerne à titularidade dominial. Na outra categoria, ao contrário, é um bem qualificado de interesse público, seu desfrute é necessariamente comunitário e reverte-se ao bem-estar individual.
1.6- Sintetizando o Conceito Operacional de Meio Ambiente.
Alinhando os diversos matizes da tonalidade do conceito de meio ambiente tem-se o seguinte conceito operacional, que servirá de alicerce de pesquisas:
A)	Em sentido genérico:
O meio ambiente é um conceito interdependente que realça a interação homem-natureza;
O meio ambiente envolve um caráter transdisciplinar; e
O meio ambiente deve ser embasado em uma visão antropocêntrica mais atual, que admite a inclusão de outros elementos e valores.
B)	Em sentido jurídico:
A lei brasileira adotou um conceito amplo de meio ambiente, que envolve a vida em todas as duas formas. O meio ambiente envolve os elementos naturais, artificiais e culturais;
O meio ambiente, ecologicamente equilibrado, é um macrobem, unitário e integrado. Considerando-o macrobem, tem-se que é um bem incorpóreo e imaterial;
O meio ambiente é um bem de uso comum do povo. Trata-se de um bem jurídico autônomo de interesse público; e
O meio ambiente é um direito fundamental do homem, considerado de terceira geração. Trata-se, de fato, de um direito fundamental intergeracional, intercomunitário, incluído a adoção de uma política de solidariedade.
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Renato Ribeiro dos Santos		16/08/2007

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