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02 Distinção entre direitos reais e direitos pessoais

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CESED No. 2
FACISA
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: Direito Civil V
PROFESSOR: Mário Vinícius Carneiro
Distinção entre direito reais e direitos pessoais
 	O direito romano não idealizou ou desenvolveu uma distinção entre os direitos reais e direitos pessoais, sendo esta medida surgido apenas no século XII. 
	Para que haja uma melhor compreensão da distinção que ora abordamos, tomamos por fundamento o ensino de VENOSA (2010:20), que diz que “o direito pessoal une dois ou mais sujeitos, enquanto que os direitos reais traduzem relação jurídica entre uma coisa, ou conjunto de coisas, e um ou mais sujeitos, sejam pessoas naturais ou jurídicas”. 
	Assim, exemplificando, podemos assim demonstrar: 
Paulo obrigou-se a entregar um livro a Pedro (direito pessoal). 
Pedro é dono de um livro de direito civil (direito real).
 	Com base no que já vimos, é possível definir diferenças marcantes entre os direitos reais e os direitos pessoais. O direito real é exercido e recai diretamente sobre a coisa, sobre um objeto basicamente corpóreo, embora seja admitida a hipótese sobre bens imateriais, enquanto o direito obrigacional tem como objeto relações humanas. 
	Existindo o poder sobre a coisa, o direito real não comporta mais que um titular, isto é, o sujeito titular exerce se poder sobre a coisa objeto de seu direito direta e imediatamente, sem intermediários. Entretanto, a propriedade pode admitir vários titulares, quando em caso de condomínio. Já o direito obrigacional, por sua vez, apresenta um sujeito ativo (credor), um sujeito passivo (devedor) e a prestação, que é o objeto dessa relação jurídica pessoal. 
	O direito real é atributivo, uma vez que ele atribui uma titularidade ao sujeito sobre o objeto. Já o direito obrigacional é cooperativo, posto que implica sempre uma atividade pessoal. O primeiro concede o gozo e a fruição de bens, implicando na aderência da coisa ao titular (soberania ou poder sobre a coisa). Por outro lado, o segundo concede um direito a uma ou mais prestações, que devem ser cumpridas por uma ou mais pessoas.
	A obrigação é por natureza essencialmente transitória, uma vez que se extingue uma vez cumprido o seu papel. Já o direito real tem por característica básica, neste aspecto, a inconsutibilidade e durabilidade de maior ou menor extensão temporal. 
	Outro fato importante na distinção entre os dois direitos é o direito de seqüela, existente apenas no direito real: somente o titular deste pode perseguir, ir buscar o objeto de seu direito com quem quer que esteja. Já o detentor do direito pessoal, quando recorre à execução forçada, tem apenas a garantia real do patrimônio do devedor, não podendo escolher, não podendo escolher, como regra, determinados bens para garantir a satisfação do seu crédito. Segundo Moreira e Fraga (apud VENOSA 2011:22), direito de sequela “significa que o direito segue a coisa, perseguindo-a, acompanhando-a, podendo fazer-se valer seja qual for a situação em que a coisa se encontre”.
	O direito de seqüela tem, por conseqüência, o fato do direito real ser necessariamente individualizado. Assim, o objeto do direito real deve ser individualizado desde o nascimento do próprio direito. Caso contrário, não há como exercer a seqüela. 
	Enquanto os direitos obrigacionais são ilimitados, devido ao caráter múltiplo das relações pessoais, os direitos reais são aqueles considerados pela lei. Somente os últimos podem ser objetos de usucapião, não existindo possibilidade dessa modalidade de aquisição nos direitos de crédito. Entretanto, não são todos os direitos reais que são passíveis dessa aquisição, sendo possível somente a propriedade e os direitos reais de gozo ou fruição. 
Figuras híbridas entre os direitos reais e os direitos pessoais
 	A doutrina relata a existência de figuras híbridas situadas entre o direito pessoal e o direito real. Aparentemente, elas constituem um misto de obrigação e de direito real. Vejamos:
Obrigações propter rem: é a que recai sobre uma pessoa, por força de determinado direito real. Só existe em razão da situação jurídica do obrigado, do titular do domínio ou de detentor de determinada coisa. Exemplo: obrigação imposta aos proprietários e inquilinos de um prédio de não prejudicarem a segurança, o sossego e a saúde dos vizinhos. (CC, art. 1277). Outros exemplos estão presentes nos artigos do CC: 1234; 1315; 1336, III; etc. 
Ônus reais: são obrigações que limitam o uso e o gozo da propriedade, constituindo gravames ou direitos oponíveis erga omnes. Aderem e acompanham a coisa. Para que se constitua efetivamente um ônus real e não um simples direito real de garantia (como a hipoteca, por exemplo), necessário se faz que o titular da coisa seja realmente devedor, sujeito passivo de uma obrigação, e não apenas proprietário ou possuidor de determinado bem cujo valor assegura o cumprimento da dívida alheia.
Obrigações com eficácia real: são aquelas resultantes de contrato alcançam, mediante força legal, a dimensão de direito real. Assim, estas obrigações, sem perder seu caráter de direito a uma prestação, transmitem-se e são oponíveis a terceiro que adquira direito sobre determinado bem. A título de exemplo, podemos citar o art. 576 do CC, pelo qual a locação pode ser oposta ao adquirente de coisa locada, se constar do registro. 
Classificação dos direitos reais
 	Os direitos reais podem ser classificados da seguinte forma: 
Direitos reais sobre a própria coisa: são direitos originários que permitem ao titular perceber todas as utilidades que o bem confere, observada a sua função social. São todos os direitos elementares da propriedade, isto é, a propriedade e a posse mediante usucapião.
 
Direitos reais sobre coisa alheia: são direitos limitados que possibilitam a fruição de algumas vantagens que o bem pode conferir pela sua utilidade à pessoa que não é a sua proprietária. Assim, eles importam em limitação ao exercício do direito real originário. São direitos reais sobre coisa alheia os direitos de fruição e os direitos reais de garantia. 
 		Os direitos reais sobre coisa alheia que permitem a fruição por quem não é o se proprietário são: o direito de superfície, a servidão, o usufruto, o uso e a habitação. Já os direitos reais de garantia são fixados em benefício de pessoa que não é proprietária do imóvel, como garantia do pagamento de uma dívida perante ela contraída. Temos, então, a hipoteca, o penhor e a anticrese, que garantem a satisfação dos interesses dos credor, caso a obrigação não venha a ser cumprida.
Direitos reais de aquisição: são aqueles que possibilitam a transferência definitiva da coisa ao patrimônio do interessado, diante da irrevogabilidade e da irretratabilidade do negócio jurídico celebrado. Por exemplo, temos o compromisso irretratável de compra e venda de imóvel. 
Princípios dos direitos reais
	Segundo Gonçalves (2010:16), os direitos reais apresentam os seguintes princípios: 
Princípio da aderência, especialização ou inerência: estabelece um vínculo ou relação entre o sujeito e a coisa, não dependendo da colaboração de nenhum sujeito passivo para existir. 
Princípio do absolutismo: os direitos reais exercem-se erga omnes, ou seja, contra todos, que devem abster-se de molestar o titular. Deste princípio surge o direito de seqüela (jus persequendi), que dá ao titular o direito de perseguir a coisa e de reivindicá-la em poder de quem quer que esteja, assim como o direito de preferência (jus praeferendi). 
Princípio da publicidade ou da visibilidade – direitos reais sobre imóveis só se adquirem após o devido registro do respectivo título no Cartório de Registro de Imóveis (CC, art. 1227). Quanto aos bens móveis, só depois da tradição (CC, arts. 1226 e 1267). 
Princípio da taxatividade: os direitos reais são limitados, estabelecidos em lei. Isto pode ser conferido no art. 1225 do CC. 
Princípioda tipificação ou tipicidade: os direitos reais existem de acordo com os tipos legais, excluindo qualquer outra hipótese.
Princípio da perpetuidade: a propriedade é um direito perpétuo, pois não se o perde pelo não uso, mas somente pelos meios e formas legais: desapropriação, usucapião, renúncia, abandono, etc.
Princípio da exclusividade: não pode haver dois direitos reais, de igual conteúdo, sobre a mesma coisa. 
Princípio do desmembramento ou da elasticidade: Os direitos reais desmembram-se do direito-matriz, que é a propriedade, constituindo os direitos reais sobre coisas alheias. 
BIBLIOGRAFIA: 
Gonçalves, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, volume V: Direito das Coisas 6ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
Gonçalves, Carlos Roberto. Direito das Coisas 11ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010. - Coleção sinopses jurídicas, v.3) 
Venosa, Sílvio de Salvo. Direito Civil: volume 5: direitos reais. São Paulo: Atlas, 11ª Ed. 2011

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