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resenha AÇÕES POSSESSÓRIAS

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AÇÕES POSSESSÓRIAS
Proteção Possessória = é o principal efeito da posse. A proteção se dará pelo uso dos interditos possessórios. O Código de Processo Civil disciplina como ações possessórias típicas, à ação de reintegração de posse, a de manutenção da posse, e o interdito proibitório. Os embargos de terceiros, e a nunciação de obra nova não são consideradas ações tipicamente possessórias. O que determina o caráter possessório da ação não é o pedido, mas a causa de pedir. Somente será possessória, a ação que tem por fundamento a posse. Se o autor disputa a posse com fundamento no domínio, a ação será petitória, e não, possessória, como por exemplo, ação reivindicatória que é uma ação petitória, e ação de imissão da posse. Diante do esbulho que é uma agressão que faz cessar a posse do autor cabe ação de reintegração de posse. Havendo turbação, agressão que apenas embaraça o exercício da posse, cabe ação de manutenção da posse. O interdito proibitório é cabível para corrigir agressões que ameaçam a posse. Essa ação tem caráter preventivo, pois busca impedir a concretização da turbação ou do esbulho. Os interditos são diferenciados no Código de Processo Civil levando-se em conta as providências a serem adotadas em juízo diante da agressão à posse.
Fungibilidade = no conceito jurídico, é a substituição de uma coisa por outra. O princípio da Fungibilidade indica que uma ação proposta de forma inadequada, pode ser considerada válida, permitindo que o magistrado receba e processe a demanda equivocada (ação de reintegração de posse), quando o caso reclamava o ajuizamento de outra espécie possessória (ação de manutenção de posse), nos moldes do art. 920 do CPC. Portando se aplica a fungibilidade em relação às ações possessórias, pois pode ocorrer que no momento da distribuição da ação tenha havido uma situação fática jurídica e logo após outra que tornaria ineficaz a medida apresentada
Na ação dúplice = O art. 300 do CPC fixa que, na contestação, o réu somente pode alegar matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. 
Em oposição ao dispositivo citado, fixa o art. 922 que é lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor. Então, a regra fixada no art. 300 é que o réu não pode "contra-atacar". Já no art. 922 é expressamente fixado este direito. Disto decorre o "caráter dúplice" das ações possessórias, que se consubstancia na possibilidade do réu invocar para si e contra o autor o pedido formulado por este na inicial em face de pedir, alegar e provar seu direito contra o autor, não significando o julgamento improcedente da inicial como deferimento ao pedido formulado pelo réu.  
Competência = Tendo por objeto coisa móvel, a ação possessória deve ser ajuizada no foro do domicílio do réu. Versando sobre imóvel, observa-se a competência do foro da situação da coisa litigiosa como dispõe o artigo 95 do Código de Processo Civil. Trata-se de competência absoluta, pelo critério objetivo material. Em regra, é da Justiça Comum Estadual a competência para o julgamento das ações possessórias, mas nada impede que, excepcionalmente, outra Justiça seja competente, como a Justiça do Trabalho, na hipótese de reintegração de posse de imóvel concedido em comodato em razão de contrato de trabalho rescindido, ou a Justiça Federal, quando participar do processo um dos entes federais previstos no art. 109, I, da CF.
Da letigitimidade = A cerca da legitimidade ativa e legitimidade passiva, podemos dizer que são legítimos para propor ação possessória tanto quem detém a posse, quanto a pessoa que foi privada de sua posse. Por ex.: Em um caso em que o locador toma a posse por meio de esbulho, é legítimo ao locatário o direito propor ação de reintegração. E também, pessoa que usa a propriedade alheia para fazer uma passagem, sem o consentimento do proprietário, causando-lhe turbação de sua posse, este é legítimo no direito de propor ação possessória de manutenção de posse.
Exceção de Domínio = No juízo possessório discute-se apenas o direito a posse como tutela de mero fato. Não se admite debate a respeito do domínio da coisa, salvo se ambos os litigantes disputam a posse alegando propriedade, ou ainda, quando duvidosas ambas as posses como dispõe a súmula 487 do Supremo Tribunal Federal. Já no juízo petitório a pretensão reduzida tem por fundamento o direito de propriedade. Consagra-se então, a autonomia da posse perante a propriedade, não podendo ser negada a reintegração ou a manutenção ao verdadeiro possuidor, pelo simples fato de alguém alegar e provar o domínio sobre a coisa legitimamente possuída por aquele como prevê o artigo 1.210, § 2º do Novo Código Civil. Não se pode então utilizar a exceção de domínio como matéria de defesa, em uma ação possessória como diz o artigo 923 do Código de Processo Civil. A conseqüência imediata do dispositivo será que o possuidor, não proprietário, que uma vez ajuizada a ação possessória, poderá pedir a recuperação da coisa pelo legítimo dono. Este não poderá recorrer ao juízo petitório enquanto a possessória não tiver sido julgada em definitivo. O objetivo da vedação legal seria impedir que a ação voltada ao reconhecimento do domínio possa retardar ao julgamento do pedido possessório. A doutrina e a jurisprudência tem reagido contra essa norma. Acórdãos do Supremo Tribunal Federal vêm aceitando que apenas na pendência de processo possessório fundado na alegação de domínio é defeso as partes mover ação de reconhecimento de domínio. Pode ser ação de usucapião ou reivindicatória.
Cumulação de pedidos = O artigo 921 do Código de Processo Civil admite, nas ações possessórias, cumulação de pedidos quanto: Art. 921. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: condenação em perdas e danos; cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho; desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse. Por ex.: a condenação do réu em perdas e danos e indenização dos frutos.
Procedimentos das ações de reintegração de posse e manutenção de posse = O NCPC, trouxe entre os seus artigos 560 a 566 os procedimentos especiais e requisitos a serem preenchidos para que cada ação seja proposta de maneira correta tornando-se eficaz. Em seu Art. 561, o Novo Código trouxe os requisitos que necessariamente devem ser preenchidos pelo autor para que tenha condições de ingressar com qualquer uma dessas demandas, são eles:
I- A sua Posse; II- A Turbação ou o Esbulho praticado pelo Réu; III- A data da Turbação ou do Esbulho; IV- A continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção ou perda da posse na ação de reintegração. Nos casos de “Ação de Força Nova”, que são aquelas onde foram propostas à menos de um ano e um dia da turbação ou esbulho, adota-se o procedimento especial, disposto entre os artigos 554 e 568 no NCPC. Para as ações que o lapso temporal da turbação e do esbulho forem maiores que o citado acima, são chamadas de “Ações de força velha”, e são regidas pelo procedimento comum, ainda que mantida a natureza de ação possessória. Outro ponto a se destacar é que não existe a possibilidade de que seja deferida qualquer tipo de tutela antecipada de reintegração ou manutenção de posse nas “ações de força velha”, pelo decurso do tempo. Como em todo processo, devemos destacar a Petição Inicial, devido a sua importância, e para as ações possessória não é diferente, pois o artigo 562 do NCPC indica que se essa peça processual estiver em conformidade e devidamente instruída, o Juiz deverá conceder a liminarde Reintegração ou Manutenção de posse sem ouvir o réu, em caso contrário determinará que o autor justifique suas alegações e citará o réu para comparecimento em audiência a ser designada.
Para este procedimento, o código ainda prevê que o autor terá o prazo de 5 dias para promover a citação do réu, que posterior a sua citação, terá mais 15 dias úteis para apresentar sua contestação. Existem ainda alguns pontos a serem observados, são eles: I- Em caso de ação de força nova, o juiz antes de conceder o pedido de tutela antecipada, deverá designar audiência de mediação em até 30 dias; II- Concedida Liminar, se a mesma não for executada no prazo de 1 ano, caberá ao magistrado designar audiência de mediação. III- O Juiz no exercício de sua função, poderá comparecer a área do litígio em casos que a sua presença se fizer necessária para a resolução do litígio.
É importante destacar que as contra as pessoas jurídicas de direito público, o procedimento para o deferimento de liminar de reintegração e manutenção da posse é diferente, ou seja, não há de se falar em Liminar sem que prévia audiência dos respectivos representantes judiciais. Considerada suficiente e satisfatória a justificação, o Juiz expedirá o mandado de manutenção e reintegração de posse.
Procedimentos dos interditos proibitórios = a ação é necessariamente de “força nova”, pois a ameaça de turbação e esbulho é sempre atual e contínua, no sentido de ainda não concretizada.
Este procedimento visa proteger previamente a posse que vem sofrendo ameaça, podendo inclusive ser imposta ao réu uma pena de cunho pecuniário.
Para esta ação, os pressupostos são os seguintes: I- Que o autor esteja com a posse; II- Que haja ameaça de turbação ou esbulho; III- E que o receio seja justo tendo sido a ameaça devidamente configurada.

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