Prévia do material em texto
1 Salário: Princípios e requisitos Da irredutibilidade salarial: De acordo com a nossa Constituição Federal (art. 7º, inciso VI), o salário não pode ser reduzido, salvo convenção ou acordo coletivo. Trata-se de uma das exceções ao princípio protetor, em sentido estrito, mas que busca preservá-lo em uma noção mais alta, pois a redução salarial seria negociada na maioria das vezes em momentos de crise, com o que esta medida extrema evitaria um mal maior, qual seja a redução da empregabilidade. Entretanto, como lembra Arnaldo Süssekind,1 a garantia constitucional do salário- mínimo aos que recebem remuneração variável (art. 7º, VII) se estende aos que têm seus salários estipulados por unidade de tempo, sendo limite à negociação coletiva in pejus citada nesta questão, e reforça esta tese com a lembrança da ratificação da Convenção n.º 131/70 da OIT pelo Brasil, cujo artigo II estipula que os salários-mínimos não poderão ser diminuídos nem mesmo por negociação coletiva. Observe-se que prevalece o entendimento de também ser lícito a redução do salário total se for contratada jornada reduzida, de forma que se pague o piso salarial ou o salário-mínimo proporcional ao tempo trabalhado (OJ n.º 358 da SDI-1 do TST, art. 58-A, 117 e 118 da CLT, art 7ª, VI da CFRB). Por fim, ainda segundo Arnaldo Süssekind, cabe informar que a Constituição Federal de 1988 adotou apenas em três hipótese a flexibilização de suas normas por negociação coletiva (quais sejam, turnos ininterruptos de revezamento, irredutibilidade salarial e compensação de horários na semana – art. 7º, VI, XIII e XIV), embora tal autor ache que a Constituição deveria ter possibilitado à legislação ordinária indicar, restritivamente, as hipóteses nas quais as partes, por meio da negociação coletiva, pudessem flexibilizar a aplicação das normas ditadas pelo poder público, fixando apenas os mínimos que não poderiam ser atacados por tal negociação. Da igualdade de salário em atividades idênticas: A Constituição da República (artigo 7o, XXX) e a CLT (artigos 460 e 461) estipulam ser direito do empregado a equiparação salarial, como desdobramento do princípio da isonomia (artigo 5o, caput, CRFB/88) em seara trabalhista: se todos são iguais, a trabalho igual, salário igual. A equiparação pode ser de salários e de funções. Na primeira, não se discute que o empregado exercia aquela função, pleiteando-se o recebimento do valor pago a alguém que faça serviço equivalente ou serviço semelhante, uma vez que não se ajustou salário para ele. 1 SÜSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANNA, Segadas et alli. Instituições de direito do trabalho. Vol. I. 19. ed. São Paulo: LTr Editora, 2000. 414-415p. 2 Quanto à segunda, o empregado busca provar a própria função que lhe enseja a paridade salarial com outra pessoa. Contudo, para se verificar a equiparação salarial, necessário é preencher certos requisitos, a seguir elencados: a) que o postulante e o paradigma tenham a mesma função (artigo 461, caput, CLT); b) que seu trabalho se dê na mesma localidade (artigo 461, caput, CLT); c) que laborem para o mesmo empregador, podendo isto englobar as noções de grupo econômico e de sucessão de empregadores (artigo 461, caput, CLT); d) que não haja quadro de carreira homologado pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social (artigo 461, § 2o CLT c/c enunciado 6 do TST); e) que haja trabalho de igual valor entre reclamante e paradigma, vale dizer, que o trabalho de ambos tenha a mesma produtividade e perfeição técnica, bem como que a diferença entre reclamante e paradigma, na mesma função, não supere dois anos (artigo 461, § 1o , CLT c/c Enunciado n.o 135 do TST). Requisitos: art. 461 da CLT a) Contemporaneidade: Cargo vago – mesma época. Se há criação de um cargo novo não há contemporaneidade, portanto, não pode ter equiparação salarial. Ex: O empregado contratado como auxiliar de serviço geral é promovido para auxiliar administrativo, mas existe apenas uma vaga para auxiliar administrativo. O empregado que exercia anteriormente essa vaga recebia R$ 3000,00, o que não significa que o empregado a ser promovida irá receber o mesmo valor, pois não há contemporaneidade. b) Mesmo empregador: Divergência: Grupo Econômico – art. 2°, §2° da CLT. Empregador único: cabe equiparação (Magano, Catharino). Solidariedade distintas – majoritária. Grupo horizontal ou promiscuo ou coordenação: cabe equiparação. Vertical ou por subordinação: não cabe equiparação. Obs: E no caso de Cisão, Fusão e Incorporação? Cisão: Depende. Total, não há equiparação; e na parcial, vai depender entendimento minoritário, pois, para a maioria da doutrina, são empregadores distintos e não cabe equiparação. Fusão: Tem que equiparar se respeitar os requisitos. Incorporação: Divergência. Tem entendido (TST) que deve haver equiparação. 3 Obs: Sucessão de empresas ou empregador. O contrato continua vigendo e podendo haver equiparação. Obs: Terceirização. Divergência – majoritária – vínculo com o tomador. Lei 6019/74 – art. 12, I. Isonomia ≠ Equiparação. Godinho – Isonomia. Súmula 6, V do TST SUM-6 do TST - EQUIPARAÇÃO SALARIAL. ART. 461 DA CLT (redação do item VI Alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 16.11.2010. Res. 172/2010, DEJT divulgado em 19, 22 e 23.11.2010: V - A cessão de empregados não exclui a equiparação salarial, embora exercida a função em órgão governamental estranho à cedente, se esta responde pelos salários do paradigma e do reclamante. (ex-Súmula nº 111 - RA 102/1980, DJ 25.09.1980). c) Mesma Localidade: Município – revogação do art. 84 ao 111 da CLT. Súmula 6, X do TST – Região Metropolitana (art. 25, §3° da CRFB/88). Rio de Janeiro – art. 1° da LC 105/02 – região metropolitana. d) Identidade de Atribuições: Súmula 6, III e VII do TST. Divergência: Alice Monteiro, Magano e Sussekind. Enfermeira de CTI e berçário, professor. e) 2 Anos na mesma função: Súmula 6, II do TST. Súmula 202 do STF. Períodos descontínuos. f) Identidade de Produtividade: Quantidade de trabalho. g) Mesma perfeição Técnica: 4 h) Ausência de Plano de Cargos e Salários com Alternância de Promoção: Súmulas 19/51 e 127 do TST. Plano de Cargos – art. 461,§§2° e 3° da CLT – homologados pelo Órgão Competente . Súmula 06, I e 127 do TST – Previsão de alternância – expressa. i) Readaptado não serve como paradigma: Auxilio doença acidentário. Art. 461,§4° da CLT. j) Mesmo Regime Jurídico: Para haver equiparação salarial, as partes envolvidas tem de estar sob o mesmo regime jurídico - Lei 9.962/2000. OJ 297 da SDI-I do TST (Ver súmula nova). Obs: Reenquadramento e Desvio de Função. Reenquadramento – ver Súmula 6, II do TST. Desvio de Função – Súmula 363 do TST e OJ 125 da SDI-I (direito ao salário). Obs: Substituição. Provisória – súmula 159, I do TST. Periodicidade do salário: O salário não pode ser estipulado por período superior a 1 (um) mês e deve ser pago, no máximo, até o 5º dia útil do mês subsequente ao vencido. É isso o que determina o artigo 459 e seu § 1º da CLT. Ver também Súmula 381 do TST, que trata sobre correção monetária do salário. Entretanto, para toda regra há uma exceção. As comissões, percentagens e gratificações podem ser estipuladas em período superior a 1 (um) mês, conforme artigo 466 da CLT, posto que elas somente são exigíveis depois de ultimada a transação. Além disso, o término da relação de trabalho não impede o recebimento de tais comissões e percentagens (art. 466, § 2º da CLT).