PEÇA 02

Prévia do material em texto

PEÇA 02
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA 11° VARA CRIMINAL DA COMARCA DE MACEIÓ (XX).
		LUIZ, já qualificado nos autos da ação criminal n° xxx, que lhe move a justiça gratuita, por meio de seu advogado que esta subscreve, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, dentro do prazo legal, com fundamento no artigo 403, § 3° do Código de Processo Penal apresentar ALEGAÇÕES FINAIS EM FORMA DE MEMORIAIS, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos. 
DOS FATOS
	Luiz foi denunciado pela suposta prática do crime de estelionato mediante fraude previsto no Artigo 171, § 2°, VI do Código Penal, por pagar suas compras com um cheque no valor de R$ 36,00 (trinta e seis reais) em uma grande loja de departamentos. O cheque foi devolvido pelo banco sacado por falta de suficiente provisão de fundos. No entanto, o Acusado pagou a dívida no curso do inquérito policial juntando prova do pagamento em sede de Resposta a Acusação. 
	O Ministério Público, em seus memoriais, pediu a condenação do Réu.
DO DIREITO
	Em primeiro lugar verifica-se a atipicidade da conduta imputada ao réu. Vejamos:
	O STF firmou os seguintes entendimentos por meio das súmulas 246 e 554 respectivamente:
"Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundo" e "O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta o prosseguimento da ação penal."
	No caso em tela, ainda no decorrer da fase de Inquérito Policial prontamente quitou o débito gerado pela falta de provisão de fundos do cheque emitido, evidenciando que em nenhum momento agiu por meio de fraude, por tal razão não há o elemento típico do delito de estelionato que se pretende imputar o réu.
	Assim sendo, deve ser afastada a incidência do tipo penal previsto no artigo 171, § 2, inciso VI do CP, conforme entendimento jurisprudencial consolidado conforme as súmulas acima mencionadas. Impõe-se a absolvição do acusado, com fundamento no artigo 386, VI, do CPP, em razão da manifesta atipicidade da conduta.
	Entretanto, caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência, considerando-se a primariedade de Luiz e o pequeno valor do suposto prejuízo, que seja substituída a pena prevista no artigo 171, § 2°, inciso VI do CP pela pena de multa ou diminuída a pena em dois terços, com fundamento no § 1°do referido artigo.
	Deve ser considerado ainda que em caso de condenação do Acusado pela prática do crime previsto no § 2° do artigo 171, lhe seja imputado a pena no mínimo legal, por ser primário e inexistirem condições qualificadoras e agravantes que justifiquem a pena acima do mínimo legal concedendo lhe ainda o direito de recorrer em liberdade.
DOS PEDIDOS
	Diante do exposto, requer seja julgado improcedente o pedido, absolvendo-se o Réu, nos termos do Artigo 386, VI, do Código de Processo Penal, como medida de justiça. Subsidiariamente requer a substituição, prevista no § 1°do artigo 171 do CP, da pena privativa de liberdade pela pena de multa ou diminuída a pena em dois terços tendo em vista que o Réu cumpre os requisitos necessários. Caso não seja o entendimento, requer seja a pena fixada no mínimo legal e a fixação de indenização cível também em seu patamar mínimo e a concessão do direito de recorrer em liberdade.
			Termos em que,
			pede deferimento.
Maceió, xx de xxx de xx.
OAB n° xxxx