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PEÇAS 5, 6, 7, 8 e Peticionamneto Eletrônico

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PEÇA 05 – RESPOSTA À ACUSAÇÃO 
No dia 05.06.2018, Abias Corpus, residente no bairro Mandacaru na cidade de Campinas-
SP, dirigia a caminho de casa, quando, de repente, Deuzivaldo Justo bateu, por um 
acidente, na traseira de seu veículo, avariando ambos os carros. Visivelmente irritado, 
Abias Corpus desceu do seu carro e começou a discutir com Deuzivaldo Justo. A 
discussão tornou-se acalorada e, após esbravejar, Abias Corpus sacou a sua arma de fogo 
e apontou-a na direção de Deuzivaldo Justo, dizendo que atiraria nele e tiraria sua vida 
em razão do ocorrido. Deuzivaldo Justo, então, a fim de evitar que Abias Corpus 
prosseguisse, alcançou sua raquete de frescobol que estava no carro e arremessou, 
atingindo Abias Corpus no rosto e causando nele uma deformidade permanente. Diante 
de tais fatos e devidamente comprovada, por laudo pericial, a deformidade permanente 
causada, Deuzivaldo Justo, foi denunciado por lesão corporal gravíssima (art. 129, § 2º,IV 
do CP). 
O juiz da Egrégia 1ª Vara Criminal da Comarca de Campinas-SP recebeu a denúncia e 
determinou a citação de Deuzivaldo Justo há 2 dias. 
QUESTÃO: Na qualidade de advogado de Deuzivaldo Justo, atue em seu favor, 
elaborando a peça processual cabível. 
OBS: Obrigatoriamente a peça processual deve conter: fundamento jurídico, transcrição 
de pelo menos 01 (uma) jurisprudência e 01 (uma) doutrina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE CAMPINAS/SP 
 
 
 
Autos nº XXX 
 
 
Deuzivaldo Justo, já qualificado nos autos em epígrafe (fls. XXX), por 
intermédio de seu advogado que esta subscreve (procuração em anexo), vem, à presença 
de Vossa Excelência, tempestivamente, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com 
fundamento legal nos artigos 396, caput, e 396-A, ambos do Código de Processo Penal, 
aduzindo os seguintes argumentos de fato e de direito. 
 
1. DOS FATOS 
Ao acusado é imputada a suposta prática da conduta delitiva prevista 
no artigo 129, § 2º, inciso IV, do Código Penal. 
Consta da denúncia (fls. XXX) que no dia 05 de junho de 2018, o 
acusado se envolveu em acidente de trânsito vindo a colidir na traseira do veículo 
pertencente a vítima, Abias Corpus. 
Consta ainda que, após o sinistro deu-se início à uma discussão 
envolvendo ambas as partes, ato continuo Abias Corpus sacou de sua arma de fogo e 
apontou na direção do acusado, ameaçando-lhe de morte, razão pela qual o acusado, a 
fim de evitar o mal injusto que lhe foi prometido, alcançou sua raquete de frescobol que 
estava em seu carro e arremessou em direção da vítima, atingindo seu rosto e causando-
lhe uma deformidade permanente, conforme comprovado pelo laudo pericial de fls. XXX. 
Eis a síntese do necessário. 
 
 
2. DO MÉRITO 
DA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA – LEGÍTIMA DEFESA 
Nota-se, Vossa Excelência, que não há nos autos motivos que justifique 
o prosseguimento da presente ação penal, haja vista constatação de manifesta causa 
excludente de ilicitude do fato, qual seja, a legitima defesa prevista nos artigos 23, inciso 
II, e artigo 25, ambos do Código Penal. Sendo assim, deve haver absolvição sumária do 
acusado, com fulcro no artigo 397, inciso I, do Código de Processo Penal. 
Infere-se dos autos que o acusado, evidentemente, agiu sob a excludente 
de ilicitude da legitima defesa, vez que usou moderadamente dos meios necessários para 
repelir injusta agressão iminente contra si perpetrada. 
De acordo com a definição legal e clássica, encontra-se em legítima 
defesa (“vim vi repellere licet”) quem repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito 
seu ou de outrem, usando moderadamente dos meios de que dispõe (art. 25, CP). 
De acordo com os ensinamentos de Luiz Regis Prado: 
A legítima defesa vem a ser “a repulsa ou o impedimento da agressão 
ilegítima, atual ou iminente, pelo agredido ou terceira pessoa, contra o 
agressor, sem ultrapassar a necessidade de defesa e dentro da racional 
proporção dos meios empregados para impedi-la ou repeli-la. (Tratado 
de Direito Penal Brasileiro: Parte Geral, Vol. 1. 3ª ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2019). 
In casu, o acusado apenas se defendeu da eminente e injusta agressão 
da suposta vítima, pois caso não o fizesse poderia ter perdido seu bem jurídico de maior 
valor, a vida, como se percebe, o acusado utilizou de meios necessários que estavam ao 
seu alcance de modo proporcional e necessário para repelir agressão que estava na 
eminencia de sofrer contra sua vida. 
Incontestável que todas as condições para a legítima defesa se 
encontram satisfeitas. Assim, forçoso que se dê a absolvição sumária do acusado, 
conforme corrobora o Tribunal de Justiça de Goiás em suas decisões: 
 
RECURSO CRIMINAL. CRIME DE LESÃO CORPORAL. 
LEGÍGIMA DEFESA. I- DEMONSTRADOS OS REQUISITOS DA 
LEGÍTIMA DEFESA ESTABELECIDAS NO ART. 25 DO CÓDIGO 
PENAL, IMPÕE-SE A ABSOLVIÇÃO. II - CORRETA POIS A 
SENTENÇA FUSTIGADA AO JULGAR IMPROCEDENTE O 
PEDIDO CONSTANTE DA DENUNCIA E ABSOLVER O RÉU. III- 
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. 
(Rel. Dr(a). Viviane Silva de Moraes Azevedo, Proc. 200901604563). 
 
APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO SIMPLES. ABSOLVIÇÃO 
SUMÁRIA. RECONHECIMENTO DA EXCLUDENTE DA 
ILICITUDE. LEGÍTIMA DEFESA PRÓPRIA. MANUTENÇÃO. Se 
comprovada a ocorrência dos pressupostos da legítima defesa, deve ser 
mantida a sentença que absolveu sumariamente o apelado com base 
nesta excludente de ilicitude. RECURSO CONHECIDO E 
DESPROVIDO. 
(Rel. Des. Carmecy Rosa Maria A. de Oliveira, Proc/Rec. 397902-
69.2010.8.09.0011 – APELACAO CRIMINAL). 
Sendo assim, pede-se a absolvição sumária da Acusado, ante a 
manifesta causa excludente de ilicitude da legitima defesa, prevista nos artigos 23, inciso 
II e 25, ambos do Código Penal, com fundamento no artigo 397, inciso I, do Código de 
Processo Penal. 
 
3. DOS PEDIDOS 
Ante o exposto, é a presente defesa para requerer a absolvição sumária 
de Deuzivaldo Justo, com fundamento legal nos artigos 23, inciso II e 25, ambos do 
Código Penal, c.c. artigo 397, inciso I, do Código de Processo Penal. 
Caso Vossa Excelência entenda por bem não absolver sumariamente a 
acusado, protesta desde já pela produção de todas as provas em direito admitidas e pela 
inquirição de testemunha, apresentada no rol abaixo, em caráter de imprescindibilidade, 
que deverá ser oportunamente intimada. 
 
 
Termos em que, pede deferimento. 
 
Local/Data 
 
Advogado:__________ 
OAB nº:__________ 
 
Rol de testemunhas 
Nome ___________; qualificação ________; Endereço __________. 
Nome ___________; qualificação ________; Endereço __________. 
Nome ___________; qualificação ________; Endereço __________. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEÇA 06 – ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAS 
Barnabé com 84 anos de idade, morava sozinho em uma casa isolada, certa noite, Barnabé 
foi até o jardim quando percebeu que lá estava um cachorro da raça pit bull, considerado 
um dos mais ferozes do mundo. Barnabé tinha um revólver calibre 22 e percebeu que o 
animal era bravo. O animal começou a andar em direção a Barnabé. Este já havia visto 
na televisão o que estes animais podem fazer, tremendo, atirou no cachorro, porém a bala 
atingiu uma pedra e ricocheteou atingindo a perna de Beiçola, dono do cachorro, que 
estava na rua. Beiçola sofreu lesão corporal de natureza grave, tendo ficado internado por 
35 dias. O cachorro fugiu com o barulho do tiro. Barnabé foi denunciado pelo crime do 
artigo 129, §1º, do CP. Após o encerramento da instrução processual, o Ministério Público 
pleiteou, por escrito, a condenação de Barnabé nos termos da denúncia. 
QUESTÃO: Como advogado de Barnabé, redija a peça processual mais adequada à sua 
defesa. 
OBS: Obrigatoriamente a peça processual deve conter: fundamento jurídico, transcrição 
de 01 (uma) jurisprudência e 01 (uma) doutrina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZDE DIREITO DA ...ª VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE..., DO ESTADO DE... 
 
 
Processo nº:_________ 
 
 
Barnabé (nome completo), já qualificado nos autos em epígrafe a folhas 
..., por intermédio de seu advogado que a esta subscreve, vem, respeitosamente, à 
presença de Vossa Excelência, apresentar seus MEMORIAIS, com fundamento legal no 
artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal, nos termos a seguir aduzidos. 
 
1. SÍNTESE FÁTICA 
Ao acusado é imputada a suposta prática do crime previsto no artigo 
129, §1º, do Código Penal. 
Narra a exordial acusatória, que no dia..., durante o período noturno, o 
acusado, ao perceber que no jardim de sua casa encontrava-se um cachorro da raça pit 
bull, sendo que este aparentava ser feroz e começou a andar em sua direção, o acusado 
na posse de um revólver calibre 22, supostamente, teria desferido disparo com a intenção 
de se defender de atual e inevitável ataque do animal, entretanto, o projetil atingiu uma 
pedra e ricocheteou na perna de Beiçola, dono do animal. 
A denúncia foi recebida as fls... 
Apresentada reposta à acusação as fls... 
Prosseguiu-se o feito, e ao término da Audiência de Instrução, as partes 
não requereram qualquer diligencia, na fase do artigo 402 do Código de Processo Penal, 
sendo assim, Vossa Excelência permitiu que se manifestassem as partes por escrito nos 
termos do §3º do artigo 403 do Código de Processo Penal. 
Em seus Memoriais, o Ministério Público pleiteou a condenação do 
acusado nos exatos termos da exordial acusatória, como incurso no artigo 129, §1º do 
Código Penal. 
Contudo, em que pese o notório saber jurídico de seu subscritor, este 
posicionamento não deve prevalecer, pelas razões apontadas a seguir. 
Eis a síntese do necessário 
 
2. DO DIREITO 
a) Do estado de necessidade – artigo 24 do Código Penal 
Compulsando-se os autos, verifica-se que a lesão corporal causada, 
supostamente, pelo Réu contra a vítima se dera em estado de necessidade, o que afasta a 
ilicitude do ato imputado ao acusado. 
Conforme depreende-se dos autos a atitude do réu tem amplo respaldo 
no Código Penal Pátrio, estando perfeitamente caracterizado o estado de necessidade. 
Pois ao desferir disparo de arma de fogo a única intenção do acusado era se defender do 
atual e inevitável ataque do animal feroz que partia em sua direção, estando no jardim de 
sua residência, em momento algum o réu pretendia causar qualquer lesão na vítima, fato 
este que ocorreu por infortúnio, alheio a sua vontade. 
De acordo com o artigo. 24 do Código Penal considera em estado de 
necessidade quem pratica o fato criminoso para salvar de perigo atual (que não provocou 
por sua vontade, nem podia de outro modo evitar) direito próprio ou alheio, cujo 
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
Segundo os ensinamentos de Guilherme de Souza Nucci, estado de 
necessidade: 
É o sacrifício de um interesse juridicamente protegido, para salvar de 
perigo atual e inevitável o direito do próprio agente ou de terceiros, 
desde que outra conduta, nas circunstâncias concretas, não era 
razoavelmente exigível (art. 24, CP). (Curso de Direito Penal: parte 
geral: arts. 1º a 120 do Código Penal. 3ª. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 
2019.) 
Ademais, deve-se frisar que no presente caso estão presentes todos os 
requisitos para que reste configurado o estado de necessidade perante a legislação penal 
brasileira, quais sejam: a) a ameaça a direito próprio ou alheio; b) a existência de um 
perigo atual e inevitável; c) a inexigibilidade do sacrifício do bem ameaçado; d) uma 
situação não provocada voluntariamente pelo agente; e, e) o conhecimento da situação de 
fato justificante. 
Assim como se infere dos autos o acusado tinha pleno conhecimento 
das circunstâncias do fato, de modo que agiu para defender direito próprio (sua 
integridade física ou até mesmo a vida), que estava a mercê de atual e inevitável perigo, 
que não foi provocado por uma ação sua, sendo proporcional o ato por ele praticado para 
se defender. 
Em caso análogo, já decidiu o Tribunal de Justiça do Rio Grande do 
Sul: 
Ementa: APELAÇÃO CRIME. DISPARO DE ARMA DE 
FOGO. ESTADO DE NECESSIDADE CONFIGURADO. 
SENTENÇA REFORMADA. APELO DEFENSIVO PROVIDO. 
(Apelação Crime, Nº 70078559804, Quarta Câmara Criminal, Tribunal 
de Justiça do RS, Relator: Newton Brasil de Leão, Julgado em: 13-12-
2018). 
Diante o exposto, dúvida não resta de que o acuado agiu em estado de 
necessidade, o que afasta a ilicitude de sua conduta. Desse modo, impõe-se como medida 
de integra justiça a absolvição, nos termos do artigo 386, VI, do Código de Processo 
Penal. 
b) Do erro na execução - Aberratio Criminis – artigo 74 do Código 
Penal 
Na remota hipótese de Vossa Excelência rejeitar o pedido formulado 
anteriormente, pede-se ao menos a desclassificação do crime para modalidade culposa, 
diante o fato de estar caracterizado o erro na execução, na forma da aberratio criminis. 
A aberratio criminis trata-se do erro na execução do tipo a personam 
in rem ou a re in personam, isto é, o agente pretende atingir um bem jurídico e ofende 
outro diverso. Assim , como depreende-se dos autos é exatamente a hipótese dos autos, 
visto que o acusado no momento em que efetuou disparo de arma de fogo pretendia 
acertar o animal, com o intuito de se defender de ataques atual e inevitável contra direito 
próprio, entretanto, por erro na execução acabou por atingir a vítima, causando-lhe 
suposta lesão corporal. 
Deve-se frisar, por oportuno, que a hipótese da aberratio criminis, 
prevista no artigo 74 do Código Penal, também é um erro na execução, no entanto, o 
agente somente responde pelo resultado diverso do pretendido, se for previsto como 
culposo, pelo fato de não ser possível o aproveitamento do dolo, o que é consequência 
natural da alteração do objeto , com mudança da tipicidade. 
Com maestria exemplifica Guilherme de Souza Nucci, em caso 
análogo: 
Seria totalmente inviável punir o autor de um disparo de arma de fogo 
contra um animal que, por erro na execução, termine atingindo ser 
humano, com base na mesma tipicidade. O dolo de matar animal 
permite a configuração do tipo penal descrito no art. 29 da Lei 9.605/98, 
mas o dolo de matar alguém forma a tipicidade do art. 121 do Código 
Penal. 
Por tal razão, vislumbrou o legislador a possibilidade de punir o sujeito 
que atira em um animal, mas acerta em ser humano, por culpa, já que o desvio não foi 
proposital, mas fruto da sua imprudência, negligência ou imperícia. 
Enfim, o que se pretende demonstrar é que o presente caso encontra-se 
abarcado pela particular situação esboçada no artigo 74 do Código Penal, vale dizer, 
quando o erro no ataque envolver pessoas e coisas, pessoas e animais ou coisas e animais, 
tornar-se-á impossível aproveitar o dolo quanto ao objeto buscado, valendo punir então 
pela remanescente figura culposa. 
Assim, diante o exposto, pugna-se pela desclassificação do delito para 
sua modalidade culposa, no caso de não ser acolhida a tese que privilegia a absolvição do 
acusado. 
 
3. TESE SUBSIDIÁRIA DE APLICAÇÃO DA PENA 
No caso de condenação do acusado, o que se admite apenas em 
homenagem ao princípio da eventualidade, passa-se à análise dos parâmetros de aplicação 
da pena para o caso concreto. 
a) Da Dosimetria da Pena 
Insculpido no artigo 5º, inciso XLVI, da Constituição Federal, o 
princípio da individualização da pena tem, destarte, envergadura constitucional, devendo 
ser fielmente observado sob pena de inconstitucionalidade. 
Na primeira fase de aplicação da pena nada a considerar. 
Na segunda fase de aplicação da pena presente a circunstância 
atenuante prevista no artigo 65, I, in fine, do Código Penal. Visto que, o acusado na data 
dos fatos possuía 84 (oitenta e quatro) anos de idade. 
Na terceira fase de aplicação da pena nada a considerar. 
Assim, diante das circunstâncias fáticas do caso e pessoais doacusado, 
em caso de eventual condenação, requer seja pena aplicada no mínimo legal, prevista no 
§6º do artigo 129 do Código Penal. 
b) Da Fixação do Regime Inicial 
Tendo em vista a quantidade da pena a ser aplicada, e diante das 
circunstâncias fáticas do caso e pessoais do acusado, pugna-se que, na improvável 
hipótese de condenação, fixado o regime aberto, na forma do artigo 33, § 3º, do Código 
Penal. 
c) Da Substituição da Pena 
Da mesma forma, presentes os requisitos legais, requer, em caso de 
condenação, seja a pena privativa de liberdade substituída por restritiva de direitos, na 
forma do artigo 44, §2º, do Código Penal. 
 
4. DOS PEDIDOS 
Ante o exposto, requer o quanto segue: 
a) Seja julgada improcedente a presente ação penal, com o fito de 
absolver o acusado da imputação que lhe é feita, com fulcro no artigo 386, VI, do Código 
de Processo Penal, diante a presença da causa excludente de ilicitude do estado de 
necessidade, prevista no artigo 24 do Código Penal; 
b) Na remota hipótese de não ser acolhida a tese anterior, que ao menos 
haja desclassificação do delito para sua modalidade culposa, aplicando-se a pena prevista 
no §6º do artigo 129 do Código Penal; 
c) Em caso de eventual condenação, seja pena aplicada no mínimo 
legal, observando-se a atenuante prevista no artigo 65, I, in fine, do Código Penal; 
d) Seja fixado regime aberto para cumprimento da pena, nos termos do 
artigo 33, § 3º, do Código Penal; 
e) Por fim, seja a pena privativa de liberdade substituída por restritiva 
de direitos, na forma do artigo 44, §2º, do Código Penal. 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
Local e data 
Advogado:___________ 
OAB nº:_____________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEÇA 07 – EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO 
Carolina foi denunciada pela prática do delito de estelionato mediante emissão de cheque 
sem suficiente provisão de fundos. Narra, a inicial acusatória, que Carolina emitiu o 
cheque número 000, contra o Banco ABC S/A, quando efetuou compras nas Casas Bahia, 
em Presidente Prudente-SP. Como a conta corrente de Carolina pertencia à agência 
bancária da cidade de Martinópolis-SP, a gerência da loja, objetivando maior rapidez no 
recebimento, resolveu lá apresentar o cheque, ocasião em que o título foi devolvido. 
Levando em conta que a compra originária da emissão do cheque sem fundos ocorreu na 
cidade de Presidente Prudente-SP, o Ministério Público local fez o referido oferecimento 
da denúncia, a qual foi recebida pelo juízo da 1ª Vara Criminal da comarca. O magistrado, 
após o recebimento da inicial acusatória, ordenou a citação da ré, bem como a intimação 
para apresentar resposta à acusação. 
QUESTÃO: Sendo certo que a conta corrente de Carolina pertencia à agência bancária 
que ficava na cidade de Martinópolis e a Denúncia foi oferecida na Comarca de Presidente 
Prudente, onde ocorreu a compra, e levando em conta o entendimento dos Tribunais 
Superiores, redija a peça processual cabível em favor de Carolina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR, DOUTRO JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE PRESIDENTE PRUDENTE/SP 
 
 
Autos nº: xxx 
 
 
Carolina, devidamente qualificada nos autos em epígrafe a folhas xxx, 
por intermédio de seu advogado que esta subscreve, procuração anexa (doc. 1), vem, 
respeitosamente a presença de Vossa Excelência, tempestivamente no prazo do artigo 
396, do Código de Processo Penal, opor EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO, 
com fundamento nos artigos 95, II e 108, ambos do Código de Processo Penal, pelos fatos 
e fundamentos que se seguem. 
 
1. DOS FATOS 
 A excipiente foi denunciada como incursa nas penas do artigo 171, §2º, 
VI, do Código Penal. 
Consoante a exordial acusatória, a excipiente emitiu cheque número 
0000, sem suficiente provisão de fundos, contra o Banco ABC S/A, no momento que 
efetuou compras nas Casas Bahias, em Presidente Prudente/SP. 
Narra ainda que, com o objetivo de agilizar o recebimento do débito, a 
gerencia da loja, apresentou o cheque na cidade de Martinópolis/SP, pelo fato de a conta 
corrente da excipiente pertencer à agencia bancária desta cidade, ocasião em que o título 
foi devolvido. 
Ocorre que, o Ministério Público, considerando que a compra originária 
do cheque sem fundos se deu na cidade de Presidente Prudente/SP, ofereceu denúncia 
nesta comarca, a qual foi recebida pelo juízo da 1ª Vara Criminal, que após ordenou a 
citação da ré, bem como a intimação para apresentar resposta à acusação. 
Eis a síntese do necessário. 
 
2. DOS FUNDAMENTOS 
A denúncia foi oferecida e posteriormente recebida por este Ilustre 
Juízo, que determinou a citação e a notificação do acusado para apresentação desta defesa 
escrita. Entretanto, data venia, este juízo é incompetente para conhecer e julgar esta 
demanda. 
Conforme dispões o artigo 70, do Código de Processo Penal, será 
competente o foro do lugar onde se consumar a infração penal, ou, no caso de tentativa, 
será competente o foro do lugar em que se deu o último ato executório. 
Nesse sentido cabe observamos as considerações do Doutrinador José 
Frederico Marques: 
No direito brasileiro, o foro comum ou geral, na Justiça Criminal, é o 
do luar da infração, isto ´´e, o denominado fórum delicti commissi. É o 
teor do art. 70 do CPP, na cabeça do preceito, in verbis: “A competência 
será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, 
ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato 
de execução”. Segundo a doutrina de Ferreira e Souza “os delinquentes 
tornam-se pelo delito súditos temporais da jurisdição do distrito em que 
o cometem” (Elementos de Direito Processual Penal. Rio de Janeiro: 
Forense, 1965. V1, p.237). 
In casu, o crime de estelionato na modalidade de emissão dolosa de 
cheque sem provisão de fundos, trata-se de delito material, ou seja, exige fraude com 
efetiva lesão patrimonial, consumando-se justamente no lugar onde deveria ter havido o 
pagamento e cheque foi recusado pelo sacado, gerando prejuízo para a vítima. 
Desse modo, o foro competente para conhecer e julgar a presente ação 
é o da comarca de Martinópolis/SP, visto que, trata-se do lugar da consumação do, 
suposto, delito, pois a recusa de pagamento pelo sacado se deu na agencia bancaria desta 
cidade, e não no município de Presidente Prudente/SP, onde foi realizada a compra e 
emitido o cheque. 
Neste prisma temos o entendimento sumulado pelo Supremo Tribunal 
Federal em sua Súmula nº 521: 
O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de 
estelionato, sob a modalidade de emissão dolosa de cheque sem 
provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento 
pelo sacado. 
De mesmo teor é o previsto na Súmula nº 244 do Superior Tribunal de 
Justiça: 
Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de 
estelionato mediante cheque sem provisão de fundos. 
Neste sentido, também é o posicionamento jurisprudencial: 
EMENTA: CONFLITO NEGATIVO DE JURIDIÇÃO - 
ESTELIONATO, NA MODALIDADE FRAUDE NO PAGAMENTO 
POR MEIO DE CHEQUE - ARTIGO 171, §2º, INCISO VI, DO 
CÓDIGO PENAL - COMPETÊNCIA - LOCAL ONDE OCORREU A 
RECUSA DO PAGAMENTO PELO SACADO - SÚMULAS 521 DO 
STF E 244 DO STJ. - A competência para processo e julgamento do 
crime de ESTELIONATO, na modalidade fraude no pagamento por 
meio de cheque, é do local onde ocorreu a recusa do pagamento pelo 
sacado, consoante Súmulas 521 do STF e, 244 do STJ. 
Súmula: DERAM PELA COMPETÊNCIA DO JUÍZOSUSCITADO. 
STJ – CC: 1.0000.07.456677-9/000(1), Relator: Des.(a) PEDRO 
VERGARA, Data do Julgamento: 09/09/2008, Data da Publicação: 
22/09/2008 
Assim, podemos concluir pela inteligência do artigo 70, do Código de 
Processo Penal conciliado com os entendimentos sumular e jurisprudencial, que por 
tratara-se de delito patrimonial de natureza material, o estelionato na modalidade de 
emissãodolosa de cheque sem provisão de fundos, consuma-se no momento e no local 
em que o Banco sacado recusa seu pagamento, causando efetivo prejuízo a vítima. 
Ante o exposto, evidente que o juízo competente para julgar a presente 
demanda é o da comarca de Martinópolis, do Estado de São Paulo, onde observamos a 
consumação do suposto crime. 
 
3. DOS PEDIDOS 
Pelas razões expostas, requer seja autuada em apartado a presente 
exceção de incompetência e, após oitiva do Ministério Público, julgada procedente para 
reconhecer a incompetência deste juízo, com a remessa do feito para a comarca de 
Martinópolis/SP, o qual é competente para solucionar o conflito intersubjetivo descrito 
na exordial acusatória, dando regular prosseguimento à ação, nos termos do artigo 108, 
§1º, c.c. artigo 567, ambos do Código de Processo Penal. 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Cidade / Data 
 
Advogado:__________ 
OAB/...nº:__________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEÇA 08 – HABEAS CORPUS 
Lúcio, com 19 (dezenove) anos à época do fato, encontra-se condenado pela 4ª Vara 
Criminal da Comarca de Presidente Prudente – SP, ao cumprimento da pena de 2 (dois) 
anos e 4 (quatro) meses de reclusão, pela prática do crime de furto qualificado na 
modalidade continuada (artigos 155, parágrafo 4.º, n.º I, e 71, do Código Penal), conforme 
sentença que transitou em julgado, para a acusação no dia 05.05.2011 e, para a defesa, no 
dia 20.05.2011 Lúcio, que estava foragido, veio a ser preso no dia 22.07.2014. 
Questionado, o Juiz da Vara de Execuções Criminais entendeu que a prisão é legal. 
QUESTÃO: Como advogado de Lúcio, Redija a peça cabível em sua defesa. 
 OBS: Obrigatoriamente a peça processual deve conter: fundamento jurídico, transcrição 
de 01 (uma) jurisprudência e 01 (uma) doutrina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE 
DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 
 
Processo nº:__________ 
 
 
_____, nacionalidade, estado civil, advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil 
sob nº _____, Seção _____, com escritório na __________, vem, à presença de Vossa 
Excelência, com fundamento no art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal combinado com 
os arts. 647 e seguintes do Código de Processo Penal, impetrar ordem de HABEAS 
CORPUS, com pedido de liminar, em favor de LÚCIO, nacionalidade, estado civil, 
profissão, portador da cédula de identidade RG nº____ e do CPF/MF nº____, residente e 
domiciliado na __________ (endereço), por estar sofrendo flagrante constrangimento 
ilegal perpetrado pelo Juiz da Vara de Execuções Criminais, da comarca de _____, nos 
autos em epígrafe, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos: 
 
1. DOS FATOS 
O paciente com 19 (dezenove) anos à época do fato, encontra-se 
condenado pela 4ª Vara Criminal da Comarca de Presidente Prudentes/SP, pela prática de 
furto qualificado, na modalidade continuada, com fundamento nos artigos 155, §4º, I, c/c 
artigo 71, ambos do Código Penal. 
O paciente foi condenado ao cumprimento da pena de 2 (dois) anos e 4 
(quatro) meses de reclusão conforme sentença que transitou em julgado, para a acusação 
no dia 05/05/2011 e, para a defesa, no dia 20/05/2011. 
Ocorre que o paciente, que estava foragido, veio a ser preso no dia 
22/07/2014, ou seja, após transcorrido o prazo da prescrição da pretensão executória. 
Eis a síntese do necessário. 
 
 
 
2. DO DIREITO 
Conforme já explanado, o paciente foi condenado ao cumprimento da 
pena de 2 (dois) anos e 4 (quatro) meses de reclusão, pela prática de furto qualificado, 
na modalidade continuada, com fundamento nos artigo 155, §4º, I, c/c artigo 71, conforme 
se extrai da sentença que transitou em julgado, para a acusação no dia 05/05/2011 e, 
para a defesa, no dia 20/05/2011. 
Importante mencionar que o furto qualificado prevê a pena de 2 (dois) 
a 8 (oito) anos de reclusão, conforme previsão do §4º do artigo 155 do Código Penal. 
Ademais, a crime foi praticado na modalidade continuada, e conforme prevê o artigo 71 
do Código Penal, nestes casos se aplica o aumento de pena que varia de 1/6 (um sexto) a 
2/3 (dois terços). 
Assim, justifica-se o montante da pena, pois o paciente foi condenado 
a pena mínima de 2 (dois) anos pela pratica do furto qualificado, aumentando-se a pena 
em 1/6 (um sexto), pela continuidade delitiva, totalizando a pena de 2 (dois) anos e 4 
(quatro) meses. 
Entretanto, de acordo com os dispositivos legais que tratam do instituto 
da prescrição, observa-se que in casu, ocorreu a extinção da punibilidade pela prescrição 
da pretensão executória, haja vista que, com o transito em julgado da sentença 
condenatória e considerando o período em que o paciente ficou foragido até o momento 
em que foi capturado, transcorreu o lapso temporal de 3 (três) anos, 2 (dois) meses e 17 
(dezessete) dias, considerando que neste caso o termo inicial da prescrição começa a 
correr do dia em que transita em julgado a sentença condenatória para a acusação, qual 
seja dia 05/05/2011, nos termos do artigo 112, I, do Código Penal. 
Nesse sentido, é o entendimento que vem sendo a dotado pelo Superior 
Tribunal de Justiça, conforme se extrai da ementa abaixo transcrita, de Acórdão 
proferido pela Quinta Câmara Criminal do Superior Tribunal de Justiça no julgamento do 
agravo em execução n° 70071137913 – RS: 
AGRAVO EM EXEC UÇÃO, PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO 
EXECUTÓRIA. M ARCO INICIAL DA FLUÊNCIA DO PRAZO 
PRESCRICIONAL. TRÂNSITO EM JULGADO PARA O 
MINISTÉRIO PÚBLICO. EXTINÇÃO DAPUNIBILIDADE PELA 
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA MANTIDA. 
Tratando -se de reeducando condenado à pena de 01 (um) ano de 
reclusão, a prescrição da pretensão executória se dá em 04 (quatro) 
anos. Tendo transcorrido mais de 04 (quatro) anos do trânsito em 
julgado para o Ministério Público, sem que se tenha registro de 
eventual causa interruptiva, impõe-se o reconhecimento da extinção da 
punibilidade pela ocorrência da prescrição da pretensão executória do 
Estado. Inteligência do disposto no art. 107, inciso IV, combinado com 
o art. 109, inciso V e art. 112, inciso I, todos do Código Penal. 
Precedentes. AGRAVO EM EXECUÇÃO DESPROVIDO. 
Deve-se considerar ainda que, como trata-se de concurso de crimes, 
pela modalidade continuada, o cálculo da prescrição para extinguir a punibilidade deve 
incidir somente sobre a pena de 2 (dois) anos, desconsiderando o aumento de 4 (quatro) 
meses. Anote-se, nesse contexto, o disposto na Súmula 497 do Supremo tribunal Federal: 
“Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena 
imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da 
continuação”. 
Assim, conforme o disposto no artigo 109, V, c/c artigo 110, ambos do 
Código Penal, e em consonância com o acima exposto, observa-se que o prazo 
prescricional é de 4 (quatro) anos. 
Ademais, oportuno ressaltar que, na data do fato o paciente possuía 19 
(dezenove) anos de idade (menoridade relativa), e de acordo com o artigo 115 do Código 
Penal o prazo prescricional deve ser reduzido pela metade, isto é, 2 (dois) anos. 
Desse modo, ocorreu a extinção da punibilidade, pela prescrição da 
pretensão executória do Estado, na data de 04/05/2013, o que por consequência torna a 
prisão do paciente manifestadamente ilegal. 
Segundo os ensinamentos de Roberto Delmanto Júnior: 
“O instituto da prescrição, além do importantíssimo papel de evitar 
punições completamente extemporâneas e já sem significado como 
medida de prevenção especial e geral, retributiva e ressocializadora, 
possui a correlata função de impor celeridade à atuação do Poder 
Judiciário. (...) Celeridade que significa diligência e não precipitação, e 
que é um direito do acusado’ (Código Penal comentado. 8. ed. São 
Paulo: Saraiva, p. 403).” 
Por fim, para que se possa combater tais atos a Constituição Federalem 
seu artigo 5º, LXVIII, concede o direito à habeas corpus sempre que alguém sofrer 
(caracterizado in casu) ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua 
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. 
Como também, uma vez extinta a punibilidade pela prescrição, fica 
autorizado habeas corpus, consoante previsão expressa no artigo 647 c/c o artigo 648, 
VII, ambos do Código de Processo Penal. 
Diante de todo o exposto, é possível concluir como inequívoco o 
constrangimento ilegal ora arguido, haja visto que, mesmo tendo ocorrido a extinção da 
punibilidade, pela prescrição da pretensão executória do Estado, o paciente encontra-se 
preso, sofrendo grave coação em sua liberdade de ir e vir. 
 
3. DA LIMINAR 
A concessão da liminar em sede de Habeas Corpus se baseia no poder 
geral de cautela e tem como requisitos o preenchimento do periculum in mora e do “fumus 
boni juris, como se verifica nos presentes autos. 
Quanto ao periculum in mora, em razão da possibilidade real e concreta 
de dano irreversível ao paciente, tendo em vista que, encontra-se preso mesmo extando 
extinta sua punibilidade, o que caracteriza evidente e grave constrangimento ilegal ao seu 
direito de liberdade de locomoção. 
Já o fumus boni juris está caracterizado pela verossimilhança 
apresentada por esta impetração, seja no tocante aos fatos aqui relatados, seja em razão 
da ilegalidade do ato praticado pela autoridade coatora, aqui impetrada. 
Desta forma, estão preenchidos os requisitos necessários, razão pela 
qual se requer a concessão da liminar, para o fim de imediata expedição de alvará de 
soltura do paciente. 
 
 
4. DO PEDIDO 
Ante o exposto, demonstrada a ilegalidade da ordem que mantém o 
paciente privado da liberdade, requer o impetrante a concessão LIMINAR da ordem, com 
fulcro no artigo 5º, LXVIII, da Constituição Federal c/c os artigos. 647 e 648, inciso VII, 
ambos do Código de Processo Penal, e a imediata expedição de alvará de soltura. 
Após, seja oficiada a autoridade coatora, a fim de que esta preste 
informações, intimando-se o Ilustre Membro do Ministério Público para que se manifeste, 
assim como a concessão da ORDEM DE HABEAS CORPUS em favor de Lúcio, 
mantendo-se a liminar anteriormente concedida, com o fim de que seja conhecida a 
prescrição da pretensão executória do Estado, decretando-se a extinção da punibilidade, 
com a consequente expedição do alvará de soltura em favor do paciente, como medida da 
mais lídima JUSTIÇA. 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento 
 
Local e Data 
Advogado:__________ 
OAB/___ nº:_________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTÁGIO SUPERVISIONADO V 
RELATÓRIO: PETICIONAMENTO ELETRÔNICO e-SAJ 
O peticionamento eletrônico é um serviço online que permite aos operadores do 
direito, restrito aos advogados, promotores e defensores públicos, que permite a 
realização de protocolos de petições iniciais e intermediarias, e também o 
acompanhamento das petições protocoladas. 
Os advogados para utilizarem os serviços devem estarem inscritos na OAB e 
ativos no cadastro nacional de advogados. Os promotores e defensores devem estarem 
cadastrados junto as instituições a qual está vinculado (promotoria e defensoria). 
O peticionamento eletrônico está disponível no portal e-SAJ, permitindo a 
informatização do processo judicial, sendo que todos os serviços disponibilizados pelo 
portal estão protegidos e seguem os requisitos de segurança exigidos pela lei. 
Para utilizar das ferramentas do sistema o usuário deve possuir um certificado 
digital, emitido por uma autoridade certificadora oficial vinculada ao ICP-Brasil, para 
garantir a validade jurídica dos documentos enviados eletronicamente. Além disso é 
necessário o acesso a computadores com sistema operacional, navegadores de internet e 
programas de digitalização de textos modernos. 
Alguns serviços do portal e-SAJ, como consulta de processos, não necessitam 
de cadastro prévio, disponíveis para qualquer interessado. 
Para acessar o Portal do e-SAJ, o usuário deve identificar-se com login (CPF) e 
senha, caso não seja habilitado deve acessar a aba “não estou habilitado”, sendo 
advogado, digitando o CPF o sistema irá se conectar com o cadastro nacional de 
advogado, devendo somente completar-se os dados para realizar o cadastro, caso haja 
algum dado incorreto é preciso entrar em contato com o CNA para regularizar a situação. 
Nos casos de Promotores e Defensores Públicos, deve-se realizar o cadastro 
completo, e após solicitar ao administrador da instituição vinculada para que lhe conceda 
um perfil de promotor ou defensor. 
Para realizar o peticionamento de inicial em 1º grau, devesse realizar três passos: 
1- cadastro de dados básicos; 2- cadastro de partes e advogados; 3- envio de documentos 
salvos em formato PDF. 
1- Cadastro de dados básicos: foro, competência, classe do processo, assunto 
principal, outros assuntos (opcional) e valor da causa. 
2- Cadastro de partes e advogados: deve-se cadastrar pelo menos uma parte ativa 
para peticionar, e preencher os campos com os dados pessoais da parte (nome completo, 
documentos pessoais, nacionalidade, profissão, endereço, estado civil). Deve-se também 
realizar o cadastro de pelo menos uma pessoa no polo passivo da ação, realizando o 
mesmo procedimento anterior. 
3- Enviar documentos: neste passo o certificado digital deve estra conectado na 
máquina, o certificado digital só irá permitir a assinatura quando for emitido para o 
usuário peticionante. O sistema exige pelo menos um documento do tipo petição, podendo 
ser adicionado documentos de outros tipos, todos em formato PDF, devendo o 
peticionante verificar se os documentos estão legíveis e posteriormente declarar a 
legibilidade, por fim o peticionante poderá assinar digitalmente e enviar a petição, com a 
senha de seu certificado digital, e o sistema após o envio mostra os dados da petição , que 
também serão enviados para o e-mail do peticionante. 
Para realizar o peticionamento eletrônico de intermediarias de 1º grau, deve-se 
seguir os mesmos procedimentos acima explanados, adicionando-se o número do 
processo de origem, sendo preenchidos automaticamente os dados do processo, 
posteriormente deve-se selecionar a categoria da petição intermediaria e o tipo da petição, 
o próximo passo é selecionar as partes e suas participações no processo, seguindo para 
etapa de anexar os documentos devendo adicionar pelo menos um arquivo do tipo petição, 
sendo necessário que o peticionante verifique se os documentos estão legíveis e 
posteriormente declarar a legibilidade, , por fim o peticionante deverá assinar 
digitalmente e enviar a petição, com a senha de seu certificado digital, e o sistema após o 
envio mostra os dados da petição , que também serão enviados para o e-mail do 
peticionante. 
Estes são os procedimentos para peticionar iniciais e intermediárias de 1º grau, 
pelo sistema do Portal e-SAJ.

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