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Alegações Finais- Memorias

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EXMO. SR. JUIZ DE DIREITO DA (...) VARA CRIMINAL DA COMARCA DE (...)
Ação Penal nº(...)
CARLOS LIMA, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por sua advogada que subscreve a presente, apresentar:
Alegações finais na forma de memoriais
o que faz com fulcro no artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal, nos fundamentos fáticos e jurídicos a seguir articulados.
I. SÍNTESE FÁTICA
Segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público, o acusado Sr. Carlos Lima devia ao Sr. Cláudio Guerra a quantia de R$ 100.000,00 (cem mil reais).
Tal quantia era regularmente representada por cambial, regularmente sacada e aceita. No dia do vencimento, o acusado pagou a quantia de R$ 65.000,00 (sessenta e cinco mil reais) em dinheiro o que representa mais da metade da dívida, e o restante R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais) em cheque o qual foi devolvido duas vezes pelo banco por motivo de insuficiência de fundos.
Após instaurado inquérito policial Carlos foi denunciado e acusado pelo crime previsto no Artigo 171, § 2º, inciso VI do Código Penal.
Devidamente citado, contudo, deixou transcorrer in albis o para resposta à acusação, posteriormente designado o defensor que evidentemente, negou os fatos realmente não condizem com a realidade, tanto que até o presente momento não há provas dos fatos alegados.
II- DO DIREITO
O Ministério Público postula pela condenação do acusado diante da devolução do cheque no valor de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais) que foi devolvido duas vezes por insuficiência de fundos com incurso no Artigo 171, §2º, inciso II, do Código Penal, in verbis:
“Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
(...)
2º - Nas mesmas penas incorre quem:
(...)
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.”
	Antes de proceder as respostas da acusação e as alegações finais, cabe mencionar que Carlos efetuou o pagamento de 65% (sessenta e cinco) da dívida, restando menos da metade para finalizar o pagamento total da dívida. Ou seja, essa atitude já mostra que a intenção do acusado não caracteriza com nenhum dos elementos descritos no tipo penal o que será demostrado a seguir.
	É sabido que a emissão de cheque pós-datado como promessa de pagamento futuro cujo motivo da sua não compensação é a insuficiência de fundos, não caracteriza o delito de estelionato como o Ministério Público quer creditar ao acusado.
	Explica-se, o elemento subjetivo do tipo penal do estelionato (171) é o dolo, isto, é a vontade do agente em cometer conscientemente as seguintes ações: “(...) vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento (...)”
Vossa Excelência, como é perceptível o acusado chegou a quitar, em dinheiro, mais da metade da dívida, caso sua intenção fosse cometer qualquer uma das ações descritas no artigo penal acima, com certeza não teria agido de boa-fé e pagado uma soma tão alta como essa à vítima.
Outro elemento, que se deve considerar para caracterizar o delito de estelionato são a verificação de outros elementos que provem que o acusado agiu com a intenção, propositalmente, ou seja, já sabendo que o cheque emitido seria posteriormente devolvido por insuficiência de fundos, e isso o MP não provou em nenhum momento nos autos. Sendo assim, cabe nesta situação privilegiar o princípio in dubio pro reo. (Art. 386, VII, Código do Processo Penal)
Posto isto, não há neste processo nenhuma prova que comprove o dolo intencional do acusado ou uma intenção ou ciência na ação de emitir cheque sem fundos, ainda mais com o intuito de lesionar a vítima, muito pelo contrário, as evidência somente reforçam a que o acusado tinha e tem a intenção de arcar com o pagamento da dívida contraída. E isso é verificável, pois o acusado em nenhum momento tentou sustar o cheque ou cometeu qualquer ato que tirasse a validade do cheque.
Neste sentido, há jurisprudências que versam sobre a questão do cheque devolvido por motivo de fundo insuficiente não ser caracterizado como estelionato. Como se pode depreender da Súmula 246 do Supremo Tribunal Federal:
“Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos.”
“O crime de "fraude" mediante emissão de cheques sem provisão de fundos (art. 215, alínea 4, do Código Penal romeno) no caso encontra correlação na lei brasileira com o crime de estelionato previsto no art. 171, caput, do Código Penal brasileiro. É importante ressaltar que não se fere aqui o entendimento doutrinário (...) e jurisprudencial (STJ,HC 167741/MG, Relator Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 27.10.2011) segundo o qual a frustração no pagamento de cheque pós-datado (denominado mais comumente de pré-datado) não configura o delito de estelionato (§ 2º do art. 171 do Código Penal), já que o título perde a natureza de ordem de pagamento à vista. No presente caso, diferentemente, tem-se a nítida intenção do agente de obter vantagem ilícita por meio de ardil, artifício ou outro meio fraudulento, o que atrai a descrição do tipo previsto no art. 171, caput, do Código Penal (RHC 63783, Relator Min. Carlos Madeira, Segunda Turma, DJ de 23.05.1986 PP-8783).
[Ext 1.254, rel. Min. Teori Zavascki, 2ª T, j. 29-4-2014, DJE 213 de 30-10-2014.]”[footnoteRef:1] [1: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=2123] 
“APELAÇÃO-CRIME. ESTELIONATO. EMISSÃO DE CHEQUE SEM PROVISÃO DE FUNDOS. CÁRTULA PÓS-DATADA. NÃO-COMPROVAÇÃO DE EMPREGO DE ARTIFÍCIO, ARDIL OU MEIO FRAUDULENTO. A emissão de cheque pós-datado que não é compensado por carência de provisão de fundos, não caracteriza o delito de estelionato quando não há nos autos elementos que permitam afirmar tenha o agente obrado valendo-se de artifício, ardil ou meio fraudulento. Deram provimento ao apelo defensivo a fim de absolver Valmor Adelar de Cena com lastro no artigo 386, III, do Código de Processo Penal, restando prejudicada a análise do recurso ministerial. Unânime. (Apelação Crime Nº 70013619317, Oitava Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Roque Miguel Fank, Julgado em 09/08/2006)”
Diante disso, o que se pode depreender é que houve entre as partes um mero ilícito de âmbito civil, um desacordo, mas não o suficiente para caracterizar um crime de estelionato.
“PROCESSUAL PENAL - HABEAS CORPUS - TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL - FALTA DE JUSTA CAUSA - ESTELIONATO - IMPROCEDÊNCIA - ILICITO CIVIL. 1. O INADIMPLEMENTO DE COMPROMISSO COMERCIAL, POR SI SÓ, É INSUFICIENTE PARA CARACTERIZAR O CRIME DE ESTELIONATO. É REQUISITO ESSENCIAL À TIPIFICAÇÃO DO DELITO HAVER O AGENTE INDUZIDO A VÍTIMA EM ERRO, MEDIANTE ARDIL OU QUALQUER OUTRO MEIO ARTIFICIOSO OU FRAUDULENTO. 2. O DESCUMPRIMENTO DE CONTRATO, SEM ELEMENTOS DE ILÍCITO PENAL, NÃO PODE ENSEJAR A PERSECUÇÃO. DIFICULDADES FINANCEIRAS NÃO INDICAM ESTELIONATO, AINDA MAIS SE OS LESADOS TAMBÉM NÃO CUMPRIRAM A OBRIGAÇÃO QUANDO PERCEBERAM QUE A RESIDÊNCIA NÃO SERIA CONSTRUÍDA EM TEMPO HÁBIL. 3. DIANTE DA AUSÊNCIA DE QUALQUER INDÍCIO, AO MENOS TÊNUE, DE QUE OS PACIENTES TIVESSEM AGIDO COM DOLO DE OBTER VANTAGEM INDEVIDA, IMPÕE-SE O TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL POR FALTA DE JUSTA CAUSA. 4. CONCEDIDA A ORDEM. MAIORIA
(TJ-DF - HBC: 20070020115858 DF, Relator: SANDRA DE SANTIS, Data de Julgamento: 18/10/2007, 1ª Turma Criminal, Data de Publicação: DJU 27/02/2008 Pág. : 1831[footnoteRef:2])” [2: https://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/2621337/habeas-corpus-hbc-20070020115858-df/inteiro-teor-101013863?ref=juris-tabs] 
Ainda na esfera civil, o cheque como tal é um título de crédito que possui como princípios sua autonomia, literalidade e cartularidade. Além do mais, é um crédito em que o tempo e a confiança são elementos imprescindíveis de sua característica, bem como, seja uma ordem de pagamento à vista, é necessárioque haja um tempo para que esse se converta em dinheiro.[footnoteRef:3]E esse foi o problema, ao receber a maior parte da dívida em dinheiro, e a outra quantia em cheque a vítima, Cláudio Guerra depositou o cheque uma vez e voltou, e depois outra vez que voltou, mas sem em nenhum momento esperar o prazo mínimo ou entrar em contato com o acusado. [3: TOMAZETTE, M. Curso de Direito Empresarial: Títulos de Crédito, 4ª edição, São Paulo, Editora Atlas.] 
Diante desses argumentos, requer-se a absolvição do acusado nos termos do Artigo. 386, inciso III, do Código de Processo Penal.
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
(...)
III - não constituir o fato infração penal;”
III- DOS PEDIDOS
Diante do exposto, de acordo com as provas falta de provas nos autos, documental e a testemunhal, as quais só confirmam que disse o acusado em interrogatório, bem como pelo fato de não haver nos autos, durante a instrução criminal, qualquer prova de que esse tenha agido com dolo, muito pelo contrário, requer a IMPROCEDÊNCIA da acusação que lhe é feita na denúncia, com a sua consequente ABSOLVIÇÃO em razão do ilícito civil com relação ao crime de estelionato, e por não existir provas que levem ao acusado para condenação nos termos do artigo 386, incisos III e VII, do Código de Processo Penal.
Requer-se, por fim, que todas as informações relativas ao processo sejam em nome da advogada, sob pena de nulidade absoluta do ato: (...)
Termos em que,
p. e. deferimento.
(...), (...) de (....) de 2020.
Advogadx
OAB/UF XXXXX
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