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Excludentes Ilicitude

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EXCLUDENTES DE ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE) ou CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO
ELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS DAS CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO (EXCLUDENTES DE ANTIJURIDICIDADE)
Não basta que estejam presentes os pressupostos objetivos de uma causa de justificação, sendo necessário que o agente tenha consciência de agir de modo a evitar um dano pessoal ou alheio (elemento subjetivo). Ou seja, não somente deve ocorrer objetivamente a excludente de criminalidade, como também é necessário que o autor saiba e tenha vontade de atuar de forma juridicamente permitida (“dolo” de agir autorizadamente).
EXCESSO NAS CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO
Em qualquer dos excludentes de antijuridicidade quando o agente, dolosa ou culposamente, exceder-se nos limites da norma permissiva, responderá pelo excesso. 
Cabe ressaltar que o excesso advindo de caso fortuito não implica em responsabilização penal do agente.
O excesso, seja a título de dolo seja a título de culpa, decorre da escolha de meio inadequado ou uso imoderado (excessivo) ou desnecessário de determinado meio, que causa resultados mais graves do que os que seriam razoavelmente proporcionais. 
ESTADO DE NECESSIDADE
O estado de necessidade caracteriza-se pela colisão de interesses juridicamente protegidos, devendo um deles ser sacrificado em prol do interesse social. 
	Teoria diferenciadora (Direito alemão & Código Penal Militar brasileiro)
Estado de necessidade justificante: configura-se quando o bem ou interesse jurídico sacrificado for de menor valor. Nessa hipótese a ação será considerada lícita, afastando sua criminalidade desde que tenha sido indispensável para a conservação de um bem mais valioso.
Estado de necessidade exculpante (causa supralegal de exclusão de culpabilidade): Quando o bem sacrificado for de igual ou maior valor ao que se salva. Nesse caso o Direito não exclui a antijuridicidade da conduta, a qual é, por conseguinte, ilícita. No entanto, se houver inexigibilidade de conduta diversa, ainda que o bem seja de igual ou maior valor, será excluída a culpabilidade pela falta de um dos seus elementos constitutivos (exigibilidade de conduta diversa). EX.: Colisão de deveres: Ex.: dever de omitir vs dever de agir: Para salvarmos a vida de uma pessoa podemos ter que matar a vida de outra. Nesse contexto, em geral, o Direito estabelece que se deve optar pela não ação. Assim, se um desconhecido for matar outrem (tb desconhecido) e para salvá-lo vc tenha que matar o primeiro, vc deve optar por não agir. No entanto, se, por ex., tivermos em um naufrágio em que haja somente um bote de 2 lugares, estando vc e um terceiro desconhecido no bote e seu filho no mar, é inexigível que vc opte por deixar seu filho morrer, então se vc jogar o terceiro no mar para salvar seu filho tal conduta não será crime (estado de necessidade exculpante), devido a inexigibilidade de conduta diversa, sendo esta, neste caso, um excludente de culpabilidade.
 Teoria unitária (Código Penal brasileiro)
O Direito brasileiro difere do alemão no que concerne ao estado de necessidade exculpante, na medida em que admite apenas os casos de sacrifício de bens jurídicos de menor valor como ato antijurídico, sendo os de igual valor também tutelados pelo estado de necessidade justificante. 
Em suma: Estado de necessidade justificante (exclui a ilicitude da conduta) ( bem lesionado de valor igual ou menor ao bem protegido; Estado de necessidade exculpante (exclui a culpabilidade quando for inexigível conduta diversa) ( bem lesionado de valor maior que o bem protegido.
	
Requisitos do estado de necessidade: existência de perigo atual e inevitável; não provocação voluntária do perigo; inevitabilidade do perigo por outro meio (que não seja antijurídico); inexigibilidade de sacrifício do bem ameaçado; direito próprio ou alheio; elemento subjetivo: finalidade de salvar o bem do perigo; ausência de dever legal de enfrentar o perigo.
Existência de perigo atual e inevitável: o perigo e a ação devem acontecer simultaneamente. Cabe ressalvar que “perigo atual” engloba em si o “dano iminente”, uma vez que perigo equivale à probabilidade do dano. Perigo passado e futuro, todavia, não pode justificar estado de necessidade. Assim, se o dano já fora causado, a ação do agente somente estará legitimada para impedir sua continuação (legítima defesa). Quanto à inevitabilidade, o agente deve sempre escolher o meio (para evitar o dano) que produza menor dano ao agressor ou a outrem, embora deva, sim, ser analisado no caso concreto o estado emocional e psicológico do agente durante sua conduta. 
Não provocação voluntária do perigo: a princípio, duas ressalvas devem ser feitas: a voluntariedade da ação não dever ser confundida com dolo, pois a conduta culposa também é voluntária, ainda que o resultado não seja querido e tampouco admitido; o que não deve ser provocado voluntariamente pelo agente não é o resultado, mas a situação de perigo. Portanto, admite-se a invocação do estado de necessidade tanto nos crimes dolosos como nos culposos, visto que a única condição é que a situação de perigo não tenha sido provocada intencionalmente (independente de se houve intensão de se provocar o resultado ou não).
Inevitabilidade do perigo por outro meio: a inevitabilidade da lesão, com efeito, está ligada à moderação no uso do meio lesivo. Assim – se houver outra possibilidade razoável de se evitar o perigo, a qual cause um dano menor – a conduta será vista como imoderada e, por conseguinte, não será amparada pelo instituto do estado de necessidade.
Inexigibilidade de sacrifício do bem ameaçado: deve-se analisar a proporcionalidade dos bens em confronto e, sobretudo, a proporcionalidade entre a gravidade do perigo e a importância do bem ameaçado. Via de regra se o bem ameaçado for de menor ou igual valor ao lesionado caberá a causa justificativa, mas, se for maior, não.
Direito próprio ou alheio: quando se tratar de bens disponíveis, a intervenção só será tutelada pelo instituto do excludente de ilicitude caso ela seja consentida pelo titular do direito salvaguardado, o qual poderá optar por solução diferente ou até por suportar o dano. 
Elemento subjetivo: finalidade de salvar o bem do perigo.: é necessário que o agente haja com o intuito de salvar o bem do perigo, sendo insuficiente a existência objetiva do perigo.
Ausência de dever legal de enfrentar o perigo: Além de o dever legal de enfrentar o perigo ser atinente apenas aos períodos em que o indivíduo estiver no exercício da profissão que lhe atribui esse dever (exs. médicos, bombeiros, salva-vidas, policiais) esse dever não tem caráter absoluto. Nesse sentido, a exigência do dever jurídico dessas profissões não podem atingir níveis de heroísmo. Ou seja, é preciso se nortear pelo princípio da razoabilidade, de modo que, para se salvar um bem patrimonial, é inadmissível que se exija o sacrifício de uma vida, como também se deve ter muita cautela ao analisar o dever de expor a vida ao perigo por parte dos policiais, bombeiros e salva-vidas, sendo necessário se guiar, em essência, pelo princípio do razoável. Assim, se, por exemplo, um policial se depara com dez bandidos armados assaltando um cidadão, ele não tem o dever de intervir diretamente, mas sim de tomar a providência atinente ao seu dever legal de combater o crime dentro do razoável, que neste caso poderia ser o ato de chamar por reforços. Outro exemplo (Bittercourt) seria: uma lancha com um banqueiro e seu segurança naufraga, sendo que só havia na lancha um salva-vidas, de modo que é razoável que neste caso o segurança do banqueiro possa disputá-lo em igualdade de condições, visto que ambos estão com suas vidas em risco.
LEGÍTIMA DEFESA
Art. 23 – Não há crime quando o agente pratica o fato em: II - legítima defesa.
Parag. único: o agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
Art. 25 – Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, adireito seu ou de outrem.
Fundamento da L.D.: a necessidade de se defender bens jurídicos perante uma agressão injusta. Assim, o exercício da L.D. é um direito do cidadão e constitui uma causa de justificação, de modo que quem se defende de uma agressão injusta, atual ou iminente, age conforme o Direito.
REQUISITOS: agressão injusta; atual ou iminente; direito próprio ou alheio; meios necessários usados moderadamente; animus defendi. 
Agressão injusta: aquela que contraria (é proibida ou desautorizada) o Direito.
Obs.: Não se deve confundir com a ação socialmente reprovável. Na legítima devesa, a agressão só será vista como injusta caso vá de encontro, de fato, ao Direito.
Atual ou iminente: não é, assim, admissível a legítima defesa de uma agressão que já cessou, ou contra agressão futura, ou contra ameaça que não é acompanhada de um perigo concreto e imediato.
Direito próprio ou de outrem: Assis Toledo: “em se tratando de direitos disponíveis e de agente capaz, a defesa por terceiro não pode fazer-se sem a concordância do titular desses direitos”. 
Meios necessários usados moderadamente: A configuração de uma situação de legítima defesa está diretamente relacionada com a intensidade da agressão, com a periculosidade do agressor e com os meios de defesa disponíveis. (embora seja elevada em conta também, só que indiretamente, a instabilidade emocional do agredido) Assim, havendo disponibilidade de defesas, igualmente eficazes, deve-se optar por aquela que produza menor dano.
Consciência e vontade de agir de acordo com o direito: tal requisito visa a evitar que se utilizem do instituto da legítima de modo a se beneficiar de um suposto excludente de antijuridicidade e, assim, praticar atos criminosos. Destarte, não estará amparado pela legítima defesa quem agir movido por vingança, ainda que comprove, em seguida, que a vítima estava prestes a sacar a arma para matá-lo, na medida em que a intenção da ação não era evitar o dano, visto que este não havia sido previsto, mas apenas de vingar-se da vítima. Assim, a motivação do autor deve ser minuciosamente analisada, porque apenas será amparado pelo instituto jurídico da legítima defesa aquele que agir com a intenção de evitar um dano, atual ou eminente, a si ou a outrem.
Animus defendi (propósito de se defender): A reação legítima autorizada pelo Direito Penal somente se distingue da ação criminosa pelo seu elemento subjetivo: o propósito de se defender. (elemento subjetivo).
LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA E LEEGÍTIMA DEFESA SUCESSIVA
- Putativa: ocorre quando alguém se julga erroneamente (por erro) em uma situação de agressão injusta, atual ou iminente, encontrando-se, portanto, legalmente autorizado a repeli-la. ( A conduta continua sendo antijurídica, mas se o erro for inevitável caracterizará um excludente de culpabilidade. (se for evitável, diminuirá a pena, na medida da sua evitabiliddade).
- Sucessiva: Haverá legítima defesa sucessiva na hipótese de excesso, em que será permitida a defesa legítima do agressor inicial. Por exemplo, quando o agredido, exercendo a priori sua legítima defesa, exceder-se na sua repulsa, dando aso, por conseguinte, a uma conduta de defesa, que será legítima, por parte do agressor inicial. Dessa forma, o agredido inicial transforma-se em agressor injusto.
DIFERENÇAS ENTRE ESTADO DE NECESSIDADE E LEGÍTIMA DEFESA
No estado de necessidade há um conflito de interesses legítimos, em que a existência de um significará o perecimento do outro; Enquanto na legítima defesa o conflito se dá entre interesses lícitos, de um lado, e ilícitos, do outro.
No estado de necessidade há ataque e ação , enquanto na legítima defesa há defesa e reação.
SEMELHANÇA ENTRE ESTADO DE NECESSIDADE E LEGÍTIMA DEFESA
Em ambas há a necessidade de se salvar um bem ameaçado.
OUTRAS EXCLUDENTES DE ANTIJURIDICIDADE
C1) ESTRITO CCUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL: quem pratica uma ação em estrito cumprimento de um dever imposto por lei não pratica crime. Ou seja, ocorrem situações em que, ao cumprir uma função determinada pela lei, o sujeito possa praticar uma conduta típica, a qual, entretanto não será ilícita, ainda que provoque lesão a um bem juridicamente tutelado. ( Estrito cumprimento: somente os atos rigorosamente necessários justificam o comportamento permitido, sendo defeso qualquer uso de excessos. / Dever legal: É imprescindível que o dever decorra da lei (normas jurídicas em geral, sendo incluídos também os decretos, regulamentos etc), não o caracterizando obrigações de natureza moral, religiosa ou social.
C2) EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO: regular será o exercício que se contiver nos limites objetivos e subjetivos, formais e materiais, impostos pelos próprios fins do Direito. Por exemplo: a violência esportiva, quando o esporte for exercido no estrito termo da disciplina que o regulamenta, não constitui crime. Assim, os resultados danosos dos esportes de luta (boxe, judô etc), dentro dos limites regulamentados, constitui exercício regular de direito. Se, entretanto, o desportista exceder os limites do regulamento que disciplina sua modalidade, ele responderá pelo resultado lesivo produzido, segundo seu dolo ou sua culpa.

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