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OS SUBSTITUTIVOS PENAIS Previsão na legislação brasileira: a) Código Penal, Lei de Execução Penal (7210/84) – “Sursis e Livramento condicional b) Lei 9099/95 (Lei dos Juizados Especiais Criminais: transação penal (art. 76) e suspensão condicional do processo (art. 89) Suspensão condicional da execução da pena privativa de liberdade (Sursis) Arts. 77 a 82 CP Conceito: Palavra francesa que significa “suspensão”. Instituto que consiste na suspensão da execução da pena privativa de liberdade aplicada pelo juiz na sentença condenatória, desde que presentes os requisitos legais, ficando o condenado sujeito ao cumprimento de certas condições durante o período de prova determinado também na sentença, de forma que, se após seu término o sentenciado não tiver dado causa à revogação do benefício, será declarada extinta a pena. (ESTEFAM, GONÇALVES, 2013, p. 597.) É uma medida jurisdicional que determina o sobrestamento da pena. Está prevista nos arts. 77 a 82 do CP e gera a suspensão da pena privativa de liberdade de dois a quatro anos. A pena de multa poderá continuar a ser executada, daí que a suspensão poderá ser “parcial”. (ISHIDA, 2014, p. 219) “O instituto da suspensão condicional da pena tem o objetivo de impedir as mazelas da prisão de curta duração, facilitando a reintegração no meio social, evitando a promiscuidade e de mais efeitos deletérios dos estabelecimentos carcerários” (JUNQUEIRA, VANZOLINI, 2013, p. 567). OBS: Com o advento da lei 9.714/98, o “sursis” praticamente deixou de existir, uma vez que é subsidiário à pena alternativa, ou seja: Em primeiro lugar deve o juiz verificar se é o caso de aplicar a pena restritiva de direitos, ou a multa em substituição à pena privativa de liberdade e, somente então, verificada essa impossibilidade é que se tenta a suspensão condicional da pena, como segunda opção. Natureza Jurídica Direito público subjetivo do sentenciado (CAPEZ, DAMÁSIO); Forma de execução de pena (STJ) Importante: O “sursis” não é espécie de pena prevista no rol do art. 32 do CP. Trata-se de medida alternativa ao cumprimento da pena, sendo, porém, condicionada. (ESTEFAM, GONÇALVES, 2013, p. 597.) Sistemas a) anglo- americano (probation system): antes de se impor a sentença condenatória, determina-se a submissão do réu a determinadas condições); b) belgo-francês: a medida é aplicada depois de proferida a condenação, suspendendo-se, mediante o preenchimento de certas condições, a execução da pena privativa de liberdade (adotado pelo CP) (ESTEFAM, 2010, p. 159.) Diferenças do “Sursis” penal em relação à suspensão condicional do processo (Sursis processual) – art. 89 da lei 9099/95 (ESTEFAM, 2010, p. 159.) Sursis penal Sursis processual Âmbito de aplicação Regra: Condenações a penas de até 2 anos Crime cuja pena mínima não exceda 1 ano Pressuposto Sentença condenatória Denúncia ou Queixa recebida Efeito Suspende a execução da pena de prisão Suspende o processo Consequência Induz a reincidência Não induz a reincidência Oportunidade para concessão Pressupõe a prolação de sentença condenatória. O juiz deve julgar procedente a ação penal e fixar a pena em sua integralidade, estabelecendo seu montante final de acordo com o critério trifásico e o regime prisional inicial. Somente depois disso será concedido o “sursis”. (ESTEFAM, GONÇALVES, 2013, p. 598.) Requisitos: a) Objetivos 1) Qualidade da pena – PPL; 2) Quantidade da pena – Não superior a 2 anos; 3) Impossibilidade de substituição da pena por pena restritiva de direitos; b) Subjetivos 1) Condenado não reincidente em crime doloso 2) Circunstâncias judiciais (art. 59) favoráveis ao agente Súmula 499 STF: Não obsta à concessão do “sursis” condenação anterior à pena de multa. Espécies de sursis a) Simples: É aquele que, preenchidos os requisitos necessários, fica o réu sujeito, no primeiro ano de prazo, a uma das condições previstas no art. 78, § 1º do CP (prestação de serviços à comunidade ou limitação de final-de-semana. b) Especial: O condenado fica sujeito a condições mais brandas, previstas cumulativamente no art. 78, § 2º do C.P: Proibição de frequentar certos lugares; Proibição de ausentar-se da Comarca sem autorização o juiz; Comparecimento pessoal e obrigatório em juízo, mensalmente para informar e justificar suas atividades. Para ficar sujeito a essas condições mais favoráveis, o sentenciado deve, além de preencher os requisitos objetivos e subjetivos normais, reparar o dano e ter as circunstâncias judiciais previstas no art. 59 inteiramente favoráveis. Espécies de “sursis”: a) Etário (Art. 77, § 2º): É aquele em que o condenado é maior de 70 anos à data da sentença concessiva. Neste caso, o sursis pode ser concedido desde que a pena não exceda 4 anos, aumentando-se, em contrapartida, o período de prova para 6 anos. b) Humanitário (Art. 77, § 2º):É aquele em que o condenado, por razões de saúde, independentemente de sua idade, tem direito ao sursis, desde que a pena não exceda 4 anos, aumentando-se o período de prova pra 6 anos. Foi criado pela Lei 9714/98. Deve ser aplicado para casos de doentes terminais. Condições a) Legais: São as condições do sursis simples (Art. 78, § 1º e as do especial (art. 78, § 2º); b) Judiciais: são livremente impostas pelo juiz, não estando previstas em lei (Art. 79 do CP). Devem porém, adequar-se ao fato e às condições pessoais do condenado. Ex.: sujeição a tratamento para toxicômanos, obrigação de comparecimento ao juízo para justificar suas atividades. Revogação do juiz: a) Obrigatória (art. 81): Superveniência de condenação irrecorrível pela prática de crime doloso; Obs.: Só vale pra a prática de crime doloso; Deverá ser juntada certidão de trânsito em julgado da condenação. Não reparação do dano, sem motivo justificado; Descumprimento de qualquer das condições legais do sursis simples (Art. 78, § 1º) Facultativa (art. 81, § 1º): O juiz não está obrigado a revogar o benefício, podendo revogar o benefício, podendo optar por advertir novamente o sentenciado, prorrogar o período de prova até o máximo ou exacerbar as condições impostas (Art. 707, § único do CPP, c.c art. 81, § 1º e 3º do CP). Hipóteses: Superveniência de condenação irrecorrível pela prática de contravenção penal ou crime culposo, exceto se imposta pena de multa; Descumprimento das condições legais do sursis especial (Art. 78, § º); Descumprimento de qualquer outra condição não elencada em lei, imposta pelo juiz (condições judiciais). Prorrogação e extinção automáticas: O art. 81, § 2º do CP – Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o período da suspensão até o julgamento definitivo. Omissão na fixação das condições pelo juiz ou tribunal Não existe “sursis” incondicionado. Se o juiz, ao sentenciar omitir-se na fixação das condições, deverão ser interpostos embargos de declaração. Execução do “sursis”: (Art. 160 da LEP) Realização de audiência admonitória, na qual será lida a sentença condenatória pelo juiz, sendo assim, o sentenciado cientificado das condições impostas e advertido das consequências de seu descumprimento e da prática de nova infração. A ausência injustificada do condenado, notificado pessoalmente ou por edital pelo prazo de 20 dias, ou ainda, sua recusa em aceitar o cumprimento das condições (manifestadas na audiência), obriga o juiz a tornar sem efeito o benefício e determinar o seu cumprimento da pena privativa de liberdade originalmente imposta na sentença (art. 161 da LEP). É o que se chama cassação do “sursis”. (ESTEFAM, GONÇALVES, 2013, p. 605.) “Sursis” e crimes hediondos, tortura e terrorismo Em razão das altas penas previstas aos crimes hediondos e equiparados, normalmente não há que se cogitar a aplicação do “sursis”. Excepcionalmente, a hipótese se apresenta em casos práticos, surgindo, duas correntes: O “sursis” é incompatível com o sistema mais severo vislumbrado pelo legislador para os crimes hediondose equiparados. Como não há vedação expressa no texto legal, não cabe ao juiz negar o benefício se o acusado preencher os requisitos genéricos do art. 77 do CP. STF: “Normas penais. Interpretações. As normas penais restritivas de direitos hão de ser interpretadas de forma teleológica – de modo a confirmar que as leis são feitas para os homens -, devendo ser afastados enfoques ampliativos. Suspensão condicional da pena – crime hediondo – compatibilidade. A interpretação sistemática dos textos relativos aos crime hediondos e à suspensão condicional da pena conduz à conclusão sobre a compatibilidade entre ambos” (HC 84.414, 1ª Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 26.11.2004, p.26). (ESTEFAM, GONÇALVES, 2013, p. 601.) “Sursis” e lei das contravenções penais: O art. 11 da Lei de contravenções penais permite a aplicação do “sursis” quando reunidas as condições estabelecidas no Código Penal. O período de prova será fixado entre 1 e 3 anos. No que diz respeito à execução do benefício, causas de revogação e prorrogação, dentre outras, aplicam-se os mesmos dispositivos do Código Penal, uma vez que não há regramento especial sobre o assunto na lei própria. (ESTEFAM, GONÇALVES, 2013, p. 610.) “Sursis” e lei ambiental O art. 16 da lei 9.605/98 (lei de proteção ao meio ambiente) permite a aplicação do “sursis” nos crimes nela descritos, caso a pena privativa de liberdade não supere 3 anos. (ESTEFAM, GONÇALVES, 2013, p. 610) Referências bibliográficas ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Manual de direito penal. 4. ed., São Paulo: Saraiva, 2008.p. 118-122. BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. Parte 1. 16 ed., São Paulo: Saraiva, 2011.p. 725-743. CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2012. v.1. p. 514-529. ESTEFAM, André. Direito penal. Parte geral. São Paulo: Saraiva, 2012.v.1. p. 418-430. ______. BONFIM, Edilson Mougenot (Coord). Curso & Concurso. Direito Penal I – Parte geral. São Paulo: Saraiva, 2010. ______; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado. Parte Geral. 2.ed., São Paulo: Saraiva, 2013. ISHIDA, Válter Kenji. Curso de direito penal. 3. ed., São Paulo: Atlas, 2014, p. 219-222. JESUS, Damásio Evangelista de. Direito penal: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2011. v.1.p. 657-668. MIRABETE, Júlio Fabrini, FABRINI, Renato N. Manual de direito penal. vol.,. I. 28 ed., São Paulo: Atlas, 2012.p. 313-324.
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