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Anticrese: Instituto do Direito Civil

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ANTICRESE
Artigos 1.506 a 1.510 do Código Civil.
O QUE É ANTICRESE?
 
A anticrese é um Instituto do Direito Civil utilizado nas relações jurídicas envolvendo uma parte credora e outra devedora, que traz garantia real através dos frutos e rendimentos de um bem imóvel, como estabelece o art. 1.506 do Código Civil.
MODO DE CONSTITUIÇÃO
A anticrese sempre será originada através de uma relação jurídica contratual, não podendo ser simplesmente estabelecida pela lei, como é possível ocorrer em outros institutos jurídicos. Assim, podemos dizer que o primeiro requisito é a elaboração de um contrato que a defina!
OBJETO
 
O bem colocado como garantia precisa ser imóvel e alienável. Como os bens imóveis são literalmente indivisíveis, em caso de haver mais de um dono, essa propriedade só poderá ser colocada como garantia na anticrese quando em comum acordo de todos os donos.
CARACTERÍSTICAS DA ANTICRESE
 
-É um direito real, de garantia;
-É necessário capacidade das partes;
-O direito de preferência;
- Requer a escritura pública, com o registro no Cartório Imobiliário;
-E por fim, requer a tradição do objeto.
.
DIREITOS DO CREDOR ANTICRÉTICO
- possuir o bem dado em garantia;
- perceber-lhe os frutos e rendimentos;
- retê-lo em seu poder até que a dívida seja saldada;
- reivindicar seus direitos contra o terceiro que adquira o imóvel;
- reivindicá-los contra os credores quirografários e os hipotecários posteriores à transcrição da
anticrese;
- haver do produto da venda do bem anticrético, no caso de falência do devedor, o valor atual
dos rendimentos que pudesse obter em compensação da dívida, à taxa de juros legal.
DIREITOS DO DEVEDOR ANTICRÉTICO
Reduzem-se a:
- reaver o imóvel tanto que paga a dívida;
- ser indenizado do dano oriundo de deterioração do imóvel por culpa do credor;
-ressarcir-se do valor dos frutos que o credor tenha negligentemente deixado de perceber;
-pedir contas ao credor.
Obrigações do devedor anticrético
Limitam-se a:
- entregar o imóvel ao credor;
- pagar a dívida;
-ceder ao credor o direito de perceber os frutos e rendimentos da coisa.
EXTINÇÃO
-pelo pagamento da dívida;
- pelo término do prazo legal ou caducidade (CC, art. 1.423);
-pelo perecimento do bem anticrético (art. 1.509, § 2o);
- pela desapropriação (art. 1.509, § 2o);
- pela renúncia do anticresista;
- pela excussão de outros credores quando o anticrético não opuser seu direito de retenção (art. 1.509, § 1o);
- pelo resgate feito pelo adquirente do imóvel gravado (art. 1.510).
CONCESSÃO DE USO ESPECIAL PARA FINS DE MORADIA
Trata-se de instituto incorporado ao rol dos direitos reais do Código Civil  a partir de determinação da Lei 11.481/07, tal  modificação merece atenção, uma vez que este novo direito real é figura do âmbito do direito administrativo.
Art. 183 CF.:
Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e
cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição,
utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe- á o domínio, desde
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à
mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
A lei federal 10.257/2001 – Estatuto da Cidade, em seus artigos 15 a 20,
regulamentava os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, porém por motivos de riscos a aplicação dos dispositivos, houve o veto do Presidente da República na mensagem nº 730 de 10 de julho de 2001, aos artigos mencionados, sendo que no próprio veto já deixava evidente a resolução de tais problemas.
Diante disto, a concessão de uso especial foi reintroduzida através da MEDIDA
PROVISÓRIA 2.220/01, trazendo em seu artigo 1º a seguinte redação:
Art. 1 o   Aquele que, até 22 de dezembro de 2016, possuiu como seu, por cinco
anos, ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinquenta metros
quadrados de imóvel público situado em área com características e finalidade
urbanas, e que o utilize para sua moradia ou de sua família, tem o direito à
concessão de uso especial para fins de moradia em relação ao bem objeto da posse,
desde que não seja proprietário ou concessionário, a qualquer título, de outro
imóvel urbano ou rural.   (Redação dada pela lei nº 13.465, de 2017)
        § 1 o   A concessão de uso especial para fins de moradia será conferida de forma
gratuita ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
        § 2 o   O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo
concessionário mais de uma vez.
        § 3 o   Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito,
na posse de seu antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura
da sucessão.
Vale destacar que esse direito não será reconhecido mais de uma vez ao mesmo concessionário e permite-se que o herdeiro legítimo do possuidor continue a posse, exigindo-se, para tanto, que resida no imóvel, quando da abertura da sucessão.
Em se tratando de imóveis, com área superior a 250m², ocupados, para fins de residência, por população de baixa renda, por período de cinco anos sem interrupção e sem oposição, onde for possível a identificação dos terrenos ocupados por possuidor, a concessão será conferida de forma coletiva, ressalvada a hipótese de serem os possuidores serem concessionários ou proprietários de outro imóvel urbano ou rural. É permitido ao possuidor que some sua posse com a do antecessor, desde que ambas sejam contínuas.
Atribuir-se-á igual fração ideal do terreno, não superior a 250m², a cada possuidor, pouco importando a dimensão da área que cada um ocupar, exceto em caso de acordo escrito entre os ocupantes, estabelecendo frações ideais diferenciadas. Se a ocupação acarretar risco à vida ou à saúde dos ocupantes, o Poder Público deverá assegurar ao possuidor o exercício do direito de uso em outro local. O mesmo se diga se a ocupação se der em imóvel: a) de uso comum do povo; b) destinado a projeto de urbanização; c) de interesse da defesa nacional, da preservação ambiental e da proteção dos ecossistemas naturais; ou e) situado em via de comunicação.
Poderá, ainda, haver concessão de direito real de uso de imóvel público dominial com o escopo de satisfazer a projeto habitacional ou mesmo para promover a regularização fundiária de interesse social, que é destinada a atender famílias com renda mensal de até cinco salários mínimos, promovidos no âmbito de programas de interesse social, sob gestão de órgãos ou entidades da Administração Pública, em área urbana ou rural.
CONCESSÃO
DE DIREITO REAL DE USO
A Lei 11.481/2007 introduziu o inciso XII ao rol de Direitos Reais previsto no Código Civil em seu art. 1225. Este novo direito real versa sobre a concessão de direito real de uso.
De acordo com o professor Helly Lopes Meirelles (apud VENOSA, 2013 p. 623) a concessão de direito real de uso: é o contrato pelo qual a Administração transfere o uso remunerado ou gratuito de terreno público a particular, como direito real resolúvel, para que dele se utilize para fins específicos de urbanização, industrialização, edificação, cultivou qualquer outra exploração de interesse social.
CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS A ESTE GÊNERO JURÍDICO:
-a tipicidade;
-a necessidade de registro no ofício de registro de imóveis e;
- A Possibilidade de ser oferecido em garantia em negócios jurídicos. Tendo
natureza de contrato administrativo, sendo assim em sua maioria concedida
através de licitação, exceto os casos previstos em lei.
EXTINÇÃO DO USO
O uso considera-se extinto quando ocorrer o falecimento do usuário, pois este direito real possuí natureza personalíssima, então infere-se logicamente que o ordenamento não admite, a transmissão de tal direito na sucessão. Ocorrerá a extinção, de igual maneira, se resta por resolvido o termo de duração estabelecidono ato constitutivo, exceto se o usuário vier a falecer antes. Também se extingue o direito de uso se cessar o motivo que a originou ou quando não mais se verifica a situação de necessidade do usuário.

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