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A Tranquilidade do Campo e a Corrupção da Cidade

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XIV
Quem deixa o trato pastoril amado 
Pela ingrata, civil correspondência, 
Ou desconhece o rosto da violência, 
Ou do retiro a paz não tem provado.
Que bem é ver nos campos transladado 
No gênio do pastor, o da inocência! 
E que mal é no trato, e na aparência 
Ver sempre o cortesão dissimulado!
Ali respira amor sinceridade; 
Aqui sempre a traição seu rosto encobre; 
Um só trata a mentira, outro a verdade.
Ali não há fortuna, que soçobre; 
Aqui quanto se observa, é variedade: 
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!
Cláudio Manuel da Costa
XIV
Quem deixa o trato pastoril amado 
Pela ingrata, civil correspondência, 
Ou desconhece o rosto da violência, 
Ou do retiro a paz não tem provado.
Que bem é ver nos campos transladado 
No gênio do pastor, o da inocência! 
E que mal é no trato, e na aparência 
Ver sempre o cortesão dissimulado!
Ali respira amor sinceridade; 
Aqui sempre a traição seu rosto encobre; 
Um só trata a mentira, outro a verdade.
Ali não há fortuna, que soçobre; 
Aqui quanto se observa, é variedade: 
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!
Cláudio Manuel da Costa
XIV
Quem deixa o trato pastoril amado 
Pela ingrata, civil correspondência, 
Ou desconhece o rosto da violência, 
Ou do retiro a paz não tem provado.
Que bem é ver nos campos transladado 
No gênio do pastor, o da inocência! 
E que mal é no trato, e na aparência 
Ver sempre o cortesão dissimulado!
Ali respira amor sinceridade; 
Aqui sempre a traição seu rosto encobre; 
Um só trata a mentira, outro a verdade.
Ali não há fortuna, que soçobre; 
Aqui quanto se observa, é variedade: 
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!
Cláudio Manuel da Costa
XIV
Quem deixa o trato pastoril amado 
Pela ingrata, civil correspondência, 
Ou desconhece o rosto da violência, 
Ou do retiro a paz não tem provado.
Que bem é ver nos campos transladado 
No gênio do pastor, o da inocência! 
E que mal é no trato, e na aparência 
Ver sempre o cortesão dissimulado!
Ali respira amor sinceridade; 
Aqui sempre a traição seu rosto encobre; 
Um só trata a mentira, outro a verdade.
Ali não há fortuna, que soçobre; 
Aqui quanto se observa, é variedade: 
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!
Cláudio Manuel da Costa
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Eis aqui outro belo soneto do poeta, construído com decassílabos — versos compostos por dez sílabas — e com um padrão de rimas calcado na seguinte forma: ABBA, ABBA, nos quartetos (as duas primeiras estrofes que são compostas por quatro versos cada) e CDC, DCD nos dois tercetos (estrofes compostas por três versos).
Na primeira estrofe o poeta já deixa claro qual é o tema de seu soneto: a tranqüilidade do campo e a corrupção da vida urbana. Sendo assim, nos primeiros versos o eu-lírico, por meio duma metáfora, “o rosto da violência”, sintetiza o quão desastroso pode ser deixar o campo.E, é essa a situação do sujeito-lírico, ele adverte àqueles que planejam deixar o trato pastoril que na cidade os desgostos e as desilusões são inevitáveis.
Ora, percebe-se que estamos diante dum tema comum dos poetas neoclássicos (conhecidos também como arcades), que consiste basilarmente a valorização do campo, tal como fez Virgílio em Bucólicas, e no uso dos mitos greco-romanos. Assim sendo, o leitor percebe que a imagem do campo é idealizada, um local puro, inocente, onde as perturbações que acometem o viver não conseguem adentrar. Se o Amor pode respirar apenas no campo, logo pode-se dizer que ele é sufocado na cidade, devido a mentira e a hipocrisia.
Por fim, é interessante pensar como em pleno século XVIII, num ambiente colonial, as questões relativas à cidade, dum certo modo, já preocupavam eu-lírico. Ainda hoje a ideia do campo ser um local perfeito persiste em nossa cidade, ainda mais se levarmos em consideração às condições, muitas vezes ruins, que as metrópoles e mesmo outras cidades menores propiciam aos seus habitantes.

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