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4 - Características da pessoas com altas habilidades superdotação

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Capacitação em Altas Habilidades/Superdotação – Rompendo as Barreiras do Anonimato 
 
 
 
57 
Capítulo 4: Características das pessoas com AH/SD 
 
1. Introdução 
Quando se trabalha com indivíduos que apresentam indicadores de AH/SD, pode-
se observar que algumas características comuns vão sendo identificadas nesses indivíduos. 
Alguns autores citam a habilidade acima da média, comprometimento com a tarefa e 
criatividade como características gerais, mas outras características são observáveis no sujeito 
como: 
 
• Precocidade, gosto e nível elevado de leitura; 
• Interesses variados e diferenciados ao dos seus pares; 
• Costumam associar-se com pessoas mais velhas ou mais novas; 
• Assincronismo; 
• Diferente às demais na sua forma de pensar, sentir ou agir; 
• Preferência por trabalhar, estudar sozinho; 
• Nível de exigência mais elevado, perfeccionismo; 
• Independência e autonomia; 
• Senso de humor desenvolvido; 
• Capacidade de observação elevada; 
• Liderança; 
• Gosto e preferência por jogos que exijam estratégias; 
 
Capacitação em Altas Habilidades/Superdotação – Rompendo as Barreiras do Anonimato 
 
 
 
58 
2. Algumas características das pessoas com AH/SD 
Dentro da área de AH/SD, um dos temas muito debatidos refere-se às 
características apresentadas por alguns indivíduos. Este fenômeno multidimensional abrange 
aspectos cognitivos, afetivos, de personalidade e neuropsicomotores, levando–se em conta 
ainda o contexto sóciocultural e econômico em que está inserido e como esta pessoa reage a 
ele. 
Os indivíduos com AH/SD apresentam muitas características em comum, porém 
nesta população, também encontramos uma enorme variação em termos de habilidades e 
competências nos mais variados níveis de suas manifestações. Para Winner (1998) O 
indivíduo superdotado é aquela pessoa que apresenta um desempenho superior à média em 
uma ou mais áreas, quando comparados à população da mesma faixa etária. Diferente, mas 
não distante dessa definição, Silverman (2002) define o superdotado como aquele indivíduo 
que possui um desenvolvimento assincrônico entre habilidades intelectuais, psicomotoras, 
características afetivas e aspectos do desenvolvimento cronológico. 
Segundo Ourofino e Guimarães (2007), indivíduos com mesma capacidade 
intelectual apresentam variações quanto aos interesses e temperamentos. A heterogeneidade 
nesses grupos aumenta a necessidade de discussões sobre sua identificação e para tal Winner 
(1998) destaca algumas dessas características: 
Características relacionadas ao 
desenvolvimento e comportamento 
Características relacionadas à escola 
Preferência por novos arranjos visuais; 
Superreatividade e sensibilidade; 
Leitura precoce, boa memória para 
informação verbal e/ou matemática; 
Desenvolvimento físico precoce (sentar, 
engatinhar e caminhar); Precocidade na 
aquisição da linguagem e conhecimento 
verbal; 
Assincronia entre as áreas intelectual, 
psicomotora, lingüística e perceptual. 
Psicomotora, lingüística e perceptual; 
Maior tempo de atenção e vigilância, 
reconhecendo desde cedo seus cuidadores; 
Preferência por brincadeiras individuais; 
Aprendizagem rápida com instrução mínima; 
Alto nível de energia que pode ser 
confundido com hipercinesia ou 
hiperatividade; 
Preferência por amigos mais velhos, 
próximos a ele em idade mental; 
Curiosidade intelectual, com elaboração de 
perguntas em nível mais avançado; 
 
Interesse por problemas filosóficos, morais, 
políticos e sociais; 
Persistência para alcançar a informação 
desejada; 
Destaque em raciocínio lógico e abstrato; 
 
 
Capacitação em Altas Habilidades/Superdotação – Rompendo as Barreiras do Anonimato 
 
 
 
59 
Alguns autores como Tutle e Becker, Torrance, Davis e Rimm (citados por 
OUROFINO; GUIMARÃES, 2007), apresentam este tema de forma atualizada chamado a 
atenção e principalmente sensibilizando educadores a respeitos das necessidades do aluno 
com AH/SD. Destacam uma combinação de características que podem ser compreendidas 
como “expressão intelectual dos indivíduos altamente inteligentes”: 
 
Renzulli (2000) chama a atenção para duas categorias de habilidades superiores: a 
superdotação acadêmica (ou escolar) e a superdotação criativo-produtiva, vejamos 
resumidamente os aspectos que podem auxiliar na identificação de cada uma das categorias, a 
seguir: 
1. Superdotação Acadêmica – Mais facilmente identificada pelos testes de QI. O aluno, 
além de boas notas, apresenta QI elevado. A ênfase nessa habilidade são os processos de 
aprendizagem dedutiva, treinamento estruturado nos processos de pensamento e aquisição, 
estoque e recuperação da informação: 
� Habilidades superiores de pensamento (como análise, síntese e avaliação); 
� Fluência de ideias (produção de muitas ideias); 
� Flexibilidade de ideias (vê relações entre ideias aparentemente diversas); 
� Reação positiva a elementos estranhos e novos; 
� Originalidade de ideias (forma original de resolver problemas); 
� Grande bagagem de informações sobre temas de interesse; 
� Paixão por aprender; 
� Concentração; 
� Facilidade para entender princípios gerais; 
� Habilidade para processar informação rapidamente; 
� Pensamento independente. 
Características Cognitivas 
- Tira boas notas na escola – (apresenta grande vocabulário); 
- Gosta de fazer perguntas – (necessita pouca repetição do conteúdo escolar); 
- Aprende com rapidez – (é perseverante); 
- Apresenta excelente raciocínio verbal e/ou numérico (é um consumidor de conhecimentos); 
- Lê por prazer (tende a agradar os professores); 
- Gosta de livros técnico-profissionais (tende a gostar do ambiente escolar); 
Capacitação em Altas Habilidades/Superdotação – Rompendo as Barreiras do Anonimato 
 
 
 
60 
 
2. Superdotação Criativo-produtiva – Desenvolvimento de materiais e produtos originais. 
A ênfase é dada no uso e aplicação da informação/conteúdo e processos de pensamento de 
forma integrada, indutiva e orientada para os problemas reais. Costuma ser visto como um 
“aprendiz em primeira mão”, no sentido de que ele trabalha nos problemas que tem relevância 
pra ele e são considerados desafiadores. O educando que apresenta superdotação desse tipo 
pode apresentar as seguintes características: 
 
Características Afetivo-emocionais 
- Tem necessidades de saber sempre mais e busca ativamente por aprendizagens; 
- Pode estabelecer metas irrealisticamente altas para si mesmo, muitas vezes reforçadas pelos pais, e 
sofrer por medo de não atingir essas metas. (demonstra perseverança nas atividades motivadoras a 
ele); 
- Apresenta grande necessidade de estimulação mental (apresenta grande intensidade emocional); 
- Tem paixão em aprender (revela intenso perfeccionismo); 
Características Cognitivas 
- Não necessariamente apresenta QI superior (pensa por analogia); 
- É criativo e original (usa o humor); 
- Demonstra diversidade de interesses (gosta de fantasiar); 
- Gosta de brincar com as idéias (não liga para convenções); 
- É inventivo constrói novas estruturas, (é sensível a detalhes); 
- Procura novas formas de fazer as coisas (é produtor de conhecimento); 
- Não gosta de rotina, (encontra ordem no caos). 
 
Características Afetivo-emocionais 
- Investe uma quantidade significativa de energia emocional naquilo que faz (apresenta 
preocupação moral em idades precoces); 
- Necessita de professores sensíveis aos seus intensos sentimentos de frustração, paixão, 
entusiasmo, raiva e exclusão (precisa de apoio dos adultos para persistir em suas tarefas ou 
canalizar sua energia de forma eficiente); 
- Frequentemente questiona regras/autoridade (demonstra sensibilidade, empatia); 
- Demonstra autoconsciência (demonstram perceptividade – insight); 
- Demonstra capacidade de reflexão (apresentam senso agudo de justiça);- Apresenta imaginação vívida. 
Capacitação em Altas Habilidades/Superdotação – Rompendo as Barreiras do Anonimato 
 
 
 
61 
Exemplos de AH/SD no Brasil 
As AH/S podem ocorrer em indivíduos com inteligência acadêmica e/ou criativo 
produtivo. Um exemplo de pessoa que possui inteligência criativo-produtiva e também 
acadêmica acima da média é Jô Soares. 
 
Inteligência Acadêmica 
1. Oswaldo Cruz 2. Mário Quintana 3. Jorge Amado 4. Jô Soares 
 
 
 
 
 
Lembrando que nada impede que uma pessoa tenha inteligência acadêmica e 
criativa produtiva. Jô Soares pode ser um exemplo, humorista, entrevistador, ator, diretor, 
dramaturgo, roteirista e escritor. Conhecido em todo o Brasil pelo seu famoso programa de 
entrevistas, fala diversas línguas e tem a reputação de uma grande inteligência. 
 
Inteligência Criativa Produtiva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capacitação em Altas Habilidades/Superdotação – Rompendo as Barreiras do Anonimato 
 
 
 
62 
Necessitamos categorizar tais características para que medidas educativas sejam 
tomadas e de modo adequado possamos fazer os encaminhamentos escolares. É importante 
lembrar que, emocionalmente, muitos alunos também precisam categorizar ou nomear o que 
sentem, pois percebem que são diferentes e necessitam de informações para compor seu 
autoconhecimento. Eles precisam de condições educacionais apropriadas e apoio psicológico. 
[...] todos os seres humanos são diferentes e únicos, com direitos e deveres 
que devem respeitar e celebrar a diversidade. Nesse contexto, a Educação 
[...] é um direito subjetivo de todo ser humano; deve ser pública, gratuita, de 
boa qualidade, para todos, e dever do estado, portanto, e necessariamente, 
tem que estar centrada nesses seres humanos diferentes e únicos que 
constituem seus objetos-sujeitos dialéticos em todas as suas etapas de vida 
(PÉREZ, 2006). 
 
 
Também Gardner (1995) com seu conceito de 
Inteligências Múltiplas, muito contribuiu para a compreensão das 
características desses indivíduos e podemos nos orientar sob a 
luz desta teoria. Segundo ele indivíduos “altamente capazes” 
poderão exibir uma ou mais inteligências conforme o quadro: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(a) linguística - habilidades envolvidas na leitura e na escrita; 
(b) musical - habilidades inerentes a atividades de tocar um instrumento, 
cantar, compor, dirigir uma orquestra; 
(c) lógico-matemática - habilidade de raciocínio, computação numérica, 
resolução de problemas, pensamento científico; 
(d) espacial - habilidade de representar e manipular configurações 
espaciais; 
(e) corporal-cinestésica - habilidade de usar o corpo inteiro ou parte dele 
em desempenho de tarefas; 
(f) interpessoal - habilidade de compreender outras pessoas e contextos 
sociais; 
(g) intrapessoal - capacidade de compreender a si mesmo, tanto 
sentimentos e emoções, quanto estilos cognitivos e inteligência; 
(h) naturalística - habilidade de perceber padrões complexos no ambiente 
natural. 
Capacitação em Altas Habilidades/Superdotação – Rompendo as Barreiras do Anonimato 
 
 
 
63 
3. Escala de características 
3.1. Joseph Renzulli 
A observância dos indivíduos e suas características podem ajudar professores e 
pais quanto a sua identificação. Estes podem apresentar grande potencial em uma ou mais 
áreas de conhecimentos e habilidades. Estas características devem ser levadas em conta para o 
processo de identificação e avaliação. Observemos tais características apontadas por Renzulli 
(RENZULLI; CALLAHAN; WESTBERG, 2000): 
Criatividade 
◊ Senso de humor; 
◊Habilidade de pensamento imaginativo; 
◊Atitude não conformista; 
◊ Pensamento divergente; 
◊ Espírito de aventura; 
◊Disposição para correr riscos; 
◊Habilidade de adaptar, melhorar ou modificar ideias; 
◊Habilidade para produzir respostas incomuns, únicas ou inteligentes; 
◊Disposição para fantasiar, brincar e manipular ideias; 
◊Habilidade de gerar um grande número de ideias ou soluções para problemas ou questões. 
 
Habilidade Intelectual 
 
- Habilidade de lidar com abstrações; 
- Facilidade para lembrar informações; 
- Vocabulário avançado para idade ou série; 
- Facilidade em perceber relações de causa e efeito; 
- Habilidade de fazer observações perspicazes e sutis; 
- Grande bagagem sobre um tópico específico; 
- Habilidade de entender princípios não diretamente observados; 
- Grande bagagem de informações sobre uma variedade de tópicos; 
- Habilidade para transferir aprendizagens de uma situação para a outra; 
- Habilidade de fazer generalizações sobre eventos, pessoas e coisas. 
 
 
Capacitação em Altas Habilidades/Superdotação – Rompendo as Barreiras do Anonimato 
 
 
 
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Liderança 
⇒Tendência a ser respeitado pelos colegas; 
⇒Autoconfiança quando interage com colegas da sua idade; 
⇒Comportamento cooperativo ao trabalhar com os outros; habilidade de articular ideias e de 
se comunicar bem com os outros; 
⇒Habilidade de organizar e trazer estrutura a coisas, pessoas e situações; 
⇒Tendência a dirigir as atividades quando está envolvido com outras pessoas 
responsabilidade. 
 
Motivação 
 - Persistência quando se busca atingir um objetivo ou na realização de tarefas 
- Interesse constante por certos tópicos ou problemas; 
- Comportamento que requer pouca orientação dos professores; 
- Envolvimento intenso quando trabalho certos temas ou problemas; 
- Obstinação em procurar informações sobre tópicos de seu interesse; 
- Compromisso com projetos de longa duração; 
- Preferência por situações nas quais possa ter responsabilidade pessoal sobre o produto de 
seus esforços; 
- Pouca necessidade de motivação externa para finalizar um trabalho que inicialmente se 
mostrou estimulante. 
 
 
3.2. Zenita Cunha Guenther 
Para fins educacionais, são identificados como dotados e talentosos os 
alunos que apresentarem regular e consistentemente, no correr de atividades 
informais ou planejadas, pelo menos a metade dos sinais indicadores 
naquele domínio. Alguns sinais são os mesmos para mais de um domínio e 
podem ser recontados na análise independente de cada domínio. 
(GUENTHER, 2012, p.54) 
 
Segundo Guenther (2012) existem quatro áreas de Domínios de Capacidade a 
serem observados em sala de aula: 
 
 
 
Capacitação em Altas Habilidades/Superdotação – Rompendo as Barreiras do Anonimato 
 
 
 
65 
1 - Domínio da Inteligência 
Inteligência geral: Observação acurada; Facilidade em aprender; Sintonia, capta tudo; 
capacidade de pensar e concluir; curiosidade, interesse em saber; boa memória; Iniciativa e 
persistência; Ter muitas informações; rapidez em pensar e agir. 
Inteligência – capacidade verbal: Produção em expressão verbal; participação nas 
atividades; interesse por atividades extracurriculares; interesse em literatura e livros; boa 
linguagem e vocabulário; participa das atividades na comunidade; bom humor, é engraçado; 
vivacidade, energia mental; observação, perspicácia. 
Inteligência – pensamento abstrato: Produção matemática e de ciências; organização 
mental, visão do todo; persistência e compromisso; independência, autonomia; segurança e 
autoconfiança; capacidade de concentração e atenção; capacidade de pensar concluir; pensar 
com esquemas, desenhos; preferência por trabalhar sozinho. 
 
2 - Domínio da Criatividade 
 Produção superior nas artes; originalidade, autenticidade; fluência em ideias e ações; 
acuidade de percepção; sensível a cores, sons e formas; respostas inesperadas, pertinentes; 
senso crítico e autocrítica; distração, tédio nas aulas comuns; pensamentoglobal, holístico; 
pouca atenção a detalhes. 
 
3 - Domínio da Capacidade Socioafetiva 
 Boa presença, participa em tudo; interesse, sucesso em atividades extras; presença 
ativa na escola; liderança, persuasão e comunicação; capacidade de organizar o grupo; força 
de vontade, motiva o grupo; capacidade de passar energia aos outros; segurança, 
autoconfiança no grupo; sensibilidade, bondade com os colegas; preocupação com o bem-
estar dos outros. 
 
4 – Domínio da Capacidade Física 
 Superiores em esportes e exercícios físicos; habilidades manuais e motoras; notável 
dança, expressão rítmica; boa coordenação motora; traços firmes, bem coordenados; 
velocidade, força, destreza. 
Capacitação em Altas Habilidades/Superdotação – Rompendo as Barreiras do Anonimato 
 
 
 
66 
3.3. Maria Lúcia Sabatela 
Sabatela (2005) aponta que pessoas com AH/SD não são nem melhores nem 
piores que outras, são diferentes, pois aprendem, raciocinam e reagem de maneira singular. 
Para demonstrar isso a autora apresenta traços comuns que considera indicador de alto 
potencial (citados por OUROFINO; GUIMARÃES, 2007): 
• Memória: presença de componentes mnemônicos em idade precoce, lembranças remotas de 
pessoas, lugares e situações, facilidade para reproduzir histórias, relatos, músicas, 
capacidade para reter e recuperar direções, endereços e localizações. 
• Alto nível de pensamento: facilidade e rapidez para processar o pensamento, habilidade de 
raciocínio com utilização da lógica pura, percepção de soluções óbvias e ambivalência em 
informações ou comandos (por exemplo, em provas escolares). A curiosidade é a expressão 
mais concreta desse alto nível de pensamento e a fase dos “porquês” é uma constante entre 
indivíduos superdotados. 
• Vocabulário: habilidade para contra-argumentar pensamentos e ideias, utilização de um 
vocabulário estruturado não usual no meio em que vive. Ao iniciarem o processo de fala, já 
utilizam tempos verbais e concordância corretamente, bem como o plural. 
3.4. PCN’s 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN`s) - Adaptações Curriculares, 
Saberes e Práticas da Inclusão (BRASIL, 2004), publicada pela Secretaria de Educação 
Especial do Ministério da Educação, atribui os seguintes traços comuns aos superdotados: 
• Alto grau de curiosidade; 
• Boa memória; 
• Atenção concentrada; 
• Persistência; 
• Independência e autonomia; 
• Interesse por áreas e tópicos diversos; 
• Facilidade de aprendizagem; 
• Criatividade e imaginação; 
• Iniciativa; 
• Liderança; 
• Vocabulário avançado para sua idade cronológica; 
Capacitação em Altas Habilidades/Superdotação – Rompendo as Barreiras do Anonimato 
 
 
 
67 
• Riqueza de expressão verbal (elaboração e fluência de ideias); 
• Habilidades para considerar pontos de vistas de outras pessoas; 
• Facilidade para interagir com crianças mais velhas ou com adultos; 
• Habilidade para lidar com ideias abstratas; 
• Habilidade para perceber discrepâncias entre ideias e pontos de vista; 
• Interesse por livros e outras fontes de conhecimento; 
• Alto nível de energia; 
• Preferência por situações/objetos novos; 
• Senso de humor; 
• Originalidade para resolver problemas. 
 
4. Características emocionais e sociais de alunos com AH/SD 
Segundo alguns autores (NEIHART, REIS, ROBINSON & MOON, 2002; 
SILVERMAN, 1993) quando se trata de crianças superdotadas, um desenvolvimento 
cognitivo avançado não necessariamente implica desenvolvimento afetivo maduro. A relação 
entre cognição e emoção são assuntos discutidos na perspectiva da assincronia do 
desenvolvimento que os superdotados revelam. 
Segundo Alencar e Fleith (2003), quanto ao desenvolvimento afetivo do 
superdotado, o autoconceito deve ser destacado, ele diz respeito à imagem subjetiva que cada 
indivíduo possui de si mesmo e que passa a vida tentando manter e melhorar, está relacionado 
à autoestima e à ideia que o indivíduo tem de si mesmo. 
Quanto à afetividade, Sabatella (2005) enfatiza três características que se mostram 
mais frequentes (citados por OUROFINO; GUIMARÃES, 2007): 
• Humor: senso de humor aguçado, maduro e sofisticado. Gostam de piadas, uso de 
metáforas, jogos de palavras e rimas; 
• Preocupação: apreensão e inquietação em áreas que vão desde ecologia, relações sociais 
a habilidades intrapessoais e interpessoais; 
• Capricho: planejamento e organização geralmente não são atributos de alunos com altas 
AH/SD. A letra quase sempre ilegível e desfigurada é expressão dessa inabilidade. 
 
 
Capacitação em Altas Habilidades/Superdotação – Rompendo as Barreiras do Anonimato 
 
 
 
68 
Ainda quanto às características afetivas, Davis e Rimm (1994) chamam atenção 
para: 
• Dificuldades nos relacionamentos sociais; 
• Dificuldade em aceitar críticas; 
• Não conformismo e resistência a autoridades 
• Recusa em realizar tarefas rotineiras e repetitivas; 
• Excesso de competitividade; 
• Intensidade de emoções; 
• Preocupações éticas e estéticas; 
• Ansiedade; 
• Persistência; 
• Autoconsciência elevada. 
 
4.1. Reações comuns do indivíduo com AH/SD 
No intuito de evitar situações estressantes, muitas vezes o aluno com AH/SD se 
afasta de seu grupo social, e, as vezes, até mesmo de seu grupo familiar quando as exigências 
pela excelência e as expectativas de sucesso acabam por gerar conflitos insuportáveis para um 
indivíduo tão sensível, que “prefere” se afastar. Ourofino e Guimarães (2007) apresentam um 
conjunto de características que, esse modo peculiar de ser e estar no mundo, intensificado pela 
sensibilidade, curiosidade e assincronia de desenvolvimento, trazem: 
• Dificuldade de relacionamento com colegas de mesma idade que não 
compartilham dos mesmos interesses; 
• Perfeccionismo; 
• Vulnerabilidade a críticas dos outros e de si mesmo; 
• Problemas de conduta (por exemplo, indisciplina), especialmente durante a 
realização de tarefas pouco desafiadoras; 
• Grande empatia em relação ao outro como resultado de sua sensibilidade 
exacerbada; 
• Interesse por problemas filosóficos, morais, políticos e sociais; 
• Tédio em relação às atividades curriculares regulares; 
• Tendência a questionar regras. 
 
 
Capacitação em Altas Habilidades/Superdotação – Rompendo as Barreiras do Anonimato 
 
 
 
69 
As características mencionadas anteriormente não encerram problemas 
propriamente ditos, o que ocorre é que no processo de desenvolvimento do 
indivíduo e de acordo com o contexto social e experiências afetivas 
vivenciadas, as características que inicialmente têm um caráter positivo 
que qualificam a superdotação, podem sofrer uma ruptura e serem 
vivenciadas ou entendidas como uma manifestação problemática [grifo 
nosso] (OUROFINO; GUIMARÃES, 2007. p.49). 
 
Para Silverman (1993), o superdotado pode encontrar-se em risco psicossocial se 
estiver, ao mesmo tempo (citados por OUROFINO; GUIMARÃES, 2007): 
• Fora do estágio - ao lidar com conceitos e metas bem além do esperado para sua idade; 
• Fora de fase - ao se sentir alienado, distante do grupo de pares ou sem amigos com quem possa 
interagir; 
• Fora de sincronia – ao se sentir diferente e inadaptado ao seu contexto social. Por isso, é essencial 
que a escola promova as necessárias modificações ao atendimento das necessidades especiais da 
criança com AH/SD, oferecendo a ela o apoio necessário. 
4.2. Características da superdotação e possíveis problemas 
Ao contrário do que supõe o senso comum, ser superdotado não significa ter uma 
vida de sucesso garantido. De acordo com Saunders e Espeland (1991), alguns traços 
valorizados socialmente podem desencadear problemas comportamentais no dia-a-dia das 
relações de um aluno superdotado e seus contextos dedesenvolvimento, conforme descritos 
no quadro: 
(adaptado por ASPESI, 2007) 
 
Traços Admirados em Alunos com AH/S e Respectivos Problemas Comportamentais 
Associados 
TRAÇOS ADMIRADOS PROBLEMAS COMPORTAMENTAIS 
Proficiência verbal 
Fala em demasia sobre assuntos que seus pares não 
acompanham ou se interessam. 
Longos ciclos de atenção Hiperfoco de atenção, com muita resistência de interrupção. 
Aprendizagem rápida Negligência com o conteúdo acadêmico. 
Criatividade Fuga para a fantasia; rejeição à norma. 
Aprendizagem independente 
Inabilidade para aceitar ajuda; estabelecimento de padrões 
elevados e não razoáveis de desempenho. 
Pensamento crítico Atitude crítica em relação aos outros; perfeccionismo. 
Preferência por complexidade Resistência para soluções simples. 
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70 
Segundo Pardo e Fernández (2002, p. 126): 
 
� Perfeccionismo: expectativas pouco realistas e muitas horas de trabalho com baixa 
produtividade. 
� Hipersensibilidade do sistema nervoso: hiperatividade e distração que levam à déficits 
de atenção. 
� Iniciativa e autossuficiência: tendência em dominar as discussões e atividades. 
� Poder de concentração e comportamento dirigido para metas: resistência à 
interrupções e obstinação. 
� Avançadas estratégias de análise e resolução de problemas, percepção de relações 
complexas entre ideias e fatos: impaciência com os detalhes, resistência com a rotina. 
� Originalidade e criatividade: pensamento divergente, a percepção dos pares quanto a 
esses aspectos provoca a discriminação e sentimentos de inconformismo. 
� Aprendizagem eficiente, boa memória, extensa base de conhecimentos e capacidade 
de observação: desenvolvimento de hábitos improdutivos de trabalho, pouca dedicação e 
interesse pela busca de novas estratégias de resolução de problemas e baixo rendimento 
acadêmico. 
� Independência e inconformismo: repulsa por uma estrutura rígida de aula, rebeldia e 
oposição às pressões sociais dos adultos, incompreensão por parte de pais, educadores e pares. 
� Grande senso de humor: podem revelar-se indivíduos sarcásticos e ofender aos que os 
rodeiam. 
Saber reconhecer as características do aluno com AH/SD é fundamental para 
estabelecer estratégias de identificação e inclusão deles no atendimento educacional 
especializado, para a implementação de mecanismos que garantam a qualidade e continuidade 
de apoio aos alunos superdotados, por meio da capacitação de professores, adaptações 
curriculares significativas e a criação de novos espaços inclusivos que abarquem os mais 
variados estilos de aprendizagem (OUROFINO; GUIMARÃES, 2007). 
Capacitação em Altas Habilidades/Superdotação – Rompendo as Barreiras do Anonimato 
 
 
 
71 
4.3. Características de superdotação e suas implicações em sala de aula 
O Quadro A (Características - Implicações Negativas - Implicações Positivas) 
exibe as características comuns a serem observadas pelo professor em sala de aula e as 
implicações negativas e positivas advindas quando a elas [características] não estamos 
atentos. 
 
Quadro A: 
Características Implicações Negativas Implicações Positivas 
Habilidade Cognitiva 
Avançada 
Sente-se entediado com as 
tarefas acadêmicas 
curriculares. 
Aprende a ler mais cedo 
com melhor compreensão 
da linguagem. 
Curiosidade Intelectual Pode ser considerado exibido. Procura constantemente os 
“comos” e os “porquês”. 
Sensibilidade e 
Criatividade 
Apresenta não-conformismo. 
Capacidade percebida como 
comportamento disruptivo 
[que causa ruptura]. 
Tem habilidade para 
produzir muitas idéias e 
visualizar conseqüências. 
Intensa Motivação Envolve-se em muitas 
atividades. Ressente-se de ser 
interrompido. 
Exibe motivação intrínseca 
para aprender, explorar e é 
persistente. 
Grande Capacidade 
para Demonstrar 
Emoções 
É vulnerável a críticas feitas 
por outros e ele mesmo. Pode 
vivenciar sentimentos de 
rejeição e isolamento. 
Reage de forma intensa a 
questões morais e sociais. 
Tem empatia. 
Habilidade para 
Processar Informações 
Rapidamente 
Sente-se entediado com as 
tarefas acadêmicas 
curriculares. Não gosta de 
tarefas que envolvem 
reprodução do conhecimento. 
Adquire habilidades 
básicas de aprendizagem 
mais rapidamente e com 
menos prática. 
Preocupações Éticas e 
Estéticas em Tenra 
Idade 
Apresenta dificuldade de 
relacionamento com pares de 
mesma idade que não possuem 
os mesmos interesses. 
É cético, crítico e 
avaliador, rápido em 
detectar inconsistência e 
injustiça. 
Pensamento 
Independente 
Ressente-se da rotina. Parece 
ser rebelde. 
Tem grande prazer na 
atividade intelectual. 
Gosta de realizar tarefas 
de modos diferentes. 
Habilidade de Auto-
avaliação 
Busca a perfeição. Pode ser 
visto como compulsivo. 
Tem habilidade para 
integrar impulsos opostos 
como comportamento 
construtivo e destrutivo. 
(ALI, 2001). 
 
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5. Alguns mitos da superdotação 
Alguns mitos que fazem parte do senso comum e permeiam o fenômeno da 
superdotação dificultam a identificação desses sujeitos porque as expectativas depositadas 
neles são muito elevadas: 
 
� Todo superdotado é um gênio. 
� Todo superdotado tem o físico pouco desenvolvido, usa óculos, possui gostos eruditos. 
� A superdotação intelectual garantirá uma vida bem sucedida. 
� O superdotado sempre apresentará inteligência e habilidades acima da média em todas as 
fases da sua vida independente das condições ambientais a que estiver inserido. 
� Todo superdotado deverá apresentar resultados acima da média em tudo que fizer, deverá 
ter bom êxito em todas as disciplinas escolares. 
� Os familiares não devem ser comunicados que a criança tem superdotação. 
� Os superdotados não devem saber que possui habilidades superiores. 
� O superdotado sempre apresentará bom desempenho na escola. 
� A superdotação é um fenômeno que ocorre com pouquíssima frequência 
� O superdotado não necessita de educação especial. 
� QI alto é suficiente para determinar a superdotação. 
� Todo “criativo produtivo” possui menos inteligência que os “acadêmicos”. 
� Confusão entre superdotação e transtornos. 
� Pessoas com superdotação provêm de classes socioeconômicas privilegiadas. 
� Afirmar que a superdotação é somente inata ou somente um produto do ambiente social. 
 
 
Existem muitos mitos que permeiam a temática das AH/SD, um deles é acreditar 
que todo superdotado terá necessariamente sucesso profissional. Nem todos os alunos com 
AH/SD tornam-se adultos produtivos, muitos apresentam até mesmo um baixo desempenho. 
Neste sentido, é necessário salientar a importância de se propiciar um ambiente favorável ao 
desenvolvimento do aluno com AH/SD, a par de atender às suas necessidades educacionais. 
 
 
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73 
6. Assincronia 
A assincronia ou dissincronia é a uma característica apontada nos estudos sobre 
AH/SD. Dissincronia é um termo instituído pelo psicólogo francês Jean-Charles Terrassier 
(1979) que a classifica como interna e externa. Doravante, adotaremos o termo assincronia. A 
interna se refere à discrepância na sincronização dos ritmos de desenvolvimento afetivo, 
intelectual e motor do indivíduo; e a externa ocorre quando a falta de sincronicidade não 
ocorre somente internamente, mas pode ser percebida em relação ao meio em que ele vive. 
5.1. Assincronia interna 
À primeira vista, algumas crianças consideradas superdotadas/talentosas não nos 
parecem brilhantes, mas se destacam jogando bola, por exemplo. Outras têmraciocínio muito 
rápido, mas são lentas ao expressá-lo. Há aquelas que apresentam dificuldades na 
alfabetização, contudo são rápidas e fluentes em raciocínio lógico. Isso se dá devido à 
assincronia. Ela aparece quando alguma das capacidades humanas se desenvolve mais que 
outras (TERRASSIER, 1979). 
Terrassier (1979) distingue os seguintes tipos de assincronia: 
• Linguagem e Pensamento: ocorre quando a velocidade do pensamento é maior que a 
capacidade de articulação da fala. 
• Intelectual-psicomotora: acontece quando crianças talentosas possuem mais facilidade 
em aprender a ler do que a escrever. Acontece nos casos em que o intelecto da criança 
evolui mais rápido do que suas habilidades motoras, causando disparidade. 
• Afetivo-intelectual: dá-se quando a maturação cognitiva e a afetiva não seguem o mesmo 
ritmo em relação à “norma” prevista como ideal para o desenvolvimento. Pode ocorrer 
que a criança se utilize do seu domínio cognitivo para suprir ou disfarçar sua imaturidade 
emocional. Daí o cuidado que se deve ter quando se pensa em aceleração escolar. Em 
alguns casos é necessário que isso aconteça, todavia, deve-se levar em conta se o aluno 
possui condições de acompanhar a turma, apesar de intelectualmente nivelado. O 
acompanhamento psicopedagógico nesse caso é fundamental a fim de se avaliar a 
maturidade ou não da criança. 
 
 
 
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74 
Sabemos, no caso de crianças superdotadas, que o desenvolvimento cognitivo 
avançado não, necessariamente, implica desenvolvimento afetivo maduro (NEIHART, 2002; 
SILVERMAN, 1993). Às vezes, são pessoas que, mesmo adultas, desenvolveram seu 
potencial intelectual e/ou motor, mas com desenvolvimento emocional que parece não ter 
seguido no mesmo ritmo. Ou seja, exceto os raríssimos casos de pessoas com múltiplas 
capacidades, a assincronia significa que o sujeito possui uma habilidade predominante a qual 
se destaca das demais, no sentido positivo. Assim: a pessoa faz coisas de um modo muito 
melhor que o melhor que os outros fazem, e melhor que as outras coisas que ela mesma já fez. 
As pessoas com algum tipo de assincronia, caso não tenham um bom suporte ou orientação 
adequada, podem sofrer com seus sentimentos, pensamentos e ações afetados porque, muitas 
vezes, são incompreendidas. 
Linda Silverman (1993), em seu livro Counseling the gifted and talented 
(Aconselhando os superdotados e talentosos), exemplifica bem a assincronia quando 
apresenta o caso de Kate: 
Em termos de desenvolvimento cronológico, a idade talvez seja a 
informação mais irrelevante para se levar em consideração. Kate, com um QI 
de 170, tem 6 anos de idade, mas apresenta uma idade mental de 10 anos e 
meio... Como toda criança altamente superdotada, Kate é um amálgama de 
muitas idades desenvolvimentais. Ela talvez tenha seis anos quando anda de 
bicicleta, 13 quando joga xadrez ou toca piano, nove quando debate regras, 
oito quando escolhe seus hobbies e livros, cinco (ou três) quando exigem que 
fique quieta no lugar. Como se pode esperar que uma criança como esta 
tenha comportamentos adequados em uma sala de aula cujas normas foram 
feitas para crianças de seis anos? (SILVERMAN, 1993, p. 4-5). 
 
5.2. Assincronia interna e seus extremos 
Em alguns casos, além da assincronia a que nos 
referimos acima, ocorre a assincronia atingindo extremos: 
alguém com desempenho excepcional apesar de apresentar 
déficits de algumas funções. São os casos que denominamos 
como dupla excepcionalidade (já apresentado no capítulo 1). 
Isso quer dizer que uma pessoa pode ser surda, por exemplo, e 
muito inteligente e talentosa como Beethoven 
(TERRASSIER, 1979). 
 
Ludwig van Beethoven 
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75 
Importante considerar que muitos professores confundem a criança com 
Transtorno do Espectro Autista (TEA) com a criança com AH/SD pelo fato de a criança com 
TEA memorizar muitas informações. Entretanto, nem sempre ela tem compreensão acerca 
daquilo que memorizou. Por isso, não podemos considerar a memória, por si só, como 
sinônimo de superdotação. Isso não significa que uma criança com TEA não possa ser 
superdotada; para isso, outras características pertinentes à superdotação devem ser observadas 
nela e não somente a memorização de fatos, de datas e a facilidade que tem para o raciocínio 
lógico (TERRASSIER, 1979). 
Vejamos outro exemplo de dupla excepcionalidade. Caso de Adam Young – um 
cantor extremamente introvertido, muito talentoso e com excelente desempenho acadêmico. 
As letras de suas músicas têm um vasto vocabulário e nem todos as compreendem com 
facilidade. Todas as suas composições são produzidas em seu estúdio que fica no porão de sua 
casa, porque apresenta sérias dificuldades na área social. 
 
• Você poderá assistir ao vídeo do cantor Adam clicando no link abaixo, ou copiando o link 
para o navegador de sua preferência. 
<http://www.youtube.com/watch?v=psuRGfAaju4> 
 
• Você pode conhecer mais sobre a história dele em: 
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Adam_Young> 
 
Crianças superdotadas apresentam, em geral, sensibilidade bem aguçada. Isso é 
proveniente da acumulação de maior quantidade de informações e emoções. A dúvida é se 
elas possuem capacidade de processar ou não esses estímulos. O desenvolvimento emocional, 
como sabemos, tem origem em processos internos e externos que, para esse tipo de criança, 
são facilitados pela alta capacidade e excelente percepção que possuem. Elas utilizam alto 
grau de energia psíquica e, se não compatíveis com sua idade cronológica, algumas se 
apresentam ansiosas, frustradas ou resilientes (OUROFINO; GUIMARÃES, 2007). 
O indivíduo com AH/SD pode apresentar uma tendência a mascarar ou esconder 
suas potencialidades a fim de se ajustar às expectativas sociais. Esse mecanismo geralmente 
tem origem no processo de rejeição que enfrenta desde a infância com as primeiras 
manifestações de comportamentos superdotados. Por outro lado, o desenvolvimento afetivo 
adequado, que propicie respostas coerentes com a natureza da superdotação, implicará 
acréscimo em termos de desenvolvimento social (OUROFINO; GUIMARÃES, 2007). 
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5.3. Assincronia externa 
A assincronia externa pode ser observada quando um indivíduo com AH/SD 
necessita de condições adequadas em seu ambiente escolar, mas não as encontra no currículo, 
por exemplo. Sem atendimento especializado enfrentará muita dificuldade para ter acesso a 
conteúdos e a procedimentos mais abrangentes e com mais profundidade, condizentes com 
seus interesses. Por consequência, isso gera frustrações e problemas de ordem emocional e 
social (TERRASSIER, 1979). 
Esse indivíduo não agirá conforme sua idade cronológica, mas de acordo com sua 
idade mental, o que lhe acarretará cobranças por parte da sociedade que, geralmente, tende a 
enquadrar todos nós e, também, promoverá o distanciamento de colegas em sala de aula em 
virtude dos interesses dele serem bem diferenciados e, ainda, por causa dos traços de 
personalidade bem acentuados que, muitas vezes, geram conflitos levando-o a ser rejeitado 
por parte da maioria de seus colegas, gerando, assim, revolta e isolamento. Essas e outras 
situações similares podem ter repercussão negativa prejudicando o crescimento saudável e a 
inclusão desse indivíduo na sociedade (TERRASSIER, 1979). 
Caros cursistas, todos esses apontamentos nos alertam para as características 
pertinentes à alta habilidade quando não tão evidente. Como por exemplo, diagnosticar uma 
criança com TDAH como superdotado e vice-versa. Ao aumentarmos nosso saber, estaremos 
mais preparados para olhar nossos alunosde modo diferenciado, mais abertos às 
possibilidades que cada um traz consigo. 
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