Buscar

Vamos então conhecer sua evolução e a visão da linguista Emília Ferreiro

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Vamos então conhecer sua evolução e a visão da linguista Emília Ferreiro, que foi orientanda de Jean Piaget sobre a aquisição da língua escrita. Como aprendemos a ler e a escrever. Não é simples.
É comum leigos acreditarem que escrever e ler é “natural”. Quando alguma criança apresenta problemas na alfabetização, a reação comum é: “Como assim, é tão comum!”. Mas não é. Podemos entender que o processo de criação da escrita, e consequentemente da leitura, foi longo e demandou muitos anos e o estudo de muitos humanos. Não existem letras na natureza. Foi algo criado pelo ser humano para poder guardar suas descobertas, seu conhecimento. E é preciso aprender a ler e a escrever para viver em nossa sociedade e compreender suas complexas relações.
Ninguém sabe ao certo quando e como a língua falada teve seu início. As primeiras tentativas de explicação de sua origem são de natureza religiosa. Sempre numa linha filosófica.
O filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) supôs que a linguagem humana teria evoluído gradualmente, a partir da necessidade de exprimir os sentimentos, até formas mais complexas e abstratas. 
A língua escrita surgiu milhares de anos depois (4.500 a.C.), e a sua evolução possibilita fazer registros, o que permite um processo de acumulação dos saberes e a possibilidade de criação de novos conhecimentos a partir dos acervos já disponíveis. Foi um longo caminho até chegarmos à aprendizagem da escrita tal como hoje conhecemos.
A escrita tem origem no momento em que o homem aprende a comunicar seus pensamentos e sentimentos por meio de símbolos. Símbolos compreensíveis por outros homens que possuem ideias sobre como funciona esse sistema de comunicação.
Temos a A pintura ou o desenho que foram o registros antecedentes à escrita. Observando os desenhos e gravuras feitos em cavernas (arte rupestre) torna-se perceptível a importância da necessidade de transmissão de pensamentos e sentimentos até mesmo entre os povos mais primitivos, 
A descrição evoluiu para uma etapa de escrita mnemônica, ou representativa. 
Em seguida, na etapa logográfica, uma representação assume vários significados associados, expressando as ideias indiretamente, mas ainda sem ligação com a fala
Por volta de 3.500 a.C., os registros eram feitos por meio da escrita hieroglífica que podia ser utilizada em três vertentes: a sagrada (hieroglífica –do gregohiero= sagrado; ghiphein = escultura, gravação. Termo que literalmente significa “escrita sagrada”), a reservada normalmente aos sacerdotes (hierártica) e a destinada à redação de cartas (epistolográfica). No início esses registros eram pictográficos: forma de registro pelos quais ideias eram transmitidas por meio de desenhos.
Por uma necessidade social e econômica os sumérios mais tarde dão o passo decisivo para o princípio do desenvolvimento da escrita propriamente dita. Por volta de 3.100 a. Com isso, fazendo uso da escrita cuneiforme, criaram uma forma mais complexa de registro. O sistema pictográfico foi gradualmente se transformando em um conjunto de sinais silábicos e fonéticos, sendo aqui empregados diferentes sinais para tal representação.
Nessa etapa, os registros começam a vincular-se à língua oral. Com a introdução do sistema de fonetização, os signos começam a ter valores silábicos convencionais, e os registros escritos começam a ganhar outra dimensão.
Quanto ao alfabeto propriamente dito, existem contradições no que se refere a sua criação. foram os semíticos7 (povos que mantinham contato com o Egito e a Mesopotâmia. a tradição atribui aos fenícios a invenção do alfabeto, evidenciando que não é comprovado.
Segundo Barbosa (2013), foi com a Revolução Francesa (1789) que se iniciou a história da alfabetização como prática escolar. Mas a efetivação dessa associação só ocorreu quase que um século mais tarde, no período republicano francês, com a promulgação das leis fundamentais dos anos de 1880.
Psicolinguista argentina, Emília Ferreiro doutorou-se pela Universidade de Genebra, orientada por Jean Piaget. Inovou ao utilizar a teoria de investigação dos processos de aquisição e elaboração de conhecimento pela criança do mestre para investigar um campo que não tinha sido objeto de estudo piagetiano: a língua escrita.
Para Ferreiro (2007), existe um processo de aquisição da linguagem escrita que precede e excede os limites escolares. É um processo de autoconstrução no confronto e na interação da criança com o seu meio. O sujeito construir esse conhecimento se estiver em um meio social humano.
Mesmo antes de saber ler e escrever convencionalmente, a criança elabora hipóteses sobre o sistema de escrita. Essas hipóteses são construídas normalmente a partir dos 4 anos. E é de fundamental importância avaliar as crianças antes de determinar estratégias para sua alfabetização. 
A escrita infantil segue uma linha de evolução regular que pode ser dividida em períodos.
No primeiro período ocorre a distinção entre o desenhar e escrever, o que é de fundamental importância. Nesse período a criança sente a necessidade de diferenciar a escrita do desenho. Ao desenhar a criança está no domínio do icônico, fase na qual os grafismos reproduzem as formas dos objetos. Ou seja, a criança acha que escrever é desenhar os objetos, animais e as pessoas.
As primeiras escritas infantis parecem, do ponto de vista gráfico, como linhas onduladas ou quebradas (ziguezague), contínuas ou fragmentadas, ou então como uma série de elementos discretos repetidos (séries de linhas verticais, ou de bolinhas). A aparência gráfica não é garantia de escrita, a menos que se conheçam as condições de produção
Já no segundo nível, elas constroem dois princípios organizadores básicos que vão acompanhá-las por algum tempo durante o processo de alfabetização: o de que é preciso uma quantidade mínima de letras para que alguma coisa esteja escrita (em torno de três) e o de que haja uma variedade interna de caracteres para que se possa ler. Para escrever, a criança utiliza letras aleatórias (geralmente presentes em seu próprio nome) e sem uma quantidade definida.
O segundo período é um grande passo no processo de aquisição do código escrito e se dá quando surge a necessidade de diferenciar escrita de desenho e do próprio objeto, o que ocorre na hipótese pré-silábica. As crianças dedicam um grande esforço intelectual na construção de formas de diferenciação e os critérios utilizados são, inicialmente, intrafigurais e interfigurais. Os critérios intrafigurais consistem no estabelecimento das propriedades que uma palavra deve ter para poder ser interpretável.
Esses critérios se expressam sobre o eixo quantitativo, como a quantidade mínima de letras, geralmente três, para que se diga algo, e sobre o aspecto qualitativo, utilização de diferentes letras, pois se a escrita apresenta as mesmas letras, não é interpretável. Os critérios interfigurais consistem em buscar diferenciações entre as escritas produzidas. As condições intrafigurais se mantêm (utilizando os mesmos critérios sobre os eixos quantitativos e qualitativos), mas agora se faz necessário criar modos de diferenciação entre uma escrita e outra para garantir a diferença de interpretação. Ou seja, palavras diferentes devem ser escritas de forma diferente. O terceiro período é marcado pela atenção às propriedades sonoras do significante, o que antes não acontecia. A criança começa a perceber que a escrita não está relacionada ao objeto ou nome do objeto, mas à fala. Ou seja, ela começa a perceber que as partes da escrita (letras) correspondem às partes das palavras (sílabas). Inicia-se a hipótese silábica. Nessa hipótese a percepção da criança vai evoluindo a ponto de estabelecer vários critérios de diferenciação, tanto sobre o eixo quantitativo como sobre o eixo qualitativo.
Essa etapa também pode ser dividida em dois níveis: no primeiro, chamado silábico sem valor sonoro, ela representa cada sílaba por uma única letra qualquer, sem relação com os sons que ela representa. No segundo, o silábico com valor sonoro, há um avanço e cada sílaba é representadapor uma vogal ou consoante que expressa o seu som correspondente.
Quando a criança se depara com palavras monossílabas, por exemplo, ela percebe que com uma só letra, a escrita não é interpretável. Então se apropria de mais um segredo do código: se por um lado não basta uma letra por sílaba, por outro, não se pode duplicar o número de letras por sílaba, que ainda assim a escrita não seria interpretável. Observando que a escrita produzida pelos adultos sempre apresenta mais letras que a sua hipótese permite, busca critérios cada vez mais rigorosos para a compreensão do sistema de escrita, fazendo correspondência com o eixo qualitativo. Nesse enfoque, a criança percebe que as letras começam a adquirir valores sonoros relativamente estáveis, o que permite estabelecer correspondência das partes sonoras entre as palavras. Avançando nessa hipótese, a criança passa por um período de transição: ora escreve silabicamente, ora alfabeticamente, caracterizando, assim, a hipótese silábico-alfabética.
Ao avançar em suas hipóteses, a criança começa a estabelecer relação entre fonema e grafema. A criança avança de um patamar a outro, não abandonando a hipótese anterior, mas englobando e fazendo construções convergentes com avanço. A criança escreve e lê quando compreende as leis de composição interna do sistema de escrita e sua língua materna. Nesse momento ela formula a hipótese alfabética (Ribeiro, 2007). E ela estará alfabetizada quando finalmente compreender isso. Não importando se escreve ainda com erros ortográficos. Se ela escreve “caxorro”, ainda assim está alfabetizada, precisando somente ser orientada quanto às regras ortográficas.
A hipótese silábico-alfabética corresponde a um período de transição no qual a criança trabalha simultaneamente com duas hipóteses: a silábica e a alfabética. Ora ela escreve atribuindo a cada sílaba uma letra, ora representando as unidades sonoras menores, os fonemas. Quando a escrita representa cada fonema com uma letra, diz-se que a criança se encontra na hipótese alfabética. "Nesse estágio, os alunos ainda apresentam erros ortográficos, mas já conseguem entender a lógica do funcionamento do sistema de escrita alfabético"
Resumindo” as fases:
 • Pré-silábica
 • Silábica
• Silábica-alfabética 
• Alfabética

Outros materiais