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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO FACULDADE DE ENFERMAGEM NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS PROGRAMA DE ENSINO E PESQUISA EM EMERGÊNCIAS, AGRAVOS E VIOLÊNCIAS. Responsáveis: Willian Ribeiro; Laís Bezerra; Carolina Bezerra. VIAS AÉREAS A prevenção da hipoxemia requer uma via aérea segura e desobstruída associada à ventilação adequada devendo ser seu estabelecimento prioritário no paciente de trauma. É obrigatória a oferta de oxigênio suplementar a toda vítima de trauma. Para avaliação da permeabilidade da via aérea devem ser observados problemas envolvendo a sintomatologia, o trauma maxilofacial, cervical e laríngeo além de sinais objetivos de obstrução por corpos estranhos como secreção, pedaços de dentes e ossos. (retirado de: http://www.jped.com.br/conteudo/99-75-S168/port_print.htm) Durante a avaliação inicial da via aérea o fato do doente verbalizar constitui uma garantia momentânea de que a via aérea não está comprometida. Estimular o paciente a falar e conseguir uma resposta verbal adequada sugere não só que a via está pérvia, mas também preservação do estado neurológico, pois a ventilação e a perfusão estão adequadas. Assim como a incapacidade de responder ou respostas inapropriadas sugerem alterações do nível de consciência ou comprometimento das vias aérea/ventilação. É importante observar atentamente a vítima e reavaliá-la constantemente para que não ocorram mortes evitáveis decorrentes de vias aéreas obstruídas, mau estabelecimento de vias aéreas, deslocamento do dispositivo ou aspiração de secreções e conteúdo gástrico. A oximetría de pulso deve ser utilizada precocemente para esta avaliação. No estabelecimento da via aérea deve-se atentar para a possibilidade de vômito, presença de conteúdo gástrico na orofaringe, incorrendo risco de broncoaspiração. Nesta condição está indicado aspirar ao conteúdo da orofaringe imediatamente e colocar o paciente em decúbito lateral (decúbito lateral esquerdo se mulher grávida). A efetividade da ventilação e oxigenação deve ser continuamente avaliada, observando-se ausência/presença de cianose, expansibilidade torácica simétrica, tiragem costal na musculatura acessória, verificar se há ausculta de ambos hemotórax normal. TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO DE VIAS AÉREAS: Abertura de Vias Aéreas Elevação do Mento Os dedos de uma das mãos devem ser colocados sob a mandíbula, tracionando-a para cima, de modo que o queixo seja anteriorizado. O polegar da mesma mão afasta o lábio inferior, abrindo a boca. Enquanto a outra mão se posiciona na fronte da vitima evitando a movimentação da coluna cervical do paciente. Tração do Mento Colocando uma mão em cada ângulo da mandíbula desloque-a para frente e para baixo com os polegares. Com cuidado para não causar hiperextensão do pescoço. TÉCNICAS NÃO INVASIVAS A Ventilação Não-Invasiva (VNI) é definida como uma técnica de ventilação na qual não é empregado qualquer tipo de prótese traqueal, sendo a conexão entre o ventilador ou bolsa, direta a via aérea feita por meio de uma máscara que pode ser facial ou nasal. O conceito envolvido nesta modalidade consiste em alterar o princípio fisiológico da ventilação de pressão negativa para positiva. Na melhor das circunstâncias a ventilação boca-a-boca forneceria 16 a 17% de oxigênio, com a máxima tensão alveolar de oxigênio de 80 mm Hg. Enquanto que a concentração de oxigênio no ar ambiente é de 21%. Tipos de bolsas de ventilação (ressuscitadores manuais) Há dois tipos básicos de ventiladores manuais: o auto-inflável e o fluxo- dependente. As bolsas de ventilação utilizadas na ressuscitação devem ser auto-infláveis e devem estar disponíveis em tamanhos de infantis e adultos adequada. Os mecanismos bolsa-válvula-mascaras (MBVM) utilizados para ventilação de recém- nascidos, lactentes e crianças devem ter um volume mínimo de 450 a 500 ml. Independente do tamanho do MBVM tenha cuidado em utilizar apenas a força e o volume corrente necessários para promover uma visível expansibilidade torácica. Volumes de ventilação excessivos e pressões em vias aéreas podem comprometer o débito cardíaco por elevação da pressão intratorácica, e pela distensão dos alvéolos, aumentando a pós-carga sobre o coração direito. Adicionalmente, volumes excessivos podem distender o estômago, impedindo a ventilação e aumentando o risco de regurgitação e broncoaspiração. Idealmente, os MBVM usados para ressuscitação devem ou não ter a válvula de liberação de pressão ou ter válvula com dispositivo que permita utilizar pressões mais altas para obter expansão torácica visível, se necessário. Pressões mais altas podem ser necessárias durante a ventilação, com bolsa-máscara, de pacientes com obstrução de vias aéreas superiores ou inferiores ou baixa complacência pulmonar. Nesses pacientes, a válvula de liberação de pressão pode impedir a oferta de volume corrente suficiente. As bolsas auto-infláveis fornecem apenas o ar ambiente (21% de oxigênio) a menos que seja fornecido oxigênio suplementar. Com um fluxo de 10 L/min de oxigênio os dispositivos sem reservatório de oxigênio ofertam ao paciente de 30% a 80% de oxigênio. A concentração real de oxigênio ofertada é imprevisível porque ocorre entrada de quantidades variáveis de ar ambiente, dependendo do volume corrente e do pico de vazão inspiratória utilizado. Para fornecer concentrações consistentemente altas de oxigênio (60% a 95%), todos os MBVM devem ser equipados com reservatório de oxigênio. O fluxo de oxigênio de 10 a 15 L/min é necessário para manter o volume adequado de oxigênio no reservatório do ressuscitador manual pediátrico; esse deve ser considerado o fluxo de vazão mínima. Os MBVM maiores, usados para adultos, necessitam ao menos 15 L/min de oxigênio para garantir a oferta de concentrações de oxigênio maiores. Técnica de ventilação com bolsa-máscara Para fornecer ventilação com bolsa-máscara, abra as vias aéreas, fixe a máscara à face e oferte um volume corrente adequado. Para abrir as vias aéreas e ajustar a máscara à face na ausência de suspeita de trauma cervical, incline a cabeça para trás, enquanto 2 ou 3 dedos são posicionados sob o ângulo da mandíbula para trazê-la para cima e para frente, afastando a língua da faringe posterior. Ponha o polegar e o indicador em forma de "C" sobre a máscara e exerça uma pressão para baixo sobre a máscara, enquanto outros dedos mantêm a elevação da mandíbula para criar firme aderência. Essa técnica de abrir as vias aéreas e aderir a máscara à face é chamada de técnica de "Gancho E-C". O terceiro, quarto e quinto dedos (formando um E) são posicionados sobre o mento para levá-la para frente; então o polegar e o dedo indicador, (formando o C) seguram a máscara na face. Estando a máscara adequadamente aderida, a outra mão comprime a bolsa de ventilação até que o peito se eleve visivelmente. Ventilação com bolsa-máscara e duas pessoas Pode-se obter melhor qualidade de ventilação com bolsa-máscara utilizando-se duas pessoas, e essa técnica pode ser necessária quando há significativa obstrução de vias aéreas ou baixa complacência pulmonar. Um socorrista utiliza ambas as mãos para abrir a via aérea e manter a máscara fortemente aderida à face, enquanto o outro socorrista comprime a bolsa de ventilação. Ambos os socorristas devem observar o tórax para assegurarem-se da elevação do mesmo, a cada ventilação. TÉCNICAS DE VIA AÉREA SEMI-DEFINITIVAS Tubo orofaríngeo (Cânula de Guedel) Tubo Nasofaríngeo Máscara Laríngea Tubo Duplo Lúmen Tubo Laríngeo 1- Tubo Orofaríngeo (TO): O TO é introduzido na boca,por trás da língua. A técnica preferida é abaixar a língua com um abaixador e inserir o tubo oral posteriormente à língua. O tubo não deve empurrar a língua para trás para não obstruir a via aérea. Este dispositivo não deve ser usado no doente consciente, pois pode induzir ao engasgo, vômitos e aspiração. Uma técnica alternativa é introduzir o tubo orofaríngeo em posição invertida até encontrar o palato mole. Nesse momento, faz-se uma rotação de 180º empurrando o tubo para dentro por trás da língua. 2- Tubo Nasofaríngeo (TN): É um dispositivo flexível, como borracha (látex), que deve ser introduzido em uma das narinas e empurrado, com cuidado, para a orofaringe posterior. Deve ser bem lubrificado e, então, introduzido em uma narina que não esteja, aparentemente, obstruída. Pode ser utilizado em um doente que ainda tem o reflexo do vômito presente. Caso se encontre algum obstáculo durante a introdução do tubo, o procedimento deve ser interrompido. A introdução do tubo pode provocar hemorragia. 3- Máscara Laríngea (ML): Existe um papel estabelecido da ML no tratamento dos doentes com via aérea difícil, particularmente quando a intubação endotraqueal e a ventilação com máscara falhar. No entanto, a ML não fornece uma via aérea definitiva. Quando o doente chega a um hospital utilizando uma ML, deve-se providenciar uma via aérea definitiva. 4- Tubo Duplo Lúmen: É utilizado por algumas equipes do pré-hospitalar quando uma via aérea definitiva não é viável. Uma das vias comunica-se com o esôfago e a outra com a via aérea e profissional deve ventilar por uma das duas, dependendo da ausculta. Um detector de dióxido de carbono aumenta acurácia da utilização do tubo. No hospital deve ser trocado por uma bia aérea definitiva. 5 - Tubo Laríngeo (TL): Dispositivo extraglótico com capacidade de ventilação similar à máscara laríngea. O tubo é colocado sem a visualização da glote. É um tubo de lúmen único, com cuff distal e oral. Deve ser notado que o TL não protege contra a aspiração. TECNICA DE VIA AÉREA DEFINITIVA Intubação Orotraqueal 1. Certifique-se de que a ventilação e a oxigenação utilizadas são adequadas e que um aspirador está imediatamente disponível na eventualidade do doente (vítima) vomitar. Insuflar o balão do tudo endotraqueal para certifica-se que não vaza e, a seguir, esvazia-lo. Conectar a lâmina do laringoscópio ao cabo e verificar a intensidade da luz. Avaliar a dificuldade de intubação. 2. Um assistente deve imobilizar manualmente o pescoço e a cabeça. O pescoço do doente não deve ser hiperextendido nem hiperfletido durante este procedimento. Segure o laringoscópio com a mão esquerda. Inserir o laringoscópio do lado direito da boca, deslocando a língua para esquerda. Identificar visualmente a epiglote e, a seguir, as cordas vocais. 3. Inserir delicadamente o tubo endotraqueal na traqueia sem aplicar pressão sobre os dentes e as partes moles da boca. Insuflar o balão com o volume de ar suficiente para conseguir uma vedação adequada. Não hiperinsuflar o balão (risco de necrose tecidual). Conferir a posição do tubo endotraqueal ventilando com o balão. Observar visualmente os movimentos da caixa torácica durante a ventilação. 4. Auscultar o tórax e o abdome com o estetoscópio para conferir a posição do tubo. Fixar o tubo. No transporte o doente (vítima), a posição do tubo deve ser reavaliada. Se a intubação endotraqueal não for conseguida no prazo de alguns segundos, interromper as tentativas e ventilar o doente (vítima) com o balão e a máscara. A posição do tubo deve ser verificada cuidadosamente (utilização de radiografia). 5. Conectar um capnógrafo ao tubo endotraqueal, entre o adaptador e o dispositivo de ventilação para confirmar a posição do tudo na traqueia. Conectar um oxímetro de pulso, para medir e monitorar o nível de saturação. Referência Bibliográfica: Atendimento Pré-hospitalar ao Traumatizado. PHTLS. 7º Ed. Brasil Colégio Americano de Cirurgiões. Suporte Avançado de Vida no Trauma – ATLS. 8º.ed. Brasil, 2008. D'‘ ELIA, Cláudio; BARBOSA, Maria Clara de Magalhães. Abordagem na disfunção respiratória aguda. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, p. 168-176. fev. 1999 SCHETTINO, Guilherme P. P. et al . Ventilação mecânica não invasiva com pressão positiva. J. bras. pneumol., São Paulo , v. 33, supl. 2, July 2007 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806- 37132007000800004&lng=en&nrm=iso>.Access on 23 Mar. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S1806-37132007000800004. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (Brasil). Dispositivos para Vias Aéreas e Ventilação: Educação médica continuada. Disponível em: <http://www.sbp.com.br/show_item2.cfm?id_categoria=24&id_detalhe=560&ti po_detalhe=s>. Acesso em: 23 mar. 2014. .
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