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HABEAS CORPUS 1- Definição: “Tome o corpo deste detido e venha submetê-lo ao Tribunal”. É o instrumento processual, de natureza constitucional, que visa a proteger o direito de ir e vir. É concedido sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Quando há apenas ameaça a direito, o Habeas corpus é preventivo. 2- Natureza Jurídica: Ação Popular Constitucional. Não é instrumento privativo de advogado. 3- Origem Histórica: As raízes deste instituto remontam à Magna Carta de 1215 (Inglaterra - Rei João Sem Terra). “Nenhum homem livre será detido ou preso ou esbulhado, ou proscrito, ou exilado, ou de qualquer modo lesado; e não iremos contra ele, nem enviaremos alguém contra ele, sem o julgamento legal de seus pares, conforme lei da terra”.“A ninguém venderemos, a ninguém negaremos ou retardaremos o direito ou a justiça”. Enfim, é nascido no direito Inglês, sendo posteriormente levado à América do Norte e, mais à frente, introduzido na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. 4- Habeas Corpus no Brasil: - No Brasil, a Constituição do Império – 1824, não consagrou o instituto em seu corpo, relegando-o à legislação ordinária. Tinha disciplina, portanto, no artigo 340 do Código de Processo Criminal de 1832: “artigo 340 – Todo cidadão que entender que ele ou outrem sofre uma prisão ou constrangimento ilegal, em sua liberdade, tem direito de pedir uma ordem de Habeas Corpus em seu favor”. - Contudo, embora a Constituição de 1824 não tenha previsto o HC expressamente, ela continha dispositivos relativos à liberdade, no artigo 179: VIII. Ninguém poderá ser preso sem culpa formada, excepto nos casos declarados na Lei; e nestes dentro de vinte e quatro horas contadas da entrada na prisão, sendo em Cidades, Villas, ou outras Povoações próximas aos logares da residencia do Juiz; e nos logares remotos dentro de um prazo razoável, que a Lei marcará, attenta a extensão do territorio, o Juiz por uma Nota, por elle assignada, fará constar ao Réo o motivo da prisão, os nomes do seu accusador, e os das testemunhas, havendo-as”. *** Constitucionalmente falando, ele surgiu na Constituição Republicana de 1891, artigo 72, § 22: “Dar-se-á o habeas corpus, sempre que o indivíduo sofrer ou se achar em iminente perigo de sofrer violência ou coação por ilegalidade ou abuso de poder”. - A partir da Constituição de 1891, todas as demais trouxeram presente o HC. Com exceção do período de Ditadura Militar – 1964/1985, em quem pelo Ato Institucional nº: 5/1969 à Constituição de 1967, foram suprimidas todas as ações judiciais contra atos do governo militar. - Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 - Artigo 5º: LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; 5- Vedações Constitucionais ao Habeas Corpus: - Art. 142. Forças Armadas... § 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares. Contudo, podem ser revistos por meio de HC a legalidade dos atos disciplinares. Neste sentido, TRF 1ª Região: I - A Constituição Federal, expressamente, afasta o cabimento de habeas corpus contra a punição disciplinar militar (art. 142, § 2º), excluindo, da apreciação do Poder Judiciário, o mérito do ato administrativo punitivo (conveniência e oportunidade). Entretanto, é admitida a impetração do writ, para afastar vícios de legalidade, competência e forma do ato. II - Hipótese em que impetrante não logrou demonstrar que o processo administrativo disciplinar foi conduzido sem observância das normas regulamentadoras do procedimento ou com ofensa ao princípio do contraditório. (TRF-1 - REMESSA EX OFFICIO : REO 4758 PA 0004758-11.2011.4.01.3900). 6- Denominações das partes do HC: Writ = (Direito Inglês – Ordem - mandado) -Impetrante: É o autor da ação constitucional de HC – Independe de capacidade postulatória. -Paciente: Em favor de quem se impetra. -Impetrado: Contra quem se impetra, é a pessoa que comete a ilegalidade ou abuso de poder. OBS.: Pode ser concedido de ofício por Juízes, Desembargadores e Ministros de Tribunais Superiores. (O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, mandou soltar o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo. Em decisão desta quarta-feira (29/6/2016), Toffoli concedeu um Habeas Corpus de ofício por entender que houve “flagrante constrangimento ilegal” na ordem de prisão do ex-ministro, que não apresentou “motivação idônea” para decretar a preventiva) OBS.: HABEAS CORPUS É “IMPETRADO”.... Ação ordinária é ajuizada, Embargos são opostos, apelação é interposta... Pedidos são deferidos e não o processo ou ação são deferidos. 7- Habeas Corpus e suas formalidades: Formalidades: Mínimas, apenas é preciso identificar o impetrante, paciente e impetrado e apresentar a narrativa da coação ilegal à liberdade de locomoção. HABEAS CORPUS NO LENÇOL – Matéria Superior Tribunal de Justiça Quase uma lenda nos bancos de faculdades de Direito, a forma livre do habeas corpus é uma realidade no Poder Judiciário. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) recebeu seu primeiro habeas corpus em lençol. Você não leu errado: lençol, “cada uma das duas peças retangulares de tecido, geralmente leve, que se põem na cama, uma para isolar do colchão o corpo que dorme ou descansa e a outra para cobri-lo”, na definição do Houaiss. Foram dois pedidos, redigidos pelo próprio preso. Os dois habeas corpus foram digitalizados e passaram a tramitar como qualquer outro processo. “Eminências, escrevi esses HC em parte do lençol que durmo, representando minha carne rasgada e tantos sofrimentos”, afirma o preso. “Se há direito nessa minha petição e que acabe essa angústia” (sic), completa. O lençol foi trazido pela ouvidoria da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará, que o entregou à Ouvidoria do STJ no Encontro Nacional de Ouvidorias, realizado na última segunda-feira. O réu afirma ser vítima de perseguição, por impetrar habeas corpus em favor de outros presos. No seu caso, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) teria deixado de intimá-lo pessoalmente para o julgamento da apelação, para que não fosse cumprida ordem de soltura emitida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Afirma também não haver motivos para seguir preso provisoriamente e que deveria poder recorrer em liberdade. Os processos foram distribuídos por prevenção e serão julgados pela Sexta Turma. HC 295085 HC 295082 8- Legitimidade Ativa: - Qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem (pessoa), bem como o Ministério Público. - Pessoa nacional ou estrangeira, física ou jurídica (logicamente que em benefício de uma pessoa física), todos os indivíduos, seres humanos, podem impetrar HC. Em habeas corpus, tem legitimidade para figurar no polo ativo do writ qualquer pessoa que sofra ou se ache na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir. (TJ-ES - HC: 100080026949 ES 100080026949, Relator: SÉRGIO BIZZOTTO PESSOA DE MENDONÇA, Data de Julgamento: 04/02/2009, PRIMEIRA CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 04/03/2009) "A legitimidade para a impetração do habeas corpus é abrangente, estando habilitado qualquer cidadão. Legitimidade de integrante do Ministério Público, presentes o múnus do qual investido, a busca da prevalência da ordem jurídico- constitucional e, alfim, da verdade." (TJ-PR - HC: 4777160 PR 0477716-0, Relator: Eduardo Fagundes, Data de Julgamento: 03/04/2008, 5ª Câmara Criminal, Data de Publicação: DJ: 7597) 9- Legitimidade Passiva: -Contra todo aquele que cometer ilegalidade ou abuso de poder que venha a ameaçarou privar a liberdade do indivíduo. -Tanto contra órgãos públicos (pessoa física detentora do cargo), quanto contra pessoas físicas. 9.1. HC contra clínica de tratamento médico, em que se proíbe a saída de pacientes: HABEAS CORPUS - Ato de particular - Portadores de sofrimento mental - Abandono por parte da família - Questão que escapa ao âmbito do ""writ"" - A moderna ciência penal tem admitido o uso do ""habeas corpus"" contra ato de particular - Se portadores de sofrimento mental, com alta médica, continuam internados em clínicas especializadas por absoluto abandono dos familiares, não é o ""habeas corpus"" o meio hábil para se resolver o problema - Pedido não conhecido. (TJ-MG 1450857 MG 1.0000.00.145085-7/000(1), Relator: GUDESTEU BIBER, Data de Julgamento: 27/04/1999, Data de Publicação: 30/04/1999) 10. A favor de quem se pode impetrar um Habeas Corpus? Pode ser impetrado em favor de todo aquele que esteja na iminência ou se ache privado de sua locomoção em razão de ilegalidade ou abuso de poder. 10.1. E em favor de animais? Não. “Habeas Corpus em favor das macacas Lili e Megh”. O caso chega ao STJ, onde o relator, porém, não admite a possibilidade de estender aos símios a proteção constitucional. “Nos termos do artigo 5º, inciso LXVIII, da Constituição da República, é incabível a impetração de habeas corpus em favor de animais. A exegese do dispositivo é clara. Admite-se a concessão da ordem apenas para seres humanos”. CONTUDO, Chimpanzé ganha habeas corpus para deixar Argentina e viver no Brasil. Cecília, de 19 anos, vai se mudar para um santuário de grandes primatas na cidade de Sorocaba, em São Paulo; animal embarcou hoje – 04.04.2017. A Justiça argentina concedeu um habeas corpus para que uma chimpanzé pudesse deixar um zoológico na província de Mendoza, na Argentina. O animal, que se chama Cecília, já deixou o local e está a caminho do Brasil, onde passará a viver no Santuário de Grandes Primatas de Sorocaba, em São Paulo. É a primeira vez no mundo que um chimpanzé conquista o direito de usufruir de um instrumento jurídico, até então, dedicado exclusivamente aos humanos. Leia mais notícias em Brasil A ação judicial pela libertação de Cecília foi movida pela ONG argentina AFADA (Asociacion de Funcionarios y Abogados pelos Derechos de los Animales), sob o argumento de que ela é um sujeito de direito e não um objeto. A entidade alegou ainda que a chimpanzé era mantida no zoológico em um cativeiro com condições precárias. Cecília, que é a única sobrevivente de um grupo de quatro chimpanzés do zoo, também estava depressiva após a morte de seus companheiros Charly e Xuxa, em um curto intervalo de tempo. O animal deixou a província de Mendoza nesta terça-feira (4/4) e seguiu para Buenos Aires. Na manhã de quarta-feira (5/4), Cecília embarca para São Paulo, onde deve chegar por volta das 9h. Depois dos trâmites legais e a consequente liberação da entrada pelas autoridades brasileiras, ela segue para o Santuário de Grandes Primatas de Sorocaba, que é filiado ao Projeto GAP, um movimento internacional de proteção aos grandes primatas. No local, a chimpanzé de 19 anos deverá passar o resto da vida em liberdade, ao lado de 50 companheiros de espécie. "É uma conquista que buscávamos há anos e reconhece que a chimpanzé é um ser que tem direitos e eles precisam ser respeitados. [Os animais] não são objetos que podem estar em cárcere privado para divertimento dos humanos", avalia o secretário-geral do Projeto GAP e proprietário do santuário paulista, Pedro Alejandro Ynterian. Ele também destacou que outros processos parecidos tramitam nas justiças do Brasil, dos Estados Unidos e da Europa. Até agora, no entanto, nenhum obteve sucesso. "Este caso pode servir de exemplo não só para outros primatas, como também para elefantes, ursos, leões. Eles não são objetos. São animais que pensam e sentem e não podem ser submetidos a maus-tratos e condições precárias em zoológicos, circos ou até com criadores particulares", finaliza. Santuário Em funcionamento desde 2000, o Santuário de Grandes Primatas de Sorocaba abriga, atualmente, mais de 50 chimpanzés e 250 outros animais, entre felinos, ursos, pequenos primatas e aves. Os animais são cuidados por duas veterinárias e 20 tratadores. De acordo com o proprietário, Pedro Alejandro Ynterian, o local é o único santuário de grandes primatas na América Latina e um dos maiores do mundo, sendo considerado uma referência internacional. Por esse motivo, a Justiça argentina escolheu o espaço para receber Cecília depois que ela ganhasse a liberdade. 11. Objeto da Ação Constitucional de Habeas Corpus: -O objeto de tutela do Habeas Corpus é a Liberdade de Locomoção, direito de ir, vir e permanecer, cerceada por ato de ilegalidade ou abuso de poder. -Obs.: As coações são representadas, geralmente, por tramitação de inquéritos policiais ou ações penais ou prisões cautelares injustificadas. -Liberdade de Locomoção é um direito de primeira dimensão, com previsão no artigo 5º, da CRFB/88: XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal (princípio do Devido Processo Legal); LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania. 12. Exceções ao Direito de Locomoção: ==> Condenação Criminal e Medida cautelar penal de carácter pessoal (prisão); ==> Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas: I - obrigação de permanência em localidade determinada; ==> Estatuto do Estrangeiro – Lei nº: 6.815/1980 = Revogado pela Lei do Imigrante, Lei nº: 13.445/2017: Essa permite a prisão cautelar para extradição, a ser decretada pela autoridade judiciária competente. Art. 84. Em caso de urgência, o Estado interessado na extradição poderá, previamente ou conjuntamente com a formalização do pedido extradicional, requerer, por via diplomática ou por meio de autoridade central do Poder Executivo, prisão cautelar com o objetivo de assegurar a executoriedade da medida de extradição que, após exame da presença dos pressupostos formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, deverá representar à autoridade judicial competente, ouvido previamente o Ministério Público Federal. § 1o O pedido de prisão cautelar deverá conter informação sobre o crime cometido e deverá ser fundamentado, podendo ser apresentado por correio, fax, mensagem eletrônica ou qualquer outro meio que assegure a comunicação por escrito. § 2o O pedido de prisão cautelar poderá ser transmitido à autoridade competente para extradição no Brasil por meio de canal estabelecido com o ponto focal da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) no País, devidamente instruído com a documentação comprobatória da existência de ordem de prisão proferida por Estado estrangeiro, e, em caso de ausência de tratado, com a promessa de reciprocidade recebida por via diplomática. § 3o Efetivada a prisão do extraditando, o pedido de extradição será encaminhado à autoridade judiciária competente. § 4o Na ausência de disposição específica em tratado, o Estado estrangeiro deverá formalizar o pedido de extradição no prazo de 60 (sessenta) dias, contado da data em que tiver sido cientificado da prisão do extraditando. § 5o Caso o pedido de extradição não seja apresentado no prazo previsto no § 4o, o extraditando deverá ser posto em liberdade, não se admitindo novo pedido de prisão cautelar pelo mesmo fato sem que a extradição tenha sido devidamente requerida.§ 6o A prisão cautelar poderá ser prorrogada até o julgamento final da autoridade judiciária competente quanto à legalidade do pedido de extradição. ==> Pedágios- Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; ==> STF reconhece legalidade em custódia para averiguação- A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Habeas Corpus 107644, entendeu que a condução de suspeito até a presença da autoridade policial para ser inquirido sobre os fatos investigados, sem ordem judicial escrita e nem situação de flagrante delito, e ainda, mantê-lo custodiado na delegacia de polícia até a decretação de sua prisão temporária não é ilegal. PEDÁGIOS: COBRANÇA DE PEDÁGIO EM RODOVIAS FEDERAIS E ESTADUAIS. OFENSA AO DIREITO DE LIVRE LOCOMOÇÃO NÃO CONFIGURADA. 2. O fato de o pedágio estar previsto no art. 150, V, da Constituição Federal, como exceção à impossibilidade de se "estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou interestaduais", não implica necessariamente concluir que a sua natureza será sempre tributária. Se o pedágio de que trata o referido dispositivo constitucional, cuja cobrança tem como fato gerador a "utilização de vias conservadas pelo Poder Público", deve ser considerado tributo, o mesmo não ocorre se a sua cobrança tiver por base a prestação deste serviço por empresa concessionária ou permissionária, conforme autoriza o art. 175, da Constituição Federal. O parágrafo único deste último determina que a lei disporá, dentre outros pontos do regime de concessão e permissão de serviços públicos, sobre a "política tarifária" (inciso III).3. Quanto à alegação de violação ao direito de livre locomoção, previsto no art. 5º, XV, da Constituição Federal, e a exigência de via alternativa em que não haja a cobrança de pedágio, necessário se faz considerar a previsão do art. 150, V, o qual dispõe ser vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios "estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público". É que este dispositivo legitima a cobrança do pedágio, nada dispondo sobre a necessidade de haver uma via alternativa em que o trânsito seja gratuito. Precedentes do STJ. (TRF-4 - AC: 6468 PR 2000.70.00.006468-5, Relator: MARIA LÚCIA LUZ LEIRIA, Data de Julgamento: 08/07/2008, TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: D.E. 06/08/2008) 13. O que se entende por ato de ilegalidade ensejador do HC? A definição, não exaustiva dos atos de ilegalidade passíveis de Habeas Corpus, vem descrita no artigo 648 do Código de Processo Penal: Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando não houver justa causa; (prisão preventiva ou definitiva) II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; VI - quando o processo for manifestamente nulo; VII - quando extinta a punibilidade. 14. O que se entende por Abuso de Poder? -A doutrina trata o Abuso de Poder como sendo gênero do qual decorrem o Excesso de Poder e o Desvio de Finalidade. -No excesso de poder, o agente atua, geralmente, sem competência para determinar a medida, sendo que o ato praticado com abuso de poder se reveste de ilegal. -No desvio de poder, a autoridade age dentro dos limites da sua competência, mas o ato não atende os fins da medida. Em ambos os casos, o resultado é um ato ilegal. 14.1. São exemplos de atos com abuso de poder, os definidos no artigo 4º da Lei de Abuso de Autoridade: Lei nº: 4.898/65 – Lei do Abuso de Autoridade Art. 4º Constitui também abuso de autoridade (rol exemplificativo): a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder; b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa; d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada; e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei; f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor; g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa; h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal; i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade. 15. Espécies de Habeas Corpus: 15.1. Preventivo: previsto para as hipóteses em que alguém se achar ameaçado de sofre violência ou coação em sua liberdade de locomoção. Neste caso, deferida a ordem, a autoridade judiciária concederá um “salvo conduto”. Dispõe o Código Eleitoral – Lei nº: 4737/65 - Art. 236. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48 (quarenta e oito) horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto. § 1º Os membros das mesas receptoras e os fiscais de partido, durante o exercício de suas funções, não poderão ser detidos ou presos, salvo o caso de flagrante delito; da mesma garantia gozarão os candidatos desde 15 (quinze) dias antes da eleição. Passagem interessante: o Tribunal Regional Federal do Distrito Federal concedeu habeas-corpus preventivo para o ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA), que estava com prisão decretada, e era candidato na eleição, porém com medo de ser preso, impetrou a ordem, e o TRF concedeu o writ ao Ex-senador, 15 dias antes do pleito passou a fazer campanha política livremente, sem risco de prisão. *** Em janeiro de 2018, a defesa do ex-presidente Lula impetrou HC preventivo contra a possibilidade da prisão de 2º grau, por ofensa ao Princípio da Inocência – artigo 5º. LVII. Acompanhar. 15.2. Liberatório ou Repressivo: Nos casos em que a restrição à liberdade de locomoção, indevidamente, já ocorreu, e a medida é para cessar a violência ou coação. Geralmente, a ordem concedida será para trancar inquérito policial ou ação penal, e para fazer cessar medida cautelar de natureza penal (prisões). 15.3. Exemplo ordem de habeas corpus: PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS LIBERATÓRIO. HOMICÍDIO QUALIFICADO. FUNDAMENTAÇÃO INADEQUADA. ORDEM CONCEDIDA. LIBERDADE PROVISÓRIA CONFERIDA. 1. Embora demonstrada a materialidade do crime e os indícios suficientes de autoria, a decisão que decretou a prisão preventiva do paciente está despida de fundamentação em elementos concretos dos autos, não possuindo o condão de manter a prisão do mesmo. 3. Habeas Corpus concedido, com o conferimento ao paciente do benefício da liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atosprocessuais. (TJ-PE - HC: 3011149 PE , Relator: Roberto Ferreira Lins, Data de Julgamento: 21/05/2013, 1ª Câmara Criminal, Data de Publicação: 06/06/2013). 16. Competência Constitucional para Julgamento do Habeas Corpus: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores:(o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente) i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça : I - processar e julgar, originariamente: c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a" (Governadores dos Estados e do Distrito Federal, desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais) ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado; Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais : I - processar e julgar, originariamente: d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal; Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; ***Ação direta de inconstitucionalidade - Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu liminar, requerida em ação direta de inconstitucionalidade (ADI 3684), proposta pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza. A ADI questiona os incisos I, IV e IX do artigo 114 da Constituição Federal, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2002 (Reforma do Judiciário), por violação ao artigo 60, parágrafos 2º e 4º, inciso IV, e artigo 5º, caput e inciso LIII, também da Constituição. EMENTA: COMPETÊNCIA CRIMINAL. Justiça do Trabalho. Ações penais. Processo e julgamento. Jurisdição penal genérica. Inexistência. Interpretação conforme dada ao art. 114, incs. I, IV e IX, da CF, acrescidos pela EC nº 45/2004. Ação direta de inconstitucionalidade. Liminar deferida com efeito ex tunc. O disposto no art. 114, incs. I, IV e IX, da Constituição da República, acrescidos pela Emenda Constitucional nº 45, não atribui à Justiça do Trabalho competência para processar e julgar ações penais . ****Com relação ao HC na Justiça do Trabalho: Historicamente, pode-se afirmar que a garantia do habeas corpus ingressou no ordenamento brasileiro em 1824, quando a então Constituição, denominada Imperial, passou a contemplar o direito subjetivo à liberdade. A partir de então, tal garantia passou a constar de todas as Constituições do Brasil, sendo que, na vigente, encontra-se prevista no artigo 5º, LXVIII, que assegura a concessão de "habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder". Cumpre registrar que, no âmbito trabalhista, o estudo do cabimento do habeas corpus na Justiça do Trabalho encontra-se inevitavelmente atrelado à alteração da competência material implementada no artigo 114 da Constituição Federal, que foi ampliada com a promulgação da Emenda Constitucional nº 45/2004. Até a edição da referida emenda constitucional, é certo que existia, no âmbito jurisprudencial, forte divergência acerca da competência, ou não, da Justiça do Trabalho para processar e julgar habeas corpus, ainda que a autoridade coatora fosse um juiz ou um Tribunal do Trabalho. À época, o debate girava em torno do cabimento do habeas corpus para as hipóteses de depositário infiel, já que era pacífica a incompetência do ramo trabalhista para a análise de questões criminais. Registre-se que o STF e o STJ eram uníssonos pelo reconhecimento dessa incompetência. Essa controvérsia, todavia, restou superada pela referida ampliação que atribuiu a esta Justiça Especializada expressa competência para a apreciação de habeas corpus em matéria trabalhista. Assim, após a modificação implementada na atual Constituição Federal, verifico na jurisprudência desta Colenda Corte que essa espécie de ação constitucional tem sido predominantemente utilizada para impugnar decisão que determina a prisão civil de depositário infiel. Entendo, contudo, que o cabimento de habeas corpus na Justiça do Trabalho não pode estar restrito às hipóteses em que haja cerceio da liberdade de locomoção do depositário infiel, pois, deste modo, estar-se-ia promovendo o esvaziamento da norma constitucional, face ao reconhecimento da inconstitucionalidade em relação a essa modalidade de prisão civil. Dessarte, implica reconhecer que o alcance atual do habeas corpus há de ser estendido para abarcar a ilegalidade ou abuso de poder praticado em face de uma relação de trabalho. Vale dizer: pode ser impetrado contra atos e decisões de juízes, atos de empregadores, de auditores fiscais do trabalho, ou mesmo de terceiros. Assim, a interpretação a ser conferida à Constituição Federal não pode ser literal ou gramatical, no sentido de se entender cabível o habeas corpus apenas quando violado o direito à locomoção em seu sentido físico de ir, vir ou ficar. Ao contrário, deve-se ampliar tal entendimento para assegurar a utilização de tal ação constitucional com vistas à proteção da autonomia da vontade contra ilegalidade ou abuso de poder perpetrado, seja pela autoridade judiciária, seja pelas partes da relação de trabalho. Há que se assegurar o livre exercício do trabalho, direito fundamental resguardado pelos artigos 1º, IV, 5º, XIII, 6º e 7º da Constituição Federal, bem como a dignidade da pessoa humana. Nessa linha, destaco o entendimento do Exmo. Ministro César Peluso, no julgamento da ADI nº 3.684/DF, que, ao discorrer sobre o cabimento de habeas corpus, destacou que "esse remédio constitucional pode, como sabe toda a gente, voltar-se contra atos e omissões praticados no curso de processos e até procedimentos de qualquer natureza, e não apenas no bojo de investigações, inquéritos e ações penais". Colho do Supremo Tribunal Federal o seguinte precedente que, nos idos de 1968, já admitia o cabimento de habeas corpus para abarcar outras hipóteses que não apenas o direito de locomoção do paciente: "INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 48, DO DL 314, DE 1967 (LEI DE SEGURANÇA). O HABEAS CORPUS E MEIO IDONEO PARA ANULAR DESPACHO DO JUIZ QUE APLICA NO CURSO DO PROCESSO, MEDIDA ADMINISTRATIVA QUE CORRESPONDE A SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DE DIREITOS DA PROFISSAO E DO EMPREGO EM EMPRESA PRIVADA. A MEDIDA PREVENTIVA CORRESPONDE A UMA PENA ACESSORIA. A SUA APLICAÇÃO DEPENDE DE CONDENAÇÃO EM PRECEITO QUE INCLUA TAMBÉM A APLICAÇÃO DE PENA ACESSORIA. A INCONSTITUCIONALIDADE E DECRETADA POR FERIR OS ARTS. 150 CAPUTE 150 PAR. 35, DA CONSTITUIÇÃO PORQUE AS MEDIDAS PREVENTIVAS QUE IMPORTAM NA SUSPENSÃO DE DIREITOS, AO EXERCICIOS DAS PROFISSÕES E O EMPREGO EM EMPRESAS PRIVADAS, TIRA AO INDIVIDUO AS CONDIÇÕES PARA PROVER A VIDA E SUBSISTENCIA. O PAR. 35, DO ART. 150, DA CONSTITUIÇÃO DE 1967, COMPREENDE TODOS OS DIREITOS NÃO ENUMERADOS, MAS QUE ESTAO VINCULADOS AS LIBERDADES, AO REGIME DE DIREITO E AS INSTITUIÇÕES POLITICAS CRIADAS PELA CONSTITUIÇÃO. A INCONSTITUCIONALIDADE NÃO ATINGE AS RESTRIÇÕES AO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO PÚBLICA PORQUE A LEGISLAÇÃO VIGENTE SOBRE FUNCIONÁRIOS PUBLICOS, APLICAVEL A ESPÉCIE, ASSEGURA UMA PARTE DOS VENCIMENTOS DOS FUNCIONÁRIOS ATINGIDOS PELO ART. 48, DO REFERIDO DECRETO LEI. A INCONSTITUCIONALIDADE SE ESTENDE AOS PARAGRAFOS DO ART. 48, PORQUE ESTES SE REFEREM A EXECUÇÃO DAS NORMAS PREVISTAS NO ARTIGO E CONSIDERADAS INCONSTITUCIONAIS" (HC 45232, Relator: Min. THEMISTOCLES CAVALCANTI, TRIBUNAL PLENO, julgado em 21/02/1968, DJ 17-06-1968 PP-02228 EMENT VOL-00721-02 PP- 00792 RTJ VOL-00044-03 PP-00322). Por sua vez, Rui Barbosa já defendia a extensão do cabimento do presente writ em hipóteses que envolvessem a restrição de direitos fundamentais. Confira-se o seguinte trecho extraído da obra Ações Constitucionais, Fredie Didier Jr., 5ª Ed., Salvador: Juspodium, 2011: "A amplitude do dispositivo deu azo à construção de doutrina, da qual Rui Barbosa foi o principal expoente, que conferia ao writ um espectro de abrangência que ultrapassava a tutela da liberdade de locomoção. Conquanto não se desconhecesse que o uso do habeas corpus, historicamente, sempre se destinara á salvaguarda da liberdade de ir, ficar e vir, a inexistência de remédio célere e eficiente apto a precatar outros direitos (como os políticos, de expressão, de reunião, já consagrados constitucionalmente) impulsionou o manejo do habeas corpus em defesa destes. Para Rui Barbosa, ao texto constitucional abrangia as eventualidades de constrangimento arbitrário aos direitos individuais." Assim, em cognição sumária, admito o habeas corpus em questão, passando à análise do pedido liminar. Discute-se, no presente writ, a restrição indevida ao direito fundamental de locomoção do paciente – OSCAR DOS SANTOS EMBOABA JÚNIOR - em virtude de decisão judicial proferida pela 16ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, que julgou improcedente o pedido de reconhecimento de rescisão indireta e restabeleceu o vínculo desportivo com o SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE. Com efeito, a obrigatoriedade da prestação de serviços a determinado empregador nos remete aos tempos de escravidão e servidão, épocas incompatíveis com a existência do Direito do Trabalho, nas quais não havia a subordinação jurídica daquele que trabalhava, mas sim a sua sujeição pessoal. Ora, a liberdade, em suas variadas dimensões, é elemento indispensável ao Direito do Trabalho, bem como "a existência do trabalho livre (isto é, juridicamente livre, é pressuposto histórico-material do surgimento do trabalho subordinado (e via de consequência, da relação empregatícia)" (DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo : LTr, 2003, p.84.). No presente caso, não há dúvidas que o paciente – OSCAR DOS SANTOS EMBOABA JÚNIOR – considerou insustentável, no momento em que se desligou do SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE, a manutenção da relação de emprego então existente, pelos diversos motivos que alegou na petição inicial de sua Reclamação Trabalhista nº 2770.2009.040.002.00.1, os quais, a seu ver, configurariam a rescisão indireta do seu contrato de trabalho. A existência ou não desses motivos, bem como a gravidade deles, a dar ensejo à rescisão indireta do contrato de trabalho, é matéria afeta ao processo ainda em trâmite perante o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, sobre o qual não cabe manifestação judicial em sede do presente writ. É patente, todavia, que a decisão judicial transitada em julgado nessa reclamação trabalhista, quer procedente, quer improcedente, jamais poderá impor ao trabalhador o dever de empregar sua mão de obra a empregador ou em local que não deseje, sob pena de grave ofensa aos princípios da liberdade e da dignidade da pessoa humana e da autonomia da vontade, em torno dos quais é construído todo o ordenamento jurídico pátrio. Ademais, o prévio afastamento do empregado em caso de alegação de rescisão indireta configura exercício regular de um direito a ele garantido pela norma jurídica, ao passo que, eventual improcedência do seu pleito não acarreta o seu retorno ao antigo trabalho, mas dá ensejo, apenas, às consequências previstas em lei, quais sejam, a absolvição do empregador da falta a ele imputada e a conversão da rescisão indireta em pedido de demissão, com as respectivas consequências pecuniárias. Logo, a determinação judicial de restabelecimento de vínculo desportivo – acessório ao vínculo de emprego - proferida em reclamação trabalhista ajuizada pelo trabalhador em face de suposta rescisão indireta, além de afrontar os princípios basilares do nosso Direito, mostra-se totalmente incongruente, na medida em que agrava a situação jurídica daquele que submeteu sua demanda ao Poder Judiciário e excede os limites da lide, impondo comando judicial incompatível com a pretensão inicial. Note-se, nesse sentido, que, de acordo com a sentença prolatada na reclamação trabalhista retromencionada, não houve reconvenção por parte do empregador SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE a justificar, em tese, esse tipo de determinação. Desse modo, a possibilidade do empregado rescindir unilateralmente o seu contrato de trabalho, independentemente da configuração de justa causa do empregador, decorre da autonomia da vontade e de sua liberdade fundamental de escolha, não podendo ser tolhida sequer por decisão judicial. Em contrapartida, em virtude da natureza sinalagmática de qualquer relação de trabalho, submete-se o trabalhador que denuncia o contrato de trabalho à respectiva cominação prevista em lei, que, no caso específico do paciente, está disciplinada no artigo 28, § 3º, da Lei nº 9.615/98, o qual estipula o pagamento de cláusula penal livremente acordada pelas partes para as hipóteses de descumprimento, rompimento ou rescisão unilateral do contrato de trabalho do atleta profissional. Noto, nesse ponto, que o próprio caput do artigo 28 da Lei nº 9.615/98, ao prever a pactuação de cláusula penal para hipóteses de rescisão unilateral do contrato de trabalho, autoriza ao atleta profissional se desligar da entidade desportiva a que vinculado mediante a contraprestação pecuniária previamente acordada. Acrescento que a cláusula penal é uma compensação pecuniária pela rescisão unilateral do contrato e não uma condição essencial para tanto, sob pena de inviabilizar o distrato nos casos em que fixada em valores elevados, tolhendo do empregado de suas liberdades fundamentais enquanto vigente o contrato de trabalho. Logo, rescindido unilateralmente pelo atleta profissional o contrato de trabalho, surge, para ele, a obrigação de pagar a respectiva cláusula penal, somente. O inadimplemento desta obrigação de pagar, por sua vez, não autoriza à entidade desportiva prejudicada cobrar do devedor a prestação pessoal de serviços. Dito isso, tenho, em primeira análise, que a decisão judicial que determina o restabelecimento obrigatório do vínculo desportivo com o SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE, em contrariedade à vontade do trabalhador, cerceia o seu direito fundamental de exercício da profissão, razão pela qual concedo a liminar em habeas corpus para autorizar o paciente a exercer livremente a sua profissão, participando de jogos e treinamentos em qualquer localidade e para qualquer empregador, conforme sua livre escolha. Extraia-se cópia ao paciente desta concessão liminar. Comunique-se à 16ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, com urgência, para que preste as informaçõesdevidas. Determino a retificação da autuação e demais registros processuais, a fim de que conste como autoridade coatora os Desembargadores da 16ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. Publique-se. 16. Erros na impetração de habeas corpus: 1. Habeas xerox (STJ, 5ª Turma, HC 111.561-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 1º/03/2011), aquele instituído no inciso 452 do artigo 5º da Constituição para assegurar o direito de extração de cópia dos autos. A defesa pretendia obter cópias gratuitas do processo criminal. O writ não foi conhecido porque não se tratava de hipótese de ameaça ou ofensa ao direito de locomoção nos termos permitidos pelos arts. 5º, LXVIII, da CF/1988 e o 647 do CPP. 2. HC para assegurar direito de visita. É o HC ao contrário. Para entrar no presídio! O juiz da execução, em nome da doutrina da proteção integral, havia impedido o ingresso dos filhos do recluso no sistema prisional, durante as visitas. O caso chegou ao STF. Eis a decisão: “É cabível habeas corpus para apreciar toda e qualquer medida que possa, em tese, acarretar constrangimento à liberdade de locomoção ou, ainda, agravar as restrições a esse direito.” (STF, 2ª Turma, HC 107.701/RS, rel. Gilmar Mendes, j. 13/09/2011). Não seria o caso de um MS? 3. HC para incluir réu na denúncia! A defesa pretendia a inclusão de um terceiro no polo passivo da ação penal por estelionato. O TJ/SP denegou a ordem. O caso chegou à Suprema Corte (STF, 1ª Turma, HC 108.175/SP, rel. Cármen Lúcia, j. em 20/09/2011), que assim decidiu: “Como também assentado nas instâncias antecedentes, não é cabível habeas corpus contra autoridade judiciária no intuito de inclusão de terceiro no polo passivo de ação penal, pois compete ao Ministério Público, na condição de dominus litis, formar a opinio delicti e decidir quem denunciar em caso de ação penal pública”. 4. Habeas carrus ou habeas carrum. O paciente foi ao tribunal pedir uma ordem para liberar seu automóvel, um Monza Classic 1987. O HC não foi conhecido. Disse a Corte estadual: “Usada a via eleita, para liberar veículo, configurou-se inconcebível erro crasso”. Tenho para mim que a impetrante devia ter tomado uma multa por litigância de má-fé e outra por barbeiragem e atropelamento da Constituição, com suspensão da carteira da Ordem por 10 anos (TJ/RS, 8ª Câmara Criminal, HC 70015313968, rel. des. Luís Carlos Ávila de Carvalho Leite, j. em 17/05/2006). 5. HC preventivo para impedir a submissão do paciente motorista à realização de bafômetro (STJ, 5ª Turma, HC 140.861/SP, rel. Arnaldo Esteves Lima, j. Em 13/04/2010). A tese: se um dia eu for pego conduzindo meu veículo sob efeito de álcool, não gostaria de passar pelo etilômetro. É quase uma licença para dirigir embriagado. O habeas “copus” foi denegado. 6. Réu definitivamente condenado por latrocínio, propôs revisão criminal. Não teve êxito. O que fez? Impetrou um HC, ora (STJ, 5ª Turma, HC 223.660/MG, rel. Gilson Dipp, j. em 26/06/2012). O devido processo legal não é o bastante. Constou da ementa que “a defesa esgotou todos os meios ordinários e extraordinários para discussão da condenação, tendo oferecido apelação, recursos especial e extraordinários, agravo de instrumento contra a inadmissão na origem, e revisão criminal contra a sentença”. Mais do que isto, só reclamando ao bispo. 7. O habeas corpus para soltar um chimpanzé. O primeiro foi proposto na Bahia em 2005, para libertar “Suíça” presa no Jardim Zoobotânico de Salvador; e o segundo impetrado no TJ/RJ em favor de “Jimmy” enjaulado no zoo de Niterói (TJ/RJ, 2ª Câmara Criminal, HC 2637-70.2010.8.19.0000, rel. José Muiños Piñeiro Filho, j. em 05/11/2010). Nenhum dos dois foi conhecido. 8. Guardas Municipais impetrarem um HC para obter porte de arma (STJ, 5ª Turma, HC 145.107/SP, rel. Adilson Macabu, j. Em 20/03/2012). Foi no Estado de São Paulo. É o “habeas revolver”. Não foi conhecido. 9. Habeas Visita Íntima. Concedeu um habeas corpus, à esposa do Sr. Cachoeira para assegurar-lhe o direito de visita íntima, no presídio da Papuda, em Brasília. Recuso-me a apelidar esse HC (TRF-1, 3ª Turma, HC 53.885- 41.2012.4.01.000/GO, j. em 17/09/2012). 10. HC para a liberação de passaporte apreendido. distribuído à 1ª Turma do STF e julgado em 12/04/2011. Nele, o paciente queria liberar o seu passaporte que havia sido apreendido por ordem judicial. O ministro Luiz Fux indeferiu a ordem. Claro! 11. Habeas Inscricionis (STF, 2ª Turma, HC 109.327/RJ, rel. Celso de Mello, d. Em 04/08/2011). O bacharel aprendeu direitinho. De tanto ver os advogados impetrarem habeas corpus para tudo e qualquer coisa, resolveu impetrar um para obter sua carteira da OAB, sem fazer o Exame de Ordem. O min. Celso de Mello, em decisão monocrática, mandou o rapaz estudar mais. ## HABEAS CORPUS COLETIVO – 20.02.2018 (retirado do site do STF em 21.02.2018) A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, na sessão desta terça-feira (20), por maioria de votos, conceder Habeas Corpus (HC 143641) coletivo para determinar a substituição da prisão preventiva por domiciliar de mulheres presas, em todo o território nacional, que sejam gestantes ou mães de crianças de até 12 anos ou de pessoas com deficiência, sem prejuízo da aplicação das medidas alternativas previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal (CPP). A decisão será comunicada aos presidentes dos tribunais estaduais e federais, inclusive da Justiça Militar estadual e federal, para que, no prazo de 60 dias, sejam analisadas e implementadas de modo integral as determinações fixadas pela Turma. Para o Coletivo de Advogados em Direitos Humanos, impetrante do habeas corpus, a prisão preventiva, ao confinar mulheres grávidas em estabelecimentos prisionais precários, tira delas o acesso a programas de saúde pré-natal, assistência regular na gestação e no pós-parto, e ainda priva as crianças de condições adequadas ao seu desenvolvimento, constituindo-se em tratamento desumano, cruel e degradante, que infringe os postulados constitucionais relacionados à individualização da pena, à vedação de penas cruéis e, ainda, ao respeito à integridade física e moral da presa. Sustentações: O defensor público-geral federal citou precedentes do STF e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para defender, da tribuna, o cabimento de habeas corpus coletivo. Quanto ao mérito, destacou que “não é preciso muita imaginação” para perceber os impactos do cárcere em recém-nascidos e em suas mães: a criança nascida ou criada em presídios fica afastada da vida regular. Advogadas do Coletivo de Advogados em Direitos Humanos defenderam também o cabimento do habeas coletivo, afirmando que apenas um instrumento com esta natureza pode fazer frente a violências que se tornaram coletivizadas. Para elas, trata-se do caso mais emblemático de violência prisional com violação aos direitos humanos. Também se manifestaram durante a sessão defensores públicos de São Paulo e do Rio de Janeiro e representantes da Pastoral Carcerária, do Instituto Alana, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva e do Instituto de Defesa do Direito de Defesa. Cabimento Inicialmente, os ministros da Segunda Turma discutiram o cabimento do HC coletivo. Para o relator, ministro Ricardo Lewandowski, o habeas corpus, como foi apresentado, na dimensão coletiva, é cabível. Segundo ele, trata-se da única solução viável para garantir acesso à Justiça de grupos sociais mais vulneráveis. De acordo com o ministro, o habeas corpus coletivo deve ser aceito, principalmente, porque tem por objetivo salvaguardar um dos mais preciosos bens do ser humano, que é a liberdade. Ele lembrou ainda que, na sociedade contemporânea, muitos abusos assumemcaráter coletivo. Lewandowski citou processo julgado pela Corte Suprema argentina, que, em caso envolvendo pessoas presas em situação insalubre, reconheceu o cabimento de habeas coletivo. O mesmo ocorreu com o Superior Tribunal de Justiça (STJ), que, em situação envolvendo presos colocados em contêineres, transformou um HC individual em corpus coletivo. Já o ministro Dias Toffoli citou, entre outros argumentos, os incisos LXVIII, LXIX e LXX do artigo 5º da Constituição Federal, que afirmam o cabimento de mandado de segurança quando não couber habeas corpus. Assim como o MS pode ser coletivo, ele entende que o HC também pode ter esse caráter. Contudo, o ministro conheceu em parte do HC, por entender que não se pode dar trâmite a impetrações contra decisões de primeira e segunda instâncias, só devendo analisar os pleitos que já passaram pelo STJ. Nos demais casos, contudo, o STF pode conceder ordens de ofício, se assim o entender, explicou o ministro. Para o ministro Gilmar Mendes, do ponto de vista constitucional, é preciso ser bastante compreensivo no tocante à construção do HC como instrumento processual. O habeas, segundo o ministro, é a garantia básica que deu origem a todo o manancial do processo constitucional. O caso em julgamento, frisou, é bastante singularizado e necessita de coletivização. O decano da Corte, ministro Celso de Mello, defendeu que se devem aceitar adequações a novas exigências e necessidades resultantes dos processos sociais econômicos e políticos, de modo a viabilizar a adaptação do corpo da Constituição a nova conformação surgida em dado momento histórico. O presidente da Turma, ministro Edson Fachin, concordou com os argumentos apresentados pelos demais ministros quanto à elasticidade da compreensão que permite a impetração de habeas corpus coletivo. Contudo, acompanhou o ministro Dias Toffoli quanto à abrangência do conhecimento, que não atinge decisões de primeira e segunda instâncias. Mérito Quanto ao mérito do habeas corpus, o relator ressaltou que a situação degradante dos presídios brasileiros já foi discutida pelo STF no julgamento da medida cautelar na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 347. Nesse ponto, lembrou o entendimento jurídico segundo o qual fatos notórios independem de provas. A pergunta em debate reside em saber se há, de fato, deficiência estrutural no sistema prisional que faça com que mães e crianças estejam experimentando situações degradantes, privadas de cuidados médicos. E a resposta, de acordo com o relator, é afirmativa. Ele citou novamente o julgamento da ADPF 347, quando o STF reconheceu o estado de coisas inconstitucional no sistema prisional brasileiro. O relator citou dados do Infopen (Levantamento de Informações Penitenciárias) que demonstram que as mulheres presas passam por situações de privação. Para o ministro, é preciso tornar concreto o que a Constituição Federal determina, como o disposto no artigo 5º, inciso XLV, que diz que nenhuma pena passará para terceiro. E, para o ministro Lewandowski, a situação em debate leva a que se passe a pena da mãe para os filhos. O ministro revelou que seu voto traz narrativas absolutamente chocantes do que acontece nas prisões brasileiras com mulheres e mães, que demonstram um descumprimento sistemático de normas constitucionais quanto ao direito das presas e seus filhos. Não restam dúvidas de que cabe ao Supremo concretizar ordem judicial penal para minimizar esse quadro, salientou. Além disso, o ministro lembrou que os cuidados com a mulher presa se direcionam também a seus filhos. E a situação em análise no HC 143641 viola o artigo 227 da Constituição, que estabelece prioridade absoluta na proteção às crianças. O ministro destacou ainda que o legislador tem se revelado sensível a essa realidade e por isso foi editada a Lei 13.257/2016 (Estatuto da Primeira Infância) que, segundo Lewandowski, trouxe aspectos práticos relacionados à custódia cautelar da gestante e da mãe encarcerada, ao modificar o artigo 318 do CPP. O dispositivo autoriza o juiz a converter a prisão preventiva em domiciliar quando a mulher estiver grávida ou quando for mãe de filho de até 12 anos incompletos. O relator votou no sentido de conceder a ordem para determinar a substituição da prisão preventiva pela domiciliar – sem prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no artigo 319 do CPP – de todas as mulheres presas, gestantes, puérperas ou mães de crianças com até 12 anos sob sua guarda ou pessoa com deficiência, listadas no processo pelo Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) e outras autoridades estaduais, enquanto perdurar tal condição, excetuados os casos de crimes praticados por elas mediante violência ou grave ameaça, contra seus descendentes ou, ainda, em situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente fundamentadas pelo juízes que denegarem o benefício. O ministro estendeu a ordem, de ofício, às demais as mulheres presas, gestantes, puérperas ou mães de crianças, bem assim às adolescentes sujeitas a medidas socioeducativas em idêntica situação no território nacional, observadas as restrições previstas quanto ao item anterior. Os ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Celso de Mello acompanharam integralmente o voto do relator quanto ao mérito. Divergência O ministro Edson Fachin divergiu quanto à concessão do HC. Para ele, o estado de coisas inconstitucional no sistema prisional brasileiro, reconhecido no julgamento da ADPF 347, não implica automático encarceramento domiciliar. Apenas à luz dos casos concretos se pode avaliar todas as alternativas aplicáveis, frisou. O ministro votou no sentido de deferir a ordem exclusivamente para dar intepretação conforme aos incisos IV, V e VI do artigo 318 do CPP, a fim de reconhecer como única interpretação a que condiciona a substituição da prisão preventiva pela domiciliar à análise concreta e individualizada do melhor interesse da criança, sem revisão automática das prisões preventivas já decretadas. *****Analisando a decisão do HC coletivo, a toda evidência, parece aceitável, se vislumbrada à luz do princípio da intranscendência da pena – artigo 5º, inciso XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado (ocorre que o HC foi para prisões preventivas, mas, enfim, continuando...). Como prender uma mãe, cujo filho não vive sem ela? ou seja, precisa dela para viver. Essa pena, certamente, passará da pessoa que está presa e atingirá uma pessoa inocente (mulher presa preventivamente – bonequinho pensativo!! Parece que coisa boa não é!). Mas enfim, lembro-me do grande Mestre LFG, que exemplificava uma situação semelhante, com os irmãos xifópagos- grudados pelo tronco, em que o da esquerda mata uma pessoa, e vem a ser condenado, contudo, não havia como executar a pena prisional, porque o irmão da direita, que não cometeu o crime, não poderia sofre a pena, tampouco, poderiam ser submetidos a uma cirurgia de desmembramento - porque ninguém será submetido a intervenção cirúrgica sem assentimento. Putz! Ótima questão para prova dissertativa. 17. Questões relativas ao HC: 1- Mandado de segurança; habeas corpus: a) aquele é recurso de natureza constitucional; este, ação de natureza constitucional; b) ambos são recursos de natureza constitucional; c) ambos são ações de natureza constitucional; d) este é recurso de natureza constitucional; aquele, ação de natureza constitucional; e) ambos podem ser, ou não, recursos de natureza constitucional. 2- É admissível o habeas corpus no caso de: a) punições militares b) pena de multa c) valoração da pena d) indiciamento em inquérito policial e) extinção da punibilidade 3- Quanto ao habeas corpus, é incorreto afirmar que: a) é o meio idôneo para garantir osdireitos do acusado relacionados com sua liberdade de locomoção; b) poderá ser utilizado para impedir que alguém, sendo inocente, sofra ou se ache ameaçado de sofrer qualquer tipo de pena pecuniária; c) constitui garantia individual ao direito de locomoção, quando ameaçado por ilegalidade ou abuso de poder; d) é uma ação constitucional, de procedimento especial; e) a legitimidade para o ajuizamento do habeas corpus não exige a capacidade para estar em juízo. 4- Em relação ao Habeas Corpus, pode-se afirmar que: a) necessita de advogado impetrante. b) não pode ser concedido de ofício. c) antes de sua previsão constitucional, a proteção de seu objeto se dava por intermédio das ações possessórias. d) não pode ser utilizado para trancamento de inquérito. e) necessita da manifestação da autoridade coatora antes de seu deferimento liminar. 5- Sobre o habeas corpus é INCORRETO afirmar que: a) não é cabível contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada; b) é a via adequada para questionar medidas constrangedoras, ainda que não vinculadas à liberdade de locomoção, como a autorização da quebra de sigilo bancário no bojo do inquérito policial; c) não é a via adequada para discutir a concessão da suspensão condicional da pena; d) não é a via adequada para discussão de condenação baseada em prova ilícita, inclusive de escuta telefônica, quando a matéria desafia a visão ampla do conjunto de prova. 6- A respeito do habeas corpus, assinale a alternativa correta. a) Tem como fundamento a existência de qualquer violação de direito fundamental por parte do paciente. b) A competência para o julgamento de habeas corpus pode ser determinada, em alguns casos, em razão daquele que figura como paciente. c) É cabível a ordem, sempre que houver limitação da liberdade de locomoção, inclusive nos casos de punições disciplinares militares. d) Em razão da abolição da prisão civil nos casos de depositário infiel por parte da súmula vinculante nº 25, não cabe habeas corpus em varas cíveis. e) Se o habeas corpus é concedido em momento anterior à violação de liberdade, ele é denominado repressivo. 7- Sobre a disciplina do habeas corpus, assinale a afirmativa correta: a) Admite-se o manejo do habeas corpus para defesa das liberdades constitucionais em geral, como a liberdade de religião, não se restringindo o instrumento à defesa da liberdade de locomoção. b) o paciente do habeas corpus deve ser brasileiro no gozo dos direitos políticos. c) O registro como advogado é exigido para a impetração do habeas corpus, admitindo-se, todavia, o seu manejo por estudantes de direito inscritos como estagiários na Ordem dos Advogados do Brasil. d) Não é possível a impetração de habeas corpus como substitutivo de recurso com efeito suspensivo em matéria penal. e) É cabível habeas corpus em relação a punições disciplinares militares. 8- SOBRE O HABEAS CORPUS, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: a) Admite-se o manejo de habeas corpus contra sentença penal condenatória ainda que a pena pecuniária seja a única cominada, dado o risco de restrição ambulatória decorrente da conversão da pena não cumprida. b) Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de função pública. c) Admite-se o manejo de habeas corpus mesmo após a extinção da pena privativa de liberdade. d) Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares, ainda que a impetração se dirija apenas aos pressupostos de sua legalidade, excluindo a apreciação de questões referentes ao mérito. 9- A CF exige que o habeas corpus seja cabível apenas contra ato de autoridade pública? 10- O habeas corpus surge no Direito Brasileiro na Constituição de: a) 1937 b) 1891 c) 1988 d) 1934 e) 1946 11- Configura hipótese de ilegalidade de coação, apta a admitir a impetração de “habeas corpus”: a) quando alguém estiver preso pelo tempo que determina a lei. b) quando o processo for manifestamente discricionário. c) quando extinta a punibilidade. d) quando for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza. 12- Acerca do entendimento sumulado do STF no que se refere a habeas corpus, assinale a opção correta. a) É cabível habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de função pública. b) Cabe o habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa. c) É cabível habeas corpus contra omissão de relator de extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não tenha constado dos autos, mesmo não tendo havido provocação a respeito. d) Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das custas. 13- Remédio jurídico constitucional que será concedido sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder é denominado: a) mandado de segurança. b) habeas data. c) habeas corpus. d) ação popular. 14- O remédio constitucional que tem por objetivo tutelar o direito de locomoção é o(a). a) mandado de injunção. b) mandado de segurança. c) ação popular. d) habeas corpus. e) habeas data. 15- O decreto ilegal de prisão civil pode ser contestado judicialmente por meio de a) habeas corpus. b) mandado de segurança. c) habeas data. d) ação popular. e) mandado de injunção. 16- A base do habeas corpus, uma ação de natureza constitucional, é assegurar a liberdade do indivíduo (direito de ir e vir), ameaçada pelo chamado constrangimento ilegal. Existem três modalidades desta ação: a) o habeas corpus preventivo, interposto antes do constrangimento, visa impedir a ocorrência deste último; b) o habeas corpus suspensivo, a ser utilizado pelo indivíduo quando já consumado o constrangimento ilegal e, por fim; c) o habeas corpus episódico, cabível quando o constrangimento ilegal é praticado por particular. 17- De acordo com o texto, é correto afirmar que: a) o habeas corpus é uma ação de natureza administrativa e não constitucional. A presença do habeas corpus na Constituição vigente, de 1988, é absolutamente acidental. b) o habeas corpus preventivo não existe mais. Trata-se de construção doutrinária largamente aceita até a primeira metade do século XX. c) para impetrar o habeas corpus suspensivo é preciso constituir advogado. d) não existe o habeas corpus episódico. 18- De acordo com a Constituição Federal brasileira, são gratuitas as seguintes ações constitucionais: a) ação popular e mandado de injunção. b) mandado de segurança e habeas corpus. c) habeas data e habeas corpus. d) mandado de segurança e mandado de injunção. e) ação popular e mandado de segurança. 19- Assinale a alternativa que indica, correta e respectivamente, os remédios constitucionais que visam garantir: o direito de locomoção; ao cidadão obter a anulação de ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe. a) Habeas corpus e ação civil pública. b) Habeas corpus e ação popular. c) Habeas data e habeas corpus d) Habeas data e ação popular. e) Mandado de segurança e mandado de injunção.
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