Relação cubo x arquitetura

Prévia do material em texto

6
universidade FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO 
JEFFERSON FELIPE MACEDO BONFIM
A RELAÇÃO ENTRE O CUBO E A ARQUITETURA 
Salvador
2018
Jefferson felipe macedo bonfim
A RELAÇÃO ENTRE CUBO E ARQUITETURA
Artigo apresentado à Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia para desenvolvimento crítico sobre as formas e os espaços.
Orientador: 
Prof. Valdinei Lopes do Nascimento
Co-orientador: 
Prof. Geraldo Bezerra Araujo
Salvador
2018
RESUMO
Artigo sobre a importância do sólido primitivo cubo para arquitetura, através de poder de transformação, funcionalidade e adaptabilidade. Analisa esta forma através de uma perspectiva incialmente matemática, partindo da construção e desconstrução, atrelando-se à dados históricos, com movimento artístico, obras memoráveis de arquitetos e observação dos espaços contemporâneos. 
Palavras-chave: cubo, desconstrução, geometria, neoplasticismo, funcionalidade.
1 INTRODUÇÃO
A arquitetura contemporânea carrega diversas influências de processos artísticos e científicos. É de grande importância o conhecimento de suas raízes para ter assim um melhor entendimento da relação dos espaços com a sociedade. Muito do que temos hoje, referente à arquitetura e urbanismo, deve-se, para além do estudo das formas geométricas, mas sim á melhor aplicação delas. Observando-se ao redor percebem-se inúmeras formas e volumes, contudo, é inegável notar que dentre todas, a mais utilizada é o cubo, devido a suas características, que incluem a sua volumetria e flexibilidade para aproveitamento e modificação dos espaços. 
O pai da geometria, Euclides, em seu livro, Os elementos, trás noções de espacialidade que foram importantíssimas para a humanidade. Em seus estudos, trouxe a tona definições que ajudaram as futuras gerações a compreender melhor as relações de proporcionalidade, construção e desconstrução de sólidos geométricos. 
Em um de seus teoremas ele diz que: “Os sólidos paralelepípedos semelhantes estão entre si na razão triplicada dos lados homólogos", ou seja, dois sólidos paralelepípedos, justapostos, formam três cubos (paralelepípedos de lados idênticos). A partir desta citação pode-se ter um melhor entendimento sobre as relações entre formas geométricas. Os arquitetos utilizaram deste artifício ao longo do tempo, marcando toda a trajetória de construção, não apenas do espaço físico, mas social e cultural.
2 DISCUSSÃO
2.1 GEOMETRIA
O cubo, apesar de ter sua forma rígida, com linhas paralelas e perpendiculares, consegue ser extremamente versátil em suas ramificações, pois é a origem para as mais diversas formas. Este, em uma análise mais simbólica, pode ser representado como o todo, ou seja, um objeto em sua forma completamente preenchida, e a partir dela pode-se gerar qualquer outra forma geométrica, como por exemplo, uma pirâmide (1/3 de um cubo), uma esfera ou qualquer prisma, regular ou não. Com ele, pode-se também unir vários outros a fim de formar novas formas geométricas com sobreposições.
2.2 HISTÓRIA
A utilização do cubo é datada desde o surgimento das civilizações. Com a sedentarização dos humanos, surgiu a necessidade de construir. No livro “O que é cidade" de Raquel Rolnik, ela aborda sobre a técnica dos tijolos cozidos, estes que possuem forma cúbica ou paralelepipeda, dizendo que os mesmos possibilitavam uma nova forma de pensar , pois a partir da justaposição deles, abre-se um novo mundo para a arquitetura e para as novas forma de criar. Ela também reitera de forma mais técnica a importância desta forma, dizendo: "O tijolo, por ser uma unidade simples e padronizada, possível de ser produzida em larga escala, permite enorme facilidade na realização física de formas imaginadas, possibilitando que o ambiente seja fabricado conforme os desígnios humanos.".
2.3 ARTE 
A relação entre o cubo e arquitetura passou a ser mais bem estudada a partir do Neoplasticismo. O principal nome deste movimento, Piet Mondrian, trouxe o foco para as formas geométricas, afastando-se do campo do empirismo e adentrando um meio mais científico, com o estudo das linhas e noções geométricas, ou seja, com uma noção de planificação advinda da matemática.
Nomes importantes na arquitetura como Van Eesteren e Theo Van Doesburg, utilizaram desta funcionalidade para conceber suas plantas, pois partiam do fracionamento de cubos para sobrepor planos em suas construções.
Figura 1:Projeto de Van Eesteren e Theo Van Doesburg
Fonte: Theo and nelly 
Outro exemplo é Gerrit Rietveld, que projetou a Residência Schröder, e baseou-se em cubos para criar uma construção aberta em que as paredes internas poderiam ser reposicionadas a fim de trazer luz e flexibilidade.Figura 2: Residência Schröder, de Gerrit Rietveld
Fonte: Clássicos da Arquitetura: Residência Rietveld Schröder / Gerrit Rietveld
2.4 CONTEXTOS SOCIOECONOMICOS
A associação do cubo à maximização do espaço acontece de forma tão orgânica que, mesmo sem perceber, as construções não planejadas também seguem por este caminho. A grande maioria das casas em favelas ou conjuntos habitacionais busca a forma mais simples e objetiva de construção, produzindo espaços com formas cúbicas ou paralelepípedas. 
Figura 3: Favela do Rio de Janeiro
Fonte: Favela moral
2.5 OBJETO
A partir desta pesquisa, foi proposta a criação de um objeto. Para o meu objeto (Figura 4), eu trouxe referências do Neoplasticismo, tanto na parte da pintura quanto a parte arquitetônica.
A pintura está caracterizada pela obra de Piet Mondrian: Composição II em Vermelho, Azul e Amarelo, que traz a ideia de planificação, com desconstruções de quadrados e cores primárias, branco e preto, para simbolizar a simplificação do espaço.
Na arquitetura, trouxe como referencia a obra de Van Eesteren e Theo Van Doesburg, que se baseou no Neoplasticismo de Piet para compor uma planta com justaposição de planos, utilizando as mesmas cores primárias (Como se pode perceber na figura 1).
 
Figura 4
Figura 5 Composição II em Vermelho, Azul e Amarelo.
Piet Mondrian,1930
3 CONCLUSÃO
5
Portanto, partindo-se de uma observação detalhada dos espaços e unindo-se aos conhecimentos teóricos de história da arte, arquitetura e geometria espacial, consegue-se perceber esta relação intrínseca entre arquitetura e cubo. Ela pode ser aplicada às mais diferentes formas e para os mais diversos contextos sociais, e esta é justamente a característica mais marcante deste sólido, a sua flexibilidades e adaptabilidade às mais diversas situações, intenções e necessidades.
REFERÊNCIAS 
EUCLIDES. Os Elementos; 3. Ed. São Paulo: Editora Unesp, 1999.
ROLNIK. Raquel. O que é cidade; 3. Ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 2004
FRAMPTON, Kenneth. História Crítica da Arquitetura Moderna; 2. Ed. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2000.
ARGAN GIULIO, Giulio Carlo. Arte moderna; do iluminismo aos movimentos contemporâneos; 2. Ed. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1992.
RODRIGUES, Jessica. O De Stjil de Piet Mondrian: Seu estilo e influência. 24, fev. 2016. Disponível em: <http://sala7design.com.br/2016/02/o-de-stijl-de-piet-mondrian-arte-moderna-ontem-e-hoje.html>. Acesso em: 28 abr. 2018.
Autor desconhecido. Theo and nelly . Disponível em: <http://vandoesburghuis.com/en/theo-and-nelly-van-doesburg/>. Acesso em: 28 abr. 2018.
FRACALOSSI, Igor. Clássicos da Arquitetura: Residência Rietveld Schröder / Gerrit Rietveld. 02, mai. 2012. Disponível em: < https://www.archdaily.com.br/br/01-46426/classicos-da-arquitetura-residencia-rietveld-schroder-gerrit-rietveld>. Acesso em: 28 abr. 2018.
VASCONCELOS, Sandro. Favela moral. 23, jul. 2013. Disponível em: < http://www.rodadalei.com.br/favela-mora//>. Acesso em: 06 mai. 2018.