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Renan Donadel – ATM 18/1 RESUMO – EMBRIOLOGIA • Origem das células germinativas - Os gametas feminino e masculino possuem origem extra-gonadal e extra-embrionára. - Localizadas primariamente no endorderma dorsal do saco vitelínico. Depois, estimuladas por quimiotaxia, elas migram por movimentos ameboides até os mesonefros, onde irão se desenvolver. - As células germinativas do ovário entram em meiose já na vida fetal, ao passo que as do testículo somente na puberdade. Acredita-se que a molécula sinalizadora para o início da meiose seja o ácido retinoico (AR). Nos testículos, esse ácido é inibido pelo citocromo P450, produzido pelo gene Cyp26b1, das células de Sertoli. • Oogênese - Inicia na vida fetal, onde todas as células germinativas da vida da mulher são produzidas. - Período proliferativo: multiplicação das ovogônias por mitose. - Período de crescimento: não há divisão celular, apenas desenvolvimento da oogônia à oócito I. Logo que são formados, iniciam a meiose I, pausando-a em prófase I (mais especificamente, no estágio de dictióteno ou diplóteno). - Período de Maturação: se dá na puberdade, quando a ação do FSH “descongela” o oócito primário, concluindo a primeira divisão meiótica. Desse modo, ele se torna oócito II, ficando pausado em metáfase II. - O estímulo da fecundação conclui a segunda divisão meiótica, transformando finalmente o oócito II em óvulo. - Camadas protetoras do oócito: membrana plasmática, zona pelúcida (é uma camada glicoproteica) e corona radiata (cúmulos oóphorus; células unidas por junções gap). Renan Donadel – ATM 18/1 • Desenvolvimento do folículo ovariano - Na vida intrauterina, os folículos estão na forma de “folículos primordiais”. - Na puberdade, com a ação dos hormônios hipofisários, há a transformação dos folículos primordiais para folículos primários, cujas células, que antes eram achatadas, se tornam cilíndricas. Ocorre a formação da zona pelúcida. - Folículo Secundário: Proliferação das células e aumento de tamanho do folículo. Há um pequeno espaço interno, o antro. - Folículo de Graaf ou Maduro: assume a forma oval, e encontra-se cheio de líquido, com o antro bem evidente. O oócito, agora secundário, está coberto por apenas uma fina camada de células do cúmulus. - AMH ou Hormônio Anti-Mülleriano: É produzido pelos folículos ovarianos em crescimento. Por isso, seu nível na corrente sanguínea pode ser medido para indicar o “pool” ovariano da mulher (reserva de folículos ainda disponíveis). Com o aumento da idade, diminui a quantidade de folículos, o que implica menor nível de AMH circulante. • Ciclo Hormonal Feminino - Hipotálamo ~~~> Hormônio Liberador de Gonadotrofina (GnRH) ~~~> Adeno-Hipófise FSH: estimula o desenvolvimento do folículo ovariano LH: Induz a ovulação (ocorre em pico, pouco antes do 14º dia) - Atresia: O FSH induz a maturação de vários folículos todo mês, mas somente um chega a ovular em cada ciclo (espécie monoovulatória). Dessa forma, os folículos restantes regridem, sendo chamados de atrésicos. Acredita-se que 99% dos folículos estão fadados à atresia. De 400 mil oócitos que ela possuiu, somente cerca de 400 chegam a ovular. - Na região em que ocorrerá a ovulação surge uma saliência, devido ao pico de LH, denominada estigma. - Os folículos, agora amadurecidos pelo FSH, produzem estrógeno, que é responsável por: desenvolvimento do endométrio (aumento da vascularização e da espessura), características femininas. - Os hormônios sexuais (estrógeno e progesterona) aumentam a taxa de ossificação do disco epifisário. Assim, a altura da mulher se relaciona com idade de entrada em puberdade. - Progesterona: principalmente relacionada com a preparação do útero à aceitação do embrião e à preparação das mamas para secreção láctea. Inibe as contrações do útero, evitando a expulsão do embrião. É secretada pelo corpo lúteo, primariamente. - PS.: Menopausa Precoce: Acomete cerca de 1 a 3% das mulheres, de vido a fatores como quimioterapia, doenças autoimunes, radioterapia e outros, que causam a Falência Ovariana Prematura (FOP), alterando as funções hormonais da mulher. Renan Donadel – ATM 18/1 • Ciclo Uterino - Fase Menstrual: ocorre a descamação do endométrio; são os 5 primeiros dias do ciclo - Fase Proliferativa: vai até a ovulação, ocorrendo o aumento de número e tamanho das glândulas endometriais. - Fase Secretora: corresponde ao restante do ciclo; é caracterizada pelas presença de glândulas espiraladas. - Na camada basal, encontram-se as veias e artérias retas do endométrio. - Na menopausa, o endométrio é praticamente aglandular. Renan Donadel – ATM 18/1 • Espermatogênese - As células germinativas não iniciam a divisão meiótica ao atingir a região gonadal, mas sim na puberdade. - Hipotálamo ~~~> Hormônio Liberador de Gonadotrofina (GnRH) ~~~> Adeno-Hipófise FSH: Estimula a espermatogênese. LH: Estimula a produção de testosterona (características masculinas, desejo sexual) pelas células intersticiais (entre os túbulos seminíferos), também conhecidas como células de Leydig. - Barreira Hematotesticular: previne o contato das células “n” do testículo com o sangue, o que geraria uma reação autoimune. As células de Sertoli formam uma rede de contato, através das junções de oclusão, para constituir essa barreira sangue-testículo, e também, auxiliam no transporte dos espermatozoides para o lúmen. Secreta Inibina (feedback negativo sobre a liberação de FSH). - Nos túbulos seminíferos, além das células de Sertoli, encontram-se células mioides e fibroblastos, que ajudam na contração do túbulo, e células espermatogênicas: Espermatogonia A: só realiza mitose; é considerada célula tronco. Espermatogônia B: apta a realizar meiose para originar espermatócitos I. PS.: As espermatogônias estão para fora da barreira hematotesticular, pois são “2n”, não havendo risco de reação autoimune.´ - O início da meiose I transforma as gônias B em Citos I, que – ao concluírem essa divisão – originam citos II. - As citos II realizam a Meiose II, originando as espermátides. Estas, por sua vez, se transformam em espermatozoides por um processo de diferenciação ou espermiogênese: desenvolvimento do flagelo; formação da peça intermediária por rearranjo das mitocôndrias; formação do acrossoma; condensação nuclear (as histonas são substituídas por protaminas). PS.: Protamina: proteína que realiza o empacotamento do DNA do espermatozoide. É mais eficiente que as histonas, pois realizam a maior condensação conhecida. Renan Donadel – ATM 18/1 • Fertilização - É a fusão do óvulo com o espermatozoide, resultando um zigoto com dois pró-núcleos. - Preparação do espermatozoide: Maturação Epedidimária: aquisição de movimento e capacidade de ligação. Capacitação: é o momento em que o espermatozoide adquire capacidade fertilizadora; ocorre através de estímulos de substâncias presentes no útero; a hiperatividade (movimentos rápidos e lineares) é a primeira evidência de que ele está capacitado. Nos casos de reprodução assistida, a capacitação é simulada in-vitro. Reação Acrossômica (RA): o contato do espermatozoide com a corona radiata produz perfurações na membrana plasmática do acrossoma. Desse modo, é possível liberar as enzimas hidrolíticas hialuronidase (contra a corona radiata) e acrosina (age contra a zona pelúcida). - Sinais de Ca+2: São liberados quando o espermatozoide toca a zona pelúcida. O cálcio, armazenado no REL do oócito, é então liberado por estímulo da proteína PLC-zeta, presente no espermatozoide. Um dos efeitos dessas ondas de Ca+2 é a retirada do oócito da metáfase II, transformando-se em óvulo. Outro efeito é a exocitose dos grânulos corticais, responsáveis por desencadear uma“reação de zona”, que evita a penetração de outro espermatozoide (evita a polispermia) através de modificações nas características físicas e químicas da zona pelúcida. - Etapas da fertilização: Passagem pela Corona Radiata: ação da hialuronidase Passagem pela Zona Pelúcida: ação da acrosina; a penetração através da zona pelúcida ocorre pela proteína ZP3 (receptora primária) e pela ligação do espermatozóide à proteína ZP2. Fusão das membranas plasmáticas do oócito II e espermatozoide: a fusão ocorre de lado, através da peça intermediária. Em seguida, o espermatozoide gira 90º e entra no oócito com a cabeça e cauda (ele não entra em forma de kamikaze). Com a entrada do espermatozoide, o oócito completa a segunda divisão meiótica. Forma-se, então, o óvulo, cujo núcleo passa a se chamar pró-núcleo feminino. Formação do pró-núcleo masculino. Fusão dos pró-núcleos. PS.: O alinhamento dos nucleoli influencia na escolha do embrião para a implantação. Nos mamíferos, não chega a ocorrer singamia (fusão dos pró-núcleos), já que a condensação dos cromossomos e a formação da placa metafásica acontecem antes. - Entre 24h e 48h após a fertilização, surge na corrente sanguínea da mulher o FPG (Fator Precoce de Gravidez). Renan Donadel – ATM 18/1 Momento da Fertilização e Reação Acrossomal Renan Donadel – ATM 18/1 • Infertilidade - Causas masculinas Baixa contagem de espermatozoides (oligospermia) Deficiência de mobilidade (astenospermia) Danos no material genético, espermatozoides anormais (teratospermia) Ausência de espermatozoides (azoospermia) - Causas Femininas Obstrução das trompas (como, por exemplo, a causada pela Clamídia) Endometriose (tecido uterino implantado na pelve) Disfunção Hormonal Idade da mulher • Exames Preliminares - Análise de FSH: a diminuição do “pool” ovariano faz com que o organismo secrete um nível maior de FSH para amadurecer os folículos. Desse modo, baseado na análise do FSH, dá pra ser ter uma ideia da quantidade de folículos remanescentes. - Análise do AMH: altos níveis de AMH indicam alta quantidade de folículos, já que esse hormônio é produzido pelas células foliculares. É mais preciso que a técnica do FSH. • Fertilização In-Vitro (FIV) 1ª ETAPA – PREPARAÇÃO DOS GAMETAS - Superovulação: Inibição das atividades da hipófise, por meio da inibição dos (GnRH) > Interrupção dos ciclos hormonais da mulher > Análise do AMH, a fim de administrar a dose correta de FSH sintético > Injeção de HCG, que estimula a maturação pré-ovulatória do LH > Punção dos folículos via transvaginal, 36 horas após administrar HCG. É necessário controlar a dose de FSH administrada à mulher, já que os folículos produzem estrógeno. O número ideal de folículos para a punção é de 10 a 12. Uma situação patológica seria a Síndrome do Hiperestímulo. - Preparação dos espermatozoides: Os gametas masculinos são recolhidos de uma ejaculação e, os que apresentarem maior mobilidade e funcionalidade, são escolhidos. Dois métodos são empregados para o processamento do sêmen: método swin-up (sem centrifugação) e método com centrifugação (os espermatozoides mais viáveis ficam depositados no fundo e formam o pellet). - Ambos os gametas passam por uma lavagem: os espermatozoides precisam da remoção do líquido seminal para que ocorra a capacitação (remoção de glicoproteínas na membrana do acrossoma). Já do oócito, são removidas algumas células do cúmulus, através do tratamento com hialuronidase. Vale ressaltar que a ICSI é mais agressiva que a FIV nesse aspecto, pois os gametas passam por um processamento mais rigoroso. - Os gametas são armazenados em um meio de cultura, em uma incubadora, a 5% de CO2 e 37ºC. Esses métodos de tratamento de gametas e superovulação são utilizados tanto na FIV quanto na ICSI. Renan Donadel – ATM 18/1 2ª ETAPA – INSEMINAÇÃO - A concentração de espermatozoides no meio de fertilização deverá ser entre 50 mil e 1 milhão. Valor maiores que 1 milhão aumentam significativamente a chance de polispermia. - Em geral, a inseminação é realizada de 4 a 6 horas após a coleta. 3ª ETAPA – ANÁLISE DO EMBRIÃO - Deve haver 2 pró-núcleos após cerca de 20 horas, o que indica a fertilização. Embriões haploides, poliploides ou sem pró-núcleos são descartados. - Antes da implantação, analisam-se as clivagens até a fase de blastocisto. Assim, pode-se escolher o embrião mais saudável. A formação de embriões saudáveis segue a estimativa de 1 para 4 fertilizações. • ICSI (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides) - Um espermatozoide é selecionado, imobilizado sob microscópio (através da quebra da cauda), aspirado em uma agulha injetora e depositado diretamente no interior do ooplasma. - A ICSI é recomendada para casos de infertilidade por fator masculino, quando a contagem ou a motilidade dos espermatozoides é muito reduzida ou, até mesmo, quando eles são inexistentes no ejaculado e devem ser capturados dos epidídimos ou dos testículos por aspiração percutânea (PESA) ou por biópsia (TESE). Ainda, a execução da ICSI é aconselhada quando os parâmetros seminais são normais, isto é, boa contagem e motilidade dos espermatozoides no ejaculado, mas houve uma falha de fertilização em tentativas anteriores de FIV. Neste caso, a ICSI é empregada como um recurso para contornar possíveis alterações ao nível da zona pelúcida ou do oolema - como, por exemplo, após criopreservação - ou ainda uma incapacidade de interação do espermatozoide com o oócito, para que ocorra sua penetração e fertilização. - Na ICSI, o preparo dos oócitos é mais elaborado. Após passarem pelas lavagens como na FIV, eles devem ser desnudados, o que significa que as células do cumulus oophorus, que normalmente acompanham os oócitos após a coleta, devem ser removidas até quase sua totalidade de forma a expor a zona pelúcida. O desnudamento dos oócitos é realizado a partir da incubação dos gametas em uma enzima, a hialuronidase. - Com auxílio do microscópio, um espermatozoide de boa morfologia e móvel é detectado, imobilizado com a agulha injetora e aspirado para o seu interior. Esta agulha é levada até a gota contendo o oócito a ser injetado, o qual é mantido imóvel por sucção efetuada pela segunda pipeta do manipulador. O oócito é acomodado no campo de visão de maneira que seu primeiro corpúsculo polar esteja às 12h ou às 6h. Esta disposição do oócito é muito importante, visto que a placa metafásica do oócito em geral encontra-se logo abaixo do primeiro corpúsculo polar e poderia ser danificada se a injeção fosse realizada ao acaso no citoplasma do gameta. A agulha injetora perfura a zona pelúcida e o oolema de maneira a depositar o espermatozóide no interior do oócito em poucos segundos. - A presença de 2 pró-núcleos é a confirmação de fertilização normal e os zigotos são transferidos para um novo meio de cultivo para desenvolvimento até o dia da transferência. Os critérios de seleção para transferência também são os mesmos daqueles descritos na FIV. Renan Donadel – ATM 18/1 • SUPER ICSI - Mesmo que a fertilização pós-inseminação por ICSI possa chegar a índices entre 90-100% em mãos experientes, as taxas de implantação e gestação não correspondem a este sucesso técnico laboratorial. Tal é verdade especialmente em casos de oligospermia severa (“quase” azoospermia) ou teratospermia, condição em que os espermatozóides apresentam índice de anomalias morfológicas próximo aos 100%. A escolha criteriosa dos espermatozóides humanos segundo a integridade morfológica do núcleo está positivamente associada com taxas de gestação mais elevadas após ICSI, quando comparado com a ICSI convencional. - Nesta nova metodologia, os espermatozóides passam por uma criteriosa análise de suas organelas, especialmentea presença de vacúolos nucleares, e somente o espermatozoide portador de um núcleo estritamente definido como morfologicamente normal é selecionado para inseminação, ou seja, com configuração nuclear oval, simétrica e plana. O conteúdo de cromatina nuclear é considerado normal se ele contém não mais do que um vacúolo, o qual ocupa não mais do que 4% da área nuclear. - O processo de preparo da amostra seminal para super-ICSI não difere do descrito anteriormente, em que o sêmen é depositado em um gradiente de densidade, centrifugado e o pellet final, contendo a porção mais móvel dos espermatozoides, é re-suspendido em um pequeno volume de meio de cultivo ou meio especialmente designado aos gametas masculinos. • PGD (Diagnóstico Genético Pré-Implantacional) - É uma técnica utilizada para analisar o genoma do embrião, principalmente em casos de suspeita de hemofilia, fibrose cística, entre outras doenças cromossômicas. - Nesse procedimento, a zona pelúcida do embrião é perfurada através de raios laser e, em seguida, uma micropipeta aspira um ou dois blastômeros para análise do genoma. A coleta dos blastômeros se faz em um estágio de 6 a 8 células, quando ainda não houve diferenciação celular, sendo todas as células totipotentes. • Criopreservação - Congelamento lento: método clássico. Utiliza baixas taxas de crioprotetores, agentes nos quais os embriões são imersos para criopreservação e que diminuem os danos causados pelo procedimento. O criprotetor mais utilizado é o 1,2 propanodiol. O resfriamento é lento até a temperatura do nitrogênio líquido (-196ºC). Durante o processo, ocorrem pausas para a indução da formação de cristais de gelo, processo chamado de seeding. - O número de embriões a serem descongelados em um ciclo de transferência depende do número e da qualidade deles, quando do congelamento. Em geral, descongela-se um embrião por vez acessando-se a cada passo a ausência de lise dos blastômeros e degeneração dos mesmos até a última etapa do processo. Um embrião que sobreviveu bem ao congelamento apresenta pelo menos 50% de seus blastômeros intactos e assim deve-se constituir um grupo de embriões com características de viabilidade morfológicas satisfatórias para transferência imediata ou cultivo pra transferência posterior. Renan Donadel – ATM 18/1 - Vitrificação: método rápido que utiliza altas doses de crioprotetores, o que pode ser prejudicial ao desenvolvimento embrionário. A vitrificação consiste na conversão de um sistema do estado fluido ao estado sólido, unicamente pelo aumento de viscosidade, sem qualquer alteração de fase ou cristalização da água e, portanto, em completa ausência de gelo. Os crioprotetores que vem sendo utilizados são o dimetil-sulfóxido (DMSO) e o etilenoglicol, além da sacarose e um sistema de cryotop para acomodar o embrião a ser vitrificado. Variações mínimas de poucos segundos de exposição além da adequada podem afetar a viabilidade do material e serem a maior causa de maus resultados alcançados em muitos laboratórios, em termos de sobrevivência do embrião, seu potencial de fertilização, implantação e gestação. Para o reaquecimento são também necessárias soluções de reaquecimento contendo concentrações decrescentes de crioprotetor. - Criopreservação de oócitos: existe uma tendência a crer-se que a melhor maneira de criopreservar o gameta feminino humano é a vitrificação. A mesma seqüência metodológica descrita anteriormente para vitrificação de embriões é a que vem apresentando resultados mais animadores em termos de sobrevivência do oócito pós-aquecimento, capacidade de fertilizar, de desenvolvimento embrionário, implantação e gestação. - Para os oócitos, a integridade do oolema e do ooplasma pós-criopreservação são determinantes para decidir-se se eles serão ou não encaminhados à inseminação por ICSI. Alterações na zona pelúcida e no oolema causadas pelos processos de congelamento/descongelamento ou vitrificaçao/reaquecimento desaconselham o uso da FIV para inseminação de oócitos pós-criopreservação, sendo, portanto, a ICSI o procedimento mais adequado para inseminação. Após a inseminação, o cultivo embrionário e seleção para transferência são idênticos aos apresentados anteriormente. • PB Biopsy (Biopsia do Corpúsculo Polar) - É a análise da carga genética materna, através do estudo do genoma do corpúsculo polar. Desse modo, não há perturbações no embrião. Entretanto, só se tem ideia do genótipo materno. Renan Donadel – ATM 18/1 DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO • Primeira Semana – Clivagens iniciais e Processo de Nidação - 1 a 2 dias (cerca de 30 horas após a fecundação): 2 blastômeros - No fim do segundo dia já se pode observar 4 blastômeros - 3º dia: 8 blastômeros. Após essa etapa, ocorre a compactação do embrião, constituindo a mórula. Assim, as células já não são mais totipotentes. - Dia 5 ao 6: Estágio de blastocisto. Já se observa a diferenciação de duas porções de células: Trofectoderma (trofoblasto) e Embrioblasto (botão embrionário). PS.: Nesse estágio, é feita a transferência do embrião ao útero. Muitos embriões, nos métodos de reprodução assistida, são perdidos nessa etapa, já que não conseguem implantar-se no útero. O desenvolvimento de embriões humanos ocorre com total imersão do embrião pelo endométrio (implantação intersticial). A clivagem dos blastômetos, durante a migração do embrião pela tuba, não aumenta o volume do embrião, apenas o número de células. - Ao fim da primeira semana, o embrião inicia sua comunicação com a parede uterina. Há a eclosão do embrião da zona pelúcida e início do processo de nidação. Ainda, acontece a diferenciação o trofectoderma em: Sinciciotrofoblasto: Essa estrutura é corrosiva e degrada, através de enzimas proteolíticas, glândulas e o tecido do endométrio, utilizando seu conteúdo para nutrição (embriotrofo), o que permite o desenvolvimento embrionário. Além disso, o sinciciotrofoblasto produz HCG. Citotrofoblasto: Camada interna de células. - O local ideal para implantação é a região posterior superior do útero. Quando a gestação ocorre fora da cavidade uterina, tem-se a Gravidez Ectópica. Pode ser causada por qualquer fator que impeça a nidação correta do embrião. A grande maioria dos casos ocorre nas trompas. Outros locais de implantação: cavidade peritoneal, colo do útero (chamado de placenta prévia), parede da cérvix. - Reação da Decídua: Modificações que ocorrem no endométrio na região de implantação do embrião, principalmente devido à ação do trofectoderma. Renan Donadel – ATM 18/1 Renan Donadel – ATM 18/1 • Segunda Semana – Disco Bilaminar - Completa-se a implantação do blastocisto no útero, aprofundando-se no endométrio. - O embrioblasto se diferencia num disco embrionário bilaminar formado por: Epiblasto: células colunares e altas, relacionadas com a cavidade amniótica. Acompanha o âmnio. Hipoblasto: parte inferior mais fina, formada de células cúbicas adjacentes à cavidade exocelômica, futura cavidade coriônica. - Ao mesmo tempo, ocorre o surgimento de lacunas no sinciciotrofoblasto, preenchidas por sangue materno. Desse modo, os nutrientes ficam disponíveis para o tecido embrionário. Essas redes lacunares podem ser consideradas o primórdio dos espaços intervilosos da placenta, que determinam uma circulação útero placentária primitiva. - Aparece um espaço no embrioblasto, a cavidade amniótica. O epiblasto forma o assoalho da cavidade amniótica. - A membrana exocelômica e a cavidade por ela delimitada se organizam para formar o saco vitelínico primitivo. - Mesoderma extra-embrionário circunda o âmnio e o saco vitelínico e formará os espaços celômicos extra-embrionários. - O celoma extra-embrionário divide o mesoderma em duas partes: Mesoderma somáticoextra-embrionário: cobre o âmnio. Esse mesoderma unido a duas camadas de trofoblasto forma o córion. Ele contorna o saco vitelínico e a cavidade amniótica; esta, porém, não completamente, haja vista o local de formação do cordão umbilical, no pedículo do embrião. Mesoderma esplâncnico extra-embrionário: envolve o saco vitelínico. - O saco vitelínico primitivo diminui de tamanho e forma-se o saco vitelínico secundário. - No 10º dia, o embrião já está completamente implantado. - O fim da segunda semana é caracterizado por: Aparecimento das vilosidades coriônicas, que ocorre a partir da expansão de células do citotrofoblasto sobre o sinciciotrofoblasto. Formação da placa pré-cordal: se dá a partir do espessamento de algumas células do hipoblasto que se unem a células do epiblasto. A placa indica o local da futura boca e constitui um importante organizador da região da cabeça. - Por volta do 14º dia, o sinciciotrofoblasto já produziu HCG suficiente para ser detectado pelo testes de gravidez. Renan Donadel – ATM 18/1 • 3ª Semana – Gastrulação (Disco Trilaminar), Neurulação e Angiogênese - Estabelecimento dos folhetos embrionários e de seus derivados: - Linha primitiva > gastrulação > notocorda > neurulação. 1. Gastrulação - É processo de transformação do disco bilaminar (epiblasto e hipoblasto) em disco trilaminar (três folhetos embrionários: ecto, meso e endoderme). Caracterizado pela morfogênese (dar forma ao corpo). - Se dá a partir do estabelecimento da linha primitiva, na região caudal. A invaginação de células do epiblasto, na região da linha primitiva, origina as células mesenquimais, que constituem o mesoderma do embrião. O surgimento da linha primitiva permite identificar o eixo cefálico-caudal do embrião. - O epiblasto forma o endoderma e o ectoderma do embrião. - Teratoma Sacrococcígeo: A linha primitiva, após a gastrulação, sofre degeneração e desaparece. Resquícios dessa linha, ou seja, sua permanência, podem causar o teratoma sacrococcígeo. 2. Neurulação - Começa com a migração de células mesenquimais em direção cranial, até atingirem a placa pré-cordal, pela qual não atravessam. Essa migração gera um tubo, conhecido como notocorda. A notocorda é o primeiro eixo do embrião, o qual serve de base para o desenvolvimento do esqueleto axial (coluna vertebral). - A notocorda em desenvolvimento induz a ectoderme a formar a placa neural, primórdio do SNC. Essa células ectodérminas, estimuladas por indução da notocorda, se diferenciam em neuroectoderma. - A placa neural sofre uma série de modificações, até enfim formar o tubo neural: Placa Neural > Sulco Neural > Goteira Neural > Tubo Neural Com o fechamento da goteira neural, surgem duas cristas adjacentes, as cristas neurais. Enquanto o tubo neural origina o SNC, as cristas neurais foram elementos de SNP entre outros. Renan Donadel – ATM 18/1 - O mesoderma ao lado da notocorda se modifica, sendo o mesoderma para-axial responsável pela formação dos somitos. Os somitos são pares de corpos cuboides localizados ao longo e adjacentes à notocorda. Sua formação é induzida pelo desenvolvimento da notocorda. Eles são muito úteis na determinação da idade do embrião, principalmente em casos de aborto. Originam: ossos do crânio; ossos da coluna vertebral; esterno; alguns músculos; derme subadjacente, etc. - O fechamento do tubo ocorre do meio para as extremidades. As últimas partes a se fechar são os neuróporos rostral e dorsal. O não-fechamento do tubo leva a doenças como a anencefalia e a mielomeningocele, em que o tecido fica exposto, não recoberto por pele. - No início da terceira semana dá-se a angiogênese. Os vasos primitivos são tubos formados a partir de células mesodérmicas, de aspecto estrelado. O coração é representado por um par desses tubos que se fundem e formam um coração tubular unido a vasos do embrião. Assim, se forma o sistema cardiovascular primitivo, proveniente de células mesenquimais. Ao final da terceira semana, o coração começa a bater. Renan Donadel – ATM 18/1 • Quarta a Oitava Semana – Organogênese - Ocorre a formação de estruturas internas e externas do embrião e, ao final da oitava semana, o embrião possui aspecto nitidamente humano. - Dobramento do disco trilaminar: antes era um embrião plano, em forma de “chinelo”; agora adquire aspectos humanos, em forma de “C”. Ocorre devido ao crescimento acelerado do encéfalo e da medula, não acompanhado pelo crescimento lateral. Esse dobramento ocorre em forma de “concha”: a dobra caudal é devida ao crescimento do tubo neural; já as dobras laterais, ao crescimento da medula e dos somitos. - Diferenciação dos folhetos Ectoderma: SN, epiderme e seus anexos (glândulas, pêlos, unhas), epitélio sensorial do nariz e dos olhos (retina), etc. Mesoderma: Tecidos Conjuntivos, músculos, vasos sanguíneos, gônadas, etc. Endoderma: Epitélio do trato digestivo e respiratório, pâncreas, fígado, etc. • Nona (Período Fetal) a 12ª Semana - Ocorre uma diminuição relativa do crescimento da cabeça em relação ao corpo. - Começa o ganho de peso e análise da viabilidade fetal (em relação a maturidade do feto). Em geral, precisam ter no mínimo 500g ao nascer. - Retorno do intestino para o abdômen. - Formação dos centros primários de ossificação, especialmente no crânio e ossos longos. - Genitálias masculina e feminina ainda parecidas. • 13ª a 16ª Semana - Na 14ª semana, já é possível verificar a genitália exteriorizada, o que permite definir o sexo. • 17ª a 20ª Semana - Os chutes do bebe já podem ser percebidos pela mãe. - Na 20ª semana, são perceptíveis a sobrancelha e os cabelos. - Formação da gordura marrom, responsável pela produção de calor fetal. • 21ª a 25ª Semana - Ganho substancial de peso. - Produção de surfactantes pelos pneumatócitos (evita o colabamento dos alveolos). - Presença de unhas. Renan Donadel – ATM 18/1 • 26ª a 29ª Semana - Os pulmões já são capazes de respirar. - Os olhos estão abertos com 26 semanas. - O baço é um local importante de hamatopoese. A eritropoese no baço termina na 28ª semana, quando a medula assume esse papel. • 30ª a 34ª Semana - Os reflexos pupilares à luz podem ser induzidos com 30 semanas. - A pele é rosada e lisa, devido ao lanugo e a vérnix caseosa. • 35ª a 38ª Semana - Com 36 semanas, as circunferências da cabeça e do abdômen são praticamente iguais. - O corpo é roliço, devido à alta disposição de gordura subcutânea. - O crescimento torna-se mais lento com a aproximação do nascimento. • Data esperada do Parto - 38 semanas, em casos de Reprodução Assistida. - 40 semanas após a última menstruação. • Placentação - A placenta é um órgão feto materno. Porção fetal: vilosidades coriônicas. Porção materna: região da decídua basal. PS.: Decídua: é a região do endométrio relacionada à gravidez. Subdivide-se em três porções: Basal: é a parte mais interna Capsular: porção superficial que recobre o feto; é forçada pelo crescimento Parietal: revestimento restante do útero - Na 2ª semana, pode-se considerar o início da placentação, com a invaginação de células do citotrofoblasto para o sinciciotrofoblasto. - Da 4ª para a 5ª semana, a cavidade amniótica se expande, obliterando a cavidade coriônica. - Por volta da 8ª semana, as vilosidades coriônicas cobrem a totalidade da superfície do saco coriônico. Com o crescimento do feto, a porção do saco coriônico voltado à região da decídua capsular, devido à pressão do crescimento, perde as vilosidades. Assim, o córion passa a apresentar duas regiões: córion liso e córion frondoso/viloso. Renan Donadel – ATM 18/1 - A placenta é um disco de cerca de 500g. - A parte fetal da placenta prende-seà parte materna pela capa citotrofoblástica. - O sangue pouco oxigenado deixa o feto pelas artérias umbilicais, que se ramificam em varias artérias coriônicas. Depois de ser bem oxigenado, o sangue fetal retorna ao feto pela veia umbilical. - O transporte de substâncias é facilitado pela grande superfície da membrana placentária. Oxigênio, monóxido e dióxido de carbono são transportados por difusão simples, bem como ureia e ácido úrico, produtos da excreção fetal. - A maioria das drogas atravessa a placenta por simples difusão. Alguns vírus maternos também podem infectar o bebê através do cruzamento da barreira placentária. - O popular “rompimento da bolsa” refere-se ao rompimento do córion, com saída do líquido amniótico. Ilustração da Barreira Placentária Renan Donadel – ATM 18/1 • OBSERVAÇÕES 1. Exames Preliminares à Reprodução Assistida - Histeroscopia: é uma endoscopia da cavidade uterina, para verificar o estado do endométrio e possível obstrução das trompas. Não existe anestesia. - Histerosalpingografia: é um exame de raio-x da cavidade uterina que utiliza um meio de contraste (geralmente a base de iodo) para melhor visualização. Principalmente indicado para análise das trompas. Pode ser clínico ou cirúrgico. O exame clínico, o qual possui a finalidade de análise do útero, não existe anestesia. - Laparoscopia: é uma cirurgia pouco invasiva, com objetivo de tratar endometrioses ou casos de infertilidade. Ela ocorre através de uma incisão no umbigo, necessitando, portanto, de anestesia. - Espermograma: análise da quantidade de espermatozoides, formato e motilidade. Em um ejaculado normal, deve-se ter no mínimo 15 milhões de espermatozoides. Caso 4% desses possuam características ideais à fertilização, o homem é considerado fértil. 2. Ovário Policístico: É considerado um fator de infertilidade por alterar os ciclos hormonais da mulher, evitando a correta maturação e ovulação dos folículos. Sua causa está relacionada ao aumento da produção de hormônios masculinos na mulher, o que se reflete em característica como aumento de pelos e acne, engrossamento da voz, entre outros. O tratamento é feito com pílula anticoncepcional, a fim de regular esses hormônios. 3. Desenvolvimento do pool ovariano Renan Donadel – ATM 18/1 4. Morfologia espermática pelo critério de Kruger - Critério rigoroso de classificação. Diversas medidas são realizadas em cada espermatozoide, que é classificado como normal (oval) ou anormal. Talvez seja o parâmetro mais importante de toda a análise seminal, e correlaciona-se com diversos testes de função espermática. - É considerado normal quando a cabeça tem comprimento de 5 – 6 µm e espessura entre 2,5 e 3,5 µm, configuração oval, lisa, regular e com região acrossômica entre 40 - 70% da área da cabeça do espermatozoide. As cabeças fora do padrão são consideradas anormais. Não deve haver nenhum defeito no pescoço, peça intermediária ou cauda. - Valor normal: 14% do total de espermatozoides. Abaixo de 4% correlaciona-se com pior prognóstico e entre 5-13% - poderão ser realizados testes de função espermática, avaliados caso a caso.
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