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LIBERDADE_PROVISÓRIA

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
LIBERDADE PROVISÓRIA
PROF. LUIZ BIVAR JR.
 
 
 
 BREVES CONSIDERAÇÕES:
A prisão, no direito brasileiro, é medida de exceção. A regra é o acusado responder ao processo
em liberdade, somente devendo ser preso após o trânsito em julgado de sentença condenatória em que
se impôs pena privativa de liberdade. É a chamada prisão definitiva, corolário lógico do princípio da
presunção de inocência ou da não culpabilidade, previsto no art. 5º, LVII, da Constituição da República
[1]. 
Importante ressaltar, no entanto, que, por vezes, impõe-se a prisão antes mesmo de existir uma
sentença definitiva. Trata-se da prisão provisória, processual ou cautelar, que ocorre antes do trânsito
em julgado da sentença. De acordo com o professor Julio Fabbrini Mirabete:
 “(...) Rigorosamente, no regime de liberdades individuais que preside o nosso direito, a prisão
só deveria ocorrer para o cumprimento de uma sentença penal condenatória. Entretanto, pode
ela ocorrer antes do julgamento ou mesmo na ausência do processo por razões de necessidade
e oportunidade. Essa prisão assenta na Justiça Legal, que obriga o indivíduo, enquanto
membro da comunidade, a se submeter a perdas e sacrifícios em decorrência da necessidade
de medidas que possibilitem ao Estado prover o bem comum, sua última e principal finalidade.
(...) É nesse sentido que o artigo 282 do CPP reza que, à exceção do flagrante delito, a prisão
não poderá efetuar-se senão em virtude de pronúncia ou nos casos determinados em lei, e
mediante ordem escrita da autoridade competente, que, hoje, é apenas a autoridade judiciária
(art. 5º, LXI, da CF).”[2]
Como se pode perceber, a regra é a liberdade, a exceção é a sua privação nos termos da lei, que
só deve ocorrer em casos de absoluta necessidade. Tenta-se, assim, conciliar os interesses sociais que,
de um lado, exigem a aplicação de uma pena ao autor de um crime e, de outro, protegem o direito do
acusado de não ser preso, senão quando considerado culpado por sentença condenatória transitada em
julgado.
É nesse contexto que surge o instituto da liberdade provisória, previsto no art. 5º, LXVI, da
Constituição da República. Para o professor Paulo Rangel:
 “(...) Assim, a Constituição, ao garantir como direito que somente haja prisão em flagrante
delito, ou por ordem escrita e fundamentada do juiz competente, garante também que ninguém
será levado para ela se a lei admitir liberdade provisória, com ou sem fiança (cf. art. 5º, LXI e
LXVI).”[3]
De fato, ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança. Trata-se de um direito constitucional que não pode ser negado se
estiverem presentes os motivos que a autorizam. Segundo o professor Guilherme de Souza Nucci:
 “(...) confirmando o fato da autoridade policial dever lavrar, sempre, o auto de prisão em
flagrante tão logo tome conhecimento da detenção ocorrida, realizando apenas o juízo de
tipicidade, sem adentrar nas demais excludentes do crime, cabe ao magistrado, recebendo a
cópia do flagrante, deliberar sobre a liberdade provisória, que é um direito do indiciado, desde
que preencha os requisitos legais. Nesse caso, quando houver nítida impressão ao juiz de que o
preso agiu em estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular de direito ou estrito
cumprimento do dever legal, deve permitir que aguarde o seu julgamento em liberdade, não
tendo o menor sentido mantê-lo preso. Falta nesse caso, para sustentação da medida cautelar,
o fumus boni juris. A única possibilidade de segurar o indiciado preso é não acreditar na
versão de qualquer excludente de ilicitude ofertada. Entretanto, havendo fortes indícios de que
alguma delas está presente, melhor colocar a pessoa em liberdade do que segurá-la
detida.”[4]
 
2. CONCEITO:
A liberdade provisória encontra-se prevista na Constituição Federal e no Código de Processo
Penal, in verbis:
 “Art. 5º, LXVI, da Constituição Federal – ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança.”
 “Art. 310, do Código de Processo Penal – Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em
flagrante que o agente praticou o fato, nas condições do art. 19, I, II e III, do Código Penal,
poderá, depois de ouvir o Ministério Público, conceder ao réu liberdade provisória, mediante
termo de comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogação.[5]
Parágrafo único – Igual procedimento será adotado quando o juiz verificar, pelo auto de
prisão em flagrante, a inocorrência de qualquer das hipóteses que autorizam a prisão
preventiva (arts. 311 e 312).”
A liberdade provisória é uma contracautela que substitui a custódia provisória, com ou sem fiança. Diz-
se contracautela, pois a cautela é a prisão. Assim, a liberdade provisória é uma contraposição, cujo
antecedente lógico é a prisão cautelar. Por esse instituto o acusado não é recolhido à prisão ou é posto
em liberdade quando preso, vinculado ou não a certas obrigações que o prendem ao processo e ao juízo,
com o fim de assegurar a sua presença ao processo sem o sacrifício da prisão cautelar. Diz-se que essa
liberdade é provisória, pois, a qualquer tempo, ocorrendo certas hipóteses previstas em lei, pode ser
revogada, sendo o acusado recolhido à prisão. 
Novamente nas palavras do professor Mirabete:
 “(...) É, pois, um estado de liberdade que pode estar gravado nas condições e reservas que
tornam precário e limitado o seu gozo. Tem a denominação de liberdade ‘provisória’ porque:
a) pode ser revogada a qualquer tempo, salvo no caso de não ser vinculada; b) vigora apenas
até o trânsito em julgado da sentença final que, se condenatória, torna possível a execução da
pena e, se absolutória, transforma a liberdade em definitiva.”[6]
Importante ainda destacar que não se confundem os institutos da liberdade provisória,
revogação de prisão preventiva e o relaxamento da prisão em flagrante. Este último se dá, nos termos
do art. 5º, LXV, da Constituição, nos casos de ilegalidade da prisão, ou seja, “limitando-se às situações
de vícios de forma e substância na autuação, e nunca acarretando ao acusado deveres e
obrigações”[7]. Já na liberdade provisória subsistem os motivos da custódia, porém, desde que
ausentes os pressupostos autorizadores da prisão preventiva, poderá ser o acusado posto em liberdade,
sujeitando-o a determinadas condições, conforme o caso. Vê-se, portanto, que a prisão é legal, porém
desnecessária. A revogação da prisão preventiva, por sua vez, ocorre quando não mais subsistem os
seus pressupostos autorizadores (art. 312 e 313 do CPP), sem que o acusado fique sujeito a qualquer
condição. Nota-se, assim, que, quanto à causa, a revogação da prisão preventiva equipara-se à liberdade
provisória, porém, quanto aos efeitos, assemelha-se ao relaxamento da prisão. 
 
3. ESPÉCIES:
A liberdade provisória pode ser obrigatória (ou desvinculada); permitida (ou vinculada) ou
proibida (ou vedada). 
 
3.1 LIBERDADE PROVISÓRIA OBRIGATÓRIA OU DESVINCULADA:
O art. 321 do Código de Processo Penal traz a figura da liberdade provisória obrigatória ou
desvinculada, isto é, independentemente do pagamento de fiança e sem sujeitar o acusado a qualquer
vinculação ou condição. Para tanto, basta que a infração seja punida, exclusivamente, com pena de
multa, ou que a pena privativa de liberdade não exceda a três meses. Nesses dois casos, o legislador
usou a expressão “livrar-se-á solto, independentemente de fiança”. 
No primeiro caso (quando a infração é punida, exclusivamente, com pena demulta), o
fundamento para a concessão de liberdade provisória obrigatória e desvinculada de qualquer condição
encontra-se no fato de que caso o acusado seja condenado, não ficaria sujeito à prisão, já que a única
punição existente é a pena de multa. Como, então, sujeitá-lo, provisoriamente, à uma pena mais grave
do que aquela que ele receberia caso fosse definitivamente condenado? Tal fato seria um verdadeiro
absurdo. 
A segunda hipótese se dá quando a pena privativa de liberdade não ultrapassa três meses. Por se
tratar de uma pena pequena, o legislador achou por bem estabelecer, para o caso, liberdade provisória
obrigatória, sem fiança ou qualquer outra condição, pois, diante do tempo de duração do inquérito e
ação penal, certamente o acusado ficaria mais tempo preso em decorrência da prisão provisória do que
em função da condenação final que não excederia três meses de reclusão, detenção ou prisão simples. 
Não caberá, entretanto, tal instituto, nos termos do art. 321 do CPP, nos crimes dolosos punidos
com pena privativa de liberdade, se o réu já tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença
transitada em julgado (art. 323, III, do CPP). Trata-se do réu que é reincidente em crime doloso. Por se
tratar de norma restritiva, a interpretação também deve ser restrita, vedando-se a analogia ou
interpretação extensiva. Assim, a condenação anterior a crime culposo ou contravenção não impede a
concessão do benefício. Também se encontra proibida a concessão desse benefício se houver no
processo prova de ser o réu vadio (art. 323, IV, do CPP). 
De acordo com o professor Fernando Capez “a Lei nº 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais
Criminais), em seu art. 69, parágrafo único, institui nova hipótese de liberdade provisória
obrigatória: quando o autor do fato, surpreendido em flagrante, assumir o compromisso de
comparecer à sede do juizado.”[8] 
 
3.2 LIBERDADE PROVISÓRIA PERMITIDA OU VINCULADA:
 A liberdade provisória pode ser também permitida ou vinculada. Ocorre em determinadas
hipóteses em que o legislador admitiu a concessão desse instituto, porém sujeitou o acusado ao
cumprimento de certas condições, sob pena de se revogar a liberdade e recolher-se o réu à prisão. As
condições às quais o réu estará sujeito encontram-se previstas nos arts. 327 e 328 do Código de
Processo Penal:
a) obrigação de comparecer a todos os atos do processo (art. 327 do CPP);
b) proibição de o réu mudar de residência, sem prévia permissão da autoridade
processante (art. 328, 1ª parte, do CPP);
c) proibição de o réu ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua residência, sem
comunicar à autoridade processante o lugar onde será encontrado (art. 328, 2ª parte, do
CPP).
Como se vê, o legislador permite a concessão de liberdade provisória, porém sujeita o acusado a
certas condições. Nas palavras do professor Paulo Rangel: “(...) Portanto, o réu fica livre, mas preso ao
processo”[9]. 
 
3.2.1 LIBERDADE PROVISÓRIA PERMITIDA OU VINCULADA, SEM FIANÇA:
A primeira hipótese de liberdade provisória sem fiança, mas com vinculação é a mencionada no
art. 310, caput, do CPP, verbis:
 “Art. 310 – Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em flagrante que o agente praticou o
fato, nas condições do art. 19, I, II e III, do Código Penal, poderá, depois de ouvir o Ministério
Público, conceder ao réu liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os
atos do processo, sob pena de revogação.”
O referido artigo permite ao juiz conceder liberdade provisória ao acusado, independentemente
de fiança, desde que sua conduta se encaixe no art. 23 do Código Penal (causas excludentes da ilicitude
do fato), pouco importando se o crime é inafiançável ou não. O fundamento para a existência desse
dispositivo é que o acusado agiu acobertado por uma excludente da ilicitude, ou seja, de acordo com o
direito, não havendo, portanto, razão para que permaneça preso. 
Para o já citado Paulo Rangel:
 “(...) A liberdade provisória estatuída no art. 310 e seu parágrafo único independe da natureza
da infração, ou seja, afiançável ou não, admite-se a liberdade. Assim, pouco importa se o fato
está descrito no art. 121, caput, do Código Penal, ou no art. 155, caput, do mesmo estatuto
repressivo. Primeiro, o juiz deve analisar se o fato foi praticado nas hipóteses descritas no art.
23 do CP. Segundo, se existem razões para, se o réu solto estivesse, ser preso preventivamente.
Assim, se a conduta do réu amolda-se ao art. 23 do CP ou inexistirem razões para prendê-lo
preventivamente, a liberdade provisória para a ser direito subjetivo do réu.”[10]
O artigo em análise não contempla situações em que há exclusão da culpabilidade (erro de
proibição, coação moral irresistível, obediência hierárquica, inimputabilidade, embriaguez completa
proveniente de caso fortuito ou força maior etc.). Alguns autores defendem uma interpretação mais
ampla para abranger também essas causas, porém, apesar de louvável, é nitidamente de lege ferenda. 
A segunda hipótese de liberdade provisória sem fiança, mas com vínculo é a prevista no art. 350
do CPP. De acordo com esse dispositivo:
 “Art. 350 – Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando ser impossível ao réu prestá-la,
por motivo de pobreza, poderá conceder-lhe a liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações
constantes dos arts. 327 e 328. Se o réu infringir, sem motivo justo, qualquer dessas obrigações
ou praticar outra infração penal, será revogado o benefício.
Parágrafo único – O escrivão intimará o réu das obrigações e sanções previstas neste artigo.”
Nota-se que o caso em apreço diz respeito aos crimes que admitem fiança, mas o réu, por
motivo de pobreza, encontra-se impossibilitado de prestá-la. Nesse caso, o juiz poderá conceder
liberdade provisória, sujeitando-o, entretanto, a determinadas condições (arts. 327 e 328 do CPP). 
Essa liberdade provisória prevista no art. 350 do CPP depende de três requisitos:
a) somente pode ser concedida nos casos em que se admite fiança;
b) o réu deve ser pobre;
c) sujeição às condições previstas nos arts. 327 e 328 do CPP.
A esse respeito, leiam-se as palavras do professor Paulo Rangel:
 “(...) Verifica-se, assim, que essa liberdade somente poderá ser concedida se o crime for
afiançável, pois, do contrário, deverá ser tratada pelo art. 310 do estatuto processual. É
curioso que ao pobre e ao rico que cometerem crimes inafiançáveis seja permitida a liberdade
provisória do art. 310 do CPP. Porém, ao pobre que cometer crime afiançável ser-lhe-á
concedida a liberdade provisória ao art. 350. Ou seja, há, data vênia, tratamento diferenciado
dado ao pobre, que terá mais obrigações a cumprir por estar em liberdade provisória nos
termos do art. 350; quanto ao rico, por ter cometido um crime inafiançável, terá a liberdade
provisória do art. 310. 
 Explicamos.
 Quais as obrigações constantes do art. 310 do CPP? Na realidade só há uma: comparecer a
todos os atos do processo.
 Quais as obrigações constantes do art. 350 do CPP? São três, diluídas nos arts. 327 e 328 (...)
 Assim, o pobre, liberado os termos do art. 350 do CPP, está sujeito a três obrigações
processuais, enquanto que o pobre (ou o rico), liberado nos termos do art. 310, a apenas uma.
E vejam: a infração penal cometida nos termos do art. 310 pode ser afiançável ou não. O que
significa dizer, a infração mais grave (por isso é inafiançável) sujeita o autorda mesma a uma
única obrigação (comparecer a todos os atos do processo) e a infração menos grave (por isso
afiançável) sujeita-a a três obrigações.”[11]
Finalmente, uma terceira hipótese de liberdade provisória sem fiança, mas com vínculo é a prevista no
art. 310, parágrafo único, do CPP:
 “Art. 310 – (...)
 Parágrafo único – Igual procedimento será adotado quando o juiz verificar, pelo auto de prisão em
flagrante, a inocorrência de qualquer das hipóteses que autorizam a prisão preventiva (arts. 311 e 312).”
Esse parágrafo único foi acrescentado ao art. 310 do CPP pela Lei nº 6.416/77. A regra agora é
o acusado responder ao processo em liberdade, sem ônus econômico, somente devendo ser preso se
presente algum dos requisitos da prisão preventiva. Aplica-se tanto às infrações afiançáveis como às
inafiançáveis, ao réu primário ou reincidente, de bons ou maus antecedentes. 
Assim, caso a prisão se mostre legal, porém desnecessária, o magistrado deverá conceder
liberdade provisória, sujeitando o acusado a determinadas condições. Não se trata de mera faculdade do
magistrado, e sim de direito subjetivo do acusado, sempre que ausentes os pressupostos autorizadores
da preventiva. Segundo o professor Mirabete:
 “(...) Tem-se entendido, por vezes, que o parágrafo único do artigo 310 atribui ao magistrado a
mera faculdade de conceder a liberdade provisória. Trata-se, porém, de um direito subjetivo
processual do acusado que, despojado de sua liberdade pelo flagrante, a readquire desde que
não ocorra nenhuma das hipóteses autorizadoras da prisão preventiva. Não pode o juiz,
reconhecendo que não há elementos que autorizariam a decretação da prisão preventiva,
deixar de conceder a liberdade provisória. Além disso, embora a lei diga que a liberdade é
concedida quando o juiz verificar a inocorrência de qualquer das hipóteses que autorizam a
prisão preventiva, deve-se entender que quer dizer que deve concedê-la quando não verificar a
ocorrência de uma dessas hipóteses, pois caso contrário estaria exigindo a evidência de um
fato negativo, o que não se coaduna com o sistema probatório do processo penal.”[12]
Dessa forma, sempre que o juiz verificar que não estão presentes nenhuns dos motivos que
autorizam a decretação da prisão preventiva (arts. 311 e 312 do CPP), isto é, não sendo necessária para
a garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal, deverá conceder liberdade provisória ao acusado, mediante
vinculação a certas condições. 
 
3.2.2 LIBERDADE PROVISÓRIA PERMITIDA OU VINCULADA, COM FIANÇA:
A liberdade provisória com fiança e, conseqüentemente, com vinculação ocorre em
determinadas infrações onde o legislador permitiu que o acusado, mediante a prestação de uma
garantia, goze de liberdade provisória. Assim, com bem dispõe a Constituição Federal (art. 5º, LXVI),
ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
fiança. Trata-se então de uma caução, de uma garantia real, servindo para designar os meios que sirvam
para assegurar o cumprimento de uma obrigação processual do réu. 
O Código de Processo Penal não estabelece quais são as infrações penais que admitem fiança,
mas sim que tipo de infração a admite. O art. 323 do CPP, a contrario sensu, deixa claro que cabe
fiança para as contravenções penais (exceto as tipificadas nos arts. 59 e 60 da Lei de Contravenções
Penais) e crimes punidos com reclusão, detenção ou prisão simples, cuja pena mínima cominada não
ultrapasse 2 (dois) anos. De acordo com o STF:
 “A afiançabilidade de infração penal, a partir da Lei não 6.416/77, verifica-se em função do
mínimo de pena abstratamente cominada, e não da concretamente aplicada.” (STF, 1ª Turma,
HC 72.169, rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 21.2.95)
 
 
 
3.2.2.1 FIANÇA:
A fiança, conforme já mencionado, é uma caução destinada a garantir o cumprimento das
obrigações processuais do réu. Trata-se de um direito subjetivo e constitucional do acusado, pois, se
presentes todos os requisitos exigidos por lei, a fiança deve ser concedida. Nas palavras do professor
Julio Fabbrini Mirabete:
 “A fiança é um direito subjetivo constitucional do acusado, que lhe permite, mediante caução e
cumprimento de certas obrigações, conservar sua liberdade até a sentença condenatória
irrecorrível. É um meio utilizado para obter a liberdade provisória: se o acusado está preso, é
solto; se está em liberdade, mas ameaçado de custódia, a prisão não se efetua.”[13]
A fiança se destina ao pagamento das custas do processo, de uma eventual pena pecuniária
(multa) ou para garantir o ressarcimento da vítima diante do crime que foi praticado. Pode ser
concedida em qualquer fase do inquérito ou do processo, até o trânsito em julgado da sentença. Será
arbitrada pela autoridade policial nos casos de infração punida com detenção ou prisão simples, sendo
concedida pelo juiz nos demais casos (art. 322 do CPP). 
O arbitramento da fiança, nos termos do art. 326 do CPP, deverá levar em consideração a
natureza da infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias
indicativas de sua periculosidade, bem como a importância provável das custas do processo, até final
julgamento. 
De acordo com o art. 325 do CPP, o valor da fiança é fixado com base na pena mínima e
máxima cominada abstratamente à infração penal, podendo variar de um a cem salários mínimos de
referência[14]. Esse valor poderá ainda ser reduzido até o máximo de dois terços ou aumentado até o
décuplo, se assim o recomendar a situação econômica do réu ou do indiciado. 
Há duas modalidades de prestação de fiança: (i) por depósito: consiste no depósito de dinheiro,
pedras, objetos, metais preciosos ou títulos da dívida pública; (ii) por hipoteca: não há limitação do seu
objeto. Exige-se, entretanto, avaliação por perito nomeado pela autoridade e inscrição em primeiro
lugar. 
Ocorrerá o quebramento da fiança quando o réu, legalmente intimado, deixar,
injustificadamente, de comparecer aos atos do processo, quando mudar de residência ou se ausentar por
mais de oito dias sem comunicar previamente ao juízo, e quando, na vigência do benefício, praticar
outra infração penal (arts. 327/328 c/c 341/343 do CPP). Como conseqüência, o acusado perderá
metade do valor pago e terá que se recolher à prisão. 
Quando se reconhecer não ser cabível a fiança será ela cassada em qualquer fase do processo. É,
portanto, caso em que a fiança é concedida por engano da autoridade. Será também cassada quando
reconhecida a existência de delito inafiançável, no caso de inovação na classificação do delito, ou seja,
são aqueles casos em que a imputação passa de um delito afiançável para outro inafiançável. Nos
termos do art. 340, parágrafo único, do CPP, haverá ainda a cassação da fiança quando, exigido o
reforço, ele não for prestado. Como conseqüência, o valor pago a título de fiança é integralmente
devolvido e o réu terá que se recolher à prisão. 
O reforço da fiança será exigido quando a autoridade tomar por engano fiança insuficiente;
quando houver depreciação material ou perecimento dos bens hipotecados ou caucionados, ou
depreciação dos metais ou pedras preciosas e quando for inovada a classificação do delito (art. 340 do
CPP). São, assim, casos em que o valor arbitrado se mostra insuficiente ou inexato. 
Nos termos do art. 344 do CPP, ocorrerá a perda ou perdimento do valor da fiança quando o
réu, uma vez condenado, não se apresentar à prisão. Nessecaso, o montante pago a título de fiança será
perdido e o réu deverá se recolher à prisão. Para o professor Julio Fabbrini Mirabete:
 “(...) Ao dizer que a perda se dá quando ‘o réu não se apresentar à prisão’, não está
exigindo a lei, literalmente, que o condenado procure a autoridade para entregar-se,
mas, simplesmente, que não desobedeça ou resista ao cumprimento do mandado de
prisão nem se oculte ou se ausente, impedindo a execução imediata dessa ordem
judicial.”[15]
A fiança, não havendo quebramento ou perda, será restituída sem desconto, transitada em
julgado a sentença que houver absolvido o réu ou declarado extinta a ação penal (art. 337 do CPP). Já
as fianças quebradas ou perdidas passam a fazer parte do Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN),
conforme dispõe o art. 2º, VI, da Lei Complementar nº 79, de 07 de janeiro de 1994[16].
 
3.3 LIBERDADE PROVISÓRIA PROIBIDA OU VEDADA:
O Código de Processo Penal, em seus arts. 323 e 324, estabelece quais infrações penais são
inafiançáveis, devendo-se acrescentar, ainda, as proibições contidas na Constituição Federal e em leis
especiais. Assim, não será concedida fiança:
a) nos crimes punidos com reclusão em que a pena mínima cominada for superior a dois anos;
b) nas contravenções penais de vadiagem e mendicância (arts. 59 e 60 da Lei de Contravenções
Penais);
c) nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade, se o réu já tiver sido condenado
por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado (reincidente em crime doloso);
d) se houver prova, no processo, de ser o réu vadio;
e) nos crimes punidos com reclusão, que provoquem clamor público ou que tenham sido
cometidos com violência ou grave ameaça contra a pessoa;
f) ao réu que, no mesmo processo, tiver quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido,
sem justo motivo, quaisquer das obrigações a que se refere o art. 350 do CPP;
g) nos casos de prisão civil, disciplinar, administrativa ou militar;
h) ao que estiver no gozo de suspensão condicional da pena ou de livramento condicional, salvo se
processado por crime culposo ou contravenção que admita fiança;
i) quando estiverem presentes quaisquer dos motivos que autorizem a decretação da prisão
preventiva (art. 312 do CPP);
j) no crime de racismo (art. 5º, XLII, da Constituição Federal);
k) nos crimes hediondos e equiparados (art. 5º, XLIII, da Constituição Federal);
l) na ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático (art. 5º, XLIV, da Constituição Federal);
m) nos casos de intensa e efetiva participação em organizações criminosas (art. 7º da Lei nº
9.034/95);
n) o crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, salvo quando a arma
estiver registrada em nome do agente (art. 14, parágrafo único, da Lei nº 10.826/2003);
o) nos crimes de lavagem de dinheiro (art. 3º da Lei nº 9.613/98).
 
4. CONCLUSÃO:
O instituto da liberdade provisória constitui assunto corriqueiro e de vital importância no Direito
Processual Penal moderno, pautado em uma ótica garantista. O presente trabalho teve por objetivo
dissertar, ainda que brevemente, sobre o tema na tentativa de facilitar a sua compreensão. Para tanto,
analisaram-se temas correntes em sede de liberdade provisória, tais como o seu conceito, espécies, o
instituto da fiança, dentre outros. 
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
 
CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo penal. 13ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código de processo penal comentado. 3º ed. São Paulo: RT, 2004.
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 8º ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004.
 
 
 
 
[1] Nos termos da Sumula nº 09 do Superior Tribunal de Justiça “a exigência da prisão provisória, para
apelar, não ofende a garantia constitucional da presunção de inocência”. 
[2] MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo penal. 13ª ed. São Paulo: Atlas, 2002, pp. 359-360.
[3] RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 8º ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004, p. 657.
[4] NUCCI, Guilherme de Souza. Código de processo penal comentado. 3º ed. São Paulo: RT, 2004, p.
558.
[5] Referência a dispositivo original do Código Penal. Atualmente, equivale ao art. 23, I, II e III, da
nova Parte Geral do CP, após a reforma de 1984.
[6] MIRABETE, Julio Fabbrini. Op. Cit., p. 402.
[7] Idem, p. 403.
[8] CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 233.
[9] RANGEL, Paulo. Op. Cit., p. 658.
[10] RANGEL, Paulo. Op. Cit., p. 661.
[11] RANGEL, Paulo. Op. Cit., p. 662.
[12] MIRABETE, Julio Fabbrini. Op. Cit., p. 406.
[13] MIRABETE, Julio Fabbrini. Op. Cit., p. 408.
[14] A Lei nº 7.789, de 03 de julho de 1989, extinguiu o salário mínimo de referência e o piso nacional
de salários, revigorando o salário mínimo para remuneração do trabalhador. 
[15] MIRABETE, Julio Fabbrini. Op. Cit., p. 421.
[16] Cria o Fundo Penitenciário Nacional - FUNPEN, e dá outras providências.

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