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sentença penal 1

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Sentença 
Descrição: 
Vistos etc. Trata-se de ação penal pública incondicionada à 
representação proposta pelo Ministério Público em face do 
réu Fulano de tal, qualificado às fls. 05 do APF, através da 
qual se imputou em desfavor do denunciado a prática de 
delito de roubo com a incidência de duas causas especiais de 
aumento de pena (emprego de arma e concurso de pessoas), 
por três vezes, em concurso formal, e, o delito de roubo na 
forma tentada, em concurso material. A denúncia descreveu 
a conduta delituosa nos seguintes termos: ´No dia 13 de 
fevereiro de 2012, por volta das 07:00 horas, o denunciado e 
outro elemento ainda não identificado, em comunhão de 
ações e desígnios, ingressaram na loja de material de 
construção situada na Rua Henrique Braga, nº 518, em 
Oswaldo Cruz, e mediante grave ameaça exercida com 
emprego de arma de fogo anunciaram o assalto, renderam o 
proprietário do estabelecimento, Sr. Antonio Gloria Pinto, e 
subtraíram para si a quantia de R$ 2.000,00 atinente à feira 
do comércio, bem como os aparelhos celulares dos 
funcionários Marcos Pedro Pereira da Silva e Lizandro 
Sanches Cardoso, conforme descrito nos autos de entrega de 
fls. 28/29. Noticiam os autos que após realizarem a rapina 
ousaram o denunciado e seu comparsa se evadir da loja, para 
tanto pulando o muro localizado nos fundos do 
estabelecimento, e em seguida lograram, de arma em punho, 
render o nacional Elmir da Silva Alves e dele subtrair o 
veículo VW/Bora, cor prata, além de dois aparelhos celulares, 
após o que foram interceptados por policiais militares lotados 
no 9º BPM que conseguiram capturar Fulano de tal dentro 
do auto VW/Bora e ainda em poder do revólver calibre 32 
utilizado na empreitada e dos telefones móveis surrupiados, 
tendo seu companheiro conseguido alcançar fuga.´ Os fatos 
levaram o Ministério Público a capitular a denúncia nos tipos 
penais prescritos no art. 157, parágrafo 2º, I e II (três vezes) 
na forma do art. 70, c/c art. 157, par. 2º, I e II em c/c art. 
14, II, na forma do art. 69, todos do Código Penal. 
Recebimento da denúncia às fls. 02. Auto de apreensão da 
arma e munições às fls. 25. Auto de apreensão dos telefones 
celulares às fls. 25/29. Folha de antecedentes criminais do 
acusado às fls. 58, cujo teor atesta a sua primariedade. 
Resposta preliminar às fls. 99/103. Ratificação do 
recebimento da denúncia às fls. 106. Laudo de exame de 
arma de fogo e munições às fls. 117/119. Laudo de exame de 
avaliação indireta às fls. 120. Audiência de Instrução e 
Julgamento, com assentadas às fls. 149/150 e 163, na qual 
foram ouvidas seis testemunhas arroladas na denúncia e 
duas testemunhas indicadas pela defesa. O réu foi 
interrogado. Alegações finais do Ministério Público, às fls. 
169/170, na qual pugnou pela condenação do réu pela 
prática dos delitos do art. 157, parágrafo 2o, incisos I e II 
(três vezes) e art. 157, §2º, incisos I e II na forma do art. 14, 
II, tudo na forma do art. 71 do Código Penal. Alegações finais 
apresentadas pelo réu, às fls. 173/176, através das quais 
pugnou pelo reconhecimento da tentativa, face à ausência de 
posse mansa e pacífica dos bens subtraídos, o 
reconhecimento da atenuante prevista no artigo 65, III, d, do 
CP, e, por último, a fixação da pena no mínimo legal e a 
concessão do direito de recorrer em liberdade. É o relatório, 
passa-se a decidir. Trata-se de ação penal pública contra 
Fulano de tal, através da qual se apurou os crimes de roubo, 
por três vezes, com a incidência de duas causas especiais de 
aumento de pena (emprego de arma e concurso de pessoas) e 
o delito de roubo na forma tentada também com a incidência 
de duas causas especiais de aumento de pena (emprego de 
arma e concurso de pessoas), em concurso material. Como 
será analisado a seguir: - a instrução criminal demonstrou de 
forma irrefutável, o comportamento, típico, antijurídico e 
culpável do réu, o qual se enquadra perfeitamente no crime 
de roubo com a incidência de duas majorantes, por três 
vezes, c/c o delito de roubo também com a incidência de 
duas causas especiais de aumento de pena todos em 
continuidade delitiva. Da análise dos delitos imputados 
contra o réu. - Art. 157, parágrafo 2º, incisos I e II do CP (três 
vezes) A figura típica do roubo é composta pela subtração 
conjugada com o emprego de grave ameaça ou violência à 
pessoa. São, portanto, os elementos que compõem a figura 
típica do roubo: a) o núcleo subtrair; b) o especial fim de agir; 
c) a coisa alheia móvel; d) o emprego de violência (própria ou 
imprópria à pessoa) ou grave ameaça. O que torna o crime de 
roubo especial em relação ao furto é justamente o emprego da 
violência à pessoa ou da grave ameaça, com a finalidade de 
subtrair a coisa alheia móvel para si ou para outrem. O 
Código Penal prevê dois tipos de violência. A primeira delas, 
contida na primeira parte do artigo, é a denominada própria, 
isto é, a violência física, a qual é praticada pelo agente a fim 
de que tenha sucesso na subtração; A segunda, entendida 
como imprópria, ocorre quando o agente, não usando de 
violência física, utiliza qualquer meio que reduza a 
possibilidade de resistência da vítima, conforme se verifica 
pela leitura da parte final do caput do dispositivo legal. 
Nelson Hungria, esclarecendo o significado da violência 
imprópria diz: ´aos meios violentos é equiparado todo àquele 
pelo qual o agente, embora sem emprego de emprego de força 
ou incutimento de medo, consegue privar a vítima o poder de 
agir´. De forma que, o comportamento ilícito do réu, 
juntamente com seus comparsas, ao abordarem as vítimas no 
interior de um estabelecimento comercial, e, anunciar o 
assalto com o emprego de arma de fogo, importa, por si só, na 
redução da possibilidade de resistência da vítima de tal modo 
a caracterizar o crime de roubo. E foi exatamente esta 
modalidade de violência que caracterizou o comportamento 
do réu Fulano de tal, inclusive, por ter utilizado as vítimas 
como ´escudo humano´ no momento da fuga. Vejamos 
trechos da ouvida das testemunhas em juízo. A testemunha 
Alvarani de Souza Dutra arrolada na denúncia relatou: ´que 
se recorda da prisão; que recebeu o comunicado pela sala de 
operações; que estava havendo essa situação de assalto na 
loja; que começou a proceder pro local; que chegando ao local 
deparou-se com dois colegas que estavam na viatura em 
frente a loja, porém não haviam adentrado porque eles 
estavam na posse de arma de fogo; que poderia ter um 
confronto e lá dentro tinha vítima; que no momento que eles 
fugiram, ele já havia adentrado o Bora do senhor e um outro 
senhor estava apontando para mim, ´dentro do carro´, 
´dentro do carro´; que pediu para explicar e ele falou: ´dentro 
do carro, dentro do carro´; que foi a hora em que chegou e fez 
a rendição do Fulano de tal; que pediu para que ele largasse 
a arma e deitasse no chão para ser feita a prisão; que no 
mesmo momento ele deixou a arma; que pegou a arma, pegou 
ele e conduziu para a viatura; que o outro elemento se evadiu 
por dentro da casa do proprietário do bora e saiu pulando, 
muros e muros; que tentaram fazer o cerco; que realizaram 
buscas, mas não tiveram sucesso; que as pessoas lá da loja 
do material da loja de construção foram observar se foi ele 
quem estava na loja; que o celular e os pertences estavam na 
posse dele; que no momento ele foi revistado, foi encontrado; 
que foi conduzido a delegacia onde foi devolvido a eles; que 
não foi apreendido dinheiro por sua parte; que ele não falou 
nada na hora da prisão; que ele não reagiu a prisão; que ele 
confessou.´ A testemunha Leonardo dos SantosSilva arrolada 
na denúncia relatou: ´que se recorda dos fatos; que eram 3 
setores envolvidos; que eram seis e eles fizeram o cerco na 
outra rua; que foi acionado com outro colega, Sargento 
Cavalcante, para um roubo em estabelecimento; que foram os 
primeiros a chegar; que deparou-se com o Fulano de tal no 
interior da loja; que quando ele me avistou correu para o 
interior da loja onde estavam os outros reféns; que fizeram o 
cerco; que acionaram através de nossa sala e pediram apoio; 
que vieram os outros dois setores; que fizeram o cerco na rua 
Andrade de Araújo; que quando chegaram, ele já tinha 
corrido e pularam o muro atrás da loja, os dois indivíduos; 
que não chegou a entrar na loja; que ficaram na porta da loja 
e acionou o apoio porque tinha refém; que o apoio veio pela 
outra rua; que eles pularam a rua, onde o Fulano de tal 
tentou render o Senhor com o carro; que quando chegaram 
conseguiram prender o Fulano de tal e o outro se evadiu; 
que recuperou o celular; que o único bem que não recuperou 
foi o dinheiro do Sr. Antônio; que o outro elemento se evadiu; 
que quando a outra viatura chegou outro senhor ficou 
apontando e falando ´ta dentro do carro, dentro do carro´; 
que rendemos; que ele saiu do carro; que rendeu ele com o 
companheiro Alvarani; que ele estava armado; que ele não 
reagiu; que deu de frente com ele desde o momento em que 
chegou, ele dentro da loja e eu do lado de fora; que quando 
botou a cara na loja, ele tava dentro da loja; que quando ele 
me viu se evadiu para dentro da loja.´ A testemunha/vítima 
Antonio da Gloria Pinto arrolada pela denúncia relatou: ´que 
é o proprietário da loja de material de construção; que foi 
rendido de imediato; que estava chegando na loja e não deu 
nem tempo de abrir a loja; que foi ameaçado; que 
vasculharam o que puderam; que surgiu a polícia no local e 
eles saíram; que eram duas pessoas; que viu cada um com 
uma arma; que levaram 2 mil reais e alguma coisa que não 
tem a quantia necessária; que haviam todos os funcionários 
da loja; que subtraíram os celulares dos funcionários da loja; 
que eles anunciaram que quem tivesse celular para colocar 
em cima da mesa; que colocou o seu também; que não viu a 
prisão; que não saiu da loja; que depois soube que eles foram 
presos; que eles entraram pelo portão da garagem; que eles 
saíram pelos fundos da loja e saíram pelo telhado; que depois 
veio saber do roubo do carro; que não sabe dizer que a pessoa 
que roubou o carro era o mesmo do roubo da loja; que 
ficaram retidos na loja, pois a intenção deles era achar 
alguma coisa a mais; que até a chegada da polícia levou no 
mínimo 20 minutos.´ A testemunha/vítima Marcos Pedro 
Pereira da Silva arrolada pela denúncia relatou: ´que trabalha 
na loja de material de construção; que por volta de dez para 
as sete da manhã coloca os caminhões para fora; que é 
motorista; que colocou o primeiro caminhão azul na Pinheiro 
de Figueiredo e foi tirar o segundo amarelo; que enquanto 
tirava o segundo amarelo e estava dando marcha ré viu que 
encostou um celta prata; que desceram os dois elementos e 
foram caminhando a loja; que como havia uma placa ´preciso 
de ajudantes´ pensou que era alguém atrás de emprego; que 
entraram na loja; que desligou o caminhão e esse carro saiu; 
que tinha o vidro escuro; que quando entrou, ele o enquadrou 
no portão já; que estava com revolver abaixado e boné na 
cabeça; que ele falou: ´vem, vem, vem´; abaixa a cabeça e 
entra no escritório´; que chegou no escritório e os 
funcionários já estavam rendidos no balcão; que o Seu 
Antônio estava sentado; que me colocou sentado, de cabeça 
baixa; que assim ficou o tempo todo; que eles falaram: ´quem 
está com o celular, retire e coloca aqui em cima da mesa´; 
que tirou o celular e colocou em cima da mesa; que um deles 
estava limpando o caixa e falou: ´A polícia tá aí, a polícia tá 
aí´; que pegou de refém o Bruno e o outro rapaz; que o 
pessoal ia chegando na loja, ia bater o cartão e eles 
agarravam; que nisso vinham mais dois ajudantes; que 
agarrou eles e saiu com eles; que eles levaram alguns 
aparelhos; que levaram o meu e o do Lisandro; que foi na 
delegacia retirar o aparelho; que eles saíram por trás; que 
enquadram os dois rapazes e levaram de escudo; que foram 
por trás, arrombaram o telhado e saíram por cima do telhado; 
que eles foram parar lá atrás, na Andrade de Araújo; que não 
sabe como, nem quem foi preso, pois agente ficou na loja o 
tempo todo de cabeça baixa; que soube porque um dos 
elementos estavam com o aparelho e foi buscar na delegacia; 
que não viu a prisão dele; que os dois estavam armados; que 
não viu o rosto dele; que tinha um que ficou no escritório e o 
outro estava limpando o caixa; que não sabe quem é Fulano 
de tal; que um funcionário nosso, Paulo, chegou por último 
na loja; que ele sentiu o lance e estava agredindo o Seu 
Antônio, dando uns tapas nele e perguntando onde estava o 
dinheiro; que viu quando ele passou; que ele discou para a 
polícia no 190; que eles estavam lá brincando de roleta russa; 
que ele deu uns tapas no Seu Antônio; que esse estava lá 
dentro teve uma hora que ele abriu o tambor da arma e 
deixou cair a munição; que ele colocou, girou o tambor e 
falou: ´vambora, vou matar um por um se não falar onde tá o 
dinheiro´; que ele apontou a arma pra cabeça de todo mundo; 
que não puxou o gatilho, apenas apontou.´ A 
testemunha/vítima Lizandro Sanches Cardoso arrolada 
pela denúncia relatou: ´que trabalha na loja de material de 
construção; que estava dentro da loja, destrancando; que 
escutou um cara falando da sala; que tem um mostruário; 
que entrou no meio da pia e ficou escondido; que não teve 
contato com ele; que só viu ele passando, entrando e saindo; 
que eram duas pessoas pelo que estava escutando; que 
estavam armados; que não sabe como eles saíram da loja; 
que escutou um policial falando: ´Não, tá tranquilo´ e saiu da 
loja; que depois na viatura foi ver; que viu rapidamente a 
pessoa presa; que não pode identificar ele como sendo a 
pessoa que efetuou o roubo dentro da loja; que levou meu 
celular e um dinheiro que estava na carteira; que não teve 
visão dos réus, apenas ouviu.´ A testemunha/vítima Elmir 
da Silva Alves arrolada na denúncia relatou: ´que foi vítima 
do roubo; que saiu de casa para o trabalho; que ao sair de 
casa foi abordado por duas pessoas, dois rapazes; que um se 
apossou logo no volante do carro e o outro ficou por trás; que 
pelo fato de ter mantido uma tranquilidade imensa; que 
trabalhou por 20 anos na Funabem com menor infrator; que 
então consegue ter um pouquinho de experiência; que pegou 
a chave do meu carro; que não é bora; que é Polo; que é 
aquela chave de canivete; que dobrou a chave e deu para o 
cara que estava atrás; que ficou dialogando; que ele 
perguntou onde estava a chave; que respondeu que já havia 
dado a chave; que ele tirou meu celular; que ficaram naquele 
diálogo e nesse momento a polícia chegou; que o que estava 
atrás de mim pulou o muro e sumiu; que o rapaz que estava 
no carro saiu se arrastando, deitou no chão e falou: ´chegou a 
polícia, e agora?´; que respondeu: ´calma, rapaz, fica frio.´; 
que ficou nisso só; que não notou arma, mas acredita que 
sim; que sabe que o outro rapaz com certeza estava; que não 
viu outros aparelhos; que sua casa fica na distancia de uns 
300, 400 metros da loja de material de construção; que a 
casa de material de construção fica aqui, dá a volta na outra 
rua e a minha é a terceira ou quarta casa; que não sabia se o 
Fulano de tal estava em fuga pelo roubo na loja de material 
de construção; que segundo comentáriosda esquina ele teria 
saído de dentro de uma vila; que essa vila fica duas, três 
casas da sua, foi uma ocasião que aconteceu de estar saindo 
e eles também; que não sabe dizer com certeza se o Fulano 
de tal estava armado, mas o outro sim; que viu a arma; que 
os funcionários nem policiais comentaram do roubo na loja 
de material de construção; que o pessoal da loja de material 
de construção não chegou lá; que o policial chegou e apontou 
para ele; que começou a dialogar com ele falando: ´calma, 
calma´; que deu a volta pelo lado do carro e correu para o 
lado dos PMs.´ A testemunha Ivone Ferreira Silva arrolada 
pela defesa relatou: ´que conhece o réu; que é vizinha dele; 
que sempre foi um rapaz direito; que sempre que passa perto 
ele cumprimenta; que sabia que a mãe dele falou que ele 
estava trabalhando; que ele tem ataque epilético; que é 
técnica de enfermagem; que a mãe dele sempre a chamava 
para ir lá; que ele sempre foi um rapaz de boa conduta na 
vizinhança; que pelo que sabe nunca teve problema; que 
nunca ficou sabendo se ele havia sido processado 
anteriormente; que até estranhou; que não sabe nada sobre 
esses crimes cometidos; que a sobrinha dele foi a sua casa e 
falou que o Fulano de tal estava doente; que a mãe dele 
estava doente; que sempre o achou um menino direito; que 
conversava; que ficou abismada.´ A testemunha Amanda 
Dutra Ferreira arrolada pela defesa relatou: ´que teve ciência 
dos fatos narrados na denúncia; que sabe o que foi passado 
pela televisão; que pelo que ouve e viu na televisão ele teria 
praticado sim o crime; que não sabe se ele foi detido com 
uma arma no interior de um veículo; que conhecia o réu 
anteriormente; que ele era um bom rapaz; que foi vizinha; 
que ele nunca deu problema na vizinhança; que não sabe se 
ele teria sido preso ou processado anteriormente; que ele 
trabalhava de ajudante de caminhão; que ele estudava, não 
tinha envolvimento com drogas; que era um bom menino.´ O 
réu em sede de autodefesa sustentou: ´que tem 25 anos; que 
nunca foi preso nem processado anteriormente; que os fatos 
narrados na denúncia são verdadeiros; que não chegou a 
roubar o carro; que saiu da loja e foi assaltar a loja; que 
estava com o Luciano; que os dois estavam armados; que na 
noite anterior haviam usado drogas lá no amarelinho, perto 
de onde mora; que era cocaína; que passaram a noite toda 
cheirando; que conhecia o Luciano; que ficou dois anos sem 
usar droga; que fez o tratamento por dois anos; que teve 
recaída; que foi usar e já conhecia o Luciano; que ele é 
morador do amarelinho; que mora em Vista Alegre; que 
quando vai buscar droga só vai no amarelinho; que conhecia 
algumas pessoas lá e o Luciano; que quando acabou a droga 
queriam usar mais e resolveram praticar o assalto; que 
saíram em busca de alguma coisa; que viram ele chegando 
para abrir a loja e resolveram abordar ele; que perguntaram 
cadê o dinheiro; que pegou os dois mil reais e os telefones dos 
funcionários; que pegou o dinheiro no caixa e ele pegou o 
celular e deu para o réu; que o policial chegou na loja; que 
acha que já tinha policial lá por perto; que chegou na loja 
gritando ´deita no chão´; que ele falou ´sujou´; que correram 
para trás da loja; que subiram pelo telhado; que subiram em 
cima do caminhão; que quebrou o telhado; que foram 
andando por cima do telhado e saíram numa rua; que 
quando saíram numa rua o rapaz do Bora estava 
estacionando o carro; que foi na hora em que agente acionou 
e falou que agente ia pegar esse carro para agente sair e ir 
embora dali daquele local; que foi na hora que os policiais 
renderam agente; que pediu a chave do automóvel ao rapaz; 
que ele falou que a chave estava dentro do carro; que entrou 
dentro do carro e colocou a mão na ignição não viu a chave; 
que falou ´Luciano, pega a chave com ele´; que quando ele 
saiu os policiais chegaram; que quando os policiais chegaram 
ele correu; que os policiais chegaram dando tiro nele; que se 
rendeu e ele conseguiu fugir; que ele mora lá no IAPC, do 
lado do conjunto do amarelinho.´ Como se verifica pelos 
depoimentos prestados em juízo pelas testemunhas, o réu, 
juntamente com seu comparsa, em uma só ação, e, mediante 
o uso de arma de fogo, roubou a loja de material de 
construção, levando das vítimas R$ 2.000,00 (dois mil reais) e 
três telefones. Em outra ação delitiva, mas, em ato contínuo, 
e, com a finalidade de fuga do local, o que denota o liame 
subjetivo entre as ações, o acusado e o outro meliante, que se 
evadiu, tentaram roubar o veículo, ocasião em que fora preso 
em flagrante delito pelos policiais militares. Ressalta-se que, o 
próprio réu, em seu interrogatório, confessou a prática do 
delito, reconhecendo ter atuando em comunhão de ações e 
desígnios com outro meliante, assim como, o emprego da 
arma na consecução dos delitos. As duas causas especiais de 
aumento de pena para os respectivos crimes de roubo 
também devem se atribuídas ao réu. Dá-se o reconhecimento 
da majorante pelo emprego da arma, em virtude da sua 
efetiva utilização, já que o acusado e seu comparsa estariam 
armados, o que se atesta com o depoimento das testemunhas 
em juízo e pela própria confissão do réu. E a potencialidade 
lesiva da arma apreendida pôde ser atestada com o laudo 
pericial, anexado aos autos às fls. 117/119, por ser capaz de 
produzir disparos. Em assim sendo, deve-se reconhecer a 
majorante pelo emprego de arma de fogo em desfavor do réu. 
Já quanto à causa especial de aumento de pena pelo 
concurso de pessoas, tem-se que é necessário o acordo de 
vontades dirigido à finalidade comum de subtrair coisa alheia 
móvel, e, para tanto, faz-se mister verificar o vínculo 
psicológico que unia os agentes na prática do mesmo crime. A 
ausência de liame subjetivo entre os agentes afastaria o 
concurso de pessoas. Existe polêmica jurisprudencial e 
doutrinária com relação ao fato de se exigir, para fins de 
reconhecimento da causa de aumento, a presença das 
pessoas durante a execução material do delito. Weber 
Martins Batista concluiu sobre o tema: ´A lei pune todos 
aqueles que, moral ou materialmente, concorrem para o 
crime, mas só considera agravado o furto praticado, 
cometido, executado por dois ou mais agentes. Assim, à 
interpretação teleológica(...), se junta a interpretação literal 
da norma em exame e a sua comparação com a o art. 29 do 
Código Penal, tudo levando à conclusão de que é necessária a 
presença dos concorrentes no local do crime, na hora de sua 
execução, pois o furto só será cometido mediante o concurso 
de duas ou mais pessoas se estas participarem na fase 
executiva do delito´. Com a prova oral produzida na fase de 
instrução do processo se confirmou que o réu atuou na 
companhia de outro meliante, e, que, teriam agido de forma 
conjunta e coordenada na prática do delito. Os agentes 
envolvidos nas empreitadas criminosas participaram da fase 
execução dos crimes, portanto, deve, por tal razão, incidir a 
causa especial de aumento de pena pelo concurso de 
pessoas. Não merece guarida a alegação defensiva de 
reconhecimento da figura da tentativa quanto aos crimes de 
roubo ocorridos no interior da loja de material de construção, 
eis que o dinheiro subtraído, aproximadamente, R$ 2.000,00 
(dois mil reais) não foi recuperado. Até porque, os objetos 
subtraídos foram retirados da esfera de disponibilidade das 
vítimas. Não se faz necessária a posse mansa e pacífica da 
coisa subtraída, após, o emprego da violência, para a 
consumação do crime de roubo. O Superior tribunal de 
Justiça se posicionou no sentido de que o crime de roubo 
se consuma no instante em queo meliante se torna 
possuidor da coisa alheia móvel, não sendo necessário 
que a coisa saia da esfera de vigilância do antigo 
possuidor. Já quanto ao crime de roubo do veículo deve-
se reconhecer a figura da tentativa. O acusado foi preso 
em flagrante delito no curso da execução do segundo 
roubo, ainda, no local da subtração, e, portanto, tem-se 
que a hipótese comporta a modalidade tentada, mas, não 
com relação aos três primeiros roubos (três patrimônios 
distintos) praticados em uma só ação, o qual já estaria 
consumado, e, sim, com relação ao roubo do veículo, já 
que o bem não chegou a sair da esfera de vigilância do 
ofendido. E para a dosimetria penal, quanto ao crime roubo 
tentado, impõe-se a redução da pena na fração de 1/3, posto 
que, o crime chegou perto da consumação. O acusado foi 
preso em flagrante delito já no exercício da disponibilidade da 
coisa, uma vez que se encontrava no interior e na direção do 
carro. E somente não empreendeu fuga no veículo roubado 
em razão da atuação policial. Ressalta-se que, quanto à 
primeira conduta delitiva, ocorrida no interior da loja de 
material de construção, o acusado, mediante uma só ação, 
praticou três crimes de roubo, pois foram atacados três 
patrimônios de vítimas distintas, o dono da loja e dois 
funcionários, razão pela qual se reconhece o concurso formal 
entre estes delitos. De toda sorte, há que se reconhecer, em 
continuação delitiva, entre os delitos de roubo, ocorridos no 
interior do estabelecimento comercial, e, o roubo do veículo. 
O nosso código penal adotou a teoria da ficção jurídica com a 
presunção da existência de um só crime. Houve a pluralidade 
de condutas; a pluralidade de crimes da mesma espécie; a 
observância das condições objetivas exigidas de tempo, lugar 
e maneira de execução; e a unidade de desígnio. E O STJ ao 
fazer distinção entre a reiteração criminosa e o nexo de 
continuidade dos crimes exigiu, além da homogeneidade das 
circunstâncias objetivas; 1º - a violação de um mesmo bem 
jurídico; 2º - a utilização pelo agente de uma dada situação 
pessoal prévia aos delitos, cuja atividade se desdobre em 
várias ações. Os delitos de roubo, em um curto espaço de 
tempo, foram praticados pelo réu e seus comparas, em locais 
próximos, exatamente pela situação pessoal que se 
encontravam os agentes. Somente tentou-se roubar o veículo 
para que fosse utilizado na fuga da empreitada criminosa. A 
destinação final do veículo, inclusive, é desconhecida. Por 
tudo dito, deve-se reconhecer a continuação delitiva entre o 
crime de roubo majorado duas vezes (3X), em concurso 
formal, e, o crime de roubo com a incidência das duas causas 
especiais de aumento de pena na sua forma tentada. Nada 
impede que entre dois ou mais delitos componentes da 
continuação haja concurso formal, porém, neste caso, 
incidirá um só aumento de pena, o do delito continuado, 
prejudicando o do art. 70 do CP (relativo ao concurso formal). 
In Damásio de Jesus, comentários ao Código Penal-Parte 
Geral; São Paulo, Saraiva, 1985, 29 vol. P. 684. Isso porque o 
objetivo do legislador foi o de ´prevenir o apenamento intenso 
do indivíduo merecedor de censura menos grave que se 
tivesse cometido iguais delitos por meio de ações distintas´, e 
pelo fato de que a regra do concurso ideal só há de ser 
aplicada quando efetivamente trouxer proveito ao réu, 
devendo ser afastada quando lhe acarrete prejuízo (STF, RE 
101.925/SP, 2ª Turma, Rel. Francisco Rezek, DJ de 
14/03/1986). Outrossim, o STJ já se posicionou no sentido 
de que, nas situações em que configuradas as duas hipóteses 
de aumento da pena concernentes ao concurso formal e a 
continuidade delitiva, admite-se apenas uma exacerbação, 
qual seja, aquela relativa ao crime continuado, sob pena de 
bis in idem. (STJ, HC 70.110/RS, 5ª Turma, Rel. Ministro 
Gilson Dipp, DJe de 04/06/2007). O aumento a ser aplicado 
em decorrência do reconhecimento da continuidade delitiva 
deve ser estabelecido de acordo com o número de infrações. E 
como há quatro delitos de roubo majorados pelo concurso de 
pessoas e emprego de arma, sendo que um deles praticado na 
sua forma tentada, aplicar-se-á a pena mais grave, 
aumentada, neste caso, da fração de ¼. Assim sendo, forte é 
o mosaico probatório constituído pela acusação, nada 
havendo que ilida a pretensão punitiva aduzida na denúncia. 
Desta feita, inexistem causas de excludente da ilicitude ou da 
culpabilidade, agindo o acusado de forma livre e 
conscientemente, tornando-se os fatos imputados a este, 
típicos, antijurídicos e culpáveis. Face ao exposto, JULGA-SE 
PARCIALMENTE PROCEDENTE a pretensão punitiva estatal 
para condenar o réu Fulano de tal nas penas do art. 157, 
parágrafo segundo, incisos I e II (três vezes) n/f do art. 70 c/c 
a art. 157, parágrafo segundo, incisos I e II n/f do art. 14, 
inciso II, e, por último, na forma do art. 71, todos do Código 
Penal. Passa-se a dosimetria da pena em relação à subtração 
do patrimônio do estabelecimento comercial. - Art. 157, 
parágrafo segundo, incisos I e II, (três vezes) n/f do art. 70 do 
Código penal. Atento ao processo trifásico de aplicação da 
pena adotado por nosso Estatuto Penal, inicialmente, 
analisa-se as circunstâncias judiciais previstas em seu art. 
59. 
ATENÇÃO AQUI! 
Aferidos os critérios do art. 59 do Código Penal, em 
especial, as circunstâncias e consequências do crime, já 
que o réu, juntamente com seus comparsas, utilizou o 
proprietário e os funcionários do estabelecimento 
comercial como escudo humano no momento da fuga, 
além de terem agredido, de forma desmedida, o 
proprietário da loja, pessoa idosa, eleva-se a pena-base na 
fração de 1/8, fixando a pena-base em 04 (quatro) anos e 
06 (seis) meses de reclusão e 11 (onze) dias multa no 
mínimo legal. Inexistem circunstâncias agravantes a 
considerar, no entanto, reconhece-se a circunstância 
atenuante da confissão, pelo que, se diminui a pena nesta 
fase em 1/8, passando a pena preliminar para 04 (quatro) 
anos e 10 (dez) dias-multa no equivalente ao mínimo legal. E 
diante do reconhecimento da incidência das duas causas 
específicas de aumento da pena (emprego de arma e concurso 
de pessoas), na última fase de fixação da pena, aumenta-se a 
pena na fração de 3/8, para fixá-la definitivamente em 05 
(cinco) anos e 06 (seis) meses de reclusão e 13 (treze) dias-
multa no mínimo legal. Deixa-se de realizar a dosimetria da 
pena para os dois outros crimes idênticos (dois aparelhos de 
telefonia celular), pois praticado com uma só ação, o que 
implicaria na correspondência das penas. E, assim sendo, em 
razão do concurso formal, e, por ter sido atingido três 
patrimônios distintos numa única ação, aumenta-se a pena 
na fração de 1/5 para fixá-la em 06 (seis) anos e 07 (sete) 
meses de reclusão e 15 (quinze) dias-multa a razão do 
mínimo legal. Passa-se a dosimetria da pena do roubo do 
veículo. - Art. 157, parágrafo 2º, inciso I e II do CP n/f do art. 
14, inciso II do CP. Atento ao processo trifásico de aplicação 
da pena adotado por nosso Estatuto Penal, inicialmente, 
analisa-se as circunstâncias judiciais previstas em seu art. 
59. Aferidos os critérios do art. 59 do Código Penal, em 
especial, as circunstâncias e consequências do crime, não há 
como se elevar a pena-base neste crime de roubo, fixando-a 
em 04 (quatro) anos de reclusão e 10 (dez) dias- multa no 
mínimo legal. Inexistem circunstâncias agravantes a 
considerar, no entanto, reconhece-se a circunstância 
atenuante da confissão, mas, deixa-se de reduzir a pena 
nesta fase por força do enunciado de Súmula n. 231 do STJ, 
fixando-a, então, em 04 (quatro)anos de reclusão e 10 (dez) 
dias- multa no mínimo legal. E diante do reconhecimento da 
incidência das duas causas específicas de aumento da pena 
(emprego de arma e concurso de pessoas), aumenta-se a pena 
na fração de 3/8, para fixá-la definitivamente em 05 (cinco) 
anos e 06 (seis) meses de reclusão e 13 (treze) dias-multa no 
mínimo legal. E por força do reconhecimento da figura 
tentada, e, em razão do iter criminis percorrido, reduz-se a 
pena na fração de 1/3 para fixá-la definitivamente em 03 
(três) anos e 08 (oito) meses e 08 (oito) dias-multa no mínimo 
legal. Mas diante do reconhecimento da continuidade delitiva, 
como modalidade de concurso de crimes, aplicar-se-á a pena 
mais gravosa, afastando-se o concurso formal e descartando-
se a pena dos demais crimes consumados e do crime tentado, 
aumentada da fração de 1/4 para atingir a pena definitiva em 
06 (seis) anos, 10 (dez) meses e 15 (quinze) dias de reclusão e 
16 (dezesseis) dias-multa no equivalente ao mínimo legal. No 
que tange ao regime de cumprimento da pena, com fulcro no 
parágrafo 3o do art. 33 do CP, e observando-se as condições 
judiciais dos crimes de roubo consumados, analisadas na 
primeira fase da fixação da pena, o número de crimes 
praticados pelo réu e o montante da pena aplicada, se fixa o 
regime inicialmente fechado. Estas mesmas razões justificam 
a manutenção da prisão cautelar do réu, vez que demonstram 
que o mesmo em liberdade constitui ameaça a ordem pública, 
dada a sua periculosidade, em razão do seu comportamento 
agressivo na execução do crime e impossibilitará a aplicação 
da lei penal, posto que, admitir-se-á a sua fuga do distrito da 
culpa. Condena-se o Réu nas custas do processo. Após o 
trânsito em julgado expeça-se Carta de execução da 
sentença, e, em seguida, comunique-se, dê-se baixa e 
arquivem-se. Anote-se e certifique-se. Publicada em mãos da 
escrivã. Registre-se. Intimem-se. 
 
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