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Engenharia Mecânica Samuel Elias Pedrassoli AJUSTE DA POTÊNCIA DE BOMBA HIDRÁULICA DE FLUXO ATRAVÉS DA USINAGEM DO EIXO ROTOR – ANÁLISES EXPERIMENTAIS Itatiba 2017 Engenharia Mecânica Samuel Elias Pedrassoli AJUSTE DA POTÊNCIA DE BOMBAS HIDRÁULICAS DE FLUXO ATRAVÉS DA USINAGEM DO EIXO ROTOR – ANÁLISES EXPERIMENTAIS Samuel Elias Pedrassoli RA: 002201301820 Projeto apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Universidade São Francisco para obtenção do título de Bacharel em Engenharia. Prof(a). Eugênio de Souza Morita Itatiba 2017 RESUMO Este trabalho tem como objetivo estudar e redimensionar o diâmetro do rotor de uma bomba hidráulica afim de aprimorar o desempenho do equipamento, com o intuito de economizar energia. A melhoria do desempenho da bomba hidráulica é obtida através do método de usinagem do eixo rotor, a partir do método teórico proposto por Karassik. Para tal processo é necessário a realização dos ensaios da bomba original afim de conhecer a característica de funcionamento do equipamento utilizando-se as teorias que regem sobre o escoamento de fluidos. Definida a curva da bomba, faz-se o redimensionamento do eixo rotor e refaz os ensaios afim de garantir que os ajustes atenderam as especificações. PALAVRAS-CHAVE: Eixo Rotor; Desempenho; Economia de Energia. ABSTRACT This work aims to study and re-dimension the rotor diameter of a hydraulic pump in order to improve the performance of the equipment in order to save energy. The improvement of the performance of the hydraulic pump is obtained through the method of machining the rotor shaft, based on the theoretical method proposed by Karassik. For this process, it is necessary to carry out the tests of the original pump in order to know the operating characteristic of the equipment using theories governing the flow of fluids. Once the pump curve is defined, the rotor shaft is resized and the tests are reworked in order to ensure that the adjustments meet the specifications. KEYWORDS: Rotor Shaft; Performance; Save Energy. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Classificação do movimento ____________________________________________________ 9 Figura 2 - Esquema descritivo de um regime permanente uniforme ____________________________ 10 Figura 3 - Esquema descritivo de um regime não uniforme ___________________________________ 10 Figura 4 - Descrição do escoamento no canal _____________________________________________ 11 Figura 5 - Diagrama de Moody _________________________________________________________ 17 Figura 6 - Esquema dos componentes de uma bomba hidráulica ______________________________ 19 Figura 7 - Exemplificação de sucção por uma bomba _______________________________________ 23 Figura 8 - Curva da bomba B1 e as suposições da nova vazão e altura manométrica ______________ 25 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Tabela de correção sugerida por STEPANOFF .................................................................... 25 Tabela 2 – Cronograma de atividades. ................................................................................................... 26 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 8 2.1. NOÇÕES DE HIDRODINÂMICA ........................................................................... 8 2.1.1. ESCOAMENTO .................................................................................................. 9 2.1.2. ESCOAMENTO UNIFORME E NÃO UNIFORME ........................................... 10 2.1.3. EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE ..................................................................... 11 2.1.3.1. TEOREMA DE BERNOULLI ........................................................................... 12 2.1.4. PERDAS DE CARGA ....................................................................................... 13 2.1.4.2. NÚMERO DE REYNOLDS .............................................................................. 15 2.2. CLASSIFICAÇÃO DE BOMBAS .......................................................................... 17 2.2.1. DEFINIÇÃO .................................................................................................... 18 2.2.2. TURBOBOMBAS............................................................................................ 18 2.3. ENERGIAS ........................................................................................................... 20 2.3.1. Potências ........................................................................................................ 20 2.3.2. Rendimentos .................................................................................................. 21 2.4. CAVITAÇÃO ......................................................................................................... 22 2.4.1. NPSH (NET POSITIVE SUCTION HEAD) – ALTURA DE SUCÇÃO ABSOLUTA 22 3. METODOLOGIA .................................................................................................... 24 3.1. USINAGEM DO EIXO ROTOR ............................................................................ 24 3.1.1. TEORIA SOBRE CORTES NO ROTOR ....................................................... 24 4. Referências ............................................................................................................ 27 6 1. INTRODUÇÃO Segundo um relatório da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), até 2040 o mundo sofrerá fortemente com a escassez de água.1 Isto terá grande impacto no setor agricultor, que é responsável por 69% do consumo de água potável, quanto nos processos industriais, que consome 22% de água, pois a visão de consumo de água deverá ser mudada com o passar dos anos para amenizar a situação.2 Com estes dados estima-se que o mercado de bombas hidráulicas tenha um aumento considerável, devido à futura necessidade de deslocamento de água para suprir a escassez em determinados pontos. As previsões são de movimentar cerca de US$ 45 bilhões no ano de 2017.3 Sendo a bomba hidráulica uma máquina geratriz, necessita de energia elétrica para seu funcionamento. Com o aumento da demanda de bombas futuramente consequentemente haverá um aumento no consumo de energia pelos setores que usam o equipamento. O aumento do consumo de energia é um fator impactante na conservação do modo vida de todos os seres vivos, o que tem movimentado grandes projetos no objetivo de diminuir a demanda por este recurso. Além do problema ambiental, o aumento no consumo de energia elétrica é um problema econômico, pois sua produção tem se tornado cada vez mais cara, o que resulta num aumento de gastos sobre seu uso. O correto dimensionamento de uma bomba hidráulica é de total importância para que se obtenha um bom desempenho e consequentemente economize-se energia. Uma das formas efetivas de se fazer o dimensionamento de uma bomba de acordo com as especificações exatas de um sistema é através do estudo do escoamento do fluido no eixo rotor e alteração do diâmetro deste eixo, afim de concernir o projeto do sistema hidráulico com o sistema de bombeamento. 1 (ONU NEWS, 2017) 2 (AKATU,2010) 3 (ELSEVIER LTD., 2012) 7 Neste âmbito, este trabalho tem por objetivo estudar e efetuar o ajuste de consumo de potência de uma bomba hidráulica mediante a alteração da geometria de seu eixo rotor, com a finalidade de otimizar o desempenho do equipamento. O capítulo 2 descreve os princípios teóricos de um sistema de bombeamento, juntamente com a classificação e explanação de bombas. No subitem 2.1 é apresentado as noções básicas de hidrodinâmica, como a classificação de movimento de um fluido, os tipos de escoamento, também apresenta e desenvolve as equações da continuidade, o teorema de Bernoulli, as equações de perda de carga e número de Reynolds. O subitem 2.2 define e classifica as bombas e Turbobombas, bem como apresenta suas características principais juntamente com os componentes do equipamento. O subitem 2.3 comenta sobre as energias atuantes num sistema de bombeamento, como as potências e os rendimentos regentes do sistema. O subitem 2.4 explica o efeito da cavitação e como calcular a altura de sucção absoluta (NPSH). O capítulo 3 descreve a metodologia que será aplicada, explanando o teorema de Karassik e as teorias que agem sobre o processo de usinagem do eixo rotor. 8 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Para o completo entendimento sobre os processos de um sistema de bombeamento, faz-se necessário levar em consideração os conceitos de hidrodinâmica e mecânica dos fluidos, para que todo o trabalho desenvolvido nestes sistemas obtenha resultados satisfatórios. 2.1. NOÇÕES DE HIDRODINÂMICA “O significado etimológico da palavra Hidráulica é “condução de água” (do grego hydor, água e aulos, tubo, Condução) ” (NETTO, FERNANDEZ, ARAÚJO, & ITO, 1998). Todavia é atribuído à palavra hidráulica um significado bem mais abrangente, sendo esta a área de estudo dos comportamentos estáticos e dinâmicos dos fluidos.4 Para abranger todo o conhecimento pertinente a Hidráulica é dividida em três grupos: i. Hidrostática: responsável pelo estudo dos fluidos em inércia. ii. Hidro cinemática: atua no estudo das velocidades e trajetórias do fluido. iii. Hidrodinâmica: incumbida em estudar as velocidades, as acelerações e as forças que possam vir intervir no fluido. Segundo Netto et al. (1998), a hidrodinâmica se incube em determinar a movimentação do fluido. O movimento desse fluido ficará perfeitamente determinado, se, em qualquer instante t, forem conhecidas a grandeza e a direção da velocidade v relativa a qualquer ponto. As condições de pressão e densidade também influenciam no movimento do fluxo, no qual é descrito na Figura 1. 4 Ibid., p. 3. 9 Figura 1 - Classificação do movimento Fonte: (NETTO, FERNANDEZ, ARAÚJO, & ITO, 1998, p. 45) Netto (1998) definiu os tipos de movimento sendo: i. Movimento permanente: onde suas características estão relacionadas única e exclusivamente ao ponto em que foram medidas e livres da ação do tempo, onde a vazão é constante. ii. Movimento Não Permanente: utilizando de mais pontos analisa a variação de movimento em cada ponto, estando dessa forma em função do tempo. iii. Movimento Permanente Uniforme: velocidade média permanece constante. iv. Movimento Permanente Uniforme Acelerado: a vazão continua constante devido ao ambiente o fluido ganha aceleração. v. Movimento Permanente Uniforme Retardado: a vazão não é alterada, o que ocorre é a desaceleração do fluido. vi. Movimento Permanente Não Uniforme: a velocidade média não sofre alteração e a vazão não é constante. 2.1.1. ESCOAMENTO “Escoar: fazer correr (um líquido) pouco a pouco. ”5 No estudo de sistemas hidráulicos leva-se em consideração que o fluido de trabalho seja um fluido ideal, ou seja, incompressível, tenha capacidade de se mover perfeitamente, não possua viscosidade e seja perfeitamente isotrópico. (MACINTYRE, 1997). 5 (DICIONÁRIO AURÉLIO, 2017) 10 2.1.2. ESCOAMENTO UNIFORME E NÃO UNIFORME O regime uniforme é defino por Macintyre (1997) como sendo o regime cuja velocidade média V0, que é a velocidade média das velocidades V0’, permanece constante em quaisquer pontos em um instante t de uma trajetória retilínea e paralela, conforme demonstrado na Figura 2. Figura 2 - Esquema descritivo de um regime permanente uniforme Fonte: (MACINTYRE, 1997, p. 2) O regime não uniforme6 é caracterizado como aquele que sofre alterações na velocidade ‘v1’ em relação a v0 a partir de um ponto de origem ‘o’, podendo ser acelerado ou retardado, durante o decorrer da trajetória do fluido. Este tipo de regime geralmente tem mudanças na estrutura do sistema, como declives e alteração no comprimento da área de transversal do conduto, conforme apresentado na Figura 3. Figura 3 - Esquema descritivo de um regime não uniforme Fonte: (MACINTYRE, 1997, p. 2) 6 Ibid., p. 2 Comentado [EM1]: Explicar cada variável utilizada na figura. Comentado [EM2]: Idem 11 2.1.3. EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE Sendo o fluido de trabalho incompressível e adotando o canal descrito na Figura 4, afirma-se que a massa que passa pela seção S1 em um instante dt, com velocidade v1 é igual à massa que passa pela seção S2, com um diâmetro d2 e velocidade v2. (MACINTYRE, 1997). Figura 4 - Descrição do escoamento no canal Fonte: (MACINTYRE, 1997, p. 6) Assim sendo a equação da continuidade, segundo Macintyre (1997), é: 𝑄 = 𝑆 ∗ 𝑉 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (1) Onde: Q= vazão mássica [m3/s] S= área da seção transversal ao escoamento [m2] V= velocidade do fluido [m/s] 12 2.1.3.1. TEOREMA DE BERNOULLI O teorema de Bernoulli diz que: “Em qualquer ponto que se considere de uma veia de um líquido perfeito em escoamento permanente, sem fornecer ou receber energia ou efetuar trabalho, a soma da cota, com a altura representativa da velocidade, é constante” (MACINTYRE, 1997 apud BERNOULLI, 1968) Netto et. al. (1998) salienta que o teorema de Bernoulli utiliza-se do princípio da conservação da energia para determinar a energia específica ou a altura de elevação gerada ou fornecida ao fluido, decorrente da equação de Euler para os fluidos que sofrem ação da gravidade. A equação 2 descreve o teorema: 𝐻 = 𝑧1 + 𝑝1 𝛾 + 𝑣1² 2𝑔 − (𝑧2 + 𝑝2 𝛾 + 𝑣2 2 2𝑔 ) = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (2) Onde, segundo Netto7, os termos da equação são descritos como: 𝑧: 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑡𝑎 𝑜𝑢 𝑒𝑙𝑒𝑣𝑎çã𝑜 [𝑚] 𝑝 𝛾⁄ = 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 [𝑚] 𝑣² 2𝑔⁄ = 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑐𝑖𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑎 [𝑚] Porém através de análises empíricas, Netto op. cit., diz que é possível afirmar que o teorema de Bernoulli não é totalmente fidedigno aos casos práticos, pois por dedução foi considerado que o fluido de trabalho fosse ideal, o que não ocorre nos fluidos naturais. Assim sendo, tornou-se necessário adicionar novos termos à equação para descrever o comportamento dos líquidos em sistemas reais. 7 Ibid. 13 Os principais fatores corretivos são decorrentes da perda de carga do fluido em todo comprimento do sistema, da influência da viscosidade no escoamento e da variação da velocidade numa mesma seção.8 Portanto a equação 2 corrigida é descrita naequação 3: 𝑧1 + 𝑝1 𝛾 +∝ 𝑣1² 2𝑔 = 𝑧2 + 𝑝2 𝛾 +∝ 𝑣2 2 2𝑔 + ℎ𝑓 (3) Onde: α = coeficiente de Coriolis (coeficiente para correção da variação da velocidade) [adimensional]; hf = perda de carga pelo sistema [m]; v = velocidade média na seção [m/s]. Com as novas considerações, Netto op. cit., diz que o enunciado do teorema de Bernoulli passa a ser considerado como: “Para um escoamento contínuo e permanente, a carga total de energia, em qualquer ponto de uma linha de corrente é igual à carga total em qualquer ponto a jusante da mesma linha de corrente, mais a perda de carga entre dois pontos”. 2.1.4. PERDAS DE CARGA Entende-se por perda carga todo débito de energia através do sistema, seja ele pelas tensões causadas dentro do próprio fluido (viscosidade), geometria dos dispositivos que compõe um sistema de bombeamento (cotovelos, curvas, ‘tês’, válvulas, etc) e perdas pela relação entre a inércia-viscosidade do fluido. (MACINTYRE, 1997). 8 Ibid. 14 2.1.4.1. VISCOSIDADE A agitação das moléculas de um fluido causa sobre o escoamento uma perda de carga por atrito interno, e segundo Macintyre9, essa resistência é denominada de viscosidade. Isaac Newton determinou que, supondo uma placa plana de uma determinada área, posta sobre um líquido a uma determinada altura de referência, e considerando que as moléculas deste líquido estivessem arranjadas em camadas sobrepostas, pode-se calcular a força para movimentar a placa sobre este fluido, como descrito na equação 410: 𝐹 = 𝜇∗𝑆∗𝑉 𝑦 (4) Para: F = força [N] µ = viscosidade dinâmica do fluido [N.s/m2] S = área da placa plana [m2] V = velocidade de deslocamento da placa [m/s] y = altura perpendicular entre a placa plana e o plano de referência [m] Deduzindo a fórmula tem-se que a viscosidade dinâmica pode ser calculada através da equação 5: 𝜇 = 𝐹∗𝑦 𝑆∗𝑉 (5) 9 Ibid., 10 Ibid., Comentado [EM3]: Depois numerar. 15 2.1.4.2. NÚMERO DE REYNOLDS O número de Reynolds é a relação entre as forças de inércia do fluido e as forças cisalhantes causadas no interior do fluido e é expresso pela equação 6 (MACINTYRE, 1997): 𝑅𝑒 = 𝑑∗𝑣 𝜗 [𝑎𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑠𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙] (6) Sendo: d = diâmetro interno do dispositivo por onde ocorre o escoamento [m] v = velocidade média na seção transversal [m/s] ϑ = viscosidade cinemática do fluido [m²/s] De acordo Macintyre (1997), o número de Reynolds é de extrema importância para determinação do tipo de escoamento que se tem no sistema, podendo este escoamento ser laminar ou turbulento. 2.1.4.3. RUGOSIDADE Os componentes de um sistema de bombeamento possuem uma rugosidade, da qual é característica do tipo de material que foi fabricado e do tempo de uso. Esta rugosidade causa perda de carga devido a geração de resistência por atrito. A rugosidade absoluta é a média entre as diferenças de altura das saliências de uma superfície (MACINTYRE, 1997). Porém para efeitos de cálculo da perda de carga se leva em consideração a rugosidade relativa, que é a relação da rugosidade absoluta (ϵ) e o diâmetro da tubulação (d) do sistema e é expressa como: ∈ 𝑑⁄ . Como, de acordo com Macintyre op. cit., a rugosidade se altera de acordo com o uso do material (tempo, frequência, fluido de trabalho, 16 material, temperatura de trabalho, etc) é possível calcular a alteração deste parâmetro através da equação 7: ∈ = ∈0+ 𝛼𝑡 (7) Sendo: ϵ = rugosidade equivalente após determinado tempo de uso (anos) [mm] ϵ0 = rugosidade equivalente de tubulações sem uso [mm] α = coeficiente de aumento de rugosidade (0,01 – 0,1 mm/ano para tubos de aço)11 [mm/ano] 2.1.4.4. PERDAS DE CARGAS EM ENCAMENTOS É definido por Macintyre12 como a perda de potencial energético entre dois pontos através da razão da perda de carga por pressão e o comprimento entre os pontos referidos. Darcy e Weisbach determinaram a equação desta perda de carga como sendo: 𝐽 = 𝑓 . 𝑙 𝑑 . 𝑉² 2𝑔 (8) Onde: l = comprimento total da tubulação do sistema, incluindo o comprimento equivalente das conexões, válvulas, etc [m]; d = diâmetro da parede interna da tubulação [m]; V = velocidade média de escoamento [m/s]; g = aceleração da gravidade [m/s²] 11 Ibid. 12 Ibid. 17 Para o coeficiente ‘f’ é necessário levar em consideração alguns requisitos pois este é proporcional ao número de Reynolds (Re) e independente da rugosidade do encanamento. (MACINTYRE, 1997). Para um escoamento laminar, Macintyre13 determina o uso da equação de Poiseuille, descrita como 𝑓 = 64 𝑅𝑒⁄ Para um regime de escoamento turbulento, Macintyre14 sugere, entre tantos métodos, a utilização do Diagrama de Moody, demonstrado na figura 5, fundamentados nos estudos de Colebrook, White, Nikuradse e Blasius, e também na análise matemática de Prandtl e Karman. Figura 5 - Diagrama de Moody Fonte: (NETTO, FERNANDEZ, ARAÚJO, & ITO, 1998) 2.2. CLASSIFICAÇÃO DE BOMBAS Com o total entendimento das teorias relacionadas ao comportamento dos fluidos, é possível classificar o principal componente de um processo de deslocamento de líquidos, a bomba. 13 Ibid 14 Ibid 18 2.2.1. DEFINIÇÃO De acordo com Macintyre (1997, p.38): “Bombas são máquinas geratrizes cuja finalidade é realizar o deslocamento de um líquido por escoamento”. Sendo este equipamento uma máquina geratriz, é certo afirmar que ele transfere energia potencial ao líquido na forma de pressão e cinética a partir de um trabalho fornecido por uma máquina motriz15. 2.2.2. TURBOBOMBAS São máquinas para deslocamento de fluidos dotadas de um dispositivo rotatório do qual é responsável por aplicar sobre o fluido a força de aceleração necessária para seu deslocamento (MACINTYRE, 1997). 2.2.2.1. ORGÃOS ESSENCIAIS Os órgãos essências desses equipamentos, demonstrados na Figura 6, é descrito por Macintyre16 como: a) ROTOR: órgão móvel responsável pela transmissão de energia ao fluido. - É onde a pressão inicial é formada, devido a depressão em seu epicentro o fluído é aspirado e graças ao movimento fornecido pelo eixo motor, aspirado sobre pressão na vizinhança para recalcá-lo. b) DIFUSOR OU VOLUTA: - Componente responsável pela recepção e transmissão do fluido pós rotor. - Canal de 15 Ibid., p. 38. 16 Ibid 19 material semelhante ou igual ao da Carcaça que recebe o fluido direcionado pelo do rotor e o encaminha à tubulação no sentido do escoamento podendo apresentar uma diferença e suas medidas para acoplar melhor a saída da carcaça e a entrada do Sistema. c) CORPO OU CARCAÇA: - Corpo da bomba responsável por envolver o rotor. –Recebe o fluído pela voluta de entrada direcionando o mesmo ao rotor, suporta a pressão gerada pela força centrifuga e direciona o fluído ao difusor. d) EIXO DE ACIONAMENTO: - Conexão entre o motor e o rotor – Responsável por transmitir a força Motriz ao rotor como energia cinética, resultando no movimento rotativo. Figura 6 - Esquemados componentes de uma bomba hidráulica Fonte: (SANTOS, 2007) Comentado [EM4]: Colocar uma figura ilustrativa destes componentes presentes em uma bomba. 20 2.3. ENERGIAS Todo processo de bombeamento é uma transformação de energia, transferida da fonte de energética da bomba para o fluido no qual se pretende bombear, assim é necessário levar em consideração as energias atuantes no processo e saber defini-las. 2.3.1. Potências Potência motriz ou efetiva/eficaz é a potência recebida pela bomba através de sua fonte de energia (máquina motriz), transferida diretamente em seu eixo. Esta é também conhecida por Brake Horse Power – BHP (Potência de freio). (MACINTYRE, 1997). Esta potência é determinada pela equação 9: 𝑃𝑚 = 𝑃𝑖𝑟 + 𝑃𝑝𝑚 = 𝑃ℎ + 𝑃𝑣𝑝 + 𝑃ℎ𝑝 + 𝑃𝑝𝑚 (9) Onde: Pm = potência motriz [W]; Pir = potência interna no rotor [W]; Ppm = potência perdida mecanicamente [W]; Ph = potência hidráulica [W]; Pvp = potência volumétrica perdida [W]; Php = potência hidráulica perdida [W]. Levando em consideração as perdas de potências internas na bomba, é possível determinar que a potência interna no rotor (equação 10), potência hidráulica ((equação 11) e potência útil (equação 12), são respectivamente: 21 𝑃𝑖𝑟 = 𝛾 . 𝑄 . 𝐻 (10) 𝑃ℎ = 𝜌𝑔𝑄𝐻 (11) 𝑃𝑢 = 𝑃ℎ 𝑛𝑢 = 𝜌𝑔𝑄𝐻 𝑛𝑢 (12) γ: peso específico [N/m3]; Q: vazão mássica [m3/s] H: altura de elevação [m]; ρ: massa específica [kg/m3]; g: aceleração da gravidade = 9,81 [m/s2]; nu: rendimento útil [%] O rendimento útil é sugerido por Pfleiderer e Peterman (1979) como sendo 70% para máquinas de pequeno porte. Já Macintyre (1997) diz que um bom valor para se atribuir ao rendimento é de 60% para bombas de pequeno porte, 75% para bombas de médio porte e 85% para as de grande porte. 2.3.2. Rendimentos Segundo Macintyre (1997), rendimento é a razão entre as potências da bomba, sendo a potência total a relação entre as potências útil e necessária para funcionamento da bomba (potência fornecida pela máquina motriz). Para fins de semelhança com os catálogos de fornecedores de bomba, adota-se que o rendimento seja medido em Cavalo-Vapor (cv), portanto a equação 13 características do rendimento será, para um número de rotações “N”: 𝑛𝑢 𝛾∗𝑄∗𝐻 75∗𝑁 (13) Comentado [EM5]: Depois comentar a respeito do valor adotado. 22 2.4. CAVITAÇÃO Com formação de bolhas de ar através do encontro do líquido escoado com regiões de pressões baixas, causando a diminuição da pressão absoluta do fluido ao ponto de pressão de vapor à temperatura atuante, é possível ocorrer o fenômeno denominado cavitação. Quando estas bolhas de ar formadas encontrarem regiões de pressões mais elevadas que a própria pressão da bolha, esta implodirá, causando um choque entre as moléculas do fluido, gerando uma pressão de inércia que é capaz de intervir no deslocamento. A cavitação é prejudicial ao sistema e pode causar degradação parcial e total dos equipamentos (PORTO, 2006), principalmente o rotor e carcaça. 2.4.1. NPSH (NET POSITIVE SUCTION HEAD) – ALTURA DE SUCÇÃO ABSOLUTA “É uma característica da instalação, definida como a energia que o líquido possui em um ponto imediatamente antes do flange de sucção da bomba, acima de sua pressão de vapor. É a disponibilidade de energia que faz com que o líquido consiga alcançar as pás do rotor”. (PORTO, 2006) Considerando a Figura 7, é possível definir N.P.S.H disponível pela equação 14: 23 Figura 7 - Exemplificação de sucção por uma bomba Fonte: (PORTO, 2006, p. 155) 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 = 𝑝2 𝛾 + 𝑉2² 2𝑔 − 𝑝𝑣 𝛾 (14) Considerando que o ponto (1) é o ponto de referência para os cálculos, 𝑝1 𝛾⁄ = 𝑝𝑎𝑡𝑚𝑜𝑠𝑓é𝑟𝑖𝑐𝑎 𝛾⁄ ; 𝑉1 2𝑔⁄ = 0 (𝑐𝑡𝑒); z1 = 0; z2 =Z (altura estática de sucção) e que ΔHs é a somatória das perdas de carga até o ponto de entrada da bomba (2), pode-se deduzir que o NPSHd fica sendo pela equação 15: 𝑁𝑃𝑆𝐻𝑑 = 𝑝𝑎−𝑝𝑣 𝛾 − 𝑍 − ∆𝐻𝑆 (15) O NPSH requerido é o fornecido pelo fabricante da bomba, sendo este a energia necessária para o fluido atinja a entrada de sucção da bomba. Portanto, segundo Porto (2006), o NPSHd > NPSHr Comentado [EM6]: Comentar os números 1, 2 e Pa. 24 3. METODOLOGIA 3.1. USINAGEM DO EIXO ROTOR Quando se define uma bomba para um sistema de deslocamento de fluidos, é necessário que a bomba trabalhe na área de maior eficiência, porém para alguns casos específicos não se tem uma bomba comercial que atenda o projeto de forma que a bomba trabalhe na maior eficiência. Deste modo é possível realizar ajustes no equipamento para que se atenda as especificações do projeto e atinja a área de maior performance hidráulica. Um dos métodos sugeridos pela GRUNDFOS17 (2004) é a usinagem do eixo rotor. 3.1.1. TEORIA SOBRE CORTES NO ROTOR Utilizando o método de Igor Karassik, sugerido por Santos (2007), para obtenção das curvas características da bomba, para estimar o rendimento, aplicam-se as equações 16, 17 e 18: 𝑄2 𝑄1 = 𝐷2 𝐷1 → 𝑄2 = 𝑄1 𝐷2 𝐷1 (16) 𝐻𝑏2 𝐻𝑏1 = ( 𝐷2 𝐷1 ) ² → 𝐻𝑏2 = 𝐻𝑏1 ( 𝐷2 𝐷1 ) ² (17) 𝜂𝑏2 𝜂𝑏1 = ( 𝐷2 𝐷1 ) ³ → 𝜂𝑏2 = 𝜂𝑏1 ( 𝐷2 𝐷1 ) ³ (18) Sendo: Qn = vazão mássica para os pontos ‘n’ [m³/h] Dn = diâmetro da tubulação para os pontos ‘n’ [mm] Hbn = altura manométrica para os pontos ‘n’ [mca] ηbn = rendimento n para os pontos ‘n’ [%] 17 Empresa dinamarquesa produtora de bombas hidráulicas. 25 Segundo A. J. Stepanoff apud Santos (2007), o método de Karassik é relevante, porém incerto, assim Stepanoff sugere uma correção das equações de Karassik através da Tabela 1. Tabela 1 - Tabela de correção sugerida por STEPANOFF D2’ (calculado) D2 (corrigido) D2’/D1 D2/D1 0,65 0,71 0,70 0,73 0,75 0,78 0,80 0,83 0,85 0,87 0,90 0,915 0,95 0,955 Fonte: (SANTOS, 2007, p. 93) Para simplificar e demonstrar o procedimento de definição do novo diâmetro a ser adquirido para atender as novas especificações, Santos (2007) propões supor uma bomba B1, com diâmetro inicial D1. Seguindo a suposição de que necessita suprir um sistema cuja vazão solicitada seja Q2 e a altura manométrica seja Hb2. A curva da bomba B1 e as suposições feitas por Santos18 são descritas na figura 7. Figura 8 - Curva da bomba B1 e as suposições da nova vazão e altura manométrica Fonte: (SANTOS, 2007)19 18 Ibid. 19 Op. cit., p. 93 26 Observando a figura 7 é possível notar que o ponto Q2 e Hb2 estão abaixo da curva da bomba, portanto aplica-se as equações de Karassik para determinar o valor de D2 e utiliza a tabela de Stepanoff para fazer a correção, assim ter-se-á o novo diâmetro necessário para que a bomba atinja a vazão e a altura manométrica requisitada. Para sequência das atividades deste trabalho, deverão ser realizadas as etapas da Tabela 2. Tabela 2 – Cronograma de atividades. Etapa Início Término Fazer levantamento da curva característica da bomba através de ensaios em uma bancada de testes. 03/07/2017 07/07/2017 Analisar e discutir os resultados.07/07/2017 10/07/2017 Efetuar os cálculos propostos na literatura afim de determinar os diâmetros a serem definidos. Paralelamente, propõe-se a compra dos rotores e orce o serviço de usinagem. 10/07/2017 21/07/2017 Refazer os testes de bancada afim de analisar os resultados obtidos pela usinagem do eixo rotor. 24/07/2017 04/08/2017 Analisar os resultados obtidos e discutir sobre eles. 07/08/2017 11/08/2017 Transcrever os resultados e otimização obtidos no processo. 11/08/2017 25/08/2017 Revisar e corrigir o relatório de TG 25/08/2017 31/08/2017 Conclusão e entrega do trabalho 31/08/2017 04/09/2017 27 4. Referências A/S, GRUNDFOS Management. (2004). Pump Handbook. Dinamarca: GRUNDFOS. AKATU. (29 de dezembro de 2010). Setores industrial e agropecuário são campeões no consumo de água. Acesso em 19 de junho de 2017, disponível em AKATU: https://www.akatu.org.br/noticia/setores-industrial-e-agropecuario-sao-campeoes-no- consumo-de-agua/ DICIONÁRIO AURÉLIO. (27 de Fevereiro de 2017). Dicionário de Português. Fonte: Dicionário do Aurélio: https://dicionariodoaurelio.com/escoamento ELSEVIER LTD. (03 de abril de 2012). Pump market to reach US$45bn by 2017. Acesso em 19 de junho de 2017, disponível em World Pumps: http://www.worldpumps.com/view/24959/pump-market-to-reach-us-45bn-by-2017/ MACINTYRE, A. J. (1997). Bombas e Instalações de Bombeamento (2 ed.). Rio de Janeiro, RJ, Brasil: LTC - LIVROS TÉCNICOS E CIENTÍFICOS EDITORA S.A. NETTO, A., FERNANDEZ, M. F., ARAÚJO, R. D., & ITO, A. E. (1998). MANUAL DE HIDRÁULICA. SÃO PAULO: EDGARD BLÜCHER LTDA. ONU NEWS. (22 de março de 2017). Escassez de água deve afetar 660 milhões de crianças até 2040, diz Unicef. (G. ADJUTO, Editor) Acesso em 19 de junho de 2017, disponível em Agência Brasil: http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2017- 03/escassez-de-agua-deve-afetar-660-milhoes-de-criancas-ate-2040-diz PFLEIDERER, C., & PETERMANN, H. (1979). Máquinas de Fluxo (Vol. 4). Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científicos. PORTO, R. D. (2006). Hidráulica Básica. São Carlos: EESC USP. SANTOS, S. L. (2007). 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