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1 EXCELENTÍSSIMO SR DR JUIZ DE DIREITO DO 4º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE JOÃO PESSOA - PB Ref. Proc. Nº 200.2007.027.730-2 Promovente: Percinandes de Carvalho Rocha Promovido: ECS Comércio e Indústria de Informática Ltda. ECS COMÉRCIO E INDUSTRIA DE INFORMÁTICA LTDA., pessoa jurídica de direito privado, devidamente qualificada nos autos do processo referido em epígrafe, vem, tempestivamente, à presença de V. Exa., com acatamento e respeito devido, através de seus procuradores e advogados adiante assinados, apresentar: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO COM EFEITOS INFRINGENTES Com fulcro no art. 535, II, do CPC combinado com os arts. 458 do CPC, e art. 38, 48, 49 e 50 da Lei 9.099/95, pelas razões de fato e de direito abaixo formuladas. 1. Da Tempestividade A decisão, na qual se encontram as contradições atacadas, através destes embargos declaratórios, foi publicada no dia 16/08/2007. 2 Conforme art. 49, da Lei 9.099/95: “Os embargos de declaração serão interpostos, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da ciência da decisão”. Destarte, o prazo findaria no dia 21/08/2005 (Terça-feira). Desse modo, não há dúvidas de que o recurso é tempestivo e deve ser conhecido por este Ínclito Magistrado. 2. Omissão quanto à modificação do valor da causa. A sentença incidiu em omissão no momento em que não modificou o valor da causa, uma vez que este deveria ter sido alterado de R$ 15.200,00 (quinze mil e duzentos reais), valor pedido pela Promovente, para R$ 3.000,00 (Três mil reais), valor efetivo imposto na decisão. È nítido que, após a sentença, o valor da causa passa a ser o da condenação e não mais o atribuído pela parte autora. Ressalte-se que no caso em questão o valor da causa foi definido aleatoriamente e não condiz com os supostos danos sofridos pelo Promovente, tanto que a sentença não alcançou nem 20% (vinte por cento) do pedido. Com efeito, é cediço que, tratando-se de indenização por dano moral, o valor da causa é provisório, tendo em vista que o mesmo é meramente estimativo, podendo ser modificado quando da decisão de mérito pelo Juiz. Nesse norte nossa Jurisprudência é uníssona, vejamos: 3 “ACAO RESCISORIA. IMPUGNACAO AO VALOR DA CAUSA. IMPUGNACAO PROCEDENTE, VALOR DA CAUSA QUE DEVE CORRESPONDER, NA EXECUCAO, AO DA CONDENACAO ATRIBUIDO NA LIQUIDACAO DE SENTENCA. RESCISORIA, (...) IMPUGNACAO ACOLHIDA. ACAO RESCISORIA IMPROCEDENTE”. (AÇÃO RESCISÓRIA Nº 598375947, SEGUNDO GRUPO DE CÂMARAS CÍVEIS, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RS, RELATOR: LUIZ ARI AZAMBUJA RAMOS, JULGADO EM 09/04/1999) (sem grifos no original) Ademais, tal modificação deverá ser feita sob pena de ferir o art 5º, LV, da Constituição Federal, que assevera: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.” Pois, desta forma, a empresa Ré não terá condições de arcar com o montante das custas processuais, caso almeje utilizar-se da garantia constitucional da ampla defesa e do contraditório. Ora, Exa., se a autora, litigando sob o regime de justiça gratuita, infla artificialmente o montante do pedido para, em razão das custas judiciais correspondentes, dificultar o eventual recurso do réu, o juiz deve, adequar o valor da causa à realidade. Não tem sido outro o entendimento dos Tribunais Superiores, senão vejamos: 4 PROCESSO CIVIL. VALOR DA CAUSA. DANOS MORAIS. Via de regra, o valor da causa corresponde ao conteúdo econômico da demanda, medido segundo a pretensão articulada na petição inicial. Se, todavia, litigando sob o regime da justiça gratuita, o autor infla artificialmente o montante do pedido para, em razão das custas judiciais correspondentes, dificultar o eventual recurso do réu, o juiz deve, no julgamento da impugnação, adequar o valor da causa à realidade. Recurso Especial conhecido e provido. (RECURSO ESPECIAL N° 166.327 - MG, TERCEIRA TURMA - Rel. Ministro Ari Pargendler, Julgamento 27/06/2002) (grifei) No mesmo sentido temos: CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMPUGNAÇÃO AO VALORDA CAUSA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. VALOR PROVISÓRIO. PRECEDENTES. Nas ações de indenização por dano moral, o valor da causa deve ser atribuído pelo autor, porém a título provisório, devendo o valor real ser o da condenação, ser for o caso, sobre o qual recairão os ônus da sucumbência e das custas judiciais . (TJ/RO - AI N° 00.002392-2, Rel. Des. Sérgio Lima) Com tais considerações, a fim de se evitar o cerceamento do direito de recurso do promovido (Art. 5°, LV, CF/88), é que se pleiteia a adequação do valor da causa ao valor efetivado em sentença. 5 Corroborando com a tese da demandada o ilustre doutrinador Nelson Nery Junior1, afirma que: “Ainda que efetivo o valor da indenização por dano moral vá ser aferido somente na execução, deve o magistrado, em nome do principio da razoabilidade, adotar estimativa plausível para o valor da causa na indenização. Do contrário, permitir-se-ia que quantias exorbitantes fossem pedidas sem qualquer ônus imediato ao autor. O direito não pode admitir que o elevado valor atribuído à causa por estimativa unilateral de uma das partes possa violar o amplo acesso à justiça da parte contrária, por mais poderosa que essa possa ser, por ser direito garantido e assegurado constitucionalmente a todos.” (sem grifos no original) Destarte, é imprescindível a modificação expressa do valor da causa, para que não seja atingido o direito constitucional do acesso à justiça, visto que seria de uma enorme injustiça compelir a Demanda a pagar custas processuais sobre um valor arbitrariamente estipulado pela parte autora. 4. Do Pedido 1 IN: Código de Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante, 7 Ed., RT, 2003, p. 623. 6 Diante do exposto, requer-se, após a intimação da Embargada para apresentar contra-minuta, que as omissões e a contradição apontadas sejam devidamente sanadas. Termos em que pede e espera deferimento. João Pessoa, 20 de agosto de 2007. André Luiz Cavalcanti Cabral Alexandre Cavalcanti Andrade de Araújo OAB/PB 11.195 OAB/PB 11.969