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RENATA CANECA JORGE Adenite sebácea em um cão sem raça definida: relato de caso Curitiba 2008 RENATA CANECA JORGE Adenite sebácea em um cão sem raça definida: relato de caso Monografia apresentada para a conclusão do Curso de Especializaçao Latu sensu em Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais. Orientador: Prof. Taís Marchand Rocha Moreira. Curitiba 2008 Adenite sebácea em um cão sem raça definida: relato de caso Elaborado por Renata Caneca Jorge Aluna do Curso de Pós Graduação em Clinica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais da UCB Foi Analisado e Aprovado com grau:______________________ Curitiba,______ de ___________________ de __________. ________________________ Membro ________________________ Membro ________________________ Professor Orientador Presidente Curitiba 2008 Dedico este trabalho: A minha mãe Nelbe Caneca Jorge, irmão Jaime Vinícius Jorge e companheiro Vilson Antonello Jr pelo apoio e incentivo. Agradeço primeiramente a Deus por ter me encaminhado á conclusão de mais uma importante etapa da minha vida. A amada, grande mãe e amiga Nelbe Caneca Jorge que sempre me apoiou e conduziu para a realização dos meus sonhos, participando intensamente de cada vitória conquistada. Ao meu irmão Jaime Vinícius Jorge, por toda paciência, principalmente nos meus períodos de estresse. Ao companheiro Vilson Antonello Jr,por todo carinho, dedicação e amor. Aos meus animais Dolly, Mell e Nick pela fidelidade, convívio e demonstrações de amor, que me torna uma pessoa melhor e mais feliz a cada dia. Resumo JORGE, R. C. Adenite sebácea em um cão sem raça definida- relato de caso. 2008. 20 f. Monografia (Curso de Especializaçao Latu sensu em Clínica Médica em Pequenos Animais) – Qualittas Instituto de Pós Graduação, Universidade Castelo Branco, Curitiba, 2008. A adenite sebácea é um distúrbio caracterizado pela degeneração e atrofia pós inflamatória da glândula sebácea. Embora de etiologia desconhecida, esta tem sido relacionada a um defeito genético, o qual conduziria a anormalidades do metabolismo lipídico, obstrução dos ductos sebáceos e a uma resposta imunomediada dirigida à glândula sebácea. A adenite sebácea atinge mais comumente animais adultos jovens ou de meia idade, sem predisposição sexual, com predominância nas raças Poodle, Akita, Vizlas e Samoieda. O diagnostico é obtido por exame histopatológico e o tratamento é realizado com terapia tópica e sistêmica. O objetivo deste trabalho é relatar a ocorrência de adenite sebácea em um cão sem raça definida. Palavra chave: Glândula sebácea, Adenite sebácea granulomatosa. Abstract The sebaceous adenitis is a disorder characterized by degeneration and atrophy of post inflammatory sebaceous gland. Although of unknown etiology, this has been related to a genetic defect, which would lead to abnormalities in lipid metabolism, obstruction of the ducts and sebaceous imunomediada response to the sebaceous gland. The sebaceous adenitis animals most commonly affects young adults or middle age, sex without bias, predominantly in races Poodle, Akita, Vizlas and Samoyed.The diagnosis is obtained by histological examination and treatment is carried out with topical therapy and systemic. The objective of this work is to report the occurrence of sebaceous adenitis in a dog race without defined. Keywords: Sebaceous gland, sebaceous adenitis granulomatous. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Fotomicrografia de pele de cão mostrando infiltrado inflamatório em região perifolicular istmal e envolvendo as glândulas sebáceas (H.E. Aumento de 50x)............... pág. 7 Figura 2: Fotomicrografia de pele de cão mostrado glândula sebácea intensamente infiltrada por população mista de células inflamatórias (H.E. Aumento de 200 x)............................................................................................................................................pág. 7 Figura 3: fotomicrografia de pele de cão mostrando glândula sebácea com infiltração inflamatória rica em neutrófilos e macrófagos (H.E. Aumento de 400x)...............................pág. 8 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ASG - Adenite sebácea granulomatosa; kg - Kilograma; mg - Miligrama; SRD - Sem raça definida; VO - Via oral; UI - Unidades Internacionais; ºC – Graus Celsius SUMÁRIO 1 DEFINIÇÃO ...............................................................................................XI 1.1 ETIOPATOGENIA........................................................................................................... xi 1.2 SINAIS CLÍNICOS .......................................................................................................... xi 1.3 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL..................................................................................... xii 1.4 DIAGNÓSTICO .............................................................................................................. xii 1.5 TRATAMENTO .............................................................................................................. xii 1.6 PROGNÓSTICO ........................................................................................................... xiv 2 RELATO DE CASO ................................................................................. XV 2.1 ANAMNESE................................................................................................................... xv 2.2 EXAME FÍSICO.............................................................................................................. xv 2.3 EXAMES COMPLEMENTARES.................................................................................... xv 2.4 DIAGNÓSTICO .............................................................................................................. xv 2.5 TRATAMENTO ............................................................................................................ xvii 2.6 EVOLUÇÃO ................................................................................................................. xvii 3 CONCLUSÃO........................................................................................ XVII 4 DISCUSSÃO......................................................................................... XVIII REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................... XIX 1 DEFINIÇÃO A adenite sebácea é um distúrbio disqueratótico crônico, caracterizado pela degeneração e atrofia pós inflamatória da glândula sebácea (VERCELLI et al., 2004; MENDLEU; HNILICA, 2006; LOWELL, 2005; GROGNET, 2008), alterando a produção de material sebáceo que lubrifica a superfície da pele e a mantém hidratada (SABADINE, 2008). Os mecanismos etiopatogênicos da Adenite Sebácea Granulomatosa (ASG) são desconhecidos, o que torna esta dermatopatia de difícil controle e as vezes refratária aotratamento (FARIAS et al., 2000). 1.1 ETIOPATOGENIA Embora, de etiopatogenia desconhecida, a ASG tem sido relacionada a um defeito genético, o qual conduziria a anormalidades do metabolismo lipídico, obstrução dos ductos e a resposta imunomediada dirigida à glândula sebácea (VERCELLI et al., 2004; OBLADEN et al., 2007; SCOTT et al., 2001; GROSS et al., 2006; MENDLEU; KEITH, 2003). Em 2000, Farias et al. descreveram o caso de dois cães da raça akita, geneticamente aparentados que desenvolveram a ASG. Esta resposta imunomediada pode estar relacionada com outras condições; tais como, a atopia e a alergia alimentar (SABADINE, 2008; MENDLEU; HNILICA, 2006; LOWELL, 2005). Sua ocorrência é incomum na espécie canina (OBLADEN et al., 2007; WILLENSE, 1998; LINEK et al.), não há predileção sexual (SCOTT et al., 2001) e raramente é observado em gatos e seres humanos (SCOTT et al., 2001; GROSS et al., 2006). Ressalta Linek et al. (2005), que há apenas duas publicações sobre esta dermatopatia em seres humanos. A ASG pode atingir cães adultos jovens, de meia idade e das raças: poodle standard, akita, samoieda, vizsla (FARIAS et al., 2000; OBLADEN et al., 2007; SCOTT et al., 2001; GROSS et al., 2006; DUSTAN; HARGIS, 1995; MENDLEU; HNILICA, 2006; MENDLEU; KEITH, 2003; RHODES, 2005), lhasa apso (OBLADEN et al., 2007), cocker spaniel, chow chow (PATERSON, 2004) e old english sheepdogs (GROGNET, 2008). Segundo Scoot et al (2001), a análise preliminar da genealogia de poodles standard e parentes sugere um modo autossômico recessivo de herança, entretanto considerando que 25% dos cães acometidos podem apresentar doença subclínica e Linek et al. (2005), dizem que na Alemanha o aparecimento desta dermatopatia é rara nesta raça e já no norte da América é mais comum; existe uma grande chance da genética desta raça ser diferente nestes países e por isso estudos de cruzamento estão sendo realizados para uma conclusão. 1.2 SINAIS CLÍNICOS Segundo Scott et al. (2001), as manifestações clínicas são variáveis, dependendo do tipo de raça e pelagem, sendo que as mais comuns são: a descamação progressiva simétrica, alopecia associada à seborréia seca generalizada (FARIAS et al., 2000;) proeminentes na face, cabeça, orelha e tronco (MENDLEU; KEITH, 2003; SCOTT et al., 2001). Os sinais dermatológicos estão relacionados com escamas branco – prateadas, fortemente aderidas, cilindros foliculares, grave foliculite bacteriana secundária, prurido e mau cheiro (VERCELLI et al., 2004; OBLADEN et al., 2007; RHODES, 2005). De acordo com Mendleu e Keith (2003) e Rhodes (2005), normalmente não há prurido, somente quando ocorre infecção secundária por bactéria ou Malassezia. Scott et al. (2001), descrevem que a presença de seborréia, hipotricose especialmente a subpelagem, esta quase sempre presente e que nos cães de pelagem curta as escamas são finas e soltas; já em cães com pelagem longa as escamas se aderem firmemente aos pêlos. Alguns animais podem apresentar sinal de doença sistêmica, como febre, apatia e perda de peso (FARIAS et al., 2000; SCOTT et al., 2001; REICHLER et al., 2001); já Willense, (1998), diz que os sinais sistêmicos são extremamente raros. 1.3 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL A ASG possui sinais clínicos comuns a inúmeras outras doenças de pele; como a seborréia primária, foliculite bacteriana, demodiciose, dermatofitose, doença endócrina (SCOTT et al., 2001; RHODES, 2005) e displasia folicular (SCOTT et al., 2001). 1.4 DIAGNÓSTICO Os raspados cutâneos e culturas fúngicas resultam negativos (VERCELLI et al., 2004; OBLADEN et al., 2007; SCOTT et al., 2001; RHODES, 2005). Cilindros foliculares proeminentes estão mais provavelmente associados a ASG, seborréia, dermatose responsiva a vitamina A, demodicose e displasia folicular (SCOTT et al., 2001). Alguns trabalhos revelam que até teste de Leishmania já foram realizados. O Tricograma revela cilindros ou colares de material cerato – sebáceo amarelo – amarronzado que caracterizam as hastes do pêlo em intervalos variáveis (MULLER; KIRK, 1996). Na histopatologia a ASG é caracterizada por uma inflamação granulomatosa a piogranulomatosa das glândulas sebáceas (MULLER; KIRK, 1996; RHODES, 2005). Scott et al. (2001), relatam que na maioria dos casos, o diagnóstico baseia-se no achado de granulomas perifoliculares discretos em áreas nas quais as glândulas sebáceas são normalmente encontradas. As lesões crônicas caracterizam-se por uma dermatite perivascular superficial hiperplastica com hiperceratose ortoceratótica ou paraceratótica proeminente da epiderme e dos folículos pilosos em graus variados de fibrose perifolicular e atrofia folicular (FARIAS et al., 2000; SCOTT et al., 2001; MENDLEU; HNILICA, 2006; SCOTT et al., 2001; WILLENSE, 1998; RHODES, 2005). Destruição de todo o folículo piloso e da unidade anexa são raramente observados (VERCELLI et al., 2004; RHODES, 2005), mas nota-se ausência de glândulas sebáceas que são substituídas por fibrose e consequentemente atrofiam (MENDLEU; KEITH, 2003). Os animais com infecção secundária estafilocócicas podem apresentar áreas de dermatite pustular intra - epidérmica neutrofilica, foliculite e furunculose supurativos e dermatite ou paniculite piogranulomatosa nodular a difusa (SCOTT et al., 2001). 1.5 TRATAMENTO Segundo Rhodes (2005), os sinais clínicos podem aumentar ou diminuir independentemente de tratamento, onde os resultados são extremamente variáveis e sua resposta poderá depender da gravidade da doença. Os casos médios podem ser controlados satisfatoriamente com xampus ceratolíticos e enxágües emoliente. Os casos mais resistentes podem beneficiar-se da aplicação tópica de Propilenoglicol de 50% a 75%, em água como vaporizador ou enxágüe uma vez ao dia e em seguida duas a três vezes por semana, conforme a necessidade (VERCELLI et al., 2004; LOWELL, 2005; MENDLEU; KEITH, 2003; SCOTT et al., 2001; RHODES, 2005). Óleo de bebês nas áreas afetadas durante uma hora e após continuar o tratamento com xampus múltiplos para remover óleo e escamas (LOWELL, 2005; RHODES, 2005). Obladen et al. (2007), assim como Dustan e Hargis (1995), revelam que alguns cães respondem à administração oral de produtos contendo ácidos graxos, ômega 6 e ômega 3. Farias et al. (2007), descreveram o protocolo utilizado para um cão da raça lhasa apso com ASG, onde foi baseado em uma terapia tópica semanal com xampu emoliente e hipoalergênico (sua composição era tintura de hipericum e extrato de calêndula) e o óleo de bebê, associado a ômega 3 e 6. Após quatro meses de tratamento o paciente apresentou completa repilação e ausência de lesões dermatológicas, sendo apenas indicado banhos quinzenais para manutenção e hidratação da pele. Nos casos graves ou refratários, os retinóides sintéticos podem ser úteis. A Isotretinoína que é uma substância derivada da Vitamina A, atua na supressão da atividade e diminuição do tamanho das glândulas sebáceas, na dose é de 1mg/kg, via oral (VO), a cada doze horas, após um mês é reduzida para cada vinte e quatro horas e depois de mais trinta dias para cada quarenta e oito horas. Com dois meses de tratamento a manutenção vai depender da necessidade de cada paciente (OBLADEN et al., 2007; MENDLEU; KEITH, 2003; RHODES, 2005), porém este protocolo foi relatado como muito eficaz em vizslas, já em outras raças não (OBLADEN et al., 2007; LINEK, 2008). Willense (1998), sugere a Isotretinoína, na dose de 0,25 – 0,5 mg/Kg a cada doze horas e em geral há necessidade de quatro a oito semanas de tratamento para obtenção da resposta clinica, se não houver resposta, fica indicado o tratamento durante toda a vida do paciente com o objetivo de controlar adermatopatia em questão. O Etretinato, na dose de 1 a 2 mg/Kg, via oral, a cada vinte e quatro horas, foi relatado como ineficaz ou ocasionalmente resultando em um máximo de 50% de melhora (MENDLEU; KEITH, 2003; SCOTT et al., 2001). As respostas aos retinóides sintéticos geralmente requerem quatro a oito semanas de tratamento e ou uso contínuo. Segundo Scott et al. (2001), os efeitos colaterais potenciais dos retinóides sintéticos são raros e médios quando ocorrem. A Ciclosporina, na dose de 5mg/Kg, via oral, a cada doze horas, foi relatada como eficaz e os efeitos colaterais incluem vômitos, diarréia, hiperplasia vaginal, lesões papilomatosas na pele, maior incidência de infecção, nefrotoxidade e hepatotoxidade. Há trabalhos que descrevem repilação em ate doze semanas e que este tratamento é em sua maioria bem tolerado pelos pacientes. Antibióticos bactericidas e xampu de peróxido de benzoila; para foliculite bacteriana secundaria são utilizadas no protocolo terapêutico (PATERSON, 2004; OBLADEN et al., 2007; MENDLEU; KEITH, 2003; SCOTT et al., 2001; RHODES, 2005). Em casos de recidivas ou insucesso Farias et al. (2000), Scott et al. (2001), Noli e Toma (2006), sugerem o uso da Isotretinoina, na dose de 2mg/Kg, via oral, a cada vinte e quatro horas ou Etretinate na mesma dose. A Prednisona, na dose de 2mg/Kg, via oral, a cada vinte e quatro horas, deve ser utilizada até a cura das lesões. A partir daí, reduzir para a menor dose possível, em dias alternados, para controlar os sinais clínicos. Devido ao tratamento com a isotretinoína ter um custo elevado, alguns médicos veterinários sugerem o uso genérico da vitamina A (GROGNET, 2008), na dose de 10.000 unidades internacionais, via oral, a cada vinte e quatro horas, para cães de pequeno porte e 20.000 UI, para cães de grande porte; além de tetraciclina e niacinamida para o controle da infecção secundária (MENDLEU; KEITH, 2003). Vercelli (2004), revela que obteve melhora parcial das lesões com o protocolo de xampu ceratolítico, prednisona na dose de 1mg/kg e etretinate na mesma dose por 3 meses. Em 2005, existe um estudo publicado por Linek et al., sobre o tratamento para ASG com o uso da Ciclosporina, que descreve o tempo para melhora clinica dos pacientes e sua eficácia. Neste estudo em quatro meses de tratamento a alopecia de muitos cães já teve ótimo resultado e poucos cães evoluíram em um espaço maior de oito e doze meses. A reação inflamatória perifolicular tem se resolvido depois de doze meses de tratamento com a ciclosporina, onde resulta no decréscimo de células; como os macrófagos e as células T, as quais são conhecidas por afetar as células imunomediadas nas doenças auto - imunes. Durante o tratamento a glândula sebácea se regenera e já foram encontrados resultados em cães com quatro e oito meses de tratamento. Não foi investigada sua morfologia, mas foi comparada com a regeneração de células localizadas no folículo piloso. A porcentagem desta evolução depende individualmente de cão para cão neste trabalho. Este estudo revelou que dos quatorze cães testados; quatro cães apresentaram melhora de 70% de regeneração do folículo piloso, dois cães apresentaram 82% de regeneração, três cães tiveram regeneração limitada, com 20% e 30% de melhora clinica e cinco cães que apresentavam a doença em grau mais avançado, não apresentaram regeneração nenhuma das glândulas sebáceas. Nenhuma relação com idade ou raça foram encontradas. Alguns cães apresentaram efeitos colaterais, porém não significativos, sendo o tratamento bem tolerado pelos cães em teste. Este estudo revela que após a descontinuidade do tratamento com a ciclosporina a administração de uma terapia tópica com xampu emoliente é o suficiente para evitar a recidiva da dermatopatia. 1.6 PROGNÓSTICO Mendleu e Keith (2003), acreditam que o prognóstico é variável, dependendo da gravidade da doença. Essa é uma doença incurável, porém o diagnóstico e o tratamento precoce melhoram o prognóstico. Cães com pêlos curtos, os quais tendem a apresentar sintomas mais suaves, podem ter um prognóstico mais favorável que cães com pêlos longos. Segundo Mendleu e Keith (2003), assim como Muller e Kirk (1996), sugerem que para prevenção da doença não coloquem esses animais para reprodução, já que a causa pode ser de origem hereditária. 2 RELATO DE CASO Paciente: Fiona Espécie: Canina Raça: SRD Sexo: Fêmea Idade: 2 anos e 2 meses Peso: 5,4 Kg 2.1 ANAMNESE Relata-se o caso de um animal da espécie canina, fêmea, que uma semana após ovariohisterectomia começou a apresentar alopecia em regiões facial e dorsal. Há 15 dias, a proprietária relatou que o animal está normorexica, está ativa e um pouco irritada devido ao prurido severo. 2.2 EXAME FÍSICO Ao exame físico o paciente apresentava temperatura retal de 38.4 º C, tempo de preenchimento capilar de 1 segundo e a freqüência cardíaca de 160 batimentos por minuto. O paciente apresentou prurido intenso generalizado durante o exame, alopecia localizada, principalmente em regiões facial e dorsal, crostas faciais e nos pavilhões auriculares, hipotricose, hiperceratose, descamação, xerose e queilite pelo dorso. 2.3 EXAMES COMPLEMENTARES Foram realizados parasitológico de pele por meio de raspado, hemograma, bioquímico e histopatológico. 2.4 DIAGNÓSTICO O resultado do raspado de pele foi negativo. O hemograma e bioquímico não apresentaram alterações. O exame histopatológico,revelou hiperqueratose lamelar, dilatação de óstios foliculares e de sua região infundibular associada a um infiltrado inflamatório centrado na unidade pilo sebácea (conforme mostra Figura 1, Figura 2 e Figura 3), o que subsidiou um diagnóstico definitivo de ASG. Figura 1: Fotomicrografia de pele de cão mostrando infiltrado inflamatório em região perifolicular istmal e envolvendo as glândulas sebáceas (H.E. Aumento de 50x). Figura 2: Fotomicrografia de pele de cão mostrado glândula sebácea intensamente infiltrada por população mista de células inflamatórias (H.E. Aumento de 200 x). Figura 3: fotomicrografia de pele de cão mostrando glândula sebácea com infiltração inflamatória rica em neutrófilos e macrófagos (H.E. Aumento de 400x). 2.5 TRATAMENTO O protocolo utilizado para o tratamento da ASG neste paciente, foi terapia tópica com spray formulado a base de propilenoglicol, 10 gramas; uréia, 10 gramas; glicerina, 7,5 gramas e 4,4 gramas de acido lático, 2 vezes por semana, associado com tratamento sistêmico com ômega 3 e 6 e o uso de ciclosporina, na dose 5 mg/kg, a cada 12 horas por 60 dias. 2.6 EVOLUÇÃO Após dois meses de tratamento o paciente apresentou resolução das lesões dermatológicas descritas anteriormente e repilação, exceto em face e pavilhões auriculares que eram as áreas mais afetadas, sendo indicado banhos quinzenais com aplicação do spray para manutenção da hidratação da pele e terapia sistêmica contínua com ciclosporina. O paciente durante todo o tratamento com ciclosporina não apresentou efeitos colaterais. 3 CONCLUSÃO A adenite sebácea granulomatosa apresenta forte predileção racial para cães das raças: akita, poodle e vizsla, não existindo relatos em cães sem raça definida, por isso estudos estão sendo realizados para se comprovar uma possível relação com herança genética. Segundo Scott et al. (2001), os sinais clínicos observados na adenite sebácea podem variar conforme a raça e tipo de pelagem, sendo no poodle observado hiperqueratose seguida de alopecia, descamação e sedimentação cerato sebácea, podendo ocorrer alisamento e mudança na cor da pelagem. No vizsla os achadosdermatológicos correspondem a áreas alopécicas anulares com fina descamação tegumentar, tendo ocasionalmente edema de lábios, pálpebras e músculos. A forma mais grave da adenite sebácea é vista no akita, que segundo Reichler et al. (2001), apresenta intensa xerose associada a eritema pustular, formação de cilindros foliculares, foliculite, furunculose, alopecia e em alguns casos, acometimento sistêmico. A adenite sebácea observada no cão SRD caracterizou-se pela presença de hipotricose, hiperqueratose, queilite e ao fato dos sinais terem iniciado uma semana após a ovariohisterectomia, tendo provavelmente, alguma relação imunológica.Não foram observados, furunculose e linfadenomegalia como observado em akitas. O diagnóstico definitivo é apenas obtido com o exame histopatológico, onde se evidência hiperqueratose, inflamação perivascular associado á atrofia da glândula sebácea. O tratamento consiste basicamente em terapia tópica com um emoliente, hidratante e umectante associado à suplementação de ácidos graxos essenciais, porém neste caso foi necessário acrescentar ao tratamento um retinóide sintético, como a ciclosporina na dose de 5 mg/kg, a cada 12 horas, VO. Poderia ter sido indicado também isotretinoína, na dose de 1 a 2 mg/Kg a cada 24 horas, VO ou etretinato na mesma dose, ao invés da ciclosporina de acordo com Medleau e Hnilica (2006), assim como Farias et al. (2000). A resposta ao tratamento foi rápida e eficiente. 4 DISCUSSÃO A adenite sebácea granulomatosa é uma dermatopatia inflamatória destrutiva das glândulas sebáceas que pode ter envolvimento genético; incomum em cães, mas com maior incidência nas raças poodle, vizsla, akita e samoieda; jovens a meia idade. Não existem dados epidemiológicos de ASG em cães SRD, o que dificultou a agilidade do diagnóstico. No caso descrito, os sinais iniciaram-se uma semana após ovariohisterectomia, tendo provavelmente relação com a queda imunológica; mesmo não sendo constatado alterações no hemograma do paciente. No caso relatado, a alopecia seguida de prurido severo foram os primeiros sinais clínicos observados pelo proprietário, devido a presença de infecção secundária. Como os sinais clínicos são compatíveis a outras dermatopatias, exames complementares foram realizados para diagnostico definitivo, porém apenas o exame histopatológico revelou alteração, pela qual foi se estabelecido o diagnóstico de ASG. O tratamento sistêmico de eleição foi com o uso de ômega 3 e 6 associado a ciclosporina, devido aos seus baixos índices de efeitos colaterais e sua comprovada eficácia. Junto a este tratamento sistêmico foi realizado também o tratamento tópico com hidratantes e emolientes de uso contínuo. Um estudo revelou melhora clinica do paciente com quatro meses de tratamento com a ciclosporina, porém este paciente apresentou melhora clinica com apenas dois meses de tratamento, com exceção de repilação total nas áreas mais afetadas pela ASG. Essa é uma dermatopatia incurável, porém com o diagnóstico e tratamento precoces melhoram o seu prognóstico. Cães com pêlos curtos, no caso do animal atendido, tendem a apresentar sinais mais suaves e podem ter um prognóstico mais favorável que cães com pêlos longos. Os cães acometidos não devem ter vida reprodutiva, devido a grande probabilidade desta dermatopatia ter origem genética. Em geral, a resposta ao tratamento foi rápida, eficiente e o animal não apresentou nenhum efeito colateral. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CODNER H. C.; RHODES, K. H. Adenite sebacea granulomatosa. RHODES, K. H. Dermatologia de Pequenos Animais – Consulta em 5 minutos. 1. ed. Revinter. 2005. p 551- 553 DUSTAN R.W., HARGIS, A.M. The diagnosis of sebaceous adenitis in standart poodle dogs In: Bonagura, J.D. Current Veterinary Therapy XII. Philadelphia: W.B. Saunders, 1995. p. 619- 622. FARIAS, M. R., PERES J.A., FABRIS V.E., COSTA F.S. & PINTO R.G. Adenite sebácea granulomatosa em cães da raça akita. Revista Clínica Veterinária. V. 25. p. 33-38. 2000. GROGNET, J. Sebaceous adenitis. In: Akc Gazette. New York. V 125. 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