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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ ARQUITETURA E URBANISMO ATELIÊ DE PROJETOS 8 PROFESSOR: MARCÍLIO LOPES – TURMA: 3001 COMUNIDADE DENDÊ - URBANISMO SUSTENTÁVEL E O CONCEITO DE ARTE URBANA ALUNOS: ISABELLA ARAUJO HERBSON ROBERTO JORGE PONTES GLEDSON PAULO ROGÉRIO WEVERGTON Fortaleza, 2017. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. - USOS E OCUPAÇÃO DO SOLO E MOBILIDADE 2.1 - Pontos de relevância histórica e cultural Neste ano o bairro Edson Queiroz completa 47 anos, um bairro de classe alta, com pontos de relevância histórica, cultural e econômica para a cidade de Fortaleza e o estado do Ceará. Este bairro atrai o olhar de todos, mas ainda existem áreas esquecidas, assim como a comunidade do Dendê, dentro do perímetro do bairro, a comunidade se encontra com vários problemas socioeconômico. A história da comunidade do Dendê, caminha junto com o início do bairro Edson Queiroz, em meados da década de 70, ainda denominado como Água fria, só no dia 6 de julho de 1983, onde a região em que se encontra a comunidade, passa a se chamar Edson Queiroz, em homenagem ao industrial Edson Queiroz, por ter sido um dos pioneiros no bairro, ao implementar em 1973 a Universidade de Fortaleza (Unifor), da fundação Edson Queiroz. Braga e Barreira (1991) afirmam que seus primeiros moradores são de origem rural, dando início a comunidade por volta do final da década de 1960, parte dessas famílias foi removida das favelas Verdes Mares, Dom Luis, Cervejaria Brahma, Cidade 2000, Hospital Geral de Fortaleza e praia do Meireles, devido a intervenções urbanas como aberturas de vias. Todos estes moradores que foram expulsos, viram na comunidade do Dendê uma oportunidade de se estabelecer, recebendo gradativamente mais moradores chegando aproximadamente a 21 mil habitantes. A trajetória de luta destes moradores vem desde o início da ocupação da área. O primeiro movimento organizado foi do grupo de pessoas da Igreja Católica (1977). Em 1980, surge a primeira associação de moradores da Água Fria (CIP DENDÊ), ainda não tinha ocorrido a substituição para o atual nome que é Edson Queiroz, sendo registrada em 1981. Neste período os moradores batalhavam para que fosse instalado o sistema de água. Atualmente, além da Associação de Moradores, a comunidade possui um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e um Conselho Comunitário. Esse último recebeu uma nova sede no dia 19 de setembro de 2014, inaugurado com nome Conselho Comunitário de Defesa Social Celina Queiroz, sendo construído no antigo prédio onde funcionava a delegacia do bairro, localizado na Rua Lucas Francisco Antônio. Foi elaborado em 1999 na comunidade um projeto social do órgão ABC da Economia Solidária. Nesta ação social foi instruído um grupo de moradores sobre o tema economia solidária, este tema aborda como as ações podem contribuir para situação econômica da comunidade. Deu-se início a formação de um grupo de mulheres, moradoras da comunidade, com um olhar empreendedor e social no ano 2000, a concretização de uma associação chama Grupo de Mulheres Dendê Sol, este grupo resolveu elaborar feiras semanais e alguns trabalhos sociais voltados para a juventude. A primeira feira ocorreu no dia 12 de maio de 2000 na praça da justiça, na própria comunidade, com parcerias de algumas instituições como o Banco Palmas, sindicatos, Obra Kolping e o Instituto Florestan Fernandes, através da ajuda destes parceiros, a associação obteve recursos para o empréstimo de barracas, sendo um sucesso. Alguns problemas surgiram, como a falta da autorização para dar continuidade a bem sucedida feira. No entanto, na tentativa de dar continuidade a este projeto, tentou-se a implementação da feira nas ruas da comunidade em dias específicos, durando seis meses, até que obtiveram a autorização e retornaram para a praça onde se estabelece atualmente. A feira trabalha com produtos manufaturados, de elaboração artesanal em geral, assim como: bonecas de pano, pufs feitos com garrafas pets, sacolas de papel presentes, comidas típicas e também ocorrem apresentações culturais da comunidade. Em 2008 a Associação de Mulheres Dendê Sol, elaborou uma micro empresa chamada Cozinha Saborosa, onde eram comercializados bolos, café da manhã, salgados, doces e elaborado pratos feitos. Em 2010 houve a necessidade de uma melhor comunicação para toda a comunidade, então foi elaborado a Rádio Comunitária, fazendo assim, com que deixassem todos os seus moradores mais informados com os eventos que ocorrem na comunidade. 2.2 - Características das moradias Analisando as características das moradias da comunidade, pode-se perceber a predominância de construções precárias e irregulares com o uso de alvenaria e telha cerâmica. Na parte Norte do terreno, as casas, não possuem pavimento superior, com poucas janelas sem recuo, já na parte central do terreno sentido região Sul, temos casas mais verticalizadas com dois a três pavimentos e muitas de uso misto, com comércio na parte inferior. Através de visita in loco foi possível observar também a grande dificuldade de lidar com a topografia do terreno na parte Norte, onde as casas encontram-se em sua maioria rebaixadas ao nível da Rua dos Coqueiros. Essa região está em uma zona de risco e sofre com constantes alagamentos e depósito de lixo. Muitas casas nessa rua precisam de escada para acessar a porta principal de entrada, outras precisam de escada em declive para o acesso as moradias rebaixadas. Nota-se um confronto mal resolvido com a topografia local. A Rua Cidade Ecológica possui grande movimentação de veículos e a maioria das construções são residências de uso misto ou pontos comerciais. Os pontos comerciais são predominantes e ocupam uma área mais extensa do que em outros pontos da comunidade, sendo portanto, menos precários. No entanto ainda encontramos edificações sem recuo e com o uso de alvenaria e telha cerâmica. As cobertas de telha cerâmica, no geral, possuem duas águas e calha de escoamento voltada para a rua. Não havendo recuo, a calha despeja a água diretamente na calçada, não havendo nenhum armazenamento da água da chuva. Ao longo da comunidade há também vazios urbanos de alguns terrenos sem utilidade que acabam por acumular lixo ou entulhos, favorecendo a proliferação de doenças e trazendo problemas para a comunidade. Com relação ao tamanho dos lotes, em sua grande maioria são irregulares e não seguem um padrão. Entretanto, nota-se na parte Sul do terreno uma pequena regularidade no tamanho de algumas casas, embora ainda não haja recuos. Devido à falta de recuos, as casas sãoseparas por uma parede comum aos moradores vizinhos. 2.3 - Hierarquia e estruturação viária A comunidade possui um sistema viário irregular, suas quadras não possuem um padrão especifico, não existe uma conexão harmônica com seu entorno, mesmo estando localizada numa área nobre da cidade, a comunidade permanece esquecida, e carente de programas sociais, gerando um caos em seu sistema viário, já que os pontos tornam-se inacessíveis para o poder público, dando vantagem a criminalidade. Analisando o sistema viário da comunidade do dendê se observa um desordenamento em toda sua área, a comunidade é cortada no plano horizontal pelas ruas cidade ecológica e Roberto Silva, seu perímetro contornado pela rua Hill Moraes , Av. do Contorno e a rua dos coqueiros, todas vias coletoras A rua cidade ecológica possui uma extensão de aproximadamente 345,00m (trezentos e quarenta e cinco metros), com uma largura de 8,00 (oito metros), dentro dos limites da comunidade. A via possui duas faixas de circulação sentido único, em toda sua extensão pode-se perceber vários remendos e alguns buracos, sua sinalização esta desgastada, em alguns trechos não está visível, há vários veículos estacionados de forma irregular na via gerando transtorno e impossibilitando o tráfego, suas condições estão precárias, o meio fio esta em péssimas condições, possui areia e mato crescendo, a calçada existente possui uma largura de aproximadamente 1,00m (um metro), mas em sua maioria ela se quer existe. Isso se dá devido ao avanço de alguns imóveis, avanços tanto para uso comercial como residencial impossibilitando o tráfego de pedestres. (Imagem retirada do google earth) Ainda sobre a rua cidade ecológica, ela possui três paradas de ônibus, todas apenas com uma placa amarrada no poste identificando, todos os usuários do transporte público, são expostos ao sol e chuva. Os usuários aguardam o transporte em pé na calçada, e muitas vezes na via, devido o avanço de alguns imóveis próximos, pondo em risco a vida destas pessoas, que em sua maioria só possui esse tipo de transporte para se locomover pela cidade. Para atender toda a comunidade existe quatro linhas de ônibus. São elas: 1. (816) - Edson Queiroz/Centro/1 2. (806) - Edson Queiroz/Papicu/1 3. (024) - Antônio Bezerra/Lagoa/Unifor/1 4. (023) - Edson Queiroz/Papicu(Corujão)/1 Sendo três com o itinerário diurno e uma noturno, todo seu trajeto se concentra nas três das quatro vias coletoras existentes da comunidade são elas: as ruas Hill Moraes, Cidade Ecológica e Roberto Silva, concentrando no lado oeste e no centro da comunidade, deixando assim as áreas periféricas desprovidas, gerando um transtorno para uma parte de seus usuários, fazendo com que se percorra grandes distancias até chegar em uma das nove paradas de ônibus que existem. (Imagem retirada do google earth) A comunidade não possui faixa exclusiva de ônibus, e nem tão pouco uma ciclovia ou ciclofaixa, assim como pontos de bicicletas compartilhadas ou do projeto bicicletar. Esses projetos de iniciativa pública e privada, foram pensados para a melhoria da mobilidade urbana, no entanto, o ponto mais próximo para se utilizar uma bicicleta de algum destes projetos é na avenida Washington Soares, ao lado da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Nesse ponto também se localiza uma ciclovia, a mais próxima da comunidade e em seu entorno também será construída a estação de metrô Barbará de Alencar, que irá compor a linha leste do metrô de Fortaleza. A comunidade é escada de opções de transporte, devido suas ruas, em péssima qualidade, dentre elas existem as vias locais, destinada a uso de pequeno tráfego, estão má sinalizada possuem um asfalto todo irregular com buracos em vários trechos, o esgoto corre a céu aberto, não transita ônibus, calçadas totalmente irregulares, sua largura são aproximadamente seis metros. O traçado das vias locais predomina o sentido vertical com algumas no sentido horizontal, fazendo com que a parte inferior da comunidade relembrasse um pouco de um traçado retangular, mas todo seu conjunto é sinuoso e irregular, as vias locais existentes na comunidade são: 1. Rua Lucas Francisco Antonio 2. Rua Pres. Arthur Bernardes 3. Beco luiz 4. Rua do Jucá 5. Trav. Corvinha 6. Trav. Antarctica 7. Rua Ubaitabaz 8. Rua do gelo 9. Trav. cantoneide 10. Trav. henrique 11. Trav. Vila São Ludovi 12. Trav. Araçu 13. Rua do Corrente (Imagem retirada do google earth) Outra classificação de vias que existem na comunidade são as vielas. Bastante presente, elas possuem uma largura mínima de circulação, geralmente apenas a medida necessária para a passagem de uma pessoa por vez, material mais utilizado como piso é o concreto. Muitas vezes é a calçada dos imóveis que são próximos que servem como trânsito de pedestres. Além disso, possuem esgoto a céu aberto. As vielas existentes são: 1. Trav. Rosinha 2. Trav. Vila Arthur 3. Trav. Sucesso 4. Trav. Ipapaba 5. Trav. Palmarios 6. Trav. Framboesa 7. Trav. das crianças 8. Trav. Cantinho do céu 9. Trav. Vila do sucego 10. Trav. Luis do Camargo 11. Trav. nossa senhora 12. Trav. araçu 13. Trav. Toronto 14. Trav. Riachu doce 15. Trav. Bom fim 16. Trav. Ana ber 17. Trav. Vasconcelos 18. Trav. Cel Luca 19. Trav. Luis 20. Trav. Mutitiba 21. Trav. Sevante 22. Trav. Camões (Imagem retirada do google earth) Usos predominantes do entorno e da comunidade Mediante pesquisa realizada através de ferramentas de georreferenciamento e mapas pode-se constatar os usos predominantes do entorno e da própria comunidade do Dendê inserida no bairro Edson Queiroz. Em se tratando dos usos do entorno da comunidade, a oeste do terreno temos um uso institucional predominante. Esse uso se dá por meio de equipamentos como a Universidade de Fortaleza (UNIFOR), o Tribunal de contas do Ceará, a Escola Superior de Magistratura do Estado, o Fórum Clóvis Beviláqua, Secretaria de Educação Básica, Delegacia do 26º DP, Procuradoria Geral do Município, Núcleo de Atenção Médica Integrada, entre outros. Com relação aos pontos de uso residencial sua predominância se estende por quase toda a faixa leste do terreno por meio de condomínios de residência multifamiliar. O uso comercial se dá na parte sul do terreno com a LCR Mármores e Granitos. É possível perceber um pequeno equipamento de lazer que é a praça da juventude, no entanto está localizada fora do limite do terreno da comunidade. É possível acompanhar os usos existentes através do estudo de manchas no mapa anexo a este trabalho. Uma legenda explicativa com cores facilita a compreensão do estudo geral. Com relação aos usos locais feitos pela comunidade, pode-se notar a maior predominância de uso residencial. Praticamente 80% do terreno tomado por moradias em assentamentos irregulares e situaçãoprecária. Em seguida, distribuído de forma não tão homogênea ao longo do terreno temos o uso comercial com pequenos mercadinhos, lojinhas de roupas, cabeleireiros, entre outros serviços que atendem principalmente a demanda interna da comunidade. Posteriormente, temos equipamentos de uso institucional da comunidade como a Associação de Moradores, a Rádio Dendê Sol, a Associação de Mulheres Dendê Sol, o Conselho Regional de Assistência Social (CRAS), uma UPA (em construção), Centro Educacional Luz do Saber, EEFM Prof Fco Maurício Mattos Dourado, EEFM Dom Antônio Lustosa, entre tantas igrejas protestantes e católicas, entre outros. Nota-se, através de análise que não existem equipamentos de lazer para atender as demandas da comunidade, o único existente encontra-se fora do terreno e é insuficiente para atender a todos os moradores. Além disso, o comércio se concentra próximo rua de maior movimentação do bairro, e se distribui de forma não homogênea o que exige do morador longo deslocamento para ter acesso a determinado serviço ou loja comercial. 2.4 - Atividades permanentes, sazonais e eventos locais. A comunidade do Dendê sofre diariamente com a falta de assistência e investimentos por parte de órgãos públicos, entre os problemas sociais estão a insegurança, a criminalidade e a baixa escolaridade. Em meio a isso tudo, algumas atividades são desenvolvidas para trazer benefícios para a comunidade por instituições do entorno. A Unifor promove diversas atividades sociais e educativas de forma sazonal na comunidade do Dendê. Entre elas uma oficina de reciclagem de garrafas pet foi realizada para ensinar artesanato e trabalhar a consciência ambiental dos moradores. Outro evento interessante ocorrido na comunidade foi o coaching social, promovido pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) junto a Fabricis no Conselho Comunitário de Defesa Social do Dendê para estimular o empreendedorismo dos pequenos artesãos e micro empreendedores da comunidade. Há também atividades permanentes realizadas pela Associação de Moradores junto ao líder comunitário Severo. As atividades são: roda de capoeira, roda de violão e leitura, refinamento de óleo, Dentre as atividades locais destaca-se a feirinha que ocorre aos sábados, na comunidade, incentivada pela rádio Dendê Sol. Na feira são vendidas verduras, frutas, e roupas. Esses trabalhos e atividades impulsionados pelos moradores movimentam a economia local e retiram jovens e adolescentes de uma zona de risco vulnerável a criminalidade. 3. CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA E ACESSIBILIDADE 3.1 Renda O muro que separa a Fortaleza dos ricos e a Fortaleza da miséria não tem um traçado definido. Ele está ramificado entre os bairros da 4°a capital do país. Esse muro pode até delimitar as classes sociais, mas não impede que elas coexistam em mesmo endereço, tornando as diferenças indivisíveis. No bairro Edson Queiroz, por exemplo, há uma comunidade inserida em nobres metros quadrados. Essa comunidade que se formou e vive entre os condomínios fechados habitados pelo que se convencionou chamar de classe média / alta de Fortaleza. Em uma análise rápida nos indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que a Fortaleza escondida na Secretaria Executiva Regional VI (SER VI) é a que mais precisa de atenção. Dos 10 bairros com menor renda média por habitante, seis estão ali. Encontramos na comunidade do Dendê uma população de baixa renda e de baixa escolaridade. Na sua maioria, a população se dedica a trabalhos informais e outras fontes de renda. Gráfico 1. Distribuição de renda na comunidade do Dendê 3.2 - Escolaridade Cerca de 90% da população foi alfabetizada, a uma equivalência da população de crianças e adultos jovens que sabem ler e escrever, mas o índice apresentou uma redução gradativa com o aumento da idade, visto que à proporção que a faixa etária ia aumentando, o percentual de alfabetizados ia diminuindo. De acordo com a Tabela 1, esse dado é observado de 30 a 60 anos, (79,3%) e com mais de 60 anos, em que (49,5%) foram alfabetizados. Tabela 1. Sujeitos alfabetizados e não alfabetizados, por faixa etária, pertencentes à comunidade do Dendê. Idade (anos) Alfabetizados Sim (%) Não (%) De 6 a 10 88,5 11,5 De 10 a 20 93,3 6,7 De 20 a 30 90,1 9,9 De 30 a 60 79,3 20,7 Mais de 60 49,5 50,5 Gráfico 2. Nível de Escolaridade 3.2 – Condições domiciliares De acordo com os gráficos, a população residente na comunidade do dendê é atendida em 98,3% com abastecimento de água, 84,2% dessa água recebe tratamento como filtragem, 14,1% não recebe nenhum tipo de tratamento. Cerca de 19,9% dos moradores contam com sistema de esgoto, o restante 64,6% possuem fossa séptica, 9,6 utilizam a fossa negra e 5,9% jogam a céu aberto. A coleta pública de lixo existe na comunidade é atendida por 87,7% dos moradores, 12,3% fazem o descarte desse lixo a céu aberto. Gráfico 3. Abastecimento de água Gráfico 4. Sistema de Esgoto *Fossa negra – Apenas um buraco no chão em contato direto com o solo, onde é jogado o esgoto. Mapa 1. Localização da rede de esgoto e bocas de lobo. 3.3 – Número de famílias, densidades, configuração familiar. Existe na comunidade do dendê e em sua cercania aproximadamente 3.718 imóveis e 10.892 moradores. Na área existem imóveis que são usados para domicílio e outros sem a finalidade de moradia, sendo que 3.296 (88,64%) dos imóveis localizados no mapa são usados exclusivamente para residência, e somente 333 (8,95%) apresentam atividades exclusivamente comerciais ou residência e comércio, caracterizando a comunidade como uma área predominantemente residencial (Tabela II). Tabela II. Número, percentual e média de moradores por tipo de domicílio, comunidade Dendê. Função do imóvel Número (%) Média de moradores Exclusivamente residencial 3.296 88,64 3,07 Exclusivamente comércio 127 3,41 0,01 Exclusivamente templo religioso 14 0,37 --- Exclusivamente escola 7 0,18 --- Residencial e comércio 206 5,54 3,67 Residencial e templo religioso 3 0,08 0,67 Outro 53 1,42 --- Função não registrada 12 0,4 --- Total 3.718 100,0 2,92 Na visita foi possível verificar 53 imóveis (1,43%) que não se caracterizavam como domicílios, comércios, templos religiosos ou escolas. Estes locais continham 33 terrenos, 9 galpões, 5 associações de moradores, 2 fábricas, 2 quadras de esportes, 1 garagem e 1 metalúrgica. Em apenas 12 (0,32%) dos imóveis não foi possível identificar suas funções. O número, em média, de moradores por domicílio considerando todos os imóveis localizados nesta área é de 2,92. Em média, moram três habitantes por domicílio nos imóveis com função exclusiva de residência. Esta maior aglomeração ocorre nos imóveis que acumulam função de residênciae comércio, 3,67 habitantes por domicílio. Um em cada quatro domicílios encontra-se mais de um núcleo familiar ou existiam outras pessoas residindo no imóvel além do núcleo familiar principal, COABITAÇÃO (Tabela III). Tabela III – Número, percentual e média de moradores por núcleos familiares, comunidade do dendê. Estrutura da família Número (%) % com moradores Média de moradores Um núcleo familiar sem agregados 2.186 58,8 75,3 3,26 Um núcleo familiar com agregados 281 7,6 9,7 4,24 Vários núcleos familiares s/ agregados 340 9,1 11,7 5,68 Vários núcleos familiares c/ agregados 95 2,6 3,3 6,67 Sem classificação 816 22,0 --- --- Total 3.718 100,0 100,0 3,74 A população da comunidade do Dendê (Edson Queiroz) conta com quase 11 mil indivíduos, composta predominantemente de jovens e dividida de forma semelhante segundo sexo (52% de mulheres). A idade, em média, dos residentes é de 26,3 anos, sendo 25,1 anos entre os homens e 27,5 anos entre as mulheres. Nesta população, moradores homens chefes de família têm idade, em média, de 40,3 anos e mulheres têm 41,5 anos de idade. O gráfico populacional revela que quarenta por cento dos moradores são crianças ou adolescentes e aproximadamente de cinco por cento têm mais de 65 anos. Sobre a composição dos núcleos familiares procedeu-se a classificação dos moradores segundo posição na família. Dos 10.892 moradores, apenas 13 (0,12%) não foram classificados. Entretanto estes 10.879 moradores avaliados residiam em apenas 2.902 (78%) dos 3.718 imóveis. Gráfico 5. Gráfico populacional Percebe-se que a média de moradores é maior nos imóveis de acordo com a estrutura da família, duplicando o número de moradores quando comparados os domicílios com único núcleo familiar sem agregados. 3.4 – Equipamentos Institucionais A Comunidade do Dendê é bastante auxiliada pela instituição de ensino, a Universidade de Fortaleza (UNIFOR), que disponibiliza para os moradores oportunidades de emprego e assistências no que tange à saúde, por meio do NAMI (Núcleo de Atenção Médica Integrada), um centro de atenção de nível secundário que atende pacientes pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e que dispõe de serviços médicos e ambulatoriais. A Fundação Edson Queiroz incentiva o desenvolvimento autossustentável com o Projeto Do Dendê, criado em 2003. A partir de cursos e treinamentos ministrados por alunos da Universidade, são produzidos artigos como velas decorativas, caixas para presentes, bijuterias, utensílios de cozinha e objetos decorativos. Os produtos são comercializados por meio de um sistema cooperativo entre os membros da comunidade que, além de gerar receita, incentiva o desenvolvimento pessoal e social dos moradores. A Universidade de Fortaleza, através da sua Loja do Campus, é uma das empresas clientes do Projeto Do Dendê. Alguns dos equipamentos institucionais existentes na comunidade: Rede pública ● EEFM Dom Antonio de Almeida Lustosa ● EMEIF Professor Francisco Maurício Mattos Dourado ● EMEIF Washington Soares ● Escola de Aplicação Yolanda Queiroz Grupos Solidários ● OFR (Os Faz Raiva) - grupo solidário que ajuda as pessoas carentes do bairro ● Dendê Sol - traz cursos para os jovens do bairro ● CCDS - Conselho Comunitário de Defesa Social do Bairro Edson Queiroz. Tem a Fabrica de Vassoura Pet Polo de lazer ● Praça da juventude Genésio Queiroz – em reforma 3.5 – Projetos para a àrea A Comunidade do Dendê, no bairro Edson Queiroz, será beneficiada com o Projeto Dendê, executado pelo Governo do Estado por meio da Secretaria das Cidades (SCidades). O projeto prevê a recuperação da faixa de proteção do Mangue do Rio Cocó, através de ações de urbanização e regularização de assentamentos precários, bem como construção de novas unidades habitacionais. Entre as ações previstas, estão a regularização fundiária da área de intervenção e reassentamento, construção de habitações, para o reassentamento das famílias originárias da Área de Proteção Permanente do Rio Cocó e das áreas onde haverá alargamento e abertura de vias, execução de obras de infraestrutura (água, esgoto, drenagem, iluminação, praças e pavimentação das vias). Também estão incluídos os serviços de melhorias habitacionais nos domicílios da Comunidade Dendê, atendendo cerca de 1.200 unidades, recuperação da Área de Preservação Permanente do Mangue do Rio Cocó e construção de equipamentos comunitários. O grande problema do plano de urbanização apresentado é o fato da área em questão não ser prioritária para urbanização de assentamentos precários por não se tratar de uma ZEIS, e o plano diretor vigente em Fortaleza, o PDP- FOR 2009, estabelece que não é possível alterar os índices urbanísticos da região nas áreas onde não se trata de ZEIS. Por isso foi proposto o do Projeto de Lei que altera a Lei complementar n° 062. Embora a alteração legal proposta no sentido de viabilizar o projeto de urbanização do Dendê não pareça ter grandes problemas, entendemos tal alteração como um retrocesso. Tendo em vista que o projeto de lei propõe que aglomerados subnormais que não se enquadrem em ZEIS possam se enquadrar na categoria Aglomerados populares, da Lei Nº 7.987 de 23 de dezembro de 1996, para viabilizar o rebaixamento dos parâmetros urbanos legais, a mesma possui como consequência o enfraquecimento do instrumento ZEIS como zonas prioritárias para receber investimentos públicos. 4. ZONEAMENTO URBANO 4.1 – Planejamento Urbano O urbanismo é um campo do conhecimento de auxílio multidisciplinar que integra, por exemplo, a geografia, sociologia e a economia. Visando melhorar a qualidade de vida nas cidades com propostas físico-espaciais criadas a partir de diretrizes e planos socioeconômicos e institucionais. Mexe diretamente no ordenamento físico-territorial das cidades, age também nos processos sociais, econômicos e políticos que constroem as cidades. O planejamento urbano segue um organograma do qual é possível identificar facilmente os passos seguidos dentro de um plano de intervenção por exemplo. Abaixo veremos apresentado um organograma já com as zonas da Comunidade do Dendê, comunidade da qual faremos a nossa proposta de intervenção. 4.2 – Zoneamento É a delimitação da cidade em zonas específicas onde são aplicados determinados parâmetros urbanísticos que regulam o uso e ocupação do solo tais como: funções urbanas (morar, circular, trabalhar, divertir-se); coeficiente de aproveitamento, gabarito, densidade e etc. De acordo com o Plano Diretor Participativo de Fortaleza do ano de 2009 a Comunidade do Dendê que é subdividida em 3 partes, sendo elas a Baixada do Dendê, o Dendê e a Rocinha, contempla em seu espaço 3 zonas. 1. A Zona de Preservação Ambiental 1 (ZPA – 1); 2. Zona de Ocupação Moderada 1 (ZOM – 1); 3. Zona de Ocupação Moderada 2 (ZOM – 2).4.3 –Parâmetros Urbanísticos Os parâmetros urbanísticos consistem em grandezas e índices (relações entre duas grandezas) que medem aspectos relevantes relativos à densidade e a paisagem urbana. Eles são, ao lado do zoneamento, as ferramentas de uso mais corriqueiras no planejamento urbano. Tanto os parâmetros urbanísticos, assim como o zoneamento variam de município para município dado que a legislação municial é quem regula sua aplicação. Contextualizando na Comunidade do Dendê temos os Parâmetros Urbanísticos para as 3 zonas lá encontradas. 1. Art. 64 - São objetivos da Zona de Preservação Ambiental (ZPA): I - preservar os sistemas naturais, sendo permitido apenas uso indireto dos recursos naturais; II - promover a realização de estudos e pesquisas científicas; III - desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental; IV - turismo ecológico; V - preservar sítios naturais, singulares ou de grande beleza cênica; VI - proteger ambientes naturais em que se assegurem condições para existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória; VII - garantir o uso público das praias. Parágrafo Único - Define-se como uso indireto dos recursos naturais aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição desses recursos. Art. 65 - Serão aplicados na Zona de Preservação Ambiental (ZPA), especialmente, os seguintes instrumentos: I - plano de manejo; II - plano de gestão; III - estudo ambiental (EA); IV - estudo de impacto de vizinhança (EIV); V - direito de preempção. Art. 66. São parâmetros da ZPA: I - índice de aproveitamento básico: 0,0; II - índice de aproveitamento máximo: 0,0; III - índice de aproveitamento mínimo: 0,0; IV - taxa de permeabilidade: 100%; V - taxa de ocupação: 0,0; VI - altura máxima da edificação: 0,0. § 1º - Não será permitido o parcelamento do solo na Zona de Preservação Ambiental (ZPA). § 2º - As diretrizes do Parque Natural Municipal das Dunas da Sabiaguaba são estabelecidas conforme a Lei Federal nº 9.985/2000, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). 2. Art. 101 - São parâmetros da ZOM 1: I - índice de aproveitamento básico: 2,0; II - índice de aproveitamento máximo: 2,5; III - índice de aproveitamento mínimo: 0,1; IV - taxa de permeabilidade: 40%; V - taxa de ocupação: 50%; VI - taxa de ocupação de subsolo: 50%; VII - altura máxima da edificação: 72m; VIII - área mínima de lote: 150m2; IX - testada mínima de lote: 6m; X - profundidade mínima do lote: 25m; XI - fração do lote: 140m2. Art.102 - Serão aplicados na Zona de Ocupação Moderada 1 (ZOM 1), especialmente, os seguintes instrumentos: I - parcelamento, edificação e utilização compulsórios; II - IPTU progressivo no tempo; III - desapropriação mediante pagamento por títulos da dívida pública; IV - direito de preempção; V - direito de superfície; VI - outorga onerosa do direito de construir; VII - transferência do direito de construir; VIII - operação urbana consorciada; IX - consórcio imobiliário; X - estudo de impacto de vizinhança (EIV); XI - estudo ambiental (EA); XII - Zona Especial de Interesse Social (ZEIS); XIII - instrumentos de regularização fundiária; XIV - outorga onerosa de alteração de uso. Parágrafo Único - A aplicação dos instrumentos indicados nos incisos I, II e III está condicionada à disponibilidade de infraestrutura na presente zona. 3. Art. 105 - São parâmetros da ZOM 2: I - índice de aproveitamento básico: 1,0; II - índice de aproveitamento máximo: 1,5; III - índice de aproveitamento mínimo: 0,1; IV - taxa de permeabilidade: 40%; V - taxa de ocupação: 50%; VI - taxa de ocupação de subsolo: 50%; VII - altura máxima da edificação: 48m; VIII - área mínima de lote: 150m2; IX - testada mínima de lote: 6m; X - profundidade mínima do lote: 25m. [CONDIÇÕES ESPECIAIS VER PDP] Art.106 - Serão aplicados na Zona de Ocupação Moderada 2 (ZOM 2), especialmente, os seguintes instrumentos: I - parcelamento, edificação e utilização compulsórios; II - IPTU progressivo no tempo; III - desapropriação mediante pagamento por títulos da dívida pública; IV - direito de preempção; V - direito de superfície; VI - outorga onerosa do direito de construir; VII - transferência do direito de construir; VIII - operação urbana consorciada; IX - consórcio imobiliário; X - estudo de impacto de vizinhança (EIV); XI - estudo ambiental (EA); XII - Zona Especial de Interesse Social (ZEIS). Parágrafo Único - A aplicação dos instrumentos indicados nos incisos I, II e III deste artigo está condicionada à disponibilidade de infraestrutura da presente zona. Seguem-se ainda orientações advindas do Código de Obras e Postura de Fortaleza que traz diretrizes que devem ser seguidas na proposta de intervenção. Lê-se abaixo: ● SUBSEÇÃO II HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL Art. 257 – As Habitações de Interesse Social, assim definidas em Legislação Específica, obedecerão às disposições dessa Legislação. Parágrafo Único – As dimensões e áreas mínimas dos compartimentos, em Habitações de Interesse Social, assim como as dimensões e áreas mínimas para os vãos destinados a iluminação, ventilação e insolação, obedecerão as Tabelas IV e II, quando for o caso, constantes do Anexo I da presente Lei. 4.4 - Fortaleza 2040 Traça um plano através do eixo estratégico equidade territorial, social e econômico, organiza as ações a serem desenvolvidas ao longo dos próximos 24 anos, para a redução da desigualdade social e territorial que caracteriza o atual momento da cidade de Fortaleza. No seu conjunto, concentra os adjetivos de alta prioridade considerando o direito à vida, analisando as ocorrências de mortes, suas causas, territórios e grupos em que se concentram, e o direito à cidade, identificando circunstâncias, contextos, territórios, grupos ou comunidades em que este direito sob clara ameaça. O eixo estratégico se desdobra em quatro objetivos estratégicos: 1. Oportunidade de emprego e renda distribuídas no conjunto do território municipal; 2. Comunidades valorizadas e integradas à sociabilidade urbana; 3. Cultura de paz e segurança cidadã; 4. Inclusão produtiva. Os objetivos estratégicos do Eixo se operacionalizam por meio da implementação integrada e complementares dos seguintes planos de ação: 1. Plano de Habitação de Interesse Social (Plhis); 2. Plano de regularização fundiária; 3. Plano de Cultura de Paz e Cultura Cidadã; 4. Plano de Inclusão Produtiva, empreendedorismo, Emprego e Renda; Este documento está estruturado em 3 partes: A primeiras delas introduz um conjunto de informações que permite a compreensão da situação que motiva o desenvolvimento de planos específicos; a segunda parte apresenta os quatros planos componentes do Eixo; e, por fim, a terceira inclui alguns anexos que enriquecem o conjunto de informações diagnósticas e auxiliam na compreensão geral dos planos. Neste documento, os quatros planos que compõe o Eixo estão apresentados seguindo uma estrutura padrão que: ● Resume o contexto atual da situação temática; ● Apresenta a visão de futuro desejada; ● Delimita os objetivos, as metas e os resultados esperados; ● Apontam diretrizes a seguir durante a sua execução; ● Identifica as linhas de ação voltadas para o alcance de seus objetivos,otimizando cada uma das ações e apontando relações existentes entre estas com ações dos demais planos; ● Detalha as linhas de ação em planilhas contendo suas metas, indicadores de acompanhamento, prazos, distribuição geográfica e responsabilidades na execução de cada ação; ● Atribui um orçamento distribuído em um cronograma dentro de seis módulos quadrienais; ● Agrega as orientações legais para as políticas relacionadas, e ● Lista os envolvidos diretamente na sua elaboração. Um dos mais poderosos mecanismos de inclusão urbana previstos pelo Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) são as Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis). As Zeis, ao definir índices de uso e ocupação do solo característicos da população de baixa renda, representa o reconhecimento da diversidade das ocupações existentes na cidade. Esse instrumento tem como objetivo controlar o aumento do preço da terra urbana e reconhecer os direitos dos moradores dos assentamentos informais consolidados de baixa renda. As Zeis foram conceituadas e classificadas no Plano Diretor de Fortaleza (Fortaleza,2009). As Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS – são porções do território, de propriedade pública ou privada, destinadas prioritariamente à promoção de regularização urbanística e fundiária dos assentamentos habitacionais de baixa renda existentes e consolidados e ao desenvolvimento de programas habitacionais de interesse social e de mercado popular nas áreas não edificadas, não utilizadas ou subutilizadas, estando sujeitas a critérios especiais de edificação, parcelamento, uso e ocupação do solo. Zeis I: composta por assentamentos irregulares com ocupação desordenada, em áreas públicas ou particulares, constituídas por população de baixa renda, precários ao ponto de vista urbanístico e habitacional, destinada à regularização fundiária, urbanística e ambiental; Zeis II: compostas por loteamentos clandestinos ou irregulares e conjuntos habitacionais, públicos ou privados, que estejam parcialmente urbanizados, ocupados por população de baixa renda, destinados a regularização fundiária e urbanística; Zeis III: compostas por áreas dotadas de infraestrutura, com concentração de terrenos não edificados ou imóveis subutilizados ou não utilizados, devendo ser destinadas à implementação de empreendimentos habitacionais de interesse social, bem como aos demais usos para a Zona onde estiverem localizadas, a partir de elaboração de plano especifico. Com base no gráfico abaixo percebemos que pouquíssimos assentamentos encontram-se inseridos parcial ou totalmente em Zeis. Gráfico 1. Assentamentos precários inseridos em Zonas Especiais de Interesse Social (%) FONTE: Plano Fortaleza 2040 com base em dados do PLHIS-FOR, 2012 Os objetivos específicos do Fortaleza 2040 para os assentamentos precários como o da Comunidade do Dendê em suma são: ● Requalificar 100% dos assentamentos precários em Fortaleza, dotando-os de boas condições de habitabilidade, conectividade e acesso oportunidades de emprego e renda; ● Produzir edificações de maneira a debelar o déficit habitacional; ● Promover o acesso a terra urbanizada como medida preventiva para debelar, de maneira sistemática, o déficit habitacional futuro e garantir o cumprimento da função social da propriedade; ● Regularizar urbanisticamente os assentamentos, garantindo acesso viário aos serviços de emergência de saúde e bombeiros; ● Regularizar a posse de moradores, promovendo a garantia jurídica plena da moradia e possibilidade ampliação de crédito para geração de trabalho e renda; ● Promover assistência técnica para a população de baixa renda, de maneira a evitar insalubridades edilícias e autoconstrução irregular; ● Manter o cadastro dos assentamentos precários e beneficiários, evitando novas ocupações desordenadas e combate ao déficit habitacional. 5. VEGETAÇÃO E ESPAÇOS LIVRES Este estudo tem por objetivo diagnosticar as principais áreas verdes da comunidade do Dendê, pertencente ao bairro Edson Queiroz localizado na Região Leste de Fortaleza. A metodologia adotada consistiu, principalmente, de levantamento documental e, posteriormente, de pesquisa de campo, por meio da qual foi possível visitar ruas, canteiros e passeios públicos da comunidade. A população urbana tem passado por uma fase de intenso crescimento, trazendo com isso uma série de consequências que impacta diretamente o meio ambiente. Essas consequências ganham notoriedade, principalmente, pela elevação do consumo humano de produtos industrializados, a ausência ou o mal planejamento do uso dos recursos naturais e também pela ocupação desordenada e degradante dos ambientes urbanos. Nesse aspecto, a situação atual de degradação ambiental tem se tornado uma preocupação frequente, devido ao fato das populações urbanas dependerem, cada vez mais, de forma direta do ambiente natural para a sua sobrevivência (PEREIRA et al., 2007). O crescimento intenso da população e a ocupação desordenada do solo urbano têm requerido, cada vez mais, o conhecimento da situação ambiental dos territórios ocupados para, em seguida, contribuir com informações para o planejamento ambiental de melhoria das condições espaciais urbanas. Isso diz respeito ao fato das ocupações desordenadas das cidades (com a redução da cobertura vegetal urbana, por exemplo) estarem afetando a qualidade de vida da população, e o conhecimento das atuais condições ambientais contribuírem para a preservação do meio ambiente e, por conseguinte, para a sustentabilidade urbana. A detecção das áreas verdes se deu inicialmente com o uso do google Earth. Os resultados apontaram que as áreas verdes da comunidade do Dendê estão em torno de 69.310m² de extensão, correspondendo a uma taxa de 19% do território da região. Os principais locais visitados dispõem de árvores de pequeno a médio portes. Conclui-se que as áreas verdes do Dendê estão concentradas basicamente nas Residências e nas áreas de preservação ambiental. O percentual de arborização do bairro apresenta-se pouco significativo se não levarmos em consideração a área de preservação ambiental, requerendo com isso um maior envolvimento das populações locais e do poder público no sentido de se ampliar a arborização dos passeios públicos, visto que a presença de áreas verdes no espaço urbano é fator de extrema relevância para o bem-estar da população. Além disso, devido a importância das áreas verdes para a melhoria da qualidade de vida, o estudo constatou, ainda, a falta de investimento público no que tange a revitalização das áreas verdes públicas. Na comunidade do Dendê, as áreas verdes estão espraiadas por espaços livres como calçadas, ruas, comércios e residências de maneira distintas e desiguais. Em uma região da comunidade, a exuberância da cobertura vegetal evidencia-se principalmente pela ampla presença de árvores (concentrada somente na área de preservaçãoambiental do parque do Cocó), mas em outros locais da comunidade, as áreas verdes se restringem a pontos isolados ou a pequenas manchas de árvores.
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