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Relatório Final Estudo de caso da Clinica

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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família que são indispensáveis em minha vida;
para todos os nossos amigos(as) pelo incentivo e apoio de sempre.
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AGRADECIMENTOS
	Agradeço a minha supervisora e aos meus amigos(as) pelo carinho e ajuda recebidas ao longo do ano. 
	Em especial agradeço a Deus e a minha família que durante esse percurso concedeu a mim muita força e perseverança para desenvolver o meu trabalho.�
“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana seja apenas outra alma humana”. (Carl Gustav Jung)
Sumário
61 INTRODUÇÃO	�
62 O MOVIMENTO DE CULPA E REPARAÇÃO	�
103. APRESENTAÇÃO DO CASO	�
103.1 A ESCRITA DO PATHOS-DOENÇA E A DESCRIÇÃO DA HISTÓRIA	�
123.2 A ESCRITA DO PATHOS-PAIXÃO-TRANSFERÊNCIA E A DESCRIÇÃO DA HISTÓRIA DA PAIXÃO-TRANSFERÊNCIA DO PACIENTE NO TRATAMENTO ANALÍTICO	�
133.3 A ESCRITA DA ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS HISTÓRIAS DA DOENÇA E DA TRANSFERÊNCIA E A CONSTRUÇÃO CHAMADA METAPSICOLOGIA	�
144 CONSIDERAÇÕES FINAIS	�
15REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	�
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1 INTRODUÇÃO
	O presente trabalho é um estudo de caso, de um paciente da Clínica de Psicologia, da Faculdade de Ciências da Saúde de Presidente Prudente. O estudo foi baseado na abordagem psicanalítica, tendo como referencias autores dessa abordagem. Na compreensão do caso foram utilizado como tema a Culpa e Reparação, que no presente momento representa o que o sujeito vem trazendo nas sessões.
Para a psicanálise, o mundo adulto é contemplado pelas raízes da infância, assim, para compreendermos o modo de funcionamento de uma pessoa, devemos retornar à sua infância, ou ainda situações mais arcaicas, desde antes da concepção, para entender como tudo foi construído e posteriormente ajudar o paciente na elaboração de alguns conflitos que podem surgir nessa fase.
A fundamentação teórica apresenta pontos importantes referentes à culpa e reparação que o sujeito faz ao logo da sua vida. Essa culpa e reparação têm origem desde quando o bebê, através de introjeção e projeção, tenta reparar algo que em sua fantasia, agrediu seu objeto de amor.
2 O MOVIMENTO DE CULPA E REPARAÇÃO
	
	A concepção psicanalítica nos traz que para compreender o comportamento da pessoa no ambiente social, é necessário investigar como foi o desenvolvimento do indivíduo na infância. Assim, sua personalidade é a base para a compreensão da vida social. Através das descobertas de Freud, pode-se entender que a criança é cercada de emoções complexas e passam por sérios conflitos. Entendendo a criança é possível fazer ligação com o comportamento do adulto. (Klein, 1991)	
	A técnica do brincar, desenvolvida por Melanie Klein, permitiu identificar estágios iniciais na infância e as camadas mais profundas do inconsciente. Essa sua compreensão está baseada na Transferência, formulada por Freud, e através da relação do paciente com o analista, aparece situações e emoções muito arcaicas. (Klein, 1991)	
	Segundo Klein o bebê tem conhecimento inconsciente e inato da existência da mãe. Esse conhecimento instintivo é a base da relação primordial com a mãe. Da mãe o bebê não espera só receber o alimento, mas deseja receber amor e compreensão. Nos estágios iniciais o amor e a compreensão são demonstrados pela mãe através do seu modo de lidar com o bebê e levam a um sentimento inconsciente de que são uma só pessoa, onde há uma relação intima um com o outro. Mas ao mesmo tempo também ocorre a frustração, a dor e o desconforto, que são vivenciados como perseguição. Esse sentimento também entra para o bebê, pois nesse momento, nos primeiros meses de vida da criança, a mãe representa todo o mundo externo para o filho. (Klein, 1991)	
O pai desempenha um papel essencial na vida emocional do bebê, influencia em todas as relações amorosas seguintes, assim como todas as ligações com as outras pessoas. Porém, essa relação bebê-pai, na medida em que vai ser percebida como protetora, amistosa e gratificante, vai ser modelada em parte sobre a relação com a mãe. (Klein, 1937)	
Segundo Klein, os monstros e feras selvagens de quem as crianças possuem medo, referem-se em parte aos pais internalizados. Porém estudos psicanalíticos revelam que o superego da criança não corresponde aos seus pais verdadeiros, pois foi criado através de imagens ou imagos deles que a criança colocou dentro de si, introjetou. (Klein, 1933, pag. 287)
Por mais que os sentimentos da criança sejam bons em relação aos pais, a agressividade e o ódio também se mantêm em atividade. O complexo de Édipo pode ser visto em crianças de três a cinco anos de idade. Esse complexo existe, muito cedo e está enraizado nas primeiras suspeitas que o bebê tem em mente, de que o pai tira dele o amor e a atenção da mãe. (Klein, 1991)
Segundo Klein, a projeção tem muitas repercussões, pois nós somos inclinados a atribuir a outras pessoas, depositando dentro delas, algumas de nossas próprias emoções e pensamentos, e a nossa natureza afetuosa ou hostil dessa projeção dependera do modo em que estamos, seja equilibrados ou perseguidos. O caráter da projeção é, portanto de grande importância em nossas relações com outras pessoas. Se a relação entre introjeção e projeção não for dominado por hostilidade se torna enriquecido e melhoram as relações com o mundo externo. (Klein, 1991)
O amor representa a manifestação das forças que visam preservar a vida, está presente no bebê junto aos impulsos destrutivos e encontra sua expressão fundamental no apego ao seio da mãe, que posteriormente vai se transformar no amor por ela enquanto pessoa. Pode-se perceber que as crianças pequenas sentem uma preocupação com o objeto amado, que não é só por causa da dependência que têm em relação à pessoa. No inconsciente da criança e do adulto, ao lado dos impulsos destrutivos, há necessidade de fazer sacrifícios para ajudar e restaurar as pessoas amadas que foram destruídas ou machucadas pelas fantasias.(Klein, 1937)
Melanie Klein (1937, pag. 352) afirma que:
Nas profundezas da mente, o desejo de deixar as pessoas felizes está ligado à forte sensação de responsabilidade e de preocupação com elas, que se manifesta através da solidariedade genuína com os outros e da habilidade de compreender como eles são e como se sentem.
	
A capacidade de se identificar com as pessoas é um elemento importante das relações humanas, além de ser uma condição básica para sentimentos de amor fortes e verdadeiros. Quando a pessoa deixa seus próprios sentimentos e desejos em segundo plano, consegue se sacrificar e colocar em primeiro plano o interesse e as emoções do outro. Assim é possível identificar-se com a outra pessoa, compartilhando ajuda ou satisfação que a pessoa mesmo pode oferecer, ou seja, retoma de um lado o que perdeu do outro. (Klein, 1937)
Simultaneamente a esse processo, na fantasia do inconsciente as pessoas compensam os danos feitos em fantasia, pelos quais ainda se sentem culpados. A atitude de fazer reparação é um componente fundamental do amor e de todas as relações humanas. (Klein, 1937)
Quando o indivíduo se depara com um sentimento de ter destruído (em fantasia) seu objeto de amor, sua culpa e desespero por tê-lo perdido despertam nele o desejo de restaurá-lo, para recuperá-lo interna e externamente. Esses impulsos reparadores ocasionam um maior avanço para a integração do ego. (Segal,1973)
Neste momento o amor é colocado mais evidente em conflito com o ódio, e age tanto no controle da destrutividade quanto na reparação e na recomposição do dano causado. Essa capacidade e desejo de restaurar o objeto bom (de amor), tanto pela introjeção como na projeção, formam a base para o ego de manter o amor e as relações através de conflitos e dificuldades. (Segal,1973)
Segundo Klein, o sentimento de culpa e a necessidade de fazer reparação estão intimamente ligados à emoção do amor. Se o conflito arcaicoentre amor e ódio não for trabalhado de forma satisfatória, ou se a culpa for forte demais, pode acarretar o afastamento ou rejeição da pessoa amada. Isso pode ser explicado através do medo da pessoa amada possa morrer por causa dos danos que as fantasia podem causar. (Klein, 1937)
Esse movimento de culpa e reparação é realizado na posição depressiva, uma fase do desenvolvimento onde o bebê reconhece um objeto total e se relaciona com ele. Pode-se notar esse momento quando o bebê consegue reconhecer sua mãe, logo depois a criança começa a conhecer as outras pessoas que estão ao seu redor, primeiramente o pai e posteriormente os outros. (Segal, 1973. Pag. 81)
O objeto total descrito por Klein é um tipo de relação onde o bebê começa a perceber que seu objeto de amor (mãe) é composto por um todo, diferente do objeto parcial, onde o bebê se relaciona apenas com partes desse objeto. Ele começa a perceber que a mãe pode ser às vezes boa ou má, que ela fica ausente e depois aparece e que em certos momentos pode ser odiada ou amada. (Segal, 1973)
 Esse reconhecimento da totalidade da mãe significa compreender que ela é um indivíduo que tem vida própria e que tem relações com outras pessoas. Assim o bebê descobre seu desamparo, sua dependência absoluta por ela e seu ciúme de outras pessoas. (Segal, 1973. Pag. 81)
As ansiedades da posição depressiva são resolvidas através de fantasias e atividades reparadoras. A intensidade da ansiedade depressiva é atenuado pelas repetidas experiências de perda e recuperação do objeto. Através dessa repetição, sentidas de modo parcial como destruição pelo ódio e recriação pelo amor, o objeto bom torna-se aos poucos mais absorvido ao ego, favorecendo assim o seu crescimento. (Segal, 1973. Pag. 105)
Quando acontece o predomínio dos impulsos reparadores, o teste de realidade torna-se mais frequente e o bebê observa com preocupação e ansiedade o resultado de suas fantasias sobre os objetos externos. Parte dessa reparação consiste em aprender a renunciar ao controle onipotente de seu objeto e aceitá-lo como é de verdade. (Segal, 1973. Pag. 106)
Na mente inconsciente da criança e do adulto, ao lado dos impulsos destrutivos há um desejo em fazer sacrifícios para restaurar as pessoas amadas que em fantasia foram destruídas ou feridas. Na profundeza da mente, esse desejo de fazer e deixar as pessoas felizes está relacionado com a sensação de responsabilidade e preocupação com as mesmas, que irá se manifestar através de ações de solidariedade com os outros e da habilidade de compreender como eles sentem e como são. ( Klein, 1937. pag.352 )
 Ao se sacrificar por alguém que amamos e ao nos identificarmos com essa pessoa, desempenhamos o papel de pai ou mãe boa, repetindo a mesma forma que eles se comportaram enquanto éramos crianças ou nos comportamos da forma como gostaríamos de ser tratados. Ao mesmo tempo é desempenhado o papel da criança boa com os pais, como gostaríamos de ter feito no passado e que agora pode-se realizar no presente. (Klein, 1937. pag 353) 
Quando o indivíduo percebe que está sentindo ódio contra alguém que ama, ele fica preocupado ou culpado por sentir esse impulso. A tendência é deixar esses sentimentos de lado, por causa da dor que trazem. No entanto, eles são manifestados de varias formas de maneira disfarçada e perturbam as relações pessoais. Esse fato é identificado em pessoas que sofrem quando não recebem atenção dos outros, mesmo que estes não sejam importantes a ela. Pode aparecer também em pessoas que sentem ser insatisfeitos consigo mesmo, ou seja, não estão satisfeitos com suas habilidades, sua aparência e seu trabalho. (Klein, 1937. Pag. 350) 
3. APRESENTAÇÃO DO CASO 
3.1 A ESCRITA DO PATHOS-DOENÇA E A DESCRIÇÃO DA HISTÓRIA
Clarice (nome fictício), sexo feminino, 22 anos de idade, concluinte de um curso de graduação, em uma faculdade do Oeste Paulista. Atualmente trabalha em sua área de formação e esporadicamente realiza alguns trabalhos free-lance que não são de sua área. 
Os atendimentos ocorreram no período de 06 de abril à 07 de dezembro de 2017, uma vez por semana, todas as quinta-feira, no período vespertino. Foram realizados ** atendimentos, onde Clarice compareceu em ** sessões e teve ** faltas justificadas.
Clarice mora com os pais e um irmão mais novo. No início do tratamento a paciente morava em uma fazenda, logo depois se mudou para a cidade com a família. A paciente relatou em sessões que o pai é o filho mais novo de 12 (doze) irmãos. Sobre a mãe a paciente não relatou a existência de irmãos. Clarice teve pouco contato com os avós e mencionou muito pouco sobre eles.
Como queixa inicial relatou ter procurado ajuda após trair o namorado com uma mulher. Relatou que esse fato trazia um desconforto, pois pensava que isso era errado, não entendia porque tinha feito. Trouxe que teve diversas brigas com a mãe sobre esse assunto, pois a mesma dizia que a homossexualidade perante a religião da família é proibida e que a paciente iria ser condenada por agir dessa maneira.
Nas primeiras sessões Clarice trouxe que procurou o atendimento através de uma amiga, que era paciente da clinica escola, dizendo acreditar que a terapia iria ajudá-la a se compreender e entender melhor esse momento. Relatou alguns conflitos familiares, principalmente com a mãe, e que isso lhe causava muito sofrimento.
No decorrer das sessões foi relatado pela paciente que a mesma não entendia porque estava namorando uma mulher, sendo que não sentia amor por ela. Isso trazia muitas dúvidas, pois nunca tinha se envolvido com alguém do mesmo sexo que ela. Ao mesmo tempo essa dúvida lhe causava sofrimento, pois estava indo contra os princípios e valores de sua família e de sua religião.
Clarice relatou que essa amiga que havia indicado a clínica era na verdade a menina com quem traiu o namorado, e atualmente estavam namorando. Durante o período de um ano, as duas passaram por mais momentos de brigas do que de prazer. A paciente comenta que a namorada demonstra muito ciúmes dela, não gosta que Clarice saia com os amigos, ou que vá nas festas sem ela. 
Várias vezes, após as discussões, Clarice tentou terminar o relacionamento com a namorada, mas ela relatou não saber o que acontece, pois mesmo falando tudo o que sente e não sente pela namorada, as duas sempre se abraçam e tudo volta como era antes. Clarice não consegue assim terminar o relacionamento.
No decorrer das sessões relatou que esse relacionamento amoroso trazia uma sensação de sufocamento, pois a parceira não deixava a paciente fazer algumas atividades que gostava, por exemplo sair com os amigos. As brigas eram todas por esse motivo, por querer que a paciente só saísse com ela, ter mais atenção e dedicação por parte da paciente.
Sobre as amizades Clarice relatou ter vários amigos e que os mesmos muitas vezes falam que ela é grossa, seca. Mas, segundo, ela isso é um aspecto da sua personalidade e que nunca vai mudar, e que as pessoas devem entender e aceitar esse jeito que a mesma tem.
O relacionamento com sua família é bastante conturbado, sempre teve muitas brigas e discussões. Clarice relatou nunca ter tido apoio dos pais, nem aprovação sobre suas atitudes desde criança. Segundo ela, eles não passaram orientações referentes ao mundo, nem fizeram aprovações ou rejeições sobre as suas atitudes, não diziam se ela estava certa nem errada, muito menos davam conselhos, coisas que os pais deveriam passar para os filhos.
Ao longo de sua vida, se identifica como responsável por várias atividades que ocorrem dentro do ambiente familiar. Relatou que desde a infância ajuda financeiramente os pais, pois sempre trabalhou. Erae ainda continua responsável por pagar as despesas da casa e principalmente em cuidar do irmão mais novo.
Clarice relatou inicialmente não ter um bom relacionamento com seu irmão, para ela, depois do acontecido com a sua namorada, pois ele sente vergonha dela ter feito isso, o mesmo não conversa com ela quando estão fora de casa. Após um desentendimento com o irmão, Clarice percebeu que sente inveja dele, pelo fato dele ser inteligente, sempre se lembrar das coisas e por ele ter o apoio da mãe que ela não tem. 
No decorrer das sessões a paciente relatou poucos momentos bons com o irmão, eles tiveram um momento de aproximação após a morte de um tio de quem o irmão gostava muito, neste dia o irmão se abriu com Clarice e contou coisas de sua adolescência que ela não sabia e que ele pediu para guardar segredo, pois a mãe deles também não sabia da história.
3.2 A ESCRITA DO PATHOS-PAIXÃO-TRANSFERÊNCIA E A DESCRIÇÃO DA HISTÓRIA DA PAIXÃO-TRANSFERÊNCIA DO PACIENTE NO TRATAMENTO ANALÍTICO
De acordo com Freud (1905) apud Klein (1952. Pag. 71) as transferências são novas edições dos impulsos e fantasias que são despertados e tornados conscientes durante o andamento da análise. Nesse momento o paciente transfere suas primitivas experiências ao analista.
Foi possivel analisar que Clarice realizou com a terapeuta o mesmo movimento que faz com a namorada e com outras pessoas, onde espera a aprovação do outro para seus atos e atitudes.
Em diversas situações espera dos outros respostas prontas para seus problemas e se angustiava por não ter um retorno esperado. Esperava que o outro sempre apontasse em que precisava ser mudado, sem fazer sua própria reflexão.
Sofre quando está pensando sobre si, quando entra em contato com sua subjetividade e logo procura uma outra ocupação para não pensar nisso. Quando estava fazendo serviços domésticos em sua própria casa procurava ouvir som ou fazer outra atividade, para que pudessem desaparecer esses pensamentos.
Durante as sessões, quando a terapeuta levantava questionamentos sobre sua dúvida Clarice fazia uma pausa para pensar, mas logo em seguida mudava de assunto, deixando de entrar em contato com sua subjetividade, realizando assim o mesmo movimento descrito anteriormente.
Clarice tem muita dificuldade em dizer não aos outros, por não conseguir lidar com a perda que isso traz. Assim, não consegue escolher algo que irá lhe cause menos sofrimento preferindo dizer sim a todos.
Suas faltas durante o período de atendimento, principalmente em reposições, podem ser explicadas por esse fato, onde Clarice marcava vários compromissos no dia do seu atendimento, mas não conseguia fazer todos e acabava faltando no dia combinado.
3.3 A ESCRITA DA ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS HISTÓRIAS DA DOENÇA E DA TRANSFERÊNCIA E A CONSTRUÇÃO CHAMADA METAPSICOLOGIA
	Durante as sessões Clarice relatou alguns fatos que supostamente explicam esse movimento de culpa e reparação. Relatou que ao nascer sua mãe fez uma promessa de vida, que a filha deveria cumprir se sobrevivesse. A paciente deveria seguir os mandamentos de sua religião, como dívida de sua vida, agradecer por ter sobrevivido. Porém Clarice não aceita pagar por um dívida que sua mãe fez e age de modo diferente do que a mãe espera.
As considerações anteriores mostram um ataque à figura materna, onde essa mãe ao mesmo tempo que teve essa filha coloca ela como responsável por essa dádiva. A culpa por esses ataques é angustiante, pois receber a vida é uma dívida que não tem pagamento e não deve ser cobrada.
Essa culpa, sentida por não agradar seu objeto de amor, que no caso é a mãe, gera uma necessidade de reparação sem fim e só será possivel resolver esse conflito quando encontrar um objeto ideal, para conter todas essas angustias.
Clarice demonstrou, durante o atendimento, que a todo o momento necessita de aprovação, para saber se suas atitudes são aceitas pelas pessoas, se é uma boa profissional, se tem capacidade para atuar nessa área. Relatou que após perder um dos estágios, passou por uma “crise de choro”, por não ter um comportamento adequando de profissional, diante de um acontecimento que envolveu assuntos pessoais, e que depois de ter perdido o emprego saiu ligando para algumas pessoas, com o intuito de receber aprovação das mesmas.
Ao analisar o relacionamento amoroso da paciente, pode-se notar que sua parceira funcionava como um superego auxiliar, pois Clarice em muitas situações agia de modo impulsivo, como se não tivesse a oportunidade de viver o amanhã. Assim, não avaliava as consequências, não demonstrava culpa muito menos assumiria as responsabilidades.
	Sua parceira permitia o movimento de reparação, onde sempre perdoava e retornava para o relacionamento, ou seja, as atitudes de Clarice de fato não danificava o objeto, pois sempre ele estava ali, disponível para retomar o relacionamento, proporcionando essa experiência de reparação.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através do estágio, foi possível compreender melhor a aplicação da psicanálise no consultório, e o estágio propiciou a articulação da teoria, que já foi estudada, relacionando com a prática.
Utilizando o referencial de Melanie Klein, pode-se observar o quanto os comportamentos do adulto são influenciados por fatos acontecidos na infância do sujeito, desde antes de sua concepção. As atitudes da paciente revelaram o quanto sua postura está intimamente ligada à raízes da infância. 
Durante o período de atendimento pode-se analisar que Clarice carrega uma culpa de não ser a filha que os pais desejariam ter, e a todo momento tenta fazer reparações. Porém essas reparações não são feitas em função do outro, mas para não ser punida ou receber um castigo. 
As reparações realizadas por Clarice vão de acordo com suas necessidades, de reconstruir ou reparar os danos causados pelo objeto. Isso depende de como esse objeto foi internalizado, se foi considerado muito bom ou muito mau. 
	Em relação a mãe, pode-se observar uma identificação com a figura materna, porém existe uma raiva inconsciente pela falta de amor que não recebeu. Esse fato é um indicio de Clarice ter escolhido como objeto de amor alguém do mesmo sexo, onde essa relação representa a mesma de mãe e filha. Com essa parceira ela realiza as reparações que não aconteceram enquanto era bebe. 
	Quando Clarice diz que não consegue terminar o relacionamento, que não entende porque está namorando alguém do mesmo sexo, revelam os aspectos apontados anteriormente, de que sua parceira mesmo sabendo e apontando todos os seus erros, sempre estava ali para retomar o relacionamento.
	No decorrer das sessões a paciente trazia que sua mãe era muito fria, não demonstrava afeto, só relatava os pontos negativos da mãe e interpretava todas as broncas como não merecidas. Com o passar do tempo, quase no encerramento do processo, acabou descobrindo que essa era a forma da mãe em demonstrar carinho, que não era só o contato físico que envolvia o afeto e que havia outras formas de ser demonstrado.
	Estudos de Melanie Klein revelam que quando sacrificamos por alguém que amamos e nos identificamos com a pessoa, estamos desempenhando o papel de mãe ou pai bom, repetindo a mesma forma de como comportamos quando crianças, ou fazemos como gostaríamos de ser tratados.
	Diante de tudo que foi estudo e através do caso apresentado, conclui-se que o processo de formação de identidade deve ser construído com base no amor ou ser identificado com modelos saudaveis. 
	
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KLEIN, Melaine. Amor, culpa e reparação e outros trabalhos (1921-1945)/ Melanie Klien; com uma nova introdução escrita por Hanna Segal; tradução André Cardoso. – Rio de Janeiro; Imago Ed., 1996.
KLEIN, Melaine. Inveja e gratidão e outros trabalhos (1946-1963 – Rio de Janeiro; Imago Ed., 1991.
PINTO, Manuel da Costa. Livro de ouro da psicanálise. Rio de Janeiro; Ediouro, 2007.
SEGAL, Hanna. Introdução à obra de Melanie Klein.Rio de Janeiro; Imago Editora Ltda, 1975
ANA LUIZA B. PEREIRA LEMES
O MOVIMENTO DE CULPA E REPARAÇÃO
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PRESIDENTE PRUDENTE
		CURSO DE PSICOLOGIA
Presidente Prudente – SP
2017
Trabalho de Conclusão, apresentado a Faculdade de Ciências da Saúde de Presidente Prudente, Curso de Psicologia, Universidade do Oeste Paulista, como parte dos requisitos para a sua conclusão.
Orientador:
Solange Maria S. R. de Moura
ANA LUIZA B. PEREIRA LEMES
O MOVIMENTO DE CULPA E REPARAÇÃO
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PRESIDENTE PRUDENTE
		CURSO DE PSICOLOGIA
Presidente Prudente – SP
2017
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