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Determinação da constante de tempo de um termômetro a líquido Lucas Borges Barbosa, Lucas Henrique P. Santos, Victor Matheus O. de Andrade Física experimental II, 6T45, turma G Neste relatório será apresentado a determinação da constante de um termômetro analógico por meio da troca de temperatura entre um líquido frio para o quente, possibilitando assim, obter diferentes temperaturas de tempo em tempo dos quais serão tratados por meio da regressão linear. O valor encontrado para a constante foi 𝜏 = (7,752 ± 0,034)𝑠, que valida o modelo teórico visto que a exatidão é grande comparado ao real valor da grandeza. Introdução A mudança de temperatura é comumente sentida e vista no cotidiano, como por exemplo, um sorvete derreter. Isto ocorre devido à transferência de energia térmica ente o sistema e o ambiente, no qual essa energia é denominada calor. Pode-se calcular a quantidade de calor de um sistema por meio da seguinte equação [1]: ∆𝑄 = 𝐶. ∆𝑇 (1) onde ∆𝑇 é a variação de temperatura, 𝐶 é a capaci- dade térmica, proporcional à massa e o calor espe- cífico. Para ∆𝑄 > 0, o calor é cedido ao meio e ∆𝑄 < 0 o calor é absorvido do meio. Consideremos um termômetro de tempera- tura inicial 𝑇1 que é inserido em um ambiente de temperatura 𝑇2, no qual para pequenas variações de temperatura, tem-se a seguinte equação: 𝑑𝑄 = 𝐶. 𝑑𝑇 (2) Levando em conta que isto não ocorre ins- tantaneamente, podemos escrever da seguinte forma: 𝑑𝑄 = 𝛿[𝑇₂ − 𝑇(𝑡)]𝑑𝑇 (3) onde 𝑇(𝑡) é a temperatura no instante 𝑡 e 𝛿 é a condutividade térmica do vidro do termômetro. Sendo assim, igualando as equações (2) com (3) e integrando-as, obtém-se que: 𝑙𝑛[𝑇2 − 𝑇(𝑡)] = −𝑡 𝜏 + 𝑚 (4) onde m é uma constante qualquer. Portanto, se elevarmos a equação por 𝑒, e considerarmos 𝑒𝑚 = 𝐾, em que 𝐾 é uma condição inicial do sistema. Como 𝑇1 é o instante ini- cial onde 𝑡 = 0, obtemos a seguinte relação: 𝑇₂ − 𝑇(𝑡) 𝑇₂ − 𝑇₁ = 𝑒 −𝑡 𝜏 (5) Tomando a exponencial, ficamos com ln ( 𝑇2 − 𝑇(𝑡) 𝑇2 − 𝑇1 ) = −𝑡 𝜏 (6) no qual o objetivo é calcular 𝜏, que é deno- minado como constante de tempo de um termôme- tro, já que esta apresenta dimensões de tempo. Para isto, será realizada uma regressão linear, onde 𝑦 = ln ( 𝑇2−𝑇(𝑡) 𝑇2−𝑇1 ) , 𝑥 = 𝑡, 𝐴 = 0 𝑒 𝐵 = −1 𝜏 . Materiais e Métodos Neste experimento foi utilizado um termô- metro analógico, uma chapa aquecedora, um reci- piente de alumínio, um copo térmico, um cronôme- tro, água e cubos de gelo. Colocou-se o recipiente de alumínio com água sobre a chapa aquecedora ligada. Paralela- mente, colocou-se água e alguns cubo de gelo den- tro do copo térmico. O objetivo nesta etapa é aguar- dar a temperatura da água no copo térmico chegar ao mínimo possível antes de solidificar e a no reci- piente chegar ao máximo possível antes de evapo- rar. Para medir a temperatura mínima 𝑇1 e a má- xima 𝑇2 foi utilizado um termômetro analógico, de resolução ∆𝑟𝑇 = 1°. Imergiu-o no copo térmico até atingir a temperatura mínima de equilíbrio 𝑇1. Quando a água no recipiente de alumínio começou a evaporar, retirou-se o termômetro do copo tér- mico e imergiu-o no recipiente. Com um cronômetro, de resolução ∆𝑟𝑡 = 0,01𝑠, mediu-se o tempo gasto para o termômetro sair da temperatura mínima e atingir a temperatura máxima de equilí- brio 𝑇2, anotando-se o tempo para atingir tempera- turas pré-determinadas antes do processo. Reali- zou-se o processo descrito sete vezes. Repetiu-se a medição do tempo para algumas temperaturas e ou- tras não. A partir do maior e menor valor de cada grandeza medida foi possível medir a flutuação [2] por ∆𝑓 = |𝑦𝑚á𝑥 − 𝑦𝑚í𝑛| 2 (7) Assim, determinou-se o tipo de incerteza associada. Caso ∆𝑓 > ∆𝑟, a incerteza é classificada como tipo A. Caso contrário, tipo B. A incerteza do tipo A foi calculada pela expressão 𝑢𝑦 = √ 1 𝑁 ∑(𝑑𝑖)2 𝑁 𝑖=1 (8) Onde 𝑑𝑖 é o desvio das medições. A incerteza do tipo B foi calculada pela ex- pressão 𝑢𝑦 = ∆𝑟 √3 (9) O valor médio �̅� foi calculado pela média aritmética das medições das grandezas. A incerteza associada da expressão à es- querda da equação (6) é do tipo C, visto que de- pende de outra grandeza. Para o cálculo, foi utili- zado a seguinte expressão 𝑢𝑦 = √∑ ( 𝜕𝑦 𝜕𝑥𝑘 ) 2 . 𝑢𝑥𝑘 2 𝑛 𝑘=1 (10) Os coeficientes A e B foram calculados pela seguinte expressão – visto que a incerteza de 𝑦 pos- sui erro relativo próximos, dispensando a utilização de um ajuste ponderado. 𝐴 = ∑ 𝑥2 ∑ 𝑦 − ∑ 𝑥 ∑ 𝑥𝑦 𝑁 ∑ 𝑥2 − (∑ 𝑥) 2 (11) e 𝐵 = 𝑁 ∑ 𝑥𝑦 − ∑ 𝑥 ∑ 𝑦 𝑁 ∑ 𝑥2 − (∑ 𝑥) 2 (12) As incertezas em A e B são dadas pelas equações 𝑢𝐴 = 𝑢𝑦 √ ∑ 𝑥2 𝑁 ∑ 𝑥2 − (∑ 𝑥) 2 (13) e 𝑢𝐵 = 𝑢𝑦√ 𝑁 𝑁 ∑ 𝑥2 − (∑ 𝑥) 2 (14) Conhecido B, calculou-se 𝜏 e sua incerteza dada pela equação (10). Resultados Com base nos valores medidos, verificou- se uma flutuação, para todos as temperaturas T, ∆𝑓𝑇 = 0 < ∆𝑟𝑇, classificadas, portanto, como uma incerteza do Tipo B. Constatou-se para o tempo t ∆𝑓𝑡 = 0 < ∆𝑟𝑡, para tempos medidos apenas uma vez, classificadas, portanto, como tipo B. Para tem- pos medidos mais de uma vez, verificou-se ∆𝑓𝐶 > ∆𝑟𝐶, classificando suas incertezas como tipo A. Para estes tempos, realizou-se uma média aritmé- tica para determinar o tempo médio. Os dados ob- tidos e suas respectivas incertezas estão na tabela 1. (𝑇 ± 𝑢𝑇 )℃ ( 𝑡 ± 𝑢𝑡)𝑠 40,00 ± 0,58 3,50 ± 0,25 42,00 ± 0,58 3,9200 ± 0,0058 43,00 ± 0,58 4,9900 ± 0,0058 45,00 ± 0,58 4,280000 ± 0,000064 50,00 ± 0,58 4,77 ± 0,35 52,00 ± 0,58 4,9300 ± 0,0058 53,00 ± 0,58 4,9900 ± 0,0058 55,00 ± 0,58 5,24 ± 0,23 60,00 ± 0,58 5,98 ± 0,22 62,00 ± 0,58 6,4300 ± 0,0058 63,00 ± 0,58 6,6100 ± 0,0058 65,00 ± 0,58 6,950 ± 0,055 70,00 ± 0,58 8,07 ± 2,45 72,00 ± 0,58 8,3800 ± 0,0058 75,00 ± 0,58 9,84 ± 0,22 80,00 ± 0,58 11,8300 ± 0,0058 82,00 ± 0,58 11,99 ± 0,57 83,00 ± 0,58 13,1600 ± 0,0058 85,00 ± 0,58 14,87 ± 0,45 89 ,00 ± 0,58 17,6000 ± 0,0058 90,00 ± 0,58 19,33 ± 0,75 92,00 ± 0,58 24,7900 ± 0,0058 Tabela 1. Valores obtidos para a temperatura e o tempo. Os pontos 𝑇1 𝑒 𝑇2 de equilíbrio foram cons- tatados como 1° e 95°, respectivamente. Utilizando (6) e (10), é possível descobrir os valores de 𝑦 junto a sua incerteza. Os valores encontrados estão representados na tabela 2. (𝑦 ± 𝑢𝑦) 1 −0,536 ± 0,010 2 −0,573 ± 0,010 3 −0,592 ± 0,011 4 −0,63 ± 0,11 5 −0,736 ± 0,012 6 −0,782 ± 0,013 7 −0,805 ± 0,014 8 −0,854 ± 0,014 9 −0,988 ± 0,016 10 −1,046 ± 0,017 11 −1,077 ± 0,018 12 −1,142 ± 0,019 13 −1,324 ± 0,023 14 −1,407 ± 0,025 15 −1,547 ± 0,026 16 −1,835 ± 0,029 17 −1,978 ± 0,039 18 −2,058 ± 0,044 19 −2,240 ± 0,048 20 −2,751 ± 0,058 21 −2,93 ± 0,11 22 −3,44 ± 0,19 Tabela 2. Valores de 𝑦 𝑜𝑏𝑡𝑖𝑑𝑜𝑠. Assim, como descrito, encontrou-se os coe- ficientes A e B na equação (6). Os valores, junta- mente com a equação da reta de regressão linear estão na tabela 3. (𝐴 ± 𝑢𝐴) (−0,240 ± 0,025) (𝐵 ± 𝑢𝐵)𝑠 −1 (−0,1300 ± 0,0022) 𝑦 = −0,240 − 0,1300𝑥 Tabela 3. Coeficientes A e B junto à equação da reta de regressão linear. Em anexo a este relatório está contido um gráfico contendo os pontos (𝑦, 𝑥) – Tabelas 1 e 2 - juntamente com a reta de regressão da tabela 3. A partir do coeficienteB da reta calculou- se o valor de 𝜏 e de sua incerteza 𝜏 = (7,752 ± 0,034)𝑠 Discussão Observa-se, primeiramente, que o resultado obtido para 𝜏 possui alta exatidão com o real valor da grandeza, visto que o erro relativo corresponde a 0,4%. Como foi encontrado apenas um valor, não é possível determinar a precisão da medida. Como o ambiente do experimento é um sistema não-isolado, o valor mínimo e máximo de equilí- brio não foram 0° e 100°, que são os valores defi- nidos para o ponto de solidificação e ebulição da água em 1atm, respectivamente. O local onde foi realizado o experimento possui pressão atmosférica 0,9177atm [3], o que corrobora com a inexatidão dos dados. Além disto, na troca de recipiente, o ter- mômetro analógico é exposto à temperatura ambi- ente, o que aumenta a temperatura mínima antes do contato com a água em temperatura máxima de equilíbrio. É importante ressaltar que a imersão do termômetro foi realizada parcialmente, expondo a haste à temperatura ambiente, sujeitando a leitura a efeitos de transferência de calor [4]. A coleta de muitos valores – 22 – para a determinação da cons- tante do termômetro foi eficaz para seu baixo erro relativo. Conclusão A metodologia empregada no experimento de determinação da constante de um termômetro a líquido mostrou-se adequada, visto que forneceu um valor com alta exatidão, embora não seja possí- vel predizer sua precisão. Deste modo, a presença de erros grosseiros é descartada. Ainda assim, o va- lor de A, teoricamente nulo, tem valor mesmo com o ajuste da incerteza. Erros sistemáticos podem ser encontrados na manipulação dos equipamentos e processos por parte dos participantes do experi- mento, limitando a diminuição de incertezas e exa- tidão das grandezas. [1] HALLIDAY, D.; WALKER, J.; RES- NICK, R. Fundamentos de Física 2 - Gravitação, Ondas, termodinâmica. 9° ed. 2012. [2] TAYLOR, John R. Introdução à análise de erros: o estudo de incertezas em medições físi- cas. 2° ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. [3] Tempo para Goiânia, Brasil. Disponível em: https://www.worldmeteo.info/pt/america-do- sul/brasil/goiania/tempo-102195/. Acesso em: 17/05/18. [4] tipos de imersão. Disponível em: http://www.fem.unicamp.br/~instrumentacao/ter- mometroexpansao05.html. Acesso em: 17/05/18.
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