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1 Mariana Magalhães PATOLOGIA, ESTOMATOLOGIA E RADIOLOGIA I Aula 4 – Patrícia PERIAPICOPATIAS INFLAMATÓRIAS AGUDAS E OSTEOMIELITES ...Relembrando... - A necrose pulpar ocorre, pois a polpa está confinada em um ambiente circundado por paredes rígidas, não possui circulação colateral, temos uma resposta tecidual que é peculiar à polpa, e com isso ocorre a necrose. - Um dente com polpa necrótica, não apresenta mais sintomatologia dolorosa, pois o tecido pulpar que é responsável pela inervação está morto. - O escurecimento da coroa, é um sinal clínico muito importante característico de necrose pulpar. - Processo infeccioso -> acometimento pulpar -> necrose da polpa -> inflamação do periápice O periápice: - É a porção mais apical do dente/raiz (próxima ao forame apical) - Envolve o cemento (parte mais externa da raiz), o osso alveolar (onde ocorre a inserção do dente; sustentação e suporte) e o ligamento periodontal (liga o cemento com o osso alveolar) - As periapicopatias podem ser agudas ou crônicas. - Os principais causadores das periapicopatias são os microrganismos relacionados com a cárie. - A resposta inflamatória aguda é a mais imediata, é a resposta inicial do organismo, encontram-se principalmente neutrófilos (células que estão em grande número na corrente sanguínea). Há uma gama de mediadores químicos que vão arquitetar essa resposta inflamatória. - Na inflamação crônica, a resposta já é mais prolongada, está normalmente associada a estímulos de baixa intensidade. As células principais são mononucleares (plasmócito, linfócito, macrófagos). Caracterizada pela lesão tecidual e uma tentativa de reparo dessa lesão (regeneração ou fibrose). PERICEMENTITE: - Envolvimento inflamatório inicial das estruturas imediatamente adjacentes ao cemento apical (periápice). - Assim que chega o estímulo nocivo, é desenvolvida essa resposta inflamatória (tanto na região de ligamento periodontal quanto no osso alveolar, que são tecidos irrigados). - O agente agressor chega, há a liberação dos mediadores químicos da inflamação, e o desenvolvimento da resposta inflamatória aguda (vasodilatação e saída de líquido e células desses vasos sanguíneos para o meio extracelular – fenômeno vásculo-exudativo). - Com esse extravasamento de plasma e células na região do periápice, o dente é empurrado (ocorre uma pequena extrusão dental). O dente levemente extruído do alvéolo dá a sensação de “toque precoce” ou que o “dente cresceu” ao paciente. Obs: há casos específicos de pericementite quando são causadas por lesões traumáticas, onde a vitalidade pulpar pode estar presente. Em todos os outros casos de periapicopatias, a vitalidade pulpar é perdida. - Aspectos clínicos: - Vitalidade pulpar pode estar presente, quando a causa da pericementite for traumática; - Dor localizada e pulsátil, principalmente quando o paciente mastiga, pois há uma pressão vertical; - Sensibilidade ao toque; - Sensação de “dente crescido”; - Teste de percussão vertical positivo – dente é levemente empurrado para a região que está inflamada (leve pressão com o cabo do espelho bucal no sentido do longo eixo do dente que está sendo investigado – borda incisal/ superfície oclusal) - Aspectos radiográficos: - Na grande maioria dos casos não se observa nenhuma alteração; - Pode aparecer um discreto alargamento no espaço do ligamento periodontal devido a esse acúmulo de líquido; 2 Mariana Magalhães - Em casos que a pericementite já está evoluindo para outra lesão periapical, pode- se encontrar uma rarefação óssea (área de reabsorção do osso alveolar) na região. - A característica radiográfica ajuda pouco, o que determina esse diagnóstico é a história clínica, o teste de percussão, tempo que paciente está “sentindo a queixa”, identificação de causa. A radiografia vem para excluir outras possibilidades. - Patogenia: - Quando a pericementite não é tratada, a evolução natural dela é o abscesso apical agudo. - E se você tratou a causa, terá o reparo tecidual e fica tudo ok! - O quadro de pericementite, é muito rápido. Geralmente o paciente já chega até você em um quadro de abscesso. ABSCESSO APICAL AGUDO: - É uma complicação da necrose pulpar, onde se tem um quadro inflamatório bastante exacerbado (quadro supurativo); - É um exemplo clássico da inflamação aguda (formação de secreção purulenta, inflamação dolorosa, acúmulo de células mortas e microrganismos na secreção) - Formação de pus na região periapical - Resposta inflamatória aguda clássica; - Aspectos clínicos: - Tumefações - Dor intensa, pulsátil, espontânea, contínua - Teste de percussão vertical exacerba a dor do paciente - Palpação na região do periápice aumenta a dor - Sensação de dente crescido pode estar presente; leve extrusão dentária (pelo acúmulo de secreção purulenta no ápice) - Ausência de vitalidade pulpar - Sintomatologia dolorosa vai estar relacionada com o processo inflamatório e não com a polpa, já que esta se encontra necrosada - Em casos mais avançados pode-se observar mobilidade dentária - Nos casos avançados em pacientes que possuem alguma condição sistêmica desfavorável que comprometa sua resposta, ocorre uma manifestação mais exacerbada do quadro clínico: Dor reflexa (paciente não consegue identificar exatamente onde está a dor), Tumefação, Hiperemia (M.O. que estavam localizados ganham a corrente sanguínea), Linfoadenopatia (gânglios linfáticos aumentados de tamanho) e febre. - Os processos crônicos podem voltar a serem agudos, dependendo da condição do hospedeiro e do estímulo nocivo. - Ex: Cisto/Granuloma -> Abscesso agudo - A esses quadros, damos o nome de Abscesso fênix (Reagudização de processos crônicos) - Histologia: O que encontramos na secreção purulenta: - Resto de tecidos - Debris: resto/fragmento de parede celular de bactéria, célula - Neutrófilos (principalmente) - Vias de drenagem: - Polpa procura sempre o local mais fácil - Depende da localização/ proximidade anatômica: o Pericemento (mais comum) o Osso alveolar (mais comum) o Seio maxilar (sinusite) o Fossa nasal o Cutânea (principalmente para dentes inferiores) 3 Mariana Magalhães - Estímulo da drenagem: - Uso de calor: o Dentro da boca: Bochecho com água quente/morna o Fora da boca: Compressa de água quente/morna - Tratamento: - Drenagem da secreção purulenta (avaliar a via de drenagem) - Tratamento endodôntico (eliminar causa) - Antibioticoterapia em casos específicos - É muito importante reconhecer os abscesso e tratar de forma adequada para evitar possíveis complicações de um abscesso não tratado - Complicações do abscesso de origem odontogênica: - Expansão dos tecidos supurativos para os tecidos ao redor - A inflamação aguda/conteúdo purulento começa a comprometer os tecidos moles (celulite) e duros (osteomielite) ao redor - Quando o próprio organismo do paciente consegue a via de drenagem do abscesso, a sintomatologia dolorosa vai desaparecer, e o paciente não vai procurar um profissional. - Com a via de drenagem estabelecida, o processo continua a acontecer, pois a causa não foi tratada, teremos o abscesso apical crônico. - Você terá a manutenção do processode formação da secreção purulenta, mas esse pus está sempre sendo liberado e drenado. ABSCESSO APICAL CRÔNICO - Ocorre a manutenção do processo de formação da secreção purulenta, mas esse pus está sempre sendo liberado e drenado. - Descarga intermitente de pus - Microrganismos de baixa virulência - Assintomático - Estabelecimento da via de drenagem: - Formação de fístula/ trajeto fistuloso (caminho por onde a secreção purulenta vai passar até chegar à drenagem) - Parúlide: nódulo elevado no local de uma fístula que drena um abscesso periapical (É um tecido de granulação formado na porção final da fístula; onde a fístula se abre para o meio externo) - Geralmente algum dente encontra-se escurecido, e ele é possivelmente a fonte da parúlide. OSTEOMIELITES: - É uma complicação do abscesso que causa um acometimento do tecido ósseo-alveolar pelo processo inflamatório que está acontecendo - Processo inflamatório agudo ou crônico - Ocorre nos espaços medulares ou corticais do osso, e se entende além do sítio inicial do desenvolvimento 4 Mariana Magalhães - Podem acontecer em qualquer regiao do nosso corpo - São causadas principalmente pela cárie dentária e contaminação dos sistemas de canais; podem ser secundárias a uma fratura, procedimento cirúrgico - A mandíbula é mais comumente acometida que a maxila. O que favorece: o Baixa de suprimento sanguíneo na mandíbula (+ denso e + compacto) o Confinamento bacteriano (antimicrobianos tem mais dificuldade de chegar até a mandíbula) - Classificação: - Ocorre a remodelação do tecido ósseo, podendo ocasionar: - Favorecimento da reabsorção óssea: Osteomielite Supurativa Aguda/ Crônica Radiograficamente: Radiolucidez - Favorecimento da formação óssea: Osteomielite Esclerosante Aguda/ Crônica - Aumento na deposição de materiais/ tecidos ósseos. Pode ser: o Focal: ápice de um dente específico o Difusa: compromete o quadrante - São as mais comuns - Diagnóstico diferencial - Ocorre principalmente em crianças e adultos jovens (pela resposta favorável ao reparo de lesões) - Sem sinal clínico evidente - Não causa expansão da cortical óssea - Assintomático - Geralmente é um achado radiográfico que aparece quando você está investigando outra coisa - Imagem radiopaca que normalmente aparece com formato arredondado na região de ápice dental - Dente com evidência de comprometimento pulpar - Tratamento: - Não precisa eliminar a causa - É importante verificar e tratar a causa - Ex: tratamento endodôntico 5 Mariana Magalhães PATOLOGIA, ESTOMATOLOGIA E RADIOLOGIA I Aula 6 – Evandro MÉTODOS DE LOCALIZAÇÃO RADIOGRÁFICA - Esses métodos visam à localização de corpos estranhos em tecido mole. - São baseados em técnicas extra-orais conjugadas - Uso de contraste em radiografias. Métodos de dissociação de imagens: - Técnica de Clarck (1909 – 1910): Desvio do raio ou técnica do Paralaxe. - O princípio do Paralaxe é o deslocamento aparente de um objeto em relação a outro quando se muda o ponto de observação. Princípio da Técnica: - Desvio distal do aparelho - Deslocamento relativo do objeto para distal OBJETO POR PALATINO - Desvio distal do aparelho - Deslocamento relativo do objeto para mesial Indicações: - Localização vestíbulo-palatal (lingual) de dentes inclusos ou corpos estranhos - Localização de processos patológicos ou de pontos de reparos anatômicos - Dissociação ótica de raízes de um dente ou de canais radiculares de uma mesma raiz MESIAL ORTO DISTAL - Técnica de Le Master (1924): Indicações: - Evitar a sobreposição do processo zigomático da maxila sobre o ápice dos molares superiores. Procedimento técnico: - Diminuir o ângulo formado entre o dente e o filme - Diminuir o ângulo de incidência vertical (+15° a +20°) - O raio central deve passar abaixo do plano de Camper. 6 Mariana Magalhães Técnica de Parma (1936): - Consiste na modificação da posição do filme durante a obtenção da radiografia periapical do terceiro molar inferior. - O eixo maior do filme deverá formar um ângulo com o plano oclusal. Indicação: - Quando a técnica periapical convencional do terceiro molar inferior não abranger totalmente o dente. Métodos de dupla incidência: - Miller-Winter: Consiste na obtenção de duas radiografias: - Uma radiografia periapical convencional - Uma radiografia oclusal, que pode ser obtida com filme periapical Indicações: - Para localização vestíbulo-lingual de dentes inclusos ou corpos estranhos na região de canino a terceiro molar inferior - Localização vestíbulo-lingual de processos patológicos. Periapical Oclusal Oclusal - Donovan (1952): Indicação: - Vista oclusal do terceiro molar inferior - É uma variação da técnica de Miller-Winter 7 Mariana Magalhães Localização de corpos estranhos em tecido mole -Pode-se usar filme oclusal ou periapical - Posição do paciente: Trágus-asa do nariz paralelo ao solo - Posição do filme - Tempo de exposição FRATURA Técnicas Radiográficas extra-orais conjugadas - Consiste na utilização de duas ou mais exposições extra-orais para localização de corpos estranhos ou lesões QUERUBISMO: OSTEOMA: INCLUSÃO NO SEIO MAXILAR: Perfil Panorâmica Water Uso de contrastes em radiografias: - Os contrastes radiográficos são substâncias com peso atômico alto usados para evidenciar o tecido mole. - Podem ser utilizados para delimitar lesões patológicas. CISTO NASOLABIAL: Aspecto radiográfico com e sem contraste. 8 Mariana Magalhães
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